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A Representatividade nos Jogos

Iniciado por Nandikki, 03/11/2015 às 21:34

03/11/2015 às 21:34 Última edição: 04/11/2015 às 22:03 por Nandikki

   As pessoas brancas compõem juntas apenas 7% da população do nosso planeta. Na mídia, jogos e histórias, entretanto, compõem mais de 90% da população existente (às vezes 100%). Hoje eu proponho outra discussão que acredito ser nobríssima: a representatividade nos jogos. Pra começar, abra seu projeto e conte quantos personagens negros existem.

   Todo mundo aqui já sabe (ou deveria saber) que a mídia brasileira sofre de uma crônica crise de representatividade no que diz respeito à orientações sexuais aparentemente minoritárias (gays, lésbicas e bissexuais) e principalmente aos negros. Se você acha que estou "doutrinando esquerdices igual o MEC", se proponha a assistir uma novela nacional, e me diga quantos negros achou, e ainda: quantos negros achou que não eram faxineiros ou empregados. Afinal até no Egito Antigo só tinha brancos, segundo a Record.


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Por que eu me importaria com isso? Eu só quero criar meu jogo e ser feliz.



E por que não criar seu jogo com personagens negros também? Nada mais natural, não é? Até mesmo porque mais da metade de seu público-alvo provavelmente não possui as características eurocêntricas dos personagens do seu jogo. Além disso, você estará pregando um avanço social.

"Paulo baixou a versão gratuita (porque o jogo fez tão sucesso que a versão paga custa uns 30 euros) do novo hit da playstore, o jogo que você desenvolveu. Ao começar o jogo notou a presença de alguns heróis negros. Paulo não iria mais passar o resto do jogo almejando os lindos olhos azuis do protagonista, por que podia se espelhar na beleza nítida dos outros heróis mais parecidos com ele."

   Como desenvolvedor de jogos você deve estar consciente de que acabará por se tornar também um formador de opiniões e, sobretudo, um agente social.

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Eu entendo que é importante a presença de negros e outros grupos "minoritários" no meu jogo. Mas como inseri-los adequadamente?

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   De forma natural. É difícil achar hoje uma cidade (no Brasil) onde não haja negros ou gays. Então inseri-los no jogo não será nada espalhafatoso, dependendo do modo como colocará. No fim das contas será só mais um ator, então não é necessário colocar junto ao character uma enorme placa dizendo OLHE, EU SOU NEGRO ou até OLHE, EU SOU GAY. Nem será preciso no tópico de divulgação - ou na sinopse - escrever em caixa alto que um dos personagens é negro. Você deve entender que a presença de negros no jogo não deve ser encarada como algo inovador, mas como algo natural.

[box2 class=blue title=Para o membro Lima...]
Bem, sinceramente quando eu vou jogar um jogo eu não olho se são negros ou brancos, ou seja, interessa-me os gráficos e o tipo de jogo, não é relevante se o personagem é negro ou branco, mas agora que fala no assunto, noto que raramente existe um personagem negro, até o próprio RTP do MV não inclui qualquer personagem negro, talvez isso nunca os interessou, mas era ótimo haver personagens negros nos jogos, porque conseguíamos provavelmente que os jogos chegassem a outros continentes, que tivessem maior diversidade cultural e que com isso, aprendêssemos mais um pouco sobre os outros povos.
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[box2 class=red title=Para o membro Cronus...]
Acho que quando se fala em diversidade em jogos, pra muita gente o problema inicial tá em simplesmente considerar isso. Em lembrar que você pode fazer um personagem de etnia diferente, que poderia fazer um personagem de outro sexo, que poderia contar uma história diferente do que a maioria conta. Muitos ignoram e sequer pensam nisso por hábito ou até por acharem que isso limita sua liberdade criativa, mas é o contrário. Ter em mente essas diferenças aumenta seu leque de possibilidades e te incentiva a criar novos conceitos e até a aprender coisas novas. Quando se reconhece a importância da diversidade, passa a ser mais fácil tratá-la com sutileza e de forma natural, sem ter que forçar.


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Eu concordo que é importante a presença de negros no meu jogo. Mas meu jogo não é gay, então por que eu colocaria um?

