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Os Clichês

Iniciado por Rawen, 09/09/2017 às 09:30

09/09/2017 às 09:30 Última edição: 09/09/2017 às 09:33 por Corvo
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OS CLICHÊS


Em primeiro lugar, gostaria de dizer que clichês não são necessariamente ruins. O problema é que histórias clichês geralmente se tornam um saco para ler, você já sabe o que esperar e por isso não se surpreende.  Quando uma história foge dos clichês, tem plot twists e segue de uma forma curiosa, geralmente o interesse em lê-la se torna maior, e as chances de parar no meio do caminho diminui e muito.

[box class=plainbox]Escreva pouco[/box]



Tente escrever aos poucos, sem muito texto. Dedique quinze minutos do seu tempo para escrever, tome uma longa pause e volte depois. Quanto mais você escreve, mais você torce o pano da sua criatividade; dê um tempo para molhar o seu pano novamente. É impossível evitar todos os clichês, sempre vai haver algo aqui ou ali que já foi visto em algum lugar. Por isso, é necessário abrir um melhor caminho para o inesperado, precisa-se de mais tempo para pensar.

Digamos que você tenha uma ideia incrível sobre um gato voador que leva o príncipe que estava prestes a salvar a princesa do dragão-dinossauro de oito asas... escreva isso e dê um tempo. Espere novas ideias surgirem, tente não forçá-las. Caso você continue a escrever, as chances de sua obra — seja jogo, HQ, livro ou conto — adquirir um clichê são maiores. E não só isso, as chances da sua qualidade diminuir também são.



[box class=plainbox]Dedique seu tempo[/box]


"WTF, Manec... você não disse pra escrever pouco?

Sim, eu disse.

Mas dedicar o seu tempo para sua história não significa passar o dia inteiro escrevendo, mas sim adquirindo influências. Não, não falo de copiar outras obras, nem se inspirar demais... você está escrevendo ou produzindo algo do gênero Sci-Fi, por que não buscar ler textos Sci-Fi de diferentes autores? Sim, muitos autores. Dedique o seu tempo a ler essas coisas. Você vai entender o que dá certo, o que é legal. Estude as obras, tente pensar como o autor dela. Veja os pontos que não gostou e os que gostou, faça uma lista. Depois, junte o que gostou em cada texto e tente escrever. Você leu muita coisa, é impossível copiar todas elas. Lendo muito, você vai saber quais clichês evitar.

[box class=plainbox]Se imagine...[/box]


•...como seu personagem.
Você passou uma vida monótona no campo treinando com sua espada contra uma árvore e seu amigo melequento. Você vai ser melhor com sua espada do que aquele príncipe educado só porque tem força de vontade? Acho que não. Imagine seu personagem, o que ele faria perante tais situações? Seu personagem é um brutamonte? Tem certeza de que ele pensaria numa estratégia para derrotar o inimigo que é mais forte do que ele? Possivelmente ele atacaria sem pensar. Não seria interessante envolver outro personagem na trama para ajudá-lo ou, talvez, criar situações onde ele deva treinar seu intelecto que deixou de lado até aqui? Pense em situações que podem fazer seu personagem crescer.

•...como o seu público.
Em nossos trabalhos, quando criamos personagens, devemos tentar dar profundidade para eles. Não é interessante que seu personagem faça coisas que não faria apenas para que a história fique mais legalzinha. Pense como leitor, jogador ou telespectador: o que você já está cansado de ver? O que você busca quando abre um novo livro, baixa ou compra um jogo novo e assiste uma série nova? Coisas novas, certo? Eu tenho certeza que sim. Pense em que você gostaria de ler a respeito do tema o qual você desenvolve na sua história. "Nem toda ficção espacial precisa de um Darth Vader..."

[box class=plainbox]Goste de fazer[/box]



Caso você não goste de escrever, não adianta. Você tem duas opções mais óbvias: deixar de escrever ou tentar aprender a gostar. Se você não gostar de escrever seu livro, o roteiro do seu jogo ou da sua animação, como espera que alguém venha a gostar de consumir sua criação?

Tente gostar de produzir seu conteúdo, mas ainda mais: tente gostar de seu conteúdo. Não faça algo pensando em quanto as pessoas vão gostar, nem tente atingir o máximo de públicos possíveis — muito possivelmente você não vai atrair nenhum deles assim. Faça uma rotina de trabalho interessante, que lhe pareça simples e fácil de seguir. Isso vai evitar que você coloque qualquer coisa na história, evitando clichês e até mesmo uma história ruim. É uma dica ruim que todo mundo sabe mas nunca aplica. Tente aplicar as dicas de verdade, se empenhe ao seu trabalho.

Outra forma: não planeje. Para algumas pessoas, é mais fácil fazer sempre que tiver alguma inspiração. Isso é mais falho e pode resultar num desinteresse e descompromisso com o que quer que você esteja fazendo, mas funciona bem para alguns. Só evite procrastinar, não que nunca vá acontecer, mas evite.

