O TEMA DO FÓRUM ESTÁ EM MANUTENÇÃO. FEEDBACKS AQUI: ACESSAR

O caso de Crowville - Atualização

Iniciado por DWDRICK, 28/09/2016 às 12:58

28/09/2016 às 12:58 Última edição: 03/10/2016 às 15:49 por DWDRICK
O caso de Crowville



Introdução

O ano parecia ser o mesmo em Crowville, silencioso, cinza e triste.
Pessoas viviam normalmente, tomando conta de suas vidas, quando boatos de
desaparecimentos começaram à surgir aos poucos. Um reporter, curioso
como o de costume, decide investigar. O que ele acaba descobrindo embrulha seu
estômago e revira sua mente de um modo tão intenso, que ele desejara nunca ter
começado a investigação.



Capítulo 1 - Pessoas são só pessoas

Crowville, uma cidade pequena, com pouco mais de 3 mil habitantes.
Localizada em um terreno árido e isolado, onde água tem muito valor.
A cidade é conhecida pelo seu silêncio, onde só o som medonho do vento
e o clima cinza e triste, tomam conta. Qualquer um que visitar a cidade
diria que não vive ninguém ali. As pessoas são muito reservadas, não saem
muito de casa. Diria que até dentro de casa as pessoas se estranham,
é com certeza um lugar onde você não passaria suas férias, não é mesmo?
Não. Não para New, um repórter local. Irônico, não? Um estado onde
menos da metade da população tem um televisor, que duvido muito
ser à cores. Tem um canal local de conteúdo variado. Duvido muito que em
Crowville, tenha mais de uma dúzia de pessoas com acesso à um televisor.
    New, um homem de pele clara, e cabelo e olhos
escuros, com seus meros vinte e dois anos, fazia sua quinta matéria. New, 
mora na capital, um pouco longe do local onde estava. Estava gravando
sobre as minas de carvão desativadas da cidade, assim, teria que passar
três dias em Crowville.
- Já fui em lugares piores! - Dizia ele com o peito cheio de orgulho.
Realmente, New, já gravara em lugares considerados bem assustadores,
mas estava errado sobre aquela cidade. Mistérios não resolvidos cercavam
a vida de cada cidadão que vivia ali.
    Mais tarde, naquele mesmo dia, New e Jored,
seu companheiro de trabalho que sempre carregava uma filmadora em seu
ombro esquerdo. Estavam na recepção do único hotel da cidade, se é que
aquilo poderia se chamar assim. Um lugar com o papel de parede descascado
e o piso de madeira que sempre rângia ao pisar.
- Acho que não tem ninguém para nos atender. - Disse Jored, pondo a filmadora
no chão e tirando um lenço azul velho do bolso para enxugar o suor da testa.
Jored era um homem de meia idade, tinha uma barriga de chopp, e estava
sempre de macacão. Tinha um bigode bastante cheio e sobrancelhas grossas
que quase cobriam seus olhos. Não era o primeiro trabalho de Jored, muito
pelo contrário. Já trabalhara há anos, filmando várias matérias. Era sua
segunda matéria em Crowville.
- Calma! Você está muito impaciente para quem acabou de chegar. - Disse
New, curvando seu corpo sobre o balcão, para ver se encontrava alguém do
outro lado.
- Só quero ir logo pra casa. Faz tempo que não vejo minha cama. - Jored
havia ganhado uma promoção. Assim que acabou seu último trabalho,
filmando uma matéria sobre um assassinato na capital, antes mesmo de
ir pra casa, o chefe da companhia lhe ofereceu quase o triplo para
gravar em Crowville.
- O que querem aqui? - Uma voz estranha soou detrás de New. Era um
homem alto, quase forte demais, em seu rosto havia uma mancha vermelha,
New supôs que seria uma queimadura. Estava vestindo uma roupa velha e
desbotada, quase sem cor.
- Queremos um quarto. Somos do jornal, precisamos ficar três dias na cidade. - New
tirou um cartão da companhia do bolso da camisa, que ficava no peito, junto
com sua caneta e seu mini-caderno de notas. - Sou New Berru, e esse
é meu amigo, Jored Cliver. - New com um belo sorriso simpático no rosto, e
o homem com seu rosto sem expressão. Ficaram assim por alguns segundos,
até que o sorriso de New sumisse completamente.
- Só tenho um quarto bom, se quiserem podem ficar de graça,
não me importo. - Disse o homem com toda frieza que New já vira. Antes
mesmo que o repórter pudesse falar algo, o estranho se retirou.
- Esse povo é louco. - Disse Jored, seguido de um bufado que fez seu
bigode levantar. Pegou sua filmadora e colocou de volta no ombro.
- Muito estranho isso, não acha? - New perguntou, com um ar de curiosidade.
Se virou para Jored para falar algo, quando ouviu algo cair do seu lado.
- Aí está sua chave. O quarto é o 12. - Era o homem estranho,
novamente. Assim que terminou o que tinha para dizer, se retirou
novamente. Aquela seria uma longa noite. New, repetia para se
mesmo em sua mente.
     