[/box]

   Porque a não ser que seu jogo goste de jogos de gênero opostos ao dele, ele também não é hétero. Inserir um personagem gay no seu jogo não significa dedicar uma história inteira pra ele, é apenas uma característica de um dos personagens. Na verdade são poucos os personagens que possuem a sexualidade totalmente esclarecida, mas como vivemos numa sociedade hétero-normativa: para nós todo mundo é hétero. Se você deseja passar a informação de que tal personagem é gay, ou bi, você pode utilizar-se dos diálogos para isso. Invente um namorado(a) ou algo assim, sem precisar abordar diretamente isso, afinal não é desejável que o personagem seja visto apenas pela sua sexualidade.


04/11/2015 às 00:54 #1 Última edição: 04/11/2015 às 01:05 por GuilhermeNunes
 Eu endosso o texto e acrescento que os desenvolvedores pequenos tem a liberdade que um designer de uma grande empresa não teria. Jogos com personagens brancos e nenhum traço polemico ou curioso já existem aos montes e eu não tenho nenhum interesse em bater de frente com eles, por isso sempre me preocupo em dar aos meus personagens características que os façam diferentes do mercado eurocentrado e higienizado.


Na minha opinião, se eu não concebi uma personagem como negro ou gay, não adianta forçar. Se eu concebi 100% das personagens como "arianos", eu não vou colocar alguns negros ali no meio só por causa de um falso moralismo, o mesmo vale para o mesmo mimimi de sempre, gays, transsexuais, travestidos, gordos, mulheres, mulheres mais condizentes com a realidade, violência contra animais, violência em geral, erotismo, vulgarização, etc, a lista é longa e a tendencia é infelizmente só aumentar.

Arte é algo pessoal, totalmente livre e espontâneo, as quais as regras quem dita é o próprio autor, não por pressão da sociedade, ou porque alguém diz que você deve colocar minorias. Se você segue essas regras, bacana cara, é algo nobre, mas o que não pode fazer é querer impor a sua visão para os outros, porque se não, você vai matar o cara artisticamente, ele vai deixar de fazer por livre e espontânea vontade e vai passar a fazer para agradar uma certa minoria.

Vou separar um trecho da matéria do Hynx que acho que convêm:

"Uma das desculpas para essa visão controladora é a preocupação com alguns temas sociais e a responsabilidade que o artista deve ter em passar uma mensagem positiva para o mundo. Dizem que o artista tem a obrigação de tratar desses temas em sua arte, representar minorias, esse tópicos que conhecemos bem . Quem não o fizer estará equivocado."

04/11/2015 às 03:45 #3 Última edição: 04/11/2015 às 05:19 por Strato
Eu poderia discutir "moralmente" mas vou responder como artista porque não foi levado em consideração no tópico: Negros e/ou gays dão mais trabalho para se fazerem. Acredito que pelo senso comum ninguém goste de ter trabalho acrescido. Pragmatismo! Essa é a palavra essencial.

Bem, agora segue meus exemplos peculiares: O que é mais fácil desenhar/pintar, black power ou chapinha? Acho que não preciso responder. Vejo, se é pra fazer de qualquer jeito só para dizer que tem, prefiro não fazer. Mexer com tons escuros de forma geral é mais trabalhoso, o que influencia na obra num todo, exemplo, roupas escuras não ficam legais porque não destaca o personagem e etc. Desenhando mangás tive um problema parecido onde eu precisei criar uma reticula especifica para que fosse usada no personagem, baita trampo.

Se tratando de homossexualidade, também podem haver implicações na elaboração da arte(ex: adaptação de roupas+anatomia) mas é a filosofia que pesa na criação. Eu mesmo não conheço a filosofia deles, como poderia representar algo que não conheço? Apelar para estereótipos é pior ainda porque só serviria para depreciar meu trabalho. Neste caso eu precisaria desenvolver um estudo "especifico" para isso, o que significa = trabalho extra.

