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Aula de Sonoplastia nº 5 - Ecletismo Sincrético

Iniciado por Zaggojhon, 26/07/2019 às 20:14

Aulas de Sonoplastia
1 à 5


Aula 5
Ecletismo Sincrético
Porque toda aula tem um nome nada a ver




*Essa aula não possui material didático devido ao sucateamento do fórum Librarium*




Toda aula é dividida em 2 partes:
TEORIA MUSICAL      EXERCÍCIO




Introdução de (quase) 2 minutos:

É muito complicado usar o termo "criação" no meio artístico. Fato é que desde que começamos a estudar as artes foi trazida junto uma evolução gigantesca de conteúdo. Quando trazemos esse tema a 2019, quase 3000 anos depois do estopim do desenvolvimento musical, podemos ver que é quase impossível criarmos algo totalmente "do zero", assim como já era impossível na época dos mestres clássicos. Tudo é derivado de algo. Como então inovar, criar algo interessante e original que soe novo e fresco ao ouvido do público?




---^-^-^-^-^-^--- DOMINANDO OS CLICHÊS ---^-^-^-^-^-^---

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Para quebrar qualquer construção e criar algo realmente novo deve-se conhecer muito bem o que já existe (do contrário, como saber se é realmente original, não é mesmo?) e buscar então nesse conteúdo formas de se aperfeiçoar o que foi feito, dar a sua identidade para a música. A beleza de uma composição além da expressão está na capacidade de expressar a personalidade do compositor, algo que ninguém mais consegue reproduzir. Tudo que alguém compõe musicalmente visando a criação é único e é uma visão singular sobre essa experiência sonora. Pode parecer uma enorme divagação, mas todo o trajeto do desenvolvimento musical pode ser analisado pelo que foi colocado acima.
Um dos grandes mestres da música brasileira, Heitor Villa-Lobos, ficou mundialmente conhecido pelas "Bachianas Brasileiras", obras inspiradas no famoso compositor barroco Johann Sebastian Bach nas quais o brasileiro interpreta formas de composição de Bach tendo em consideração suas influências musicas locais, a música brasileira do século XIX e início do século XX e colocando nas composições eruditas vestígios de formas composicionais das canções populares, como as rodas de chorinhos, que ele fazia parte. Quem também traz essa mescla entre eruditismo e popular numa época em que a música era extremamente elitista é Mozart. O jovem ficou conhecido praticamente por compor melodias memoráveis e cantáveis, que poderiam ser acompanhadas por qualquer pessoa que escutasse sua música. Não é à toa que se tornou um dos mais vistos e aclamados compositores de todos os tempos, e sempre deveu grande parte disso à essa visão diferente sobre a música que adquiriu com seu mestre Joseph Haydn.
Mas isso não é só obra do passado. Muitos gêneros musicais surgem assim, como um leve elo de um simples compositor que traz traços dos diversos gêneros musicais dos quais escuta e aprende. A tão conhecida bossa-nova surge como uma mistura de ritmos do jazz americano trazido para o suingue carioca por Vadico (Oswaldo Gogliano), parceiro de Noel Rosa. Em 2001 a banda Radiohead lança uma música chamada Pyramid Song que foi vista como uma das mais originais da banda por seu ritmo extremamente enigmático e difícil de captar. Mas o ritmo da música é, na verdade, simples, e é proveniente da música Freedom, de Charles Mingus que é proveniente dos trabalhos de Quincy Jones nos anos 80, que por sua vez são estudos sobre bossa-nova, mas feito de uma forma que não é comum no gênero e com uma instrumentação totalmente diferente dos clássicos brasileiros, passando despercebido até mesmo por nós, meros tupiniquins.
Quando trazemos isso para os jogos podemos ver inúmeros exemplos de trilhas sonoras ecléticas que são consideradas extremamente originais e que utilizam dessa visão sobre a música para se criar músicas únicas e identitárias.
► Estou elaborando, inclusive, uma série de tópicos para mostrar como as referências influenciam nas trilhas sonoras mais famosas, assim como fiz com Super Mario World e Forbidden Memories.


