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Contos de Bar

Iniciado por Vifibi, 08/01/2013 às 20:40

Toda Quarta-Feira, o meu jornal recebe um texto novo em folha meu, com o título "CRÔNICAS DE BAR". O porquê desse título é desconhecido, embora eu ache que tenha algo a ver com Dennis Hopper. Na minha coluna de "Crônicas de Bar", eu escrevo sobre absolutamente nada. E, por algum motivo, as pessoas acham isso engraçado.


Essa imagem não tem nada de especial, é só uma idiotice que eu fiz no Photoshop.

Considerando o fato de que... Alguma coisa faz alguma coisa, e eu escrevo aqui, eu resolvi pegar alguns textos meus dessa coluna e publicá-los aqui. Pois... Bem, porque um elefante tem medo de ratos e babuínos, e eu cansei de conversar com ambos. Aproveitem minha total falta de sentido e completa insanidade.

Contos de Bar
Uma coluna sobre... Alguma coisa.

"Contos de Bar", "Quando os Ratos se Apaixonam (A.K.A. 'Eu não tenho a menor idéia sobre como nomear esta crônica')"

Spoiler

Era noite. Tarde da noite. Ou poderia ser dia. Eu não sei, meus óculos escuros deixavam até mesmo o Sol parecendo a Lua. E eu nunca saio de casa sem óculos escuros... Pois eu nunca saio de casa sem uma ressaca. Era tarde da noite de Sábado (Eu acho), e eu fui ao escritório de meu editor, Sérgio, que tinha pedido minha presença com urgência.

Normalmente eu teria mandado ele ir se catar, mas minha intuição me dizia que era melhor eu comparecer. Minha intuição, e a viatura de polícia que estava estacionada em frente ao meu prédio havia meia hora. Eu toquei na porta do escritório. Primeiro duas vezes. Depois três. Então eu improvisei uma batida de "We Will Rock You".

A secretária dele abriu a porta, justamente quando eu estava no solo de guitarra. Entrei no escritório, sem dar bola para a expressão perplexada da mulher, que, momentos atrás, tinha visto um homem balançar as mãos fingindo estar tocando guitarra na chuva. Ou era dia claro? Eu não faço idéia.

- Então, Clarice...

- Beatriz - Ela corrigiu. Eu fitei-a, fazendo o melhor que podia para manter uma cara séria. A face dela parecia serena, calma. Parecia uma mulher que sofreu os tempos da vida, mas que não havia desistido ainda, que ainda tinha esperança. Seus olhos, no entanto, gritavam "Chocolícia!" como três hipopótamos treinados subitamente desempregados.

- Então, Clarice-Beatriz... Como vai o Sr. Sérgio?

- Ele está um pouco rabugento. Gritou comigo o dia inteiro. É um babaca. - Eu ri da observação dela. Ela não tinha experiência no emprego, mas já conhecia o Sérgio muito bem.

- Pois bem, eu vou fazer uma visita à ele. Acho melhor você ficar com isso até eu voltar - Eu a entreguei uma garrafa de whiskey que eu mantinha no bolso em casos de emergências. Ela olhou desconfiada para a garrafa, e em seguida tomou um longo gole. Eu não me importei muito. Nunca carregava Jack Daniels naquela garrafa, apenas uma marca de whiskey mais barata. A marca tinha gosto de cigarro usado.

Eu entrei no escritório do meu editor. Ele andava de um lado para outro, preocupado. Assim que eu entrei, ele pulou em cima da cadeira e pegou seu guarda-chuva, esperando um ataque. Ele era um editor de jornal, afinal de contas. Me sentei na cadeira, e comecei a comer uma noz que estava na mesa ao lado. Ela tinha um gosto extraordinário, como um Sauvignon 1977 bem conservado. Ou então chiclete de tuti-fruti.

- Victor! Estamos mortos! - Ele sentou na cadeira, exprimindo todo seu desespero, e suando como um porco. Que tipo de noz ele tinha comprado? Macadêmia?

- Ok, primeiro de tudo, por quê você me chamou aqui numa noite de Sábado?

- É Quarta de manhã. - Ele me encarou, incrédulo quanto à minha reação. A noz não poderia ser macadêmia, o Sérgio era pão-duro demais para comprar uma noz cara para o escritório dele. Teria que ser uma noz mais barata, como... Macadêmia, se ela for barata.

- Bem, sendo ou não sendo Sábado de noite, qual é a droga do problema? - Eu continuei mastigando a noz, que estranhamente parecia não terminar. Talvez fosse Bogno? Não, espera, isso é um tipo de árvore.
(Bogno é uma árvore?)