Partindo do pressuposto que tais representações não sejam essencialmente importantes na direção/produção do trabalho, não há porque se dar ao trabalho extra. Ou seja, tais personagens se tratariam de um "luxo" pois demandariam atenção especial. E outra, a temática é quem manda, se o jogo fala sobre a dengue, não faz qualquer importância se os infectados são brancos, negros ou etc, pois o jogador estará apego ao tema em si, é unicamente o que importa ali pra ele, e não as peculiaridades do autor.
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04/11/2015 às 14:08 #4 Última edição: 04/11/2015 às 14:21 por Cronus
Citação de: Phantomx online 04/11/2015 às 02:30
Na minha opinião, se eu não concebi uma personagem como negro ou gay, não adianta forçar. Se eu concebi 100% das personagens como "arianos", eu não vou colocar alguns negros ali no meio só por causa de um falso moralismo, o mesmo vale para o mesmo mimimi de sempre, gays, transsexuais, travestidos, gordos, mulheres, mulheres mais condizentes com a realidade, violência contra animais, violência em geral, erotismo, vulgarização, etc, a lista é longa e a tendencia é infelizmente só aumentar.

Acho que o problema tá exatamente aí, CONCEPÇÃO.

Uma certa vez, tava lendo um texto do Glauber Kotaki chamado "Politicamente correto é liberdade criativa" que me fez perceber isso. Recomendo a leitura, inclusive.

Sim, se você concebeu personagens ou o mundo do jogo só com personagens brancos, atléticos e com heróis masculinos exalando testosterona, não deve mudar os seus designs ideais se não quiser, mesmo que estar aberto a mudanças durante o desenvolvimento seja uma qualidade (até essencial) pra se fazer jogos. Mas aí é que tá: se todos os seus jogos são concebidos dessa forma, significa você está comprometendo a sua própria liberdade criativa por puro hábito de não se fazer personagens diferentes.

Criar personagens diversos enriquece muito um jogo. Seja na personalidade, sexualidade, etnia, nacionalidade ou tipo físico. A razão pelos quais tantos jogos usam os mesmos arquétipos de personagens o tempo todo é que os desenvolvedores sequer consideram a diversidade dos personagens na fase de concepção. Você já tem o impulso de fazer um personagem branco, e o negro é só uma possibilidade que você esquece. Acho que a partir do momento que um desenvolvedor começa a se importar com isso, ele vai considerar a diversidade logo na fase de concepção, e isso aumenta o seu leque de recursos criativos ao invés de limitá-lo.

Claro, o primeiro passo é começar a pensar a respeito. Depois disso vem a parte de representação, que é extremamente importante também. Não adianta colocar uma mulher só pra ser a princesa em perigo, colocar um negro só pra ser o mano do gueto que vende itens ilegais e colocar um gordo que só pensa em comida. Mas essa parte já é um outro assunto tão extenso quanto esse e não é bem o foco do tópico.

Às vezes o pessoal tem que tirar a cabeça de dentro da própria bunda e se dar conta de que o mundo é feito de mais culturas além da dos filmes de hollywood com estrelas caucasianas ou animes e jogos japoneses de elenco asiático. Nós vivemos na américa, um continente formado pela diversidade cultural de colônias de várias partes do mundo, e deveríamos não só reconhecer o valor disso como também estarmos abertos a trabalhar com essa diversidade cultural e étnica dentro dos nossos jogos.

Estar aberto a mudar e a considerar mais diversidade na concepção do seu jogo é um libertador, e não um limitador.

CitarBem, agora segue meus exemplos peculiares: O que é mais fácil desenhar/pintar, black power ou chapinha? Acho que não preciso responder. Vejo, se é pra fazer de qualquer jeito só para dizer que tem, prefiro não fazer. Mexer com tons escuros de forma geral é mais trabalhoso, o que influencia na obra num todo, exemplo, roupas escuras não ficam legais porque não destaca o personagem e etc. Desenhando mangás tive um problema parecido onde eu precisei criar uma reticula especifica para que fosse usada no personagem, baita trampo.

Esse argumento é bem nível "desculpinha da Ubisoft por não incluir mulheres pois mulheres são mais difíceis de produzir", tanto que eles mesmos notaram que falaram merda e incluíram uma protagonista do sexo feminino no novo Assassin's Creed como forma de se redimir. Dizer que criar personagens mais diversos é muito trabalhoso nada mais é do que assumir que você só trabalha na sua zona de conforto. Se desenhar um personagem com tom de pele escuro e cabelo afro é muito mais difícil pra você, só significa que não tem experiência o suficiente fazendo isso justamente por falta de prática.

