A fábrica

[TokusatsuBR]

O sinal de chegada à fábrica sempre toca às 5 horas. O grande sino bufante sempre liberando uma enorme e toxica nuvem de fumaça, servindo de aviso aos fora de si. Todos os trabalhadores entram enfileirados com seus macacões laranja surrado e sujos de graxa e tinta.

O começo deprimente e sínico de trabalho virou rotina para todos daquela fábrica. Alguns se prendiam em salas e ficavam lá até altas horas, sem um pouco de iluminação nem frescor, somente uma grande pilha de fichas e cheques de pagamentos a assinar. Outros ficavam fazendo as máquinas que davam rumo ao local funcionar, sempre os primeiros a começarem a horda de trabalho até a partida para suas casas.

O sinal avisa que é 12h00min, a hora em que alguns podem descansar. Alguns funcionários podiam sair e fazer seus rápidos almoços, geralmente uma simples e pequena marmita. O local em que faziam as refeições era deplorável. Uma sala quase fazia, somente com mesas redondas e remendadas, cadeiras de plástico e um balcão para funcionários. Ratos, baratas, camundongos, passam por aquele local, sobem em cima de mesas e cadeiras, aonde sempre alguns fazem suas refeições. Outros são responsáveis por cargos maiores, fazendo assim, o encabulo em um cubículo apertado e sozinho. Alguns conseguem aguentar até a hora de ir.

O sinal avisa que é 13h00min, hora de todos voltarem ao trabalho. Em fileiras, é montada um amontoado de pessoas, uma multidão inativa de felicidade, sem emoções, sem expressões. De fila em fila, organizado, cada um se direciona para seu setor de trabalho, pegando a mesma ferramenta, fazendo o mesmo movimento repetidas vezes, enchendo os olhos de lágrimas e o pensamento cheio de vontade de uma vida melhor. Alguns não aguentam ou não se adaptam ao local, ou somente não tem o organismo forte, pois para trabalhar naquela fábrica, necessita conseguir aguentar poeira, um alto nível de fumaça e um grande cheiro de gás. Situações deploráveis para qualquer ser humano em seu horário de trabalho, por mais de quem seja.

O sinal avisa que é 17h00min, hora de todos partirem para casa. Aquele lugar deprimente vai se contentar em virar apenas memórias de um individuo qualquer, sem relação nenhuma a alguma lembrança boa ou adorável de se lembrar. O sino bufante é desligado, esquecido. O cubículo de almoço fecha as portas, se tornando um local escuro e esquecido. O cubículo aonde os renegados se fixavam eram trancados, mofando até outro dia, esperando seu líder a abrir e continuar o trabalho aonde parou. Alguns se direcionavam para casa, outros para as tavernas que tinha na equina, outros iam encontrar um momento de felicidade de alguma maneira imprópria, mais iam do mesmo modo. E assim é a rotina naquela fábrica...