- Seu texto! Esse é o problema! Ele foi considerado altamente polêmico pela Igreja Evangélica, e ela quer que você seja demitido. - Eu não ouvi o que ele dizia. Estava concentrado demais na textura fina ou então grossa... Ou alguma coisa da noz. Seu gosto de vinho ou tuti-fruti (Embora eu tivesse começado a sentir um gosto único de Filet Mignon). Eu tinha que saber aonde ele comprou essa noz, mas meu orgulho nunca permitiria que eu perguntasse. Eu teria que invadir a casa dele mais tarde, e ver as despesas dele. Uma Quinta-Feira como sempre.

- Aonde você comprou essas nozes? - Meu orgulho é um covarde.

- Nozes?

- Sim, essas nozes. Ela tem uma coloração distinta, um gosto específico... É simplesmente espetacular.

- Victor, você está mastigando uma vela.

- Ah. - Eu removi a (Agora óbvia) vela da boca, observando-a por um momento. Depois eu continuei a mastigá-la, pois ela continuava tendo gosto de tuti-frutti (Ou seria Filet Mignon?).

- Victor, o que nós vamos fazer sobre o protesto contra seus artigos?

- Ugh. Se eu soubesse que você iria falar sobre isso, eu não teria deixado minha garrafa de whiskey com sua secretária.

- Secretária? - Ele me perguntou, parecendo perplexo. Ou melhor, tentando parecer perplexo. As bochechas ridiculamente grandes dele tornavam-o impossivelmente cômico.

- É, sua secretária, que abriu a porta do seu escritório para mim.

- Biancardine - Toda vez que eu fazia alguma idiotice ele me chamava de "Biancardine". Porco babaca - Você está na minha casa. Quem foi abrir a porta foi minha filha.

- A de dezoito anos com quem...

- Não, a de doze anos. Que eu nunca deixei você nem sequer ver sem usar óculos especiais. - Era verdade, ele mantinha um par de óculos na gaveta do escritório dele para toda vez que a filha dele ia visitá-lo no trabalho. Era uma coisa estúpida, eu nunca faria nada com a filha de doze anos dele. Exceto oferecer um cigarro, como todo bom cidadão.

- Eu nunca vou receber minha garrafa de volta, não é?

- E eu nunca vou ter uma filha que não seja uma alcoólatra... - Ele disse, enxugando as lágrimas.

- Então, o mesmo de sempre? - Eu sorri, sendo o mais condescendente quanto possível.

- Vá de uma vez antes que eu chame a polícia.

Eu dei um último "Até amanhã, chefe", e pulei pela janela. Eu provavelmente quebrei minha perna, e com certeza xinguei a esposa do Sérgio mais de uma vez, mas consegui me arrastar até um lugar seguro e longe da vista dos policiais, aonde passei o resto do dia tirando cacos de vidro do meu corpo.
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Sendo Parado por um Policial: O Que Não se Deve Fazer

Spoiler

Eu estava dirigindo um carro. Eu não gosto de carros, mas daquela vez valia a pena. Não era o meu carro, óbvio, era o carro de meu amigo Paulo. Eu tinha roubado o carro dele, pois ele me obrigou a assistir Avatar  com sua companhia. Eu pretendia atiçar fogo nele, mas aí não teria mais ninguém para pagar minha fiança exceto meu editor.

Eu ouvi um "Hmmph!" no banco traseiro. Era a namorada do Paulo. Ou a mãe dele. Ou a irmã dele. Ou então uma mulher completamente sem relação com o Paulo mas que estava presa, amarrada, e amordaçada no banco de trás do carro dele por algum motivo que não consigo me recordar direito agora. Acho que eu só fui com a corrente mesmo.

Então eu ouvi as sirenes de um carro de polícia. Merda. Olhei para o espelho retrovisor, que estava pichado com imagens obscenas de genitálias humanas e um zebu. Era uma viatura de polícia, mandando que eu parasse. Meu primeiro instinto foi acelerar e tentar escapar, mas eu lembrei que, mesmo no carro do Paulo, quem iria preso seria eu. Então eu parei.

Por um momento, nada aconteceu. Então, para o total desespero da mulher/irmã/namorada/mãe/prostituta com muita má sorte, nada continou a acontecer. Por fim, o nada disse "Foda-se" e foi tomar uns porres, permitindo que um policial saísse da viatura.

Eu vasculhei meu carro freneticamente, tentando achar algum tipo de alucinógeno, que eu sabia que estaria no carro do Paulo. Por fim, eu achei um saco com três pedras de Crack. Paulo sempre foi um retardado. Eu escondi na calça, que ficou parecendo uma ereção desafortunada. Mas pelo menos o tamanho poderia intimidar o policial, se eu tivesse sorte. Se eu não tivesse, poderia excitá-lo, e ninguém quer ver isso.