CitarEu mesmo não conheço a filosofia deles, como poderia representar algo que não conheço? Apelar para estereótipos é pior ainda porque só serviria para depreciar meu trabalho. Neste caso eu precisaria desenvolver um estudo "especifico" para isso, o que significa = trabalho extra.

Sim, se você não conhece, estude a respeito. É o que os desenvolvedores e artistas fazem :­)
Não só vai ajudar aumentar a diversidade e possivelmente qualidade do que você está produzindo, mas também vai expandir seus conceitos como pessoa. Não é muito diferente, por exemplo, de se estudar a anatomia de um animal antes de desenhá-lo de qualquer jeito se baseando no que você viu só por cima ou na sua imaginação.

Todo ciclo de desenvolvimento tem desafios e requere que você os enfrente, caso contrario vai ficar só na sua zona de conforto fazendo a mesma coisa pra sempre por pura conveniência.


Fechando com as palavras finais do Glauber, um cara com quem já tive a oportunidade de conversar e admiro bastante como profissional da área:

[box title= Citação de Glauber Kotaki class=calendar]"Felizmente, no nosso jogo e em muitos outros, ainda há espaço para mudar. Meu medo é ver um conceito de personagem limitado ou insípido porque ele era uma escolha segura e sem quaisquer limitações ou desafios na sua criação. Um personagem esquecível e importante para ninguém."[/box]



Mais um tópico,em outro site, sobre o mesmo assunto...

Cara é tão difícil entender que todos somos iguais? Que se um game/história/arte tiver 100% branco/hétero/negro/gay é a mesma coisa?

Daqui a pouco os "politicamente corretos" vão colocar cota de negros e homossexuais em histórias/artes/tudo, apenas para aumentar seu próprio ego e dizer que apoiam a igualdade, sem entender que forçar isso é a maior representação de racismo que existe!

04/11/2015 às 19:22 #6 Última edição: 04/11/2015 às 19:45 por Phantomx
Agora quer dizer que personagens diferentes não se referem mais as suas personalidades e sim pela cor da pele ou se são gays ou não? Que o jogador vai gostar mais de um personagem por conta de sua orientação sexual ou cor da pele? Gosto muito da Samus Aran, não porque ela é mulher ou qualquer outra besteira, um dos personagens que mais gosto do chrono trigger é um sapo, e não olho para a cor da pele dele e digo "eu me identifico com ele" ou "nossa, ele é um sapo que nem eu" não, o que fala mais alto é a sua personalidade. Colocar algumas minorias não significa um maior leque maior de recursos criativos.

Eu sou aberto a diversidade, desde que, ela venha de forma natural para mim, em um projeto abandonado meu, os três personagens eram uma mulher, um árabe e um chines, e queria que eles fossem assim porque eu quis, não porque alguém tentou enfiar um moralismo na minha goela dizendo que eu deveria colocar mais diversidade ou porque eu tenho um "dever social como artista". Agora o que me deprime é ver alguém mais se preocupar com a quantidade de Brancos X Negros, Homens X Mulheres e/ou Héteros X Homo e se essas personagens agradarão meia duzia de gato pingado, do que querer se expressar de forma livre criando personagens independentes da cor da pele ou orientação sexual, mas se é isso mesmo que você quer para a sua arte, então boa sorte, não vou reclamar nada, afinal, é sua obra é a sua visão.

e do mesmo texto de antes...

" Ah, mas o cara poderia fazer ~~~assim~~~... não custa nada.

Então use esse exercício mental dentro da sua própria arte: como você se sentiria se uma grande massa de pessoas dissesse pra você não fazer arte da forma como ama fazer? Não quero entrar no âmbito social, nem medir se quem sofre mais é o artista ou a parcela da sociedade que ele representa em sua arte. Mas sério, por que logo um artista, que vive e respira arte, iria querer fazer isso com outro, bloqueando e ditando a forma como se deve expressar seu talento? Para um bem maior? Ou quem sabe dois parágrafos atrás eu estava certo, e o artista que não faz a arte que você aceita é desconsiderado como um membro dessa academia metafórica?"