[box class=plainbox]Conclusão/Perguntas/Sugestões (se houverem)[/box]

Enfim, cá estou eu mais uma vez — faz quanto tempo que eu procrastino aqui?  :sera: Vou manter os GIFs de anime u-u




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Grande [user]Manec[/user], excelente matéria. o/

Como eu tinha dito, só discordo nos seguintes pontos: a escrita é uma das poucas áreas em que qualidade deriva de quantidade. Por exemplo: digamos que você escreveu dez páginas. Sete estão horríveis, são cópias de outra coisa. Então você edita cada página que considera uma cópia, clichê ou narrativa ruim e reescreve. Repete este processo até que o final esteja aceitável. Você fez certo. Se, ao perceber que os textos começaram a produzir clichês você tivesse parado, essas sete páginas de conteúdo editável não existiriam. Ou seja, conteúdo fraco é melhor que nenhum porque é possível consertar.

    Agora isso é mais pessoal: eu nunca - em hipótese alguma - tento fugir do clichê. Primeiro, ao contar uma história eu não me preocupo se ela já foi contada antes, só em contá-la. Depois do texto pronto eu vejo como um todo, somente se a estrutura da narrativa ficar clara, eu reescrevo. Isso pode parecer confuso, mas é um grande segredo do pessoal das letras: esconda sua estrutura sob a estrutura.

   E bom, se você pode e quer passar setenta horas escrevendo eu mais que apoio, acompanho.
[close]

Enfim, é um tema que eu gosto bastante de discutir. O pessoal insiste em fugir de clichês e da Jornada do Herói e não percebem que isso é perda de tempo e de qualidade.  :=|:

o cliche ou em alguns casos o alto conceito,sao bons pontos pra comecar a desenvolver uma narrativa,pq depois q os personagens sao criados ,os msms dirao aonde irão e q rumo a historia irá seguir, e sobre quantidade, isso eh bem relativo.
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*Poe: Eu me preocupo em evitar os clichês e admito que a parte sobre a escrita é meio pessoal. Eu, particularmente, não consigo "editar páginas". Caso eu ache que está ruim, reescrevo tudo e, caso eu tente editar, sempre volto a achar que está ruim. Acho que isso vai realmente de cada um.

*Cristiano: Não entendi direito ._. é que eu sou meio lerdo mesmo, perdão.

12/09/2017 às 15:15 #4 Última edição: 12/09/2017 às 15:49 por DJCactuar
Boa tarde, os clichés sempre estarão presentes em qualquer jogo, o diferencial é saber como trabalhar sobre eles de modo a obter um lapso de inventividade em sua execução.
Listen to DJ Cactuar on Youtube!

CitarTente escrever aos poucos, sem muito texto. Dedique quinze minutos do seu tempo para escrever, tome uma longa pause e volte depois. Quanto mais você escreve, mais você torce o pano da sua criatividade; dê um tempo para molhar o seu pano novamente. É impossível evitar todos os clichês, sempre vai haver algo aqui ou ali que já foi visto em algum lugar. Por isso, é necessário abrir um melhor caminho para o inesperado, precisa-se de mais tempo para pensar.
Essa é uma dica ruim e, honestamente, espero que ninguém a siga. Veja bem, muita gente mal conseguiria escrever um parágrafo em quinze minutos, então como você espera que as pessoas melhorem sua arte escrevendo apenas de quinze em quinze minutos? Isso sem falar nas desvantagens para o texto em si: perca do pacing, enrolação fora de hora, sentido das cenas sendo alterado bruscamente sem razão-- Enfim, não escreva de quinze em quinze minutos. Eu diria que o mínimo que alguém deve escrever, por dia, seria algo em torno de meia hora. E não, as chances de escrever mais clichês e atingir uma qualidade ruim não aumentam com o tempo de escrita ininterrupta, eles aumentam com a escrita impensada.

CitarTente gostar de produzir seu conteúdo, mas ainda mais: tente gostar de seu conteúdo.
Honestamente, se você precisar se esforçar para gostar da sua história, seu leitor provavelmente não vai sequer tentar ler a história.

CitarNão faça algo pensando em quanto as pessoas vão gostar, nem tente atingir o máximo de públicos possíveis.
Na verdade, alguns gêneros são particularmente bons para atrair públicos maiores, de forma que é sempre bom você tentar não afastar alguns públicos, coisa que acontece quando a pessoa escreve com essa mentalidade. Um exemplo simples é um livro de romance que, em dado momento, decide mostrar gore. Não é sobre atrair o máximo de público possível, é evitar afastar grupos. (Claro que, se sua história requer gore, não digo para deixar de colocar gore, mas para deixar menos explícito, mais tragável para quem não é particularmente interessado no tipo de cena).

No mais, artigo interessante. Não fosse pela dica bem louca que você deu no começo, estaria tudo nos conformes. No geral, acredito que essa matéria vai ser bem útil para os narradores do fórum, apesar de não apresentar tanto sobre clichês em si. Sobre o assunto, da próxima vez que for tratar dele, recomendo mencionar a subversão de clichês, é sempre um tópico interessante.
To Die Is To Find Out If Humanity Ever Conquers Death

Obrigado pelas dicas, B., vou tentar escrever algo mais útil da próxima vez ^^ quanto à "atrair vários públicos", eu não me refiro à não ter um público em mente, mas justamente focar no público que tu quer atingir. Como tu disse sobre o negócio do gore.