O TEMA DO FÓRUM ESTÁ EM MANUTENÇÃO. FEEDBACKS AQUI: ACESSAR

A Resistência à Personagens Femininas

Iniciado por Geraldo de Rívia, 20/10/2018 às 07:39

Não lí todas as respostas, então talvez alguém mude minha opinião. Mas do modo que eu vejo, isso é fruto de uma sociedade desunida.

Basicamente, qualquer pessoa que se identifique com algum grupo da sociedade, lutará pelos seus, e unicamente seus, direitos. Os negros lutarão pelos direitos dos negros, as mulheres lutarão pelos direitos das mulheres, os homossexuais lutarão pelos direitos dos homossexiais, e assim por diante, quando o ideal (pra não dizer utópico) em uma sociedade é a luta pelo direito de todos. O resultado é que, ao menor sinal de hostilidade, ameaça ou ofensa, um grupo acusa o outro e espera ganhar algo, por menor que seja. É claro que há exceções, mas a regra geral para as pessoas, especialmente para aquelas que se expõem mais, é essa.

Então, quando a briga está relacionada à esse assunto, eu nem me dou o trabalho de argumentar. Não é esse o caso aqui, felizmente.

Embora eu seja a favor da liberdade de criação, isto é, se a obra é minha eu crio o que eu quiser, e do jeito que eu quiser, eu entendo a posição de empresas como a Riot. Afinal, não é apenas para dar mais profundidade ao jogo, mas também para conquistar públicos que antes talvez não se sentissem representados no jogo (por conta da regra geral). Há uma clara razão econômica, mascarada de ética. E as reclamações são, na maioria dos casos, de um grupo que não quer ver outro grupo tendo destaque (novamente, por causa da regra geral).

É estranho pensar que há tantas pessoas para te acusar por causa de algo que, além de ser uma criação, normalmente não terá impacto relevante nenhum na vida dessas pessoas. Vejo isso como uma grande limitação para criadores de conteúdo, especialmente para aqueles que querem agradar a um único grupo. Pedir mudanças é pedir demais, mas se eu individualmente lidar com isso de maneira equilibrada, creio já está fazendo a minha parte.

 

18/01/2019 às 23:28 #16 Última edição: 18/01/2019 às 23:54 por CleanWater
Acho legal e super válido desenvolvedores se preocuparem com representatividade nos jogos. O que discordo plenamente é a "obrigatoriedade" em ter essas representatividades.

Quer dizer que se meu jogo não tiver obrigatoriamente um personagem gay, um negro e uma mulher, sou homofóbico, racista e misógino respectivamente?

Liberdade de expressão é justamente isso, ter a liberdade de expressar a ideia jeito que você quiser.
Se você quiser ter um ou mais personagens gays, negros ou mulheres, tudo ok... Se não quiser, tudo ok também.

Nada disso é motivo pra reclamar.
~ cleanwatersoft.itch.io/ ~
Baixe todos os jogos que eu fiz até hoje gratuitamente

Eu sinceramente discordo da maioria das opiniões quanto à inclusão de minorias nos jogos.

Assassin's Creed Unity por exemplo foi uma polêmica enorme por conta de imprecisões históricas. De acordo com históriadores e especialista apesar de ter sido um movimento revolucionário e em certa parte sanguinário ele foi muito menos violento do que o retratado no jogo. Talvez o maior momento de inflamação de humores tenha sido a tomada da Bastilha e sequer foi um conflito tão violento quanto o demonstrado no jogo. Em resposta, a equipe disse apenas "É um jogo, não uma aula de história". Lembro que na época todos saíram em favor da Ubisoft pela resposta que realmente era acurada. Eles não têm compromisso com fidelidade história e dão total liberdade de interpretação e uso dos fatos em favor do roteiro. Isso deveria ser óbvio, pois a marca da franquia é misturar elementos históricos coma ficção fantasiosa e sci-fi incrível que ela é. A partir daí, os curiosos podem procurar os fatos reais e quem sabe ter um interesse maior pela história do mundo. É o que acontece com todos os fâs que conheço.

Então qual o problema da inclusão de Personagens femininas na segunda guerra mundial em um jogo como Battlefield que ser segue uma linha histórica? Ainda mais considerando que diferentemente de CoD eles dão muito mais atenção ao multiplayer do que ao modo campanha e o enredo. Isso necessariamente vai prejudicar o seu gameplay? Não vai ser mais inclusivo para as gamers femininas que estão cada vez mais presentes nos jogos? É a mesma sensação por exemplo em jogos de luta, não é maravilhosa a sensação de se sentir representado ao incluírem um personagem brasileiro? Street fighter e Tekken fizeram isso (embora sejam personagens sexualizadas ou brucutus animalescos tipo o Blanka) mas quando criança eu pensava "Hey, eles pelo menos pensaram na gente!". Imagine jogos repletos de bons personagens brasileiros (tipo o Capitão nascimento em Combat Arms) e a boa sensação de se sentir acolhido. Deve ser a mesma sensação que as garotas devem ter em relação à boas personagens femininas, fortes e não-sexualizadas.

Além disso, toda produção artística é influenciada diretamente pelo pensamento social e político de sua era. Foi assim com A Odisséia de Homero pela cultura grega, A Divina Comédia de Dante Alighieri pela briga pelo poder e interpretações religiosas Florentinas de uma Itália fragmentada, os romances de Shakespeare pela moral e política Britãnica, as séries de TV e filmes do século XX pelas guerras e movimentos sociais, e etc.

Os jogos, como porduções artísticas do século XXI não são diferentes. Nos séculos passados, grandes avanços como direito ao voto e não-escravidão foram conquistados lentamente com muita luta. Mas é neste século que negros e mulheres experimentaram o auge de sua liberdade artística e de expressão. É o auge da quebra de preconceitos ainda não resolvidos, sequelas de um passado triste e esses são os principais assuntos em pauta hoje. É de se esperar que as produções artísticas atuais abordem inclusão de minorias assim como criticar o nacionalismo, racismo e preconceitos que parecem tentar voltar com toda força.

O maior exemplo disso tá no cinema, com o sucesso de Mulher-maravilha e as expectativas para Capitã-Marvel. Até mesmo as personagens coadjuvantes têm mais destaque hoje como a Mera de Aquaman e tantas outras. Os videogames bebem dessa fonte com toda razão.

Não se trata de obrigatoriedade ou cota para minorias. As vezes é muito masi um reflexo das mudanças em nossa sociedade e é muito saudável que possamos fazer parte disso.