CitarEsse argumento é bem nível "desculpinha da Ubisoft por não incluir mulheres pois mulheres são mais difíceis de produzir", tanto que eles mesmos notaram que falaram merda e incluíram uma protagonista do sexo feminino no novo Assassin's Creed como forma de se redimir. Dizer que criar personagens mais diversos é muito trabalhoso nada mais é do que assumir que você só trabalha na sua zona de conforto. Se desenhar um personagem com tom de pele escuro e cabelo afro é muito mais difícil pra você, só significa que não tem experiência o suficiente fazendo isso justamente por falta de prática.
CitarSim, se você não conhece, estude a respeito. É o que os desenvolvedores e artistas fazem :­)
Não só vai ajudar aumentar a diversidade e possivelmente qualidade do que você está produzindo, mas também vai expandir seus conceitos como pessoa. Não é muito diferente, por exemplo, de se estudar a anatomia de um animal antes de desenhá-lo de qualquer jeito se baseando no que você viu só por cima ou na sua imaginação.
Concordo com que disse, mas é uma visão muito generalizada. Vamos ser mais pragmáticos como eu propus inicialmente e considerar o ambiente: RPG maker, a maioria usa como hobby, não resta muito tempo diário/semanalmente para investimento. Obviamente otimizar o tempo é a primeira preocupação. Artistas estão inseridos em ambientes diferentes, o que torna o julgamento impreciso.  Nem sempre é porque ele é preguiçoso e etc. embora muitos sejam preguiçosos mesmo xD
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Gulherme Nunes

:clap:
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Phantomx
CitarNa minha opinião, se eu não concebi uma personagem como negro ou gay, não adianta forçar. Se eu concebi 100% das personagens como "arianos", eu não vou colocar alguns negros ali no meio só por causa de um falso moralismo, o mesmo vale para o mesmo mimimi de sempre, gays, transsexuais, travestidos, gordos, mulheres, mulheres mais condizentes com a realidade, violência contra animais, violência em geral, erotismo, vulgarização, etc, a lista é longa e a tendencia é infelizmente só aumentar.

Claro que ninguém deve forçá-lo a fazer isso. Entretanto, se você coloca 100% de seus personagens arianos de forma consciente (porque a maioria nem percebe), você tem algum problema, ou, então, Adolf Hitler foi um herói.

Sobre essa lista que aumenta, você misturou as coisas. Erotismo, violência em geral e vulgarização podem ser aspectos de um jogo. Mas no que diz respeito a negros, gays, mulheres etc, não é infelizmente que essa lista cresce, é felizmente. Por que apenas brancos podem ser considerados perfeitos ou aptos a aparecer na mídia (de maneira geral)? Queira você ou não, negros, gays e mulheres "reais" existem.

CitarArte é algo pessoal, totalmente livre e espontâneo, as quais as regras quem dita é o próprio autor, não por pressão da sociedade, ou porque alguém diz que você deve colocar minorias. Se você segue essas regras, bacana cara, é algo nobre, mas o que não pode fazer é querer impor a sua visão para os outros, porque se não, você vai matar o cara artisticamente, ele vai deixar de fazer por livre e espontânea vontade e vai passar a fazer para agradar uma certa minoria.

Você está errado ao dizer que arte é algo pessoal, totalmente livre e espontâneo, as quais as regras quem dita é o próprio autor, não por pressão da sociedade. Você está erradíssimo, pois é exatamente o contrário que acontece. Seria muito bom se acontecesse conforme você diz.

E, por favor, não entenda meu texto a mal. Não quis impor minha visão, eu apenas fiz um texto falando da importância dessas "minorias" (que não maioria).

É normal, entretanto, as pessoas se sentirem ofendidas quando ao invés de falarmos que somos todos iguais, falamos que precisamos ser todos iguais. Nós não somos iguais ainda, e estamos longe de ser.
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Strato
CitarEu poderia discutir "moralmente" mas vou responder como artista porque não foi levado em consideração no tópico: Negros e/ou gays dão mais trabalho para se fazerem. Acredito que pelo senso comum ninguém goste de ter trabalho acrescido. Pragmatismo! Essa é a palavra essencial.

Besteira, é a palavra certa. Ir no gerador de Character e colocar cor branca ou negra dá o mesmo trabalho. Modificar a cantada direcionada a mulher, e direcionar ao homem, dá o mesmo trabalho.

