O TEMA DO FÓRUM ESTÁ EM MANUTENÇÃO. FEEDBACKS AQUI: ACESSAR

Uma Breve Viagem pelo Tempo

Iniciado por Nandikki, 10/10/2015 às 12:06

10/10/2015 às 12:06 Última edição: 10/10/2015 às 12:53 por Nandikki
Uma breve viagem pelo Tempo

Estou vendo uma luz, seria aquela luz da qual tanto ouvi falar?

Hilton decidiu que partiria nessa expedição extraordinária. Não havia passagem de volta, tão pouco como reclamar por melhores serviços. Estava indo apenas com sua mente, sabia que apenas sua mente ia suportar àquilo. Se suportasse...

Estima-se pelos relógios da terra que eram duas e meia da manhã em um inverno de uma cidade qualquer do norte dos EUA quando Hilton atreveu-se a partir de fato. Um grande raio luminoso foi visto saindo da terra até o céu, e era possível de vê-lo desde Nova Iorque até o pentágono. A luzinha chamou a atenção dos curiosos de plantão, de alguns poucos senhores que jogavam xadrez nas praças e de algum jornalista esperançoso de obter uma boa matéria.

Hilton não via nada, estava tudo escuro, sem luz... A verdade é que não poderia ver algo, pois estava indo tão rápido quanto a própria luz, logo a luz nunca chegaria a seus olhos para que pudesse ver algo. Imaginou o que aconteceria se batesse em algo. Bom, se tivesse tempo para checar (e, do nosso ponto de vista, tinha de sobra) chegaria à conclusão de que bater em algo seria uma péssima experiência. Afinal, se forem fazer uns pequenos e caprichosos cálculos notaria que um objeto em movimento à incríveis 300 milhões de metros por segundo com uma energia de 18 bilhões de Jaules (é simples, basta usarmos a famosíssima equação de Einstein: E = mc²) não deve bater em coisas.

Perdido em seu eterno feixe de luz gigantesco Hilton perguntava-se se estaria ele parado ou em movimento. Afinal, segundo o maior físico do século vinte não haveria como dizer com plena certeza se estamos ou não em movimento. Mas se tudo que vê é a escuridão (por nada ver) não seria plausível admitir que ele esteja em movimento? Hilton queria, mas não podia se digladiar com questões como essa naquele momento. Deveria decidir se estava ou não na hora de parar de se mover em relação ao que quer que seja. Mas havia um problema, Hilton não fazia ideia de quanto tempo se passara desde que embarcara naquele feixe de luz monumental. Podia ser um segundo, ou um milênio.

Se o caro leitor já se interessou pelo tema, deve saber que é possível viajar pelo tempo nos movendo a uma significativa fração da velocidade da luz. Entretanto, nesse caso só poderíamos nos mover para o futuro, e estaríamos, portanto, impossibilitados de voltar ao passado. Acontece que se o leitor pesquisou ainda mais, deve saber que quanto mais um corpo de aproxima da velocidade da luz, mas pesado fica e menos comprido também. Isso quer dizer que, segundo Hilton, quando um corpo atinge a velocidade da luz fica tão pesado que a curvatura que provoca no espaço-tempo é tão grande que se no caminho certo poderia retornar a pontos passados. É claro que não há gigantescos e monstruosos cálculos que possam provar o que afirmou Hilton, mas ele acredita que dará certo.

Afinal, já comentamos como Hilton entrou em um feixe de luz gigante que aparentemente o servirá como uma nave que atravessará o tempo?

Pra começar saiba eu Hilton é extremamente excêntrico e ousado. Leu um pouquinho de Newton, Albert e Hawking e saiu por ai tentando domar o tempo e curvar o espaço ao seu redor. É fato que a teoria da relatividade geral o inspirou muito, mas o que mais o instigou a partir nesse passeio maluco foi mesmo a pergunta que levaria Albert Einstein algumas boas décadas atrás a desenvolver a própria relatividade: como seria estar viajando em um feixe de luz?

Não sabemos. Tão pouco Hilton. Ele diz não ver, não sentir nem ouvir nada, coisinha nenhuma. A mente de Hilton no momento está pairando pelas inúmeras possibilidades que acredita haverem para seu futuro incerto. Passado ou futuro? Onde ele apareceria? E se fosse ao passado, o passado tornar-se-ia o presente e o futuro apagado ou o presente atual já teve um passado com um viajante do tempo chamado Hilton? Dá dor de cabeça só de pensar.

Voltando a questão de como o Hilton entrou nesse troço: é simples, ele pegou uma lanterna, liberou toda a energia dos fótons que saíam dela e entrou lá no meio. Como? Pois bem, a pergunta era sobre como ele entrou, não como ele fez entrou.

Agora Hilton decidiu puxar o fio do ônibus, sabe? Dizer chega, aqui é minha parada! Para isso ele acreditava ser necessário apenas se impulsionar para trás ou para frente que sairia do feixe e estaria em algum lugar do tempo naquele mesmo lugar onde entrara anteriormente. Mas Hilton não tinha certeza de que o seu peso tenha sido tão pesado a ponto de curvar o espaço a ponto de deixa-lo fechar sobre si mesmo a ponto de manda-lo pros primórdios do próprio tempo. Era isso que se passava na cabeça dele.

- Um rei, rainha! Espere Robespierre eu ouvi? Uma revolução? Mulheres no palácio aaah, cortaram uma cabeça e era do rei.

Hilton estava horrorizado com o que vinha em sua cabeça. Jurava ter visto a morte do rei da França, e da rainha, a madame déficit.

- Que fascinante, que virada de jogo triunfal. Sempre pacifista agora Einstein não apoia os jovens que se recusam a entrar no exército da Bélgica... 

Acredite leitor, pode não ser loucura de Hilton. Embarcar em um monumental feixe de luz deve leva-lo a algum lugar. De qualquer maneira, Hilton ainda está no feixe, indo em direção contrária do fluxo natural, ou que pensamos ser natural, do tempo.

Passa-se na cabeça de Hilton toda a história da humanidade, do planeta terra, do sol e até mesmo de todo o universo. Hilton consegue enfim enxergar algo. Enxerga uma luz.

- Estou vendo uma luz, e não está na minha cabeça. – como poderia Hilton ver qualquer coisa estando na velocidade da luz? Ele sabia daquela impossibilidade, e pôs-se a pensar:

- Estou vendo uma luz, seria aquela da qual tanto ouvira falar? A luz no fim do túnel, a luz para qual devemos seguir... Sei que não é qualquer luz, já que é impossível que seja...

Hilton já viu tudo desde a criação do universo até o momento em que resolveu entrar no feixe. Talvez, apenas talvez, Hilton não tenha chegado nem no futuro nem no passado. Talvez Hilton tenha que desembarcar no começo do próprio tempo. De qualquer modo, nunca saberemos. Afinal, um segundo após ter entrado no feixe gigante, Hilton nunca mais foi visto.


 Caramba... gostei bastante disso aí. A maneira que tu explicou e usou as coisas, fora fascinante. Parabéns!