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As cenas explícitas ou em contexto sexual nos RPG's.

Iniciado por Virgyl, 29/10/2017 às 14:48

Dês de que o ser humano lançou os dedos melados de tinta na pedra para desenhar, existia o erotismo das suas mais arcaicas formas.
Referenciando Frederico Carstens: A Criação do erotismo nos primórdios da humanidade foi tratada se o homem fosse o touro dentro da loja
de cristais do protocolo social e dos bons costumes, derrubando e quebrando os candelabros, taças, copos, bandejas e toda sorte de pilares da etiqueta social.


Após a invenção da televisão, e consecutivamente da tecnologia digital, a sexualidade fora aplicada no
doce mundo dos video games, exemplificando em grandes nomes, como: Dragon Age, The Witcher, God of War e qualquer outro jogo aclamado pela mídia. Até The Sims não escapou dessa, mesmo apresentando de uma maneira muito mais infantil, todos sabem o que aqueles corações saindo por baixo dos cobertores significam.

Tentando ser o mais imparcial possível, é elementar que este tipo de cena seja, de certo modo, um divisor de águas entre um simples substituto dos sites acessados na aba anônima por toda uma série de adolescentes no auge da puberdade, para uma trama realista demonstrando os princípios básicos da biologia humana, afinal, todos nós sabemos que a cegonha não trouxe nenhum bebê, e se trouxe, os índices de sequestro relâmpago por meio de aves saltariam de maneira ameaçadora.

Tendo isto em mente, ainda resta uma dúvida: O RPG Maker estaria longe disso? E se não, seria de maneira tão leviana quanto um Fade-out seguido de barulhos suspeitos, pequenos cortes de mãozinhas se tocando, pés se retorcendo, cabeças descendo e um Fade-In de um casal, seja hetero, homo, ou bissexual, deitados sobre um cobertor?

    Passar bem, Virgyl.


Citação de: Virgyl online 29/10/2017 às 14:48
[...]
Tendo isto em mente, ainda resta uma dúvida: O RPG Maker estaria longe disso? E se não, seria de maneira tão leviana quanto um Fade-out seguido de barulhos suspeitos, pequenos cortes de mãozinhas se tocando, pés se retorcendo, cabeças descendo e um Fade-In de um casal, seja hetero, homo, ou bissexual, deitados sobre um cobertor?

Aqui temos a perfeita descrição de uma cena pornô de um dos primeiros Final Fantasy. Qual deles eu não me lembro, se abusar até foi em outro jogo, mas enfim.

Nesse tipo de demonstração, mais cômica que erótica, eu não vejo problema algum. Fica na cara que não passa de uma brincadeira dos desenvolvedores, e que sai completamente da linha do jogo. O caso do God of War é uma das raras exceções onde o erotismo faz parte do universo no qual o jogo foi protagonizado. A mitologia greco-romana não existira se Zeus conseguisse manter a toga cobrindo o corpo por mais de cinco minutos. Além do mais, você vê que o produto final - o jogo - não depende comercialmente do erotismo contido no mesmo.

Sobre os outros dois exemplos, não posso dizer nada por não ter jogado, agora, tratando-se de RPG Maker, é inevitável que apareça algum Hugh Hefner por aí. Essa discussão foi responsável por mudar minha opinião sobre isso. Se a proposta de determinado jogo é erótica, basta deixar isso bem claro e não teremos problemas. Porém, se você segue um roteiro que não é baseado neste assunto, eu não vejo problema algum em omitir certos aspectos da natureza humana.

Por tradição, eu tenho de citar os mesmos exemplos sempre que o assunto aparece: Nenhum - veja bem eu disse nenhum - dos maiores contadores de histórias que já pisaram na terra utilizava o sexo como ferramenta para prender o espectador/leitor. Tolkien, Lewis, Rowling, Poe, Lovecraft, Dickens, Cervantes, e por aí vai. No máximo uma ou outra referência, mesmo assim cômica, não erótica.

