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A minha declaração de amor a um jogo II

Iniciado por Ciclope, 01/10/2014 às 10:58



Desenvolvido pela Acess Games e dirigido pelo gênio Swery - assim como o meu favorito, Deadly Premonition - D4 é mais um jogo voltado à investigação em torno do assassinato de uma jovem, envolvendo uma droga misteriosa - chamada Real Blood, perda de memória do protagonista, e muitas baboseiras em meio à coisa toda.

Seguindo a onda de jogos episódicos, com jogabilidade point and click, e pendendo mais para o lado de um filme interativo do que um jogo, D4 peca nos gráficos, mas compensa no seu charme, carisma dos personagens, e interatividade. Este pode ser jogado em um controle, mas foi planejado para o Kinect, e, segundo a opinião da maioria, tem feito bom uso desse tão odiado aparelhinho que vem junto no XboxOne.

Falando de uma maneira totalmente pessoal, após conhecer o trabalho de Swery, através de sua obra anterior, Deadly Premonition, eu tive receio de que seu próximo trabalho fosse ser um fracasso, denotando a maldição de muitos artistas, que não conseguem dar o "próximo passo" sem perder sua essência no processo. Fico muito feliz de saber que me enganei; D4 brilha em tudo que seus companheiros de gênero deixam a desejar.

A jogabilidade tem tudo que Beyond não teve. Os comandos são claros, respondem muito bem; os Mini Games são criativos, variados e divertidos, e, apesar de seguir uma história linear, a exploração vai muito além em comparação a jogos do mesmo estilo. O jogo também flui de maneira suave, diferente de Walking Dead que - mesmo sendo outro título grandioso - vem falhando em simples telas de Loading atualmente, quebrando o clima de muitas cenas. E acima de tudo, a temática de D4 consegue ser séria e dramática, assim como os de mais, porém, acrescenta o tempero da comédia, que é marca dos jogos dirigidos por Swery.

A premissa do jogo é, de certa forma, simples. Você controla David Young, um detetive que fazia parte da divisão de narcóticos do Departamento de Polícia de Boston (BPD), mas que hoje trabalha por conta própria, investigando o passado diretamente, a fim de solucionar o caso do assassinato de sua esposa, Peggy, que em seu último suspiro, deixou uma pista para David: "Look for D".



No dia em que Peggy foi assassinada, David ganhou uma cicatriz na testa, causada por uma bala que ainda está alojada em sua cabeça, e apagou sua memória; não apenas isso, ele ganhou a capacidade de voltar ao passado, sempre que tem contato com objetos-chave, objetos de importância para ele, ou para suspeitos, testemunhas, enfim. Esses objetos são chamados de "mementos".

Ao embarcar na aventura deste detetive, o jogador irá se deparar com figuras exêntricas e caricatas. Seguindo a pista "Look for D", David segue um Modus Operandi simples: ele procura por pessoas cujo nome começa com D, e que possam ter algum envolvimento com a droga Real Blood, já que a autópsia indicou traços da droga no organismo de sua esposa. Seu primeiro mergulho ao passado o coloca em um voo de Washington para Boston... ou seria o contrário? Ah, deixa pra lá. E, ao entrar neste voo, o jogo começa pra valer. Você conhecerá alguns personagens, e dentre eles, 3 terão nomes que começam com D.

É necessário ilustrar isso com imagens, então vamos lá:

Derek Buchanan, um Federal que, aparentemente, está transportando um traficante envolvido com a droga Real Blood. Este traficante sendo Antonio Zapatero.

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Deborah Anderson, uma mulher paranóica que toma nota de tudo ao seu redor, tem ataques de pânico frequentes, e afirma que o avião irá cair com base no barulhinho que a janela faz.

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Duncan & Sukey. Uma Drag Queen e seu manequin; ambos Designers de Moda renomados que não se importam com aqueles que não têm estilo.

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A graça do jogo está na exentricidade dos personagens. Apesar deles serem malucos, David precisa embarcar nas maluquices de cada um, a fim de descobrir algo sobre eles, e com isso, eliminá-los da lista de suspeitos, progredindo na investigação. Cada um deles gera alguns Mini Games, que parecem não contribuir em nada para a trama, e só quando o jogador começa a pensar que aquilo tudo é pura bobagem, a coisa toda volta aos eixos e David progride na investigação, tirando conclusões e pistas realmente interessantes e cabíveis, dentro daquele contexto.

Os sistemas de D4 são criativos, e exploram o gênero point and click muito bem, obrigado. Existe uma barra de Stamina, que vai decrescendo conforme você realiza ações, existe a visão, que é uma espécie de "Raio X", que mostra quais objetos são interativos, e existe a barra de vida, que decresce conforme o personagem se machuca em determinados momentos que envolvem ação e/ou combate. Cada barra pode ser restaurada com comida, bebidas e quites médicos, coisa simples.

Graficamente, o jogo é inferior, mas o charme predomina. Existe uma quantidade absurda de roupas para os personagens, vários estilos de barba para David, várias roupas, acessórios para os personagens secundários, e você também recebe presentes/encomendas pelo correio.

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Assim como nos títulos anteriores, a variedade e a qualidade das músicas é impressionante. Mas, diferente de antes, a mixagem e os volumes estão em perfeita harmonia em D4. Não apenas isso, o trabalho de Voice Acting foi além, está perfeito. Cada personagem tem uma voz marcante, que combina com sua fisionomia, sua personalidade, e cada um deles tem aquele toque galhofa que torna cada cena e diálogo mais interessante e divertido. O personagem que define o quão absurdo este jogo é, e Roland Walken, um médico, cirurgião(?) gigante e misterioso, que fica raspando um garfo a uma faca o tempo todo, e faaaalaaa... tãoooo... deeevaaagaaarrr... queee... uuuultraaaapaaaassaaaa... ooos... liiimiiiteeesss... daaa innnsaaaniiidaaadeee...

E é assim que D4 vai... just like Deadsly Premonition, este é um daqueles jogos em que, se você "embrace the goofiness", ele deixará de ser apenas um jogo para se tornar uma experiência; uma experiência com clima de seriado antigo, com uma pitada de filme policial. Alguns dizem que há magia em criar uma obra atual que desperte um sentimento nostálgico, e eu só posso concordar.