CitarSe tratando de homossexualidade, também podem haver implicações na elaboração da arte(ex: adaptação de roupas+anatomia) mas é a filosofia que pesa na criação. Eu mesmo não conheço a filosofia deles, como poderia representar algo que não conheço? Apelar para estereótipos é pior ainda porque só serviria para depreciar meu trabalho. Neste caso eu precisaria desenvolver um estudo "especifico" para isso, o que significa = trabalho extra.

Se você desenha um personagem homem, ele estará apto a ser hetero ou gay, não importa como você o desenhou. E eu confesso que fiquei profundamente irritado e ofendido com essa parte.

CitarPartindo do pressuposto que tais representações não sejam essencialmente importantes na direção/produção do trabalho, não há porque se dar ao trabalho extra. Ou seja, tais personagens se tratariam de um "luxo" pois demandariam atenção especial. E outra, a temática é quem manda, se o jogo fala sobre a dengue, não faz qualquer importância se os infectados são brancos, negros ou etc, pois o jogador estará apego ao tema em si, é unicamente o que importa ali pra ele, e não as peculiaridades do autor.

Se for verdade, por que todos os personagens tem que ser brancos? Vamos fazê-los azuis então. Você disse que se trataria de um 'luxo', mas por quê? Por que ter personagens brancos e normal e negros seria algo adicional, um 'luxo'?

"não faz qualquer importância se os infectados são brancos, negros ou etc, pois o jogador estará apego ao tema em si, é unicamente o que importa ali pra ele, e não as peculiaridades do autor"

Volto a perguntar, por que todos brancos então? Por que o normal é colocar brancos?
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Cronus
Já falei que te amo, não é?
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RhitDark
CitarMais um tópico,em outro site, sobre o mesmo assunto...

Cara é tão difícil entender que todos somos iguais? Que se um game/história/arte tiver 100% branco/hétero/negro/gay é a mesma coisa?

Daqui a pouco os "politicamente corretos" vão colocar cota de negros e homossexuais em histórias/artes/tudo, apenas para aumentar seu próprio ego e dizer que apoiam a igualdade, sem entender que forçar isso é a maior representação de racismo que existe!

Desculpe se te ofende pensar na possibilidade de negros ou gays poderem ter tanto respeito quanto brancos. Desculpe querer competir no pódio com você, desculpe termos saído da senzala. Desculpe, desculpe-nos.
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CitarAgora quer dizer que personagens diferentes não se referem mais as suas personalidades e sim pela cor da pele ou se são gays ou não? Que o jogador vai gostar mais de um personagem por conta de sua orientação sexual ou cor da pele? Gosto muito da Samus Aran, não porque ela é mulher ou qualquer outra besteira, um dos personagens que mais gosto do chrono trigger é um sapo, e não olho para a cor da pele dele e digo "eu me identifico com ele" ou "nossa, ele é um sapo que nem eu" não, o que fala mais alto é a sua personalidade. Colocar algumas minorias não significa um maior leque maior de recursos criativos.

@Phantomx:

Eu respondo assim que você compreender que negros não são minorias, mas sim A MAIORIA DO PAÍS ONDE VIVES E DO MUNDO INTEIRO.

E uma perguntinha: já que não é importante a cor da pele, por que todo mundo é branco nos jogos*?




Sei que é lindo imaginar um mundo onde todo mundo é igual e que não existe racismo. Mas não somos iguais e existe racismo, aceitem esse fato e então poderemos atingir um mundo igual. Não é deixando de falar do racismo que ele sumirá. Strato, pragmatismo ou hobby não é a causa disso, e você deve saber disso. Não é por 'pragmatismo' que a maioria esmagadora dos personagens são brancos.

P.S: Não tive a intenção de ofender ninguém em minhas respostas.




CitarCara é tão difícil entender que todos somos iguais? Que se um game/história/arte tiver 100% branco/hétero/negro/gay é a mesma coisa?

Se todos fossem realmente tratados e representados igualmente, haveria uma proporção muito bem distribuída de jogos com protagonistas brancos/negros/hetero/gay/homem/mulher. Mas essa proporção regular não existe e existem arquetipos bem dominantes, e é por isso que as pessoas levantam discussões como essa.

Essa falácia de dizer que são todos iguais e em seguida acusar quem busca diversidade de ser "politicamente correto que quer fazer cota" é bem irônico. Se são todos iguais, não teria gente dizendo "ah mudar meus personagens é limitar minha liberdade artística" - afinal de contas daria no mesmo, né?