Finalizando: os jogos estão ficando sérios demais. Creio que quando ser desenvolvedor se tornou uma profissão, os jogos ficaram cada vez mais complexos buscando uma imitação perfeita - na medida do que cabe na proposta do jogo - da vida. Logo estarão tão entediantes quanto a mesma.  :=|:

Citação de: Virgyl online 29/10/2017 às 14:48
[...]Tendo isto em mente, ainda resta uma dúvida: O RPG Maker estaria longe disso? E se não, seria de maneira tão leviana quanto um Fade-out seguido de barulhos suspeitos, pequenos cortes de mãozinhas se tocando, pés se retorcendo, cabeças descendo e um Fade-In de um casal, seja hetero, homo, ou bissexual, deitados sobre um cobertor?[...]
Eu acho que é justamente devido à limitação do RPG Maker que estamos susceptíveis a bolar melhor essas cenas. Em gráficos realistas tu modela um alguém 10/10 lá e dane-se o contexto, agora como não temos tal benefício à nossa disposição, a gente tem que encaminhar melhor as coisas. O par não pode ser qualquer um, tem de haver um 'Q' de especial para ser ele. O momento não pode ser qualquer um, tampouco o lugar. E com tudo encaminhado, no fim nas contas, não precisamos mais mostrar o ato, seja visualmente ou sonoramente, pois já está consumado no entendimento do jogador. Ao menos essa é a forma como eu penso abordar isso em um RPG mais próximo do que construímos.

Citação de: Corvo online 29/10/2017 às 15:17
[...] Sobre os outros dois exemplos, não posso dizer nada por não ter jogado, agora, tratando-se de RPG Maker, é inevitável que apareça algum Hugh Hefner por aí. Essa discussão foi responsável por mudar minha opinião sobre isso. Se a proposta de determinado jogo é erótica, basta deixar isso bem claro e não teremos problemas. Porém, se você segue um roteiro que não é baseado neste assunto, eu não vejo problema algum em omitir certos aspectos da natureza humana. [...]

É nesse ponto que a coisa muda. Seria demasiado gratuito tu terminar de entregar ao senhor Titônio as cinco jujubas que ele lhe pediu, ele lhe oferecer teto por uma noite e tu tirar a honra da filha dele sobre seu próprio teto. Agora, se o jogo já deixa margem de que isso aconteceria hora ou outra, se a filha do senhor Titônio já te encara todo dia quando vai lavar às roupas no riacho,  se o próprio senhor já expressa desejo em tê-lo como genro... aí né!? Mas ainda assim, nesse caso, aplicaria de forma como disse anteriormente.

Em God of War foi assim. Apesar do contexto, como o Poe citou, lembro-me de que são raras vezes que algo explícito é mostrado, mesmo tendo a justificativa da mitologia, exceto claro, em casos figurados, como estátuas, medusas, etc. Já em The Witcher 3, apesar de ser muito banalizado, não é tão na cara assim. Ao andar pela cidade principal do jogo, ela é infestada de mulheres que, ao passar perto, incitam você. O conteúdo mais gratuito fica mesmo por parte das coadjuvantes que, para quem joga somente o terceiro jogo, sem background dos livros ou dos demais jogos, essas cenas ficam ali sem motivação (principalmente a do unicórnio).

Creio que o senhor Titônio deveria ser sagrado pela igreja apóstola romana como futuro santo, caso realmente queira que um
protagonista desordeiro que mata criaturas estranhas nas florestas de um jogo seja seu genro, coisa
que já é difícil com um rapaz comum.

Brincadeiras á parte, ambas as opiniões são bem consistentes. Visto o contexto histórico, onde a cultura greco-romana comemorava os solstícios de verão com vinho, orgias e guerras em seus coliseus, devo frisar que isto certamente poderia aparecer em um jogo, caso esteja introduzido no enredo de maneira coerente, como o nosso caro Gerardo citou criativamente; mas caso seja um tira gosto de má fé dado apenas para colocar um P.G 18 na indicação de seu jogo e um arzinho de um realismo, como se as finadas aulas de biologia não fossem o suficiente, aí já é demais.

Agora, vamos descer um degrau.
Seria realmente possível adicionar uma consistência completamente verídica, levando em conta
o enredo, a uma cena em contexto sexual, ao nível Crônicas de Gelo e Fogo de classificação indicativa?

     Abraços, Virgyl.


30/10/2017 às 09:29 #4 Última edição: 16/11/2017 às 20:17 por Corvo
Citação de: Virgyl online 29/10/2017 às 21:13
Creio que o senhor Titônio deveria ser sagrado pela igreja apóstola romana como futuro santo, caso realmente queira que um
protagonista desordeiro que mata criaturas estranhas nas florestas de um jogo seja seu genro, coisa
que já é difícil com um rapaz comum.

