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Senhor da Guerra: Ato V

Iniciado por Dobberman, 15/04/2020 às 17:54

ATO V


O senhor da guerra






Naquele solo maldito, tentáculos de pura areia se formaram e serpenteavam em volta das pernas de Gorbold, agarrando-lhe e puxando-o para baixo, para dentro das areias, imóvel o orc afundou sem reação como uma pesada âncora sob a areia movediça.

Para o seu azar, enquanto afundava na areia, seu sentido de perigo lhe mantinha consciente, fazendo-o experimentar a sensação desesperadora de ser enterrado vivo. Por mais que se esforçasse, seu corpo não respondia qualquer dos seus comandos. Ele estava sozinho, não havia ninguém ali para testemunhar o seu fim, nem mesmo os abutres que lhe acompanharam desde o início do seu exílio.

Então tudo ficou ainda mais escuro e no momento seguinte Gorbold se viu em queda livre em um abismo. Olhando em volta percebeu que estava em uma espécie de caverna. Havia iluminação interna proveniente de feixes de luzes que iluminavam o interior abobadado daquele cenário sinistro, e, por algum motivo, os feixes estavam sempre em movimento, mantendo parte do lugar na penumbra e parte sobre uma leve iluminação.

Independente do movimento das luzes, no centro do local havia uma grande e majestosa rocha que se mantinha sempre iluminada.

Com o movimento das luzes, o orc conseguia enxergar em flashes o local aonde estava caindo, vislumbrando uma grande formação rochosa poucos segundos antes de ser atingido por elas. Uma atrás da outra, o corpo dele colidia contra as pedras de inúmeras formas possíveis, reduzindo a velocidade da queda em troca de hematomas, cortes e fraturas, e foi pulando de uma pedra para outra, deslizando, tentando se agarrar em algo e falhando miseravelmente que ele desceu o abismo até acertar seu rosto em uma rocha e perder a consciência.

Quando Gorbold recuperou sua consciência, ficou surpreso de ainda estar vivo. Assim que se movimentou sentiu uma forte dor em seu abdômen. Levando a sua mão até o local, percebeu que algo havia lhe perfurado, quando os feixes lhe iluminaram foi que ele percebeu – um tanto espantado – que era uma adaga.

O chão daquele lugar estava coberto de itens metálicos: armas; armaduras; utensílios; moedas. Sob a iluminação precária era visível – feito vaga-lumes – o reluzir do aço, bronze, prata e ouro. Além dos objetos metálicos, era possível ver grandes pilhas de livros, quadros e outras mercadorias.

O orc se levantou e, cambaleando, caminhou em direção a pedra central. Uma enorme e imponente rocha que se erguia como um trono majestoso naquela caverna. No caminho, suas mãos recolheram – como que instintivamente – um escudo e um machado, ambos feitos de um material escuro completamente desconhecido pelo orc. O grande número de detalhes e a falta de ligamento naquele armamento indicavam que foi produzido por um artesão muito experiente.

Por séculos esses salões ficaram sem qualquer oferenda do teu povo, ainda assim tu adentras de mãos vazias e toma o meu tesouro... – a voz em tom ameaçador ecoava por todo o local e Gorbold, sentindo um frio em sua espinha, ficou imóvel enquanto buscava a origem daquela manifestação de puro ódio.

Eu sou Gorbold... – disse o orc, mas antes que pudesse completar a frase fora atingido por um grande bloco de concreto atirado das sombras em sua direção. O ataque foi inusitado e atingiu o orc desprevenido, lançando-o contra uma parede de rochas, quando percebeu o ataque, Gorbold já estava no chão.

Não foi o teu nome que perguntei, tampouco me importo quem és. Estou curioso, para que veio afinal? Veio em busca da morte ou tem algo a oferecer? – ecoou pela caverna.

A morte... – respondeu Gorbold entre uma tosse e outra, ainda no chão. Levantou-se, com dificuldade, e completou: – Eu vim em busca da morte, seja a minha ou de Fulgur.

O orc esperava ser atingido novamente antes que terminasse de falar e ficou ainda mais confuso nos segundos posteriores ao término daquelas palavras.

Fulgur? Passaram-se décadas desde que ouvi este nome pela última vez – a voz deixou transparecer uma certa nostalgia naquelas palavras e, após ouvir elas, Gorbold conseguiu percebeu dois globos alaranjados lhe fitando no pé da rocha central.

As luzes da caverna estavam sempre em movimento e agora estavam iluminando a base da rocha trazendo à tona aquela criatura: um orc de olhos alaranjados e pele pálida-azulada, longos cabelos negros e vestindo roupas tribais feitas de couro e ossos.

Gorbold sentia um misto de entusiasmo e medo diante daquela criatura, então bateu o machado no escudo, abriu seus braços em um gesto provocativo e rugiu para o orc.

Eu conheço o teu povo e entendo o teu motivo para buscar uma batalha até a morte – disse o orc pálido-azulado sem deixar transparecer qualquer tipo de emoção. Neste momento os feixes de luzes deixaram, aos poucos, de iluminar o orc até que apenas seus olhos fossem vistos na penumbra daquele lugar – mas tu não encontrará uma batalha aqui... e muito menos uma morte honrada.

Logo que ouviu essas palavras, Gorbold arremessou a adaga coberta do seu sangue na direção do outro orc, o qual já estava completamente na penumbra. O som do tilintar do metal batendo na pedra anunciava seu erro. Ergueu o seu escudo e segurou fortemente o machado, olhando ao seu redor em busca daqueles orbes alaranjados.

Tu acredita que esse "pedaço de ferro" irá te proteger? Teu ferro para mim é seda! – a voz é acompanhada de uma forte pancada que leva Gorbold ao chão, contudo, em uma resposta rápida, levanta-se e olha em volta em busca do atacante.

Vocês são patéticos. Sempre cheios de si, sempre agindo da mesma forma. Tua estupidez me diverte – em tom jocoso, disse o orc pálido.

Covarde! Saia das sombras e lute como um guerreiro! Gorbold apelou para provocações enquanto se aproximava da parede para proteger suas costas, eventualmente golpeando o ar na vã esperança de acertar algo.

Há, há, há... Como um guerreiro? Por que eu deveria me rebaixar tanto?

Por honra! Não há nada maior que a honra. Revele-se e escolha a sua arma, duelaremos na forma do antigo código e veremos quem é o mais forte!

Este teu código não significa nada para mim. Para a tua sorte, é melhor que tua estratégia seja maior do que apenas adentrar no meu lar e esperar que eu lute nos teus termos. Honra não significa nada para mim e aqui tu não terás uma "batalha justa".


... Continua.