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Ictasis nº1: Utopia

Iniciado por Rawen, 09/12/2017 às 10:57


ICTASIS Nº1: UTOPIA

Em primeiro lugar, olá. O texto que coloco abaixo se trata do prólogo e de um pedaço do primeiro capítulo do livro que estou escrevendo. A história parte do recomeço de uma antiga guerra no vale de Ictasis. Estou em busca de avaliação, para entender se o texto está decente. Não coloco o capítulo inteiro porque é realmente grande.

"Os ursos polares — que já foram pardos, mas exilados — retornam para conseguir vingança. Enquanto o combate ocorre, algumas aparições de humanos esquisitos nas terras de Ictasis causam indagação: de onde eles vêm? Por que eles vêm? Seria mais fácil se eles soubessem responder, mas Octto mesmo — uma dessas pessoas e um dos protagonistas — não sabe responder. Seu quarto encolheu até parecer uma caixa, uma luz tomou sua visão e, assim que pôde voltar à enxergar, estava numa floresta esquisita. Por azar, ele acaba entrando na confusão entre pardos, polares e humanos, sendo levado para o lugar de onde os exilados voltaram."

Spoiler
PRÓLOGO

EMPECILHO
Mais uma manhã chegava. Octto escovava os dentes de cara para a janela, enquanto seu café esfriava sobre a mesa. Mas uma dor terrível o fez cair na cama. Ainda estava acordado, mas não se sentia capaz de se levantar. O seu quarto começou a se compactar: as paredes se aproximavam de seu corpo. Ele até pôde ouvir a voz do pai: "Eu já disse que vou te expulsar, empecilho!" — ele não sabia que Octto estava passando mal. Foi então que a visão de Octto começou a se clarear, ao ponto de tudo ficar branco. Ele desmaiou.

CAPÍTULO 1 – INOPINADO E FULMINANTE

POLARIS, O URSO
Já era tarde, mas o grupo de Reiss continuava a andar. Polaris era a chave de tudo dessa vez, precisava ficar atento. O grito de Huggo tirou sua concentração por um minuto, mas Reiss o fez se recuperar. Estava acordado fazia dois dias, mas agora era o momento mais importante: atravessar o pequeno relevo nevado que separava Ictasis de Ogardo. Era relativamente alto e íngreme, parecia uma parede. Também era o final de um estreito corredor, que terminava no Beco Polar. Polaris deveria fazer todos os trenós atravessarem o corredor e subirem o paredão de neve, sem serem avariados.
— Espero que saiba o que está fazendo. — Disse Reiss, que estava no mesmo trenó que Polaris.
— Sim. Quando eu falar, abaixe a vela, senhor. — Estavam se aproximando do corredor. Assim que as pás tocaram o solo certo, Polaris deu o sinal. Reiss abaixou as velas. Ele puxou as pás, a barriga do trenó passou a tocar o chão. Os outros ursos lançaram as correntes, Reiss amarrou todas elas. Todos abaixaram as velas, assim como Polaris. Com a barriga no chão, ele escorregava facilmente — era esse o objetivo, afinal. Os outros ursos pularam dos trenós, deixando tudo mais leve. Com isso, Polaris subiu a parede com o trenó e saltou até o chão arenoso de Ictasis. O exército escalou o paredão com as garras, finalmente estavam do outro lado.
— Bem feito, novato. Muito bem feito. — Reiss deu a ordem para que escondessem os trenós, iriam invadir Omá nas próximas horas, caso uma avalanche ocorresse, perderiam os trenós. Por isso precisavam atravessá-los.

DOMIYA, O CAVALEIRO
Estava frio no salão, mas Ernhel não fechava as janelas. Queria ter certeza de que qualquer som pudesse ser ouvido. Estava estranhamente assustado e, quando lhe perguntavam sobre o motivo, dizia que estava com um pressentimento ruim. Domiya não se incomodava com o frio, continuou caminhando na direção da cadeira do governador, que estava voltada para a janela.
— Veio antes do horário combinado. — Disse Ernhel, sem olhar para os olhos dele.
— Se quiser, senhor, posso retornar em outra hora. — Ele se ajoelhou, sabia que ele não diria um "não".
— Como está o exército?
— Mobilizado, mas confuso pela sua paranoia, senhor.
— Ah sim... diga para eles que eu tenho ouvidos lá. — Se virou para Domiya.
— Isso não os deixaria ainda mais confusos, senhor?
— Se prepare para defender Sativa, caso nada aconteça hoje, pode desmobilizar as tropas. — Deu o sinal para que Domiya saísse, se virando novamente para a janela. Ainda estava observando.

