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A bactéria que destruiu o mundo

Iniciado por Fittsherck, 17/03/2013 às 12:14

Segue mais um trecho postado esta semana. Lembrando que não estão na ordem.

Como uma bactéria pode destruir um mundo inteiro? A história é contada em detalhes no primeiro livro que escrevi em 1998, e citada na minha atual obra.

Espero que gostem:

A bactéria que destruiu o mundo:
Spoiler

DRO: 0488
Data: 17/05/2145 (Segunda-feira)
Assunto: K-59

De uns tempos pra cá o número de atendimentos na clínica veio caindo, tendendo a normalização.
Semana passada passei dois plantões sem qualquer atendimento e já me acendeu o sinal de alerta. Será que vou me formar bióloga e ficarei por fim, praticamente sem trabalho?

Porém, a realidade agora é diferente, uma vez que posso trabalhar também com pesquisa, bastando escolher um tópico e obter autorização dos conselhos.
Tendo minhas raízes na medicina, não poderia deixar de pensar no que leva os ramilis a simplesmente morrerem por volta dos três ou quatro anos. Seria isso uma espécie de doença? Haveria uma possibilidade de cura?

Era necessário entender o que se passa em seus organismos durante este período e assim, desde a última semana, venho recolhendo amostras de sangue de todos os ramilis que aparecem para reintegração, e comparando os resultados com os indivíduos saudáveis.

Gyasi percebeu o que estava fazendo e apressou os meus resultados dizendo que os ramilis morrem porque as enzimas param de funcionar, causando falência múltipla de órgãos. É uma deficiência genética resultante do processo de escrituração do DNA a qual até hoje, ninguém conseguiu corrigir.
Ela completou dizendo que houve muitas tentativas de tratar essa anomalia, mas sem sucesso. Porém, um tratamento específico promete resolver todas as deficiências dos ramilis, mas por motivos óbvios, na opinião dela, ninguém teve coragem de testar.

Ela me convida à câmara de armazenamento de materiais biológicos, que possui um setor exclusivo para espécimes perigosos, e no mais frio e seguro cofre do Maedro está guardada uma pequenina capsula contendo um reluzente líquido azul. Trata-se da bactéria K-59, responsável por dizimar praticamente toda a população do nosso mundo.

Quase todas as pessoas expostas a este micro-organismo morreram em menos de uma semana. O pânico se generalizou até a descoberta de um antibiótico que se acreditou capaz de conter o avanço da doença.
Mas descobriram que as mortes na verdade ocorriam por conta da reação exagerada do organismo em se livrar do corpo estranho, e as pessoas que sobreviveram, foram infectadas por uma variação ou evolução da bactéria, que era menos agressiva do que sua forma original.

Ela mudou sua estrutura para continuar sobrevivendo e uma vez alojada no corpo das pessoas, forçava nelas, rápida mutação com o objetivo de assegurar a sobrevivência do organismo. Tais alterações eram praticamente imperceptíveis, embora alguns indivíduos apresentassem queda de cabelos, manchas na pele e outros efeitos indesejáveis. Mas o estado de saúde de uma forma geral melhorou, como se a nova variação da bactéria tivesse de alguma forma sido assimilada pelos organismos e reforçado seus sistemas imunológicos.

O problema voltou a ser visto como grave quando as novas crianças a nascer apresentaram todo o tipo de alteração congênita. Mutações resultantes da modificação genética causada pela exposição a K-59. Cor da pele, fisiologia, estrutura óssea, tudo o que se puder imaginar. Pensou-se na época em sacrificar as crianças mutantes, mas o tema dividiu opiniões porque elas representavam 70 a 80% dos nascimentos além de serem extremamente saudáveis, apesar das diferenças físicas. Então resolveram sacrificar apenas aquelas que apresentassem o que chamaram de "deficiências severas".

Tal medida continuou a ser controversa e a população de Kasye se dividiu entre os que apoiavam e os que repudiavam as iniciativas em resposta ao novo problema.
Não sabemos o que aconteceu depois, e não foi preciso perguntar que a K-59 ou alguma variação dela, deu a exótica tonalidade dos meus olhos.
É certo dizer que todas trazemos em nossos genes, alterações causadas pela exposição a este micro-organismo, mas apenas eu manifesto isso fisicamente. E se foi por conta das mutações que fugimos de Kasye, não seria nenhuma surpresa que sofresse qualquer tipo de discriminação.

Eu sofri muito com isso!

Em todo caso, existe há muitos anos, uma pauta autorizada para o uso da K-59, com o objetivo de testes em ramilis, para tentar desta forma curar suas deficiências ao mesmo tempo em que controlam as mutações com um soro desenvolvido para tal.
Mas se algo der errado, a K-59 pode sofrer alterações, se espalhar e acabar matando todo mundo, ou pior...

Por isso que entra biólogo e sai biólogo, e ninguém tem coragem de fazer testes com esse material. A Gyasi é só mais um caso.

Daqui a dois meses me formarei e poderei assumir este projeto, mas não preciso esperar tanto para decidir...

Nem morta eu vou trabalhar com a K-59.
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