CitarAgora quer dizer que personagens diferentes não se referem mais as suas personalidades e sim pela cor da pele ou se são gays ou não? Que o jogador vai gostar mais de um personagem por conta de sua orientação sexual ou cor da pele?

Não sei de onde é que você tirou a primeira questão. Mas acho que a resposta pra essas perguntas seria "não e sim" respectivamente. Um exemplo: não sei você, mas a maioria das pessoas que eu conheço gosta de ver personagens brasileiros bem representados em jogos gringos - ou seja, tem um carinho extra com o personagem por ter uma característica em comum com ele. Mas também não significa que você goste dele só por isso, ou que não possa gostar de outros.
Personalidade é só um dos atributos que distinguem individuos. E não se trata de julgar a pessoa pelo seus atributos, e sim de valorizar e reconhecer sua individualidade pelo conjunto deles.

CitarEu sou aberto a diversidade, desde que, ela venha de forma natural para mim

Então não deveria haver problema com o assunto. Consigo entender a crítica sobre forçar isso e concordo que não é a melhor maneira, mas em contrapartida há quem acha que só por sugerir diversidade e melhor representação é "forçar" a fazer isso.

CitarEntão use esse exercício mental dentro da sua própria arte: como você se sentiria se uma grande massa de pessoas dissesse pra você não fazer arte da forma como ama fazer?

Você meio que está invertendo os valores com essa frase. Promover diversidade não é o mesmo dizer "você não deve fazer de jeito X" e sim "você pode fazer de jeito Y". É bem frequente se observar esse tipo de atitude defensiva quando se levanta esse tipo de questão. As pessoas assumem que incentivar diversidade é ameaçar a sua liberdade artística, porque agora significa que você deve atender a uma "demanda social" - quando geralmente quem cria esse paradigma são as pessoas que simplesmente não querem pensar em diversidade.



CitarVamos ser mais pragmáticos como eu propus inicialmente e considerar o ambiente: RPG maker, a maioria usa como hobby, não resta muito tempo diário/semanalmente para investimento. Obviamente otimizar o tempo é a primeira preocupação. Artistas estão inseridos em ambientes diferentes, o que torna o julgamento impreciso.  Nem sempre é porque ele é preguiçoso e etc

Eu entendo o que você quer dizer, só acho que não é tão complicado quanto diz. Além disso, não deixa de ser um bom exercício pra quem também é hobbysta =P




É notável que quando se fala do assunto, as pessoas se prendem muito ao conceito de diversidade associando isso à moralismo, quando as duas coisas não precisam ser necessariamente interligadas. Na minha opinião, não se trata de preencher cotas imaginárias ou de tentar ser politicamente correto ao pé da letra (que é só um termo generalizado pra abordar o assunto). As duas coisas acabam se associando por consequência de como esses assuntos já são tratados.

Só uma coisa que quero deixar bem claro, mas eu acho que a a introdução de diversidade em jogos é bem contextual. Não acho que comparar a introdução de negros com homossexuais é a mesma coisa por exemplo. Tom de pele é apenas uma característica visual que pode, no entanto, denotar também diferenças regionais culturais. Preferência sexual já algo é subjetivo, e dificilmente relevante em um jogo onde os personagens sequer demonstram relações afetivas em algum momento.

Então é claro, pra certas coisas você não deve fazer só por fazer porque acha que é politicamente correto e pronto. Apenas sou a favor de ser aberto à diversidade étnica e cultural e tentar sair da sua zona de conforto, fazer algo diferente. Pra muita gente, colocar cores de pele diferentes ou abordar sexualidade é algo que sequer passa pela cabeça. Mas quando se tem em mente essas possibilidadades, você já aumenta muito seu leque de opções e tem a chance de criar coisas mais originais e únicas.

A matéria veio com um tema muito interessante!
Parabéns, Nandikki, achei a ideia bem interessante, e prontamente sigo o tópico para ficar a par desta discussão.


Se eu nunca joguei algum game com predominância de negros, senão vilões, é porque tem algo errado, de fato, e não tem relação apenas com criatividade.

04/11/2015 às 21:17 #11 Última edição: 04/11/2015 às 21:34 por RhitDark
Me retirando do tópico, como sempre trolls estão dominando ...