Capítulo 2 - O caso.

  New e Jored foram ate seu quarto. No final do corredor, finalmente a porta com o número desbotado e quase ilegível.
  - Quarto doze. É esse aqui. - Disse o jovem colocando a chave na fechadura.
Com muita dificuldade consegue abrir, mas quase se arrepende, quando um odor insuportável exala lá de dentro.
  Não poderia ficar pior. Um gato morto, no meio do quarto, quase como uma obra de arte esperando alguém para contemplar, estava estirado com suas entranhas para fora.
  - Que nojo! - Gritou New, tampando o nariz e a boca com o braço. O corpo do animal parecia estar alí há dias, quase que esquelético. - "Quarto bom"? Parece até piada - foi em direção ao corpo, pegou luvas e uma sacola, em sua bolsa. Agachou-se ao lado do cadáver e o colocou no saco plástico. - Como pode ficar tão tranquilo? - Perguntou ao Jored, que colocava seu equipamento sobre a cama.
  - Já passei por situações bem piores, garoto. - Respondeu ele, sentando sobre a cama e tirando os sapatos. - Pronto. Se importa se tirar um cochilo, antes de gravar? - Ele perguntou, deitando sobre a cama desarrumada.
  - Caramba! Você não tem nem um pouco de senso do que acabou de acontecer, não é mesmo? - Nenhuma resposta. - Vou jogar isso lá fora. Não precisa me esperar.
Jored começou a roncar.
  New, então. Foi até à lata de lixo, que ficava em frente ao hotel. Como já era de se
esperar, não havia ninguém na rua, só alguns corvos fuçando nos lixos e em cima das casas.
  - Quem vai assistir algo sobre um lugar assim? - Disse para se mesmo, baixinho.
New tinha estudado o necessário sobre o local, para saber que é um lugar esquecido pelo mundo. Um lugar quase morto.
  Ele aproveitou que estava do lado de fora, para ir comprar um galão de gasolina, no posto alí perto. O carro estava com o combustível por um terço de acabar. Seria melhor fazer isso agora, do quê acabar esquecendo e no futuro ficar preso no meio de uma estrada naquele deserto.
  New virou à esquina e deu de cara com o posto. No caminho, três corvos, comendo migalhas do que parecia ser um pão queimado. Aquele lugar não poderia ter outro nome...
Chegando no posto, decidiu passar na loja de conveniência, antes de comprar o galão. Poderia comprar algo para comer à tarde, enquanto melhorava seu roteiro sobre a matéria. Na entrada, a porta estava semiaberta, "Lojinha do Nick", estava escrito. Entrou e foi em direção à prateleira de salgadinhos. Enquanto escolhia o que comprar, não deixou de notar um senhor em frente à prateleira de revistas. O estranho lhe encarava como se New fosse o diabo.
  - Esse pessoal me assusta cada vez mais. - Pensou New, pegando um salgadinho apimentado. Ignorou o sujeito, e foi até o balcão, para pagar o que pegou.
  - Só vai levar isso? - Perguntou o balconista, observando a mão de New.
  - Ah, só isso mesmo. - New entregou o pacote para ele.
  - Ei! Você é o cara do jornal, não é? O que fez uma matéria sobre uma fábrica na cidade vizinha. - O vendedor perguntou, empolgado.
  - Ah, sou sim! É o primeiro que me reconhece. Apesar de não ter visto muitas pessoas por aqui...
  - Poxa! Que honra, acompanho aquele jornal desde pequeno.
  - Bom, começo a desconfiar que só você tem TV por aqui, Haha!
  - Realmente, não são muitos que possuem, e a boa parte da cidade foi embora depois do que anda acontecendo.
  - Desculpe, não entendi. O que anda acontecendo?
  - Não soube? Há duas semanas, varias pessoas ficaram doentes, e no meio da noite desaparecem.
  - Estou há pouco tempo aqui. Que estranho... - New, não era nenhum maníaco por limpeza, mas desde que chegou em Crowville, não pode deixar de notar como a cidade é porca e descuidada. Não lhe surpreendia as pessoas ficarem doentes em tais condições, mas o que lhe chamou atenção, foi o fato de desaparecerem repentinamente. O que poderia causar aquilo?
  - Eu mesmo já estou com um certo medo de continuar aqui, porém preciso juntar um pouco de dinheiro. Por isso continuo trabalhando.
  - Bem, isso me deixou curioso... Vou me informar melhor.
  - Creio que seja bom. Enfim, deu três e cinqüenta.
  - Oh, sim! - New deu o dinheiro e pegou o que comprou.
  - Tenho mais coisas interessantes que talvez queira saber, sobre a cidade ultimamente. Mas infelizmente tenho que trabalhar agora.
  - Eu vou ficar na cidade por três dias. Talvez, se não for te incomodar, possa passar no hotel onde estou hospedado.
  - Virando a esquina? Não, não vai ser incômodo, saio daqui hoje a noite. Posso passar lá.
  - Ótimo, vou ficar no aguardo. aliás, eu sou o New.
  - Eu te conheço do Jornal, esqueceu? Prazer, sou o Nick. - O rapaz sorriu.
  - Bem, tenho que ir, tenho uma matéria para escrever.
  - Tudo bem, te vejo mais tarde.