Brincadeiras á parte, ambas as opiniões são bem consistentes. Visto o contexto histórico, onde a cultura greco-romana comemorava os solstícios de verão com vinho, orgias e guerras em seus coliseus, devo frisar que isto certamente poderia aparecer em um jogo, caso esteja introduzido no enredo de maneira coerente, como o nosso caro Gerardo citou criativamente; mas caso seja um tira gosto de má fé dado apenas para colocar um P.G 18 na indicação de seu jogo e um arzinho de um realismo, como se as finadas aulas de biologia não fossem o suficiente, aí já é demais.

Agora, vamos descer um degrau.
Seria realmente possível adicionar uma consistência completamente verídica, levando em conta
o enredo, a uma cena em contexto sexual, ao nível Crônicas de Gelo e Fogo de classificação indicativa?

     Abraços, Virgyl.


Sim e, na verdade, nem é difícil. Pegue novamente os clássicos: Beowulf e Odisseia estão lotados de cenas explícitas porque são plausíveis no enredo. Atualmente temos os bons exemplos como Deuses Americanos, 1984, Admirável Mundo Novo e por aí vai. O verdadeiro problema de Crônicas de Gelo e Fogo é o seguinte: Estamos em guerra, Westeros está sendo ameaçada e todo mundo pode morrer no inverno. Porém eu não tenho nada mais interessante para mostrar do que uma cena com prostitutas a cada três páginas. Estou claramente usando uma cena de sexo unicamente para segurar o leitor. O Nome do Vento também é um exemplo de uso relativamente bom, mas n'O Temor do Sábio o Rothfuss enveredou pelo mesmo caminho que o Martin, então eu coloco ele na lista dos caras que não vão ganhar presentes no natal.

Acho super cringe cenas de sexo em jogos não-hentai.

Basicamente, para mim pornografia ou é tudo ou nada. Ou o jogo é erótico inteiro mesmo e pronto, ou caso contrário prefiro que passe longe do tema.

Não, Geralt, eu não quero ver você pegando a Triss pela 684ª vez.
Não, Bioware, eu não preciso de um bilhão de plots de "romance" (gift gift gift) em todo jogo.

Vou fazer uma analogia bem enfadonha. No seriado The Walking Dead, em um dos momentos cruciais da trama, um personagem querido é assassinado brutalmente em frente aos demais protagonistas. A cena foi extremamente visual, e de certa forma causou desconforto em parte do público, que acabou por não deglutir aquilo que havia sido exibido, afastando parte da audiência, numericamente falando. A pergunta que ficou foi: Era realmente necessário mostrar tanto?

Bem... em minha opinião, tudo o que aconteceu naquele momento da trama foi válido e o fato de mostrar tanto em um momento tão crucial nos deixou com um corte no peito que até hoje não foi cicatrizado, mas se o tanto não tivesse sido mostrado, talvez não seria tão memorável.

Além de concordar com os companheiros quanto as restrições apenas a nível de roteiro com relação a plausibilidade em se utilizar a violência extrema, a pornografia e/ou erotismo num game, acho que o mesmo pode ser utilizado não apenas na construção da história, mas também como impulsionador de motivações e/ou desenvolvimento de um personagem. Quando a cena é bem feita, convincente em sua proposta, pode até ser utilizado como um plot twist memorável em uma mídia de entretenimento.

É uma questão de tabus. A sociedade ainda é repleta de tabus, e eles incomodam. Tabus religiosos, sexuais e sociais sempre vão existir e servir de filtro catalisador do que é recomendável ou não debater diante de um grupo. Nós, formadores de opiniões, devemos sim fermentar essas discussões para que só assim esses antigos tabus sejam derrubados (e novos tabus sejam construídos quase que em concomitância).
Listen to DJ Cactuar on Youtube!

Devo alertar que, infelizmente, não li o "O Nome do Vento".
Visto que começaram a surgir opiniões controversas, certamente
poderá esquentar o debate. Se eu dissesse que não concordo com
sua opinião, Ellye, estaria mentindo; porém se dissesse o contrário, também
seria uma mentira. Caso é caso, com já dito acima, acho perfeitamente plausível
uma cena que faça referência ao assunto de maneira que defina uma parte importante
do enredo, como uma traição de um casal importante, por exemplo.

Engraçado puxar este tema sobre violência explícita nos jogos. Não posso dizer
que está fora de contexto, já que se encaixa na ideia de uma "cena explícita".

Sobre isto, penso que a violência é válida de certo modo.
Usando-se para chocar o espectador em momentos de tensão ou até
para aprofundar uma ideia, me parece viável, agora, se utilizar de um
meio grotesco para uma carnificina gratuita, é estupidez.