@Nandikki
Sério, sobre sua citação...
Eu sou negro cara...
... só não sou chorão como essa nova geração da mexerica descascada...

Sou contra as cotas, porque isso faz parecer que não sou capaz de lutar de igual pra igual, e sou muito contra tópicos desse tipo, porque só acaba em mimimi
CitarDesculpe se te ofende pensar na possibilidade de negros ou gays poderem ter tanto respeito quanto brancos.
Pra eu ter respeito de igual pra igual eu tenho que ganhar uma cota e fazer chororô na internet? Sério? Pela forma que escreveu, deu a entender que é irmão, mas com essa cabeça acaba não parecendo ...

E sim, te desculpo ...



@Cronus
Sim isso é verdade, mas creio que é de fato pela cultura que é trazida a nós dos gringos, se você assiste novelas brasileiras, já se encontra essa proporção (mesmo que bem ruizinha) E sim, na minha visão da no mesmo mudar os personagens, se for a vontade do próprio autor oras!

O artista não coloca todo mundo branco porque é "racista" creio que é porque se baseia em um outro game americano/japonês que vem com um porre de gente branca mesmo, ai vai no automático


04/11/2015 às 21:29 #12 Última edição: 04/11/2015 às 21:32 por Strato
@Nandikki
Então cara, aí você já está me julgando moralmente e não como artista. Tente ter um pouco mais de empatia.

@Cronus
Concordo plenamente. Em momento algum eu quis insinuar que estou certo ou que tenho a razão, porque entendo que muitas vezes envolve preguiça e falta de esforços nas concepções. Ex: Em pixel art, é claramente mais trabalhoso fazer curvas do que retas. Então é bem isso que você falou, envolve comodismo? Sim, mas ao mesmo tempo, não necessariamente.
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04/11/2015 às 21:52 #13 Última edição: 04/11/2015 às 22:19 por Nandikki
Citação de: RhitDark online 04/11/2015 às 21:17
Me retirando do tópico, como sempre trolls estão dominando ...

@Nandikki
Sério, sobre sua citação...
Eu sou negro cara...
... só não sou chorão como essa nova geração da mexerica descascada...

Sou contra as cotas, porque isso faz parecer que não sou capaz de lutar de igual pra igual, e sou muito contra tópicos desse tipo, porque só acaba em mimimi
CitarDesculpe se te ofende pensar na possibilidade de negros ou gays poderem ter tanto respeito quanto brancos.
Pra eu ter respeito de igual pra igual eu tenho que ganhar uma cota e fazer chororô na internet? Sério? Pela forma que escreveu, deu a entender que é irmão, mas com essa cabeça acaba não parecendo ...

A 'geração atual' não é chorona, é corajosa. Não é que você não seja chorão, é que não quer aceitar o fato de que existe racismo ou o fato de que existe opressão.

Nesse quesito nem há o que discutir, se você acredita que não é preciso de movimentos ou discussões contra o racismo, então tudo bem. Mas não pense que o mundo é assim perfeito.

E diga-se por passagem, eu também sou contra o sistema de cotas para negros.

P.S: Não era pra me desculpar, eu realmente não pediria desculpa com alguém que é contra esse tipo de discussão.

Entenda que parar de falar do racismo não fará ele sumir. Você por ser negro é oprimido e inferiorizado pela sociedade, deixar de falar nisso não mudará esse fato.

Eu sou bi e repudiava paradas gays e esse tipo de coisa. Achava mimimi também, justamente porque não queria aceitar que eu era, de alguma forma, inferiorizado por um determinado grupo social.

Citação de: Strato online 04/11/2015 às 21:29
@Nandikki
Então cara, aí você já está me julgando moralmente e não como artista. Tente ter um pouco mais de empatia.

Sua arte está intimamente ligada com sua ética. Por meio da sua arte você forma opiniões e propaga valores.

Ah, Strato, não leve minhas respostas como agressivas, não é minha intenção. Faço questão de continuar a debater com você.




 Interpretar um debate como esse só como sendo uma visão moralista a favor de minorias sociais é um tanto simplista. Quem leva criação de jogos só como hobbie não é afetado, mas olhando para outros seguimentos mais solidificados como o cinema, produções de baixo orçamento ganham muito mais destaque quando abordam temas e personagens fora do convencional.