Capitulo 2 - Hugo

  Naquela noite, New esperou por Nick, para conversar sobre o que tinha dito mais cedo sobre o ocorrido, mas ele não apareceu. Arrumava as roupas, dentro de um guarda-roupa velho, no quarto. Jored, estava sentado na beira da cama, apertando algum parafuso em seu equipamento.
  - Parece que seu novo amigo não vai vir. - Falou o Jored, pondo força para apertar o parafuso.
  - Talvez não. Mas ainda é possível, não está tão tarde assim. - Falou o jovem, fechando o guarda-roupa após terminar o trabalho. - Falou que saía do trabalho a noite, mas não disse a hora.
  - De qualquer modo, não vou ficar aqui esperando, vou dar uma volta por aí, qualquer coisa me ligue. Esse lugar tem sinal de celular, não é? - Jored falou enquanto ia em direção à porta.
  - Não prestei atenção, mas suponho que sim.
  - Bom, de qualquer modo, sabe onde me encontrar. - Jored era do tipo que gostava de um bom shopp, poderia-se dizer que era um verdadeiro viking.
  Jored saiu. New não estava muito preocupado, com certeza acharia ele dormindo em alguma mesa de bar por alí perto. Aproveitou para continuar sua matéria sobre a mina de carvão. Pegou lápis e papel, deitou na cama e começou a escrever. Mal terminou duas palavras, quando algo bateu na janela ao seu lado com toda força. O repórter saltou da cama com o susto, ficando de pé. O que poderia ser aquilo? Andou até a janela, abrindo devagar.
  - Um corvo. O que mais poderia ser? - New não tinha medo de pássaros, mas aqueles corvos lhe causavam uma sensação estranha, um sentimento estranho que se comparava ao medo. Ficou olhando para aquele corvo caído no pé da janela. Perecia até que estava respirando. Mais um susto, o corvo se levantou, e voou para longe, fazendo seu barulho mais que irritante. New, seguindo o animal com os olhos, avistou a mina de carvão, logo ao fundo.
  - Por quê não? - Disse ele, para si mesmo. Se New iria fazer uma matéria sobre a tal mina, por quê não ir até lá e dar uma olhada?