     Passar bem, Virgyl.


Contéudo 18+ a seguir.

No meu ponto de vista os gêneros de filmes, series e jogos são uma limitação muito grande. Minha vida por exemplo não é apenas comedia, drama ou ação, é um pouco de cada em horários que nem sempre posso prever, então eu não ligo para cenas de sexo em qualquer mídia contanto que ela faça sentido com o contexto apresentado na obra até aquele momento (Exemplo: Um cenas dessa em Branca de Neve seria repugnante enquanto em Game of Thrones qualquer cena sexual faz sentido).

MAS como nem todo mundo pensa que nem a mim eu digo que se alguém estiver pensando em colocar isso em um jogo de RPG Maker coloque de maneira muito sútil (Se possível nem coloque), as pessoas em geral são 'frescas' e colocar uma cena dessas limitaria o publico. É muito fácil um jogo como God of War colocar uma cenas dessas porque a classificação do jogo já seria 18+, adicionar a cena sexual não muda em nada a venda (negativamente). Quero ver algum estúdio aumentar a classificação indicativa de um produto só porque acha que a cena de sexo é pertinente a historia, nunca vai acontecer, não é só a industria pornográfica que vende sexo. Me pergunto quantas pessoas começaram a ler o esse post só porque coloquei no inicio "Contéudo 18+ a seguir".
Hammer Strike

Fico triste de ver que estou chegando nos debates um pouco atrasado, mas creio que é por uma boa causa que trago este tópico de volta à vida.

Quando conheci o RPG Maker eu tinha cerca de 7 anos, mais ou menos. Lembro que tinha acessado o computador do meu irmão e o RPG Maker XP estava instalado. Abri e não entendi bulhufas do que estava vendo, pensava que era um jogo que eu não sabia jogar e assim ficou.

Anos se passaram até que eu, novamente, conhecesse o RPG Maker. Dessa vez já estávamos na era do RPG Maker VX. Gráficos diferentes, mais ferramentas, mais facilidade e mais liberdade. Era incrível e tão logo conheci, abandonei. Essa era uma época em que a imaturidade e a criancisse ainda predominavam e, obviamente, eu não tinha cabeça para criar um jogo do zero, tampouco estudar sobre eventos, mapeamentos, roteirizações, etc..

Apenas recentemente - e com isso quero dizer cerca de dois anos - eu voltei a perceber a existência do RPG Maker, mas eu não redescobri a plataforma - pela terceira vez - com jogos normais de fantasia ou terror. Conheci novamente a ferramenta pois jogos hentai e afins estavam se tornando cada vez mais comuns em certos fóruns que participava e isso me levou a ter curiosidade e, inevitavelmente, experimentá-los.

Francamente, a maioria dos jogos possui uma temática simples, focando especificamente no que a Ellye falou: Se for pra ter sexo, que tudo seja sexo. E é assim que a maioria deles funciona. Tabus em jogos desse tipo dificilmente serão respeitados; a religião muitas vezes dá espaço para fetiches, as pessoas passam não mais a ter aspirações comuns, mas parecem ser dominadas por uma aura erótica que permeia tudo e todos.

A realidade é que essa ainda é uma área "nova" a ser explorada. O mercado desse tipo de jogo é relativamente novo e pouco conhecido, principalmente no Brasil. Acredito que ainda há um pensamento bastante enraizado nestes jogos de que a fórmula secreta é apenas um monte de monstros de RPG e uma personagem feminina de corpo sensual que será levada por todos os valentões à loucura. Para mim, é um mercado que deve ser avaliado e desenvolvido. Os jogos desse ramo ainda são "crus" em vários aspectos e, garanto-lhes, se em algum momento algum criador resolver adentrar nessa área e realmente criar um jogo de respeito desse tipo, ele ganhará uma bolada.

Não são raros os casos de desenvolvedores que ganham quantias de 2.000 dólares. O mais alto que já vi no Patreon, até hoje, foi de 8.000 dólares mensais num jogo +18 que não era feito no RPG Maker, mas era definitivamente simplista e de gráficos dignos de um jogo do Click Jogos antigo.

Resumindo... O mercado está aí para ser explorado. Existe uma demanda que ainda não foi descoberta por muitas pessoas, mas que está lá. A oferta já está aparecendo e pouco a pouco o RPG Maker tem se tornado uma das ferramentas preferidas desses desenvolvedores para criar seus jogos gostosos - hehehe -.
~ Designer e Roteirista ~
Puhart Chronicles
SM4 Project