No porta-luvas, ou seja lá como chamam essa porcaria, eu achei uma banana, o que era inútil, já que porcos só comem bacon (Eu acho). De qualquer modo, joguei-a pela janela, torcendo para que ele se distraísse como um cachorro que vê uma bola.

Ele parou. Olhou para a banana e pôs a mão na cabeça, provavelmente pensando que eu era um racista. Ah, eu mencionei que ele era negro? É, eu acho que deveria ter mencionado antes. E a banana não foi exatamente a melhor idéia do mundo, agora que eu penso sobre isso.

Ele se aproximou da janela do carro (Ou seja lá qual seja o termo para esse vidro que não faz nada para te proteger de tiros), com uma postura intimidadora que me fez pôr a mão na cara. Ou então era o fato de que ele estava propositalmente mostrando a pélvis contra a janela. Um dos dois.

"Você sabe por que eu te parei?"

"Não, senhor, eu não sei." - Eu respondi, tentando fazer o meu dedo do meio levantado parecer o mais casual quanto possível. Então eu abri um grande sorriso porque, hey, policiais também gostam de sorrisos. E quem sabe assim eu confundia ele e conseguia escapar.

"A placa de seu carro está ilegível. Está pichada com alguma coisa sobre 'James Cameron pode chupar meu pênis azul!' por cima." - Ele manteve sua postura - E pélvis -, apesar da minha tática de confusão.

"Bem, isso foi uma coisa que meu amigo pichou. Mas não é nada demais, não é?"

"E o que essa mulher está fazendo no banco de trás, amarrada e amordaçada?!" Ele pareceu estranhamente surpreso em ver uma mulher de algemas, especialmente sendo um policial.

"É minha namorada. É dia de... 'Novelização'."

"Novelização?"

"Sim! É que ela adora esse tipo de coisa, entende? Ela adora ser amarrada, algemada, amordaçada e carregada no banco traseiro de um carro até aonde diabos quer que eu esteja indo."

"Senhor," Ele esfregou os olhos, obviamente estando cansado de minhas insanidades. "Tentar ocultar o número do seu carro é uma obstrução de justiça muito, muito séria. Agora, seqüestro é pior ainda."

"Err..." Eu tentei inventar uma resposta "Mas não deve ser pior que David Hasselhoff e Rosie O'Donnell transando, não é?"

O homem ficou embasbacado com a imagem mental que eu havia instalado em sua mente. Ou então com o fato de eu ter pensado em alguma coisa tão idiota e tão sem a ver com o assunto em questão. De qualquer forma, eu aproveitei a brecha para acelerar e tentar escapar de uma multa e uma prisão.

Ele me perseguiu longa e arduamente (Por aproximadamente quinze segundos), atirando frenéticamente. Eu teria escapado, mas quando se tratam de tiros, eu prefiro parar a porra do carro. O homem novamente saiu do veículo, dessa vez com uma pistola em mãos.

Eu, já desesperado, procurei meu carro feito um louco para achar uma arma. Qualquer arma. Embaixo do banco do motorista, eu achei uma colher. Não era muito, mas foda-se, era uma arma. Eu saí do carro, colher em punhos, e tentando parecer o mais ameaçador quanto possível.

Ele olhou para mim, exasperado, tentando se decidir se eu era insano ou se a colher era um explosivo altamente avançado. Ele se decidiu pelo primeiro, e foi chegando cada vez mais perto de mim. Eu brandi a colher, apontando para ele, e ele parou, apontando sua arma para mim.

Na beira da estrada, aconteceu uma luta de nervos de proporções bíblicas. A minha colher contra a pistola dele. Sansão contra Golias. Uma formiga contra um lobo. Luke Skywalker contra Darth Vader. Qualquer ser humano na Terra contra Clint Eastwood. Um zebu contra um Exterminador do Futuro. Um germe contra... Qualquer coisa.

O policial e eu nos encaramos por alguns segundos. Ele deu um passo para frente. Eu segurei a colher com mais força. Ele deu outro passo. Eu comecei a suar frio. Ele chegou o mais perto que pôde, e eu bati na testa dele com a colher.

"Ah! Seu filho da puta!" Ele xingou, enquanto me algemava. Por fim, eu passei a noite na cadeia. Uma Sexta como sempre.
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Minha Noite de Sexta-Feira (Segundo Testemunhas Oculares)

Spoiler

Fui acordado por um tapa na cabeça. Não era um tapa amigável. Não era nem ao menos o tipo de tapa que te pague um jantar e flores antes de te estapear. Era um tapa violentador de cabeças. E a vítima era minha nuca.


