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Cortinas do Tempo [Poema]

Iniciado por Ahiane, 04/03/2017 às 16:21

O que vocês acham deste poema? :será: Uma das personagens do meu projeto o teria escrito descrevendo sua deprimente vida atual.

Cortinas do Tempo

Sombras perdidas na vida
Param, ficam e vão embora
Não sabem nada de despedida
E do lento passar das horas

De nada vale, mesmo sincero,
Um sorriso largo e falso
Diante de um olhar sensível
E de um demorado abraço

Por isso eu fico a encarar
O céu ali entre a cortina
Pensando no tempo a passar
E que não para e nem fica

Tudo aquilo que eu fazia
Tudo o que eu queria fazer
Vontades do meu dia-a-dia
E que agora passo a esquecer

Por isso eu fico a esperar
No quarto escuro e sozinha
Pensando no tempo a passar
E que não volta e nem fica
     

Não entendo patavinas de poesia, métrica e etc. Essa aí é a área do [user]Kvothe[/user], mas o ritmo flui bem. Eu só mudaria:

Spoiler
No quarto verso, deixaria da hora, no singular mesmo.
Retiraria todos os "E"s do fim das estrofes.
No décimo quinto verso, trocaria dia-a-dia por dia.
Trocaria alguns "que"s por vírgulas, como nos décimo terceiro e décimo quarto versos.
[close]

Já esta estrofe me deixou na dúvida:

Citar
De nada vale, mesmo sincero,
Um sorriso largo e falso
Diante de um olhar sensível
E de um demorado abraço

Embora nada impeça alguém de ser sinceramente falso, e a contradição esteja muito bem empregada como poesia, fiquei na dúvida se a intenção foi essa, digo, contradizer a contradição.


Obrigada pelas dicas, Poe! Tentarei melhorar o poema. Quanto ao verso que você ficou na dúvida, eu tentei dizer que mesmo ela querendo sorrir, não seria um sorriso verdadeiro, como se a intensão dela fosse sincera, mas o resultado não. Talvez tenha ficado realmente confuso. :será:
     

05/03/2017 às 20:55 #3 Última edição: 05/03/2017 às 20:58 por Caio Varalta
Ahiane, primeiramente, parabéns pela poesia!
o//

Fiquei feliz em ver um tópico desses por aqui, e lembrei de quando postei umas na Mundo e recebi um feedback muito importante.



No geral, eu diria que ficou uma poesia bonita. Só tem uma coisa, que por algum motivo, está me incomodando:
"E que não para e nem fica".

O 'pico da poesia'.:
Por isso eu fico a encarar
O céu ali entre a cortina
Pensando no tempo a passar
E que não para e nem fica

Por isso eu fico a encarar, o céu ali entre a cortina -> está maravilhoso! Você está trabalhando com sentimentos concretos e com imagens concretas. Ela não está observando, ela está ENCARANDO! Não o céu, wide open, mas dentro de casa... pela janela... E no que ela está pensando? No tempo. Ela está encarando o céu, dentro de casa, viajando nas ideias; nem tá, realmente, reparando no que está vendo. Só que... 'e que não para e nem fica'? Os três versos trabalharam numa construção de imagem, enquanto o quarto, 'descreve' o tempo. O tempo? Ou alguma outra pessoa? De qualquer maneira, acho que tá faltando subir o pico da poesia.
Mais um versinho 'construtivo' e acredito que ela ficará dezz!


O Poe pontuou algumas coisas legais, principalmente: "Retiraria todos os "E"s do fim das estrofes."
Isso ajudaria muito na sonoridade;

Por isso eu fico a encarar
O céu ali entre a cortina
Pensando no tempo a passar
que não para, que não fica

ou

Por isso eu fico a encarar
O céu ali entre a cortina
Pensando no tempo a passar
que não para, nem fica


Contudo, eu discordo na parte "da hora" e "dia-a-dia". A verdade é que eu consideraria não rimar taaaanto assim. Deixar algumas palavras no plural e fugir dos verbos é algo legal para dar uma leveza no poema. Não que ele fica ruim, ou que é ruim por ter verbos rimando. Afinal, gosto é opinião. Mas retirar rimas secas, de verbos, principalmente, deixa o poema como uma pena.

Exemplo:

Veja se isso não parece o fim de uma história, de uma vida:
Tudo aquilo que eu fazia
Tudo o que eu queria fazer
Vontades do meu dia-a-dia
E que agora passo a esquecer...

Agora veja se este parece o fim de uma história:
tudo aquilo que eu fazia
tudo o que eu queria fazer
vontades do meu dia-a-dia
que agora não posso lembrar...

Não parece que está faltando um pedaço? Então. Trabalhar esses detalhes é bem importante.


A última estrofe faz isso (de fim).:
Por isso eu fico a esperar
No quarto escuro e sozinha
Pensando no tempo a passar
que não volta, que não fica...

Mas a estrofe anterior também faz, bem como a do meio. Fica >um pouco< brusco, seco.

De qualquer maneira, parabéns pela iniciativa -- de fazer um poema para o jogo e de abrir o tópico por aqui. O feedback ficou meio longo e repetitivo, mas espero que você consiga abstrair algo legal daí. Boa sorte!

:XD:

Poxa, Caio, muito obrigada pelo feedback! Não achei ele repetitivo e me fez refletir sobre alguns pontos que eu não tinha pensado antes. E eu também adorei a sua interpretação de alguns trechos do poema. Você soube captar bem a impressão que eu quis causar e os sentimentos de Sansha (a escritora rs). Obrigada também pelas dicas. Vou tentar dar uma boa melhorada no poema, escolhendo as palavras com mais cuidado. Eu acabei fazendo ele rápido demais e não me empenhei tanto. Acho que este é o segundo poema que escrevo para o meu projeto. Acho bem legal fazer esse tipo de coisa, porque além de dar mais vida para universo da história, eu também acabo dando uma treinada. Muito legal também sua iniciativa de me ajudar e me apoiar. Abraço! :ok:
     

Ótimo poema. Já houveram comentários enormes do Caio à respeito da estrutura e afins, então não há muito mais do que tratar... Gostaria apenas de fazer a ressalva com relação às rimas. Sei que muitos optam por versos brancos ou mesmo pela construção de rimas fracas, mas acredito que trabalha-las ao máximo para encontrar rimas ricas é, de verdade, um dos grandes talentos de qualquer poeta - no seu caso, poetisa.

Note que rimas com o mesmo tipo de classe gramatical criam rimas fracas, então quando você cria uma rima de verbo x verbo ou adjetivo x adjetivo, estará criando rimas fracas/pobres. As rimas ricas, em geral, trarão a união de verbo x adjetivo, substantivo x verbo e por aí vai. O interessante é que dá uma caracterização diferente ao texto e cria uma sensação mais lenta e minunciosa do que quando você cria rimas pobres.

Gostei da poesia, não sou muito bom com relação a métrica, mas acredito que a fluência ficou gostosa de saborear. No mais, bom trabalho. :)
~ Designer e Roteirista ~
Puhart Chronicles
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