---^-^-^-^-^-^-- ECLETICANDO-SE --^-^-^-^-^-^---

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Quanto mais referência se busca para se compor para determinado gênero, mais fácil e eficiente surge sua composição. O trabalho do músico compositor é também experimental, independente de seu gênero de atuação. Confira exemplos de ecleticidade nas trilhas dos jogos mais famosos da era 16 bits:

Super Mario World (Koji Kondo) – Sinfônica, Romântica do século XIX, Jazz Sinfônico, Expressionismo/Mambo Mexicano. – Tópico
Forbidden Memories (Waichiro Ozaki) – Eletro-orquestral, pop anos 90, Fantasias Orientais. – Tópico
Donkey Kong Country 1 (David Wise e Evelin Fischer) – Jazz Beepop, Gypsy Jazz, Easter Island Drums, Rock e Rock Progressivo.
Donkey Kong Country 2 (David Wise) – Disco, Balada lenta, Romântica do Século XX, Ragtime.
Donkey Kong Country 3 (Evelin Fischer) – Funky, Blues, Jazz Blue, Beepop Rock, Eletro-Rock, Jazz Progressivo, Expressionista.
Contra III (M. Yanagisawa) – Metal Progressivo, Synth e pop dos anos 80, Eletrônico Progressivo, Marcha Nacionalista.
Goof Troop (Yuki Iwai) – Jazz Quarentiano, Rock Cinquentiano, Erudito Contemporâneo.
Maui Mallard in Cold Shadow (Michael Giacchino) – Big Band, Mambo Tropical, Minimalista, Ópera oriental, Atonal.

Neste tópico até o momento já foram linkados 53 estilos de música que poderiam ser usados em qualquer composição de qualquer jogo à depender do critério do compositor.




---^-^-^-^-^-^-- TREINANDO  --^-^-^-^-^-^---

Essa aula possui um treino recorrente, algo que vai acompanhar toda a trajetória sua com a música, mesmo que seja um hobby ocasional.

► Busque imaginar um gênero musical diferente para uma cena clichê.

►Tente aplicar um arranjo diferente do usual, um instrumento de outro gênero ou até
mesmo exótico.

► Faça experimentações. Crie!

Bons estudos :)

:v
Aquele abraço!
Me ajude a continuar produzindo!

Todo incentivo e ajuda são bem-vindos!
Quem quiser e puder me ajudar ► Compre-me um café! :coffee:
Você vai estar me ajudando demais!

Orra, mas isto deve ter dado um trabalho dos diabos. Vamos fazer valer a pena, abra um tópico de índice e vamos fixar.  :waitwhat:


Bonito, agora tenho horas de exemplos para escutar. Como de praxe, não tenho muito o que comentar, não sobra margem para as dúvidas.  :clap:

Citação de: Corvo online 26/07/2019 às 20:32
Orra, mas isto deve ter dado um trabalho dos diabos. Vamos fazer valer a pena, abra um tópico de índice e vamos fixar.  :waitwhat:


Bonito, agora tenho horas de exemplos para escutar. Como de praxe, não tenho muito o que comentar, não sobra margem para as dúvidas.  :clap:
Obrigado pelo comentário corvo o/
Muito bom poder contar com seu apoio!




Só um desabafinho aqui:
Acho que o principal motivo para eu ter parado de postar as aulas é justamente o desequilíbrio entre trabalho e tempo gasto pra se fazer os tópicos e o fraco retorno dos membros. Cada aula eu busco postar referências e uma didática que quase nunca tem em português e eu acabo tendo de estudar materiais estrangeiros pra poder fazer algo eficiente pra quem acompanha. O problema mesmo é que quase ninguém acompanha  :humpf:
Talvez esse seja um dos motivos de não ter material de música em português, pra começo de conversa.
Vou continuar postando enquanto ainda é viável pra mim e espero que num futuro próximo alguém aplique de verdade esses métodos e leia essas análises e veja o quanto é simples e fascinante trabalhar com isso.
Me ajude a continuar produzindo!

Todo incentivo e ajuda são bem-vindos!
Quem quiser e puder me ajudar ► Compre-me um café! :coffee:
Você vai estar me ajudando demais!

Mais uma excelente aula, Zaggo.

Como eu tinha dito no chat, tava devendo comentar aqui desde que tu postou. Queria postar o desafio da anterior antes de chegar nessa, mas como vi que ainda vou demorar para conseguir apresentar o desafio, vou deixar meu comentário desta de uma vez. Não que isso seja uma desculpa para não comentar, mas, como o Corvo disse, não sobra margens para dúvidas. Você sabe apresentar e explicar muito bem o assunto abordado nas aulas. É realmente um conteúdo riquíssimo.

Gostei muito das referências que listou no tópico. Vi muitas músicas que eu já conhecia, mas que nunca havia parado para analisar sua estrutura, seu estilo e o que fazia dela tão memorável. É um exercício importante, e, veja só, divertido, escutar de modo mais analítico uma música. Preciso fazer isso mais vezes. ehuehe