OCTTO, O IMPRESTÁVEL
Enquanto as coisas importantes aconteciam, Octto acordava na floresta. Ele não a conhecia e não sabia o que o levava até ali, mas era ali que ele estava. Levantou por um minuto e caminhou pela clareira. Não achou nada. Começava a coçar a cabeça, como costumava fazer enquanto se estressava. Mas logo, uma voz alta e cheia de calor interrompeu seu momento de perturbação. Por um momento, Octto acreditou que tinha achado alguém. No outro, se viu falando com um rato, o que parecia esquisito para ele.
— Tire os pés daí! Eu passei horas abrindo essa passagem na grama, me deixe atravessar! — Dizia o camundongo, gritando com fervor.
— De... desculpa. — Ele se afastou. Antes que o rato pudesse voltar a pragueja-lo, os passos firmes que vinham do fundo da floresta o calaram. Eram ursos pardos, corriam para o deserto.
— Sax? — Disse, espantado.
— E você também. Venha rápido, não temos muito tempo. — Assim que disse isso, o rato saiu correndo. Octto o seguiu, não queria ficar sozinho ali. Nem sabia onde estava. Seguiam para o deserto. Os pés dos pardos esmigalhavam a grama, um rastro notável era deixado por onde eles passavam.
Seguiram pela mesma direção por uma hora e, após atravessar um pequeno riacho, finalmente chegaram no deserto. Dessa vez, os pés dos pardos levantavam poeira. Octto mal podia ver. Do outro lado do deserto, outra raça de ursos levantava poeira.

AS PATAS DOS POLARES
Conforme seguiam pelo deserto, as patas dos polares ardiam. Nunca tinham pisado em nada tão quente, mas seguiam firmes. Ao final da tarde, deveriam terminar seu ataque. A cidade de Omá, numa cratera dentro do deserto, já podia ser vista. A nuvem de poeira que os ursos pardos criaram também estava visível. Eles pensaram que se tratava de uma tempestade, então aceleraram o passo para não encontrar com ela.
— Portões de ferro... — Disse Polaris.
— Vamos derrubar. Se preparem, todos vocês! — Reiss gritou, todos ouviram.
— Espere... — Polaris interrompeu.
— O que foi?
— Estão abertos... os portões estão abertos. — Apontou para uma pequena abertura.
— Fácil demais... isso é esquisito. O que acham? — Reiss abaixou o tom, os outros ursos começaram a discutir entre si. Huggo tomou a frente.
— Não sabemos o quão desleixados podem ser esses malditos humanos. Acho que, mesmo que seja uma armadilha, não será capaz de nos atrapalhar.
— Eu concordo... é impossível que eles prevejam nosso ataque... — Polaris roubou o olhar de Reiss, que concordou com a cabeça.
— Tudo bem. Iniciem o ataque! — O comando retomou a bravura dos ursos. As patas dos Polares voltaram a bater.

A INTUIÇÃO DE ERNHEL
Os ursos polares acabavam de chegar ao território humano. Ernhel os viu pela janela.
—Mandem chamar o Domiya. — Ele disse, apoiado na porta.
— Já estou aqui. Disse para que eu voltasse a cada uma hora, se esqueceu? Diga, senhor. — Ele se ajoelhou mais uma vez.
— Ali. Estão atacando Omá. Eu falei que algo de ruim aconteceria, não falei?
— Me descul-
— Pedir desculpas não faz você parecer menos imbecil. Mobilize o exército, vão para a cidade vizinha.
— Não deve dar tempo.
— Eu não perguntei, Domiya. Apenas faça o que mandei. — Ele voltou para perto da janela.
— É claro, meu senhor. — Domiya deixou a sala novamente.
O cavaleiro desceu as escadas correndo e foi até o quartel, no térreo. Gritou para que as tropas se preparassem. Eles já estavam preparados, temiam que Ernhel fosse checa-los. O grupo de Domiya seguiu para Omá, mas não chegariam antes dos ursos pardos.
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