Movi minhas mãos de forma limitada, reconhecendo as familiares algemas prendendo meus pulsos atrás da cadeira na qual me sentava. Olhei para o dono do tapa agressor, me perguntando se eu poderia processá-lo por danos morais. Desisti da idéia: Era um policial, e não uma mulher que gosta de ser "Dura".


– Bom dia senhor Biancardine.

– Não me chame de senhor. – O policial fitou-me com raiva.

– E por que não deveria?

– Faz eu me sentir velho.

– Senhor...

– Quero dizer, eu sei que tenho um pouco de cara de velho, cabelos brancos, etc... mas eu não sou velho!

– Cale a boca! – O policial me interrompeu, sendo rude como a maioria dos policiais que eu conhecia.

– Pelo menos se desculpe pelo tapa que você deu na minha cabeça. Foi rude, e eu me senti violentado. – Ele piscou duas vezes, não acreditando no que eu tinha acabado de falar.

– C... Como?

– Bem, você sabe. Eu não te dei permissão para me estapear. Não foi consensual. Foi um estupro de tapas. – O policial levou a mão à face, balançando a cabeça.


A porta abriu com um estouro. Por ela entrou caindo uma mulher desajeitada, que também usava um uniforme policial, o que era uma pena, pois ela era bem agradável aos olhos. Ela se levantou, se desculpando. Ela parecia mais amigável e disposta a engolir minhas idiotices, então eu me concentrei em conversar com ela.


– Senhor Biancardine...

– O que eu disse sobre me chamar de senhor?

– SENHOR Biancardine, esta é minha parceira, Lúcia.

– Olá, Lúcia – Eu esbocei um sorriso na escuridão da sala de interrogação.

– Boa tarde, boa tarde.

– Espere! Já é de tarde?

– Sim, são quatro e meia da tarde.

– Huh – Eu cocei meu queixo, pensativo – Meu editor irá à loucura tentando me encontrar então.

– Você quer ligar para ele? Nós te damos quinze minutos – Lúcia ofereceu, obviamente sendo a policial amigável da dupla.

– Não, não. É divertido aterrorizar o Paulo.

– Bem, Sr. Biancardine, há uma boa chance de que o seu editor esteja morto.


Um silêncio tomou conta do quarto. Lúcia colocava objetos na mesa, com certo medo de tocar em alguns. Era compreensível. Metade dos objetos que eu possuo são mandados para serem queimados depois que eu me desfaço deles.


– Como... Como que ele morreu?

– Com isso – Ele levantou um pedaço particularmente grande de algodão doce, que parecia suculento.

– Ah. Então ele morreu de forma honrosa... Tendo um ataque cardíaco?

– Não. A máquina de algodão doce que o Senhor Roubou de uma feira explodiu no seu escritório, segundo quinze testemunhas. A explosão matou metade de seus colegas de trabalho, e machucou severamente os colunistas e seu editor, que estão num hospital.

– Ufa! Ainda bem. – O policial que ainda não me disse seu nome me olhou torto.

– Bem – Eu expliquei – É que o Paulo sempre quis morrer... Sendo explodido por algodão doce.

– Mas e a hiena que você mantinha numa jaula embaixo do escritório de um tal de "Sandro"?

– Bem, em minha defesa, o Sandro sempre ficava rindo de tudo, então ele nunca percebeu a hiena que eu mantive embaixo da cadeira dele por um ano.

– Sim, Sr. Biancardine, esse é o problema. Você manteve um animal ilegal embaixo da cadeira do seu colega, sem comida e sem água. É um milagre que ela tenha sobrevivido por dois anos.

– Só se você chama os hábitos alimentares do Sandro um "Milagre". – Eu sorri, tentando ser o mais charmoso quanto possível. Aparentemente não funcionou, mas eu consegui improvisar uma piscadela para Lúcia, que anotava tudo veemente.

– Senhor Biancardine... – Ele continuou, ficando sem paciência. Meu estômago roncava – Quando a máquina de algodão doce explodiu – Ei, o algodão ainda estava em cima da mesa. Será que eu conseguia comê-lo sem o policial perceber? Bem, se não tentasse, eu nunca iria descobrir – A gaiola da hiena se soltou. E ela, faminta, começou a devorar os seus colegas e... Afinal, mas que merda o senhor está fazendo?! – Ele interrompeu seu discurso quando me viu debruçado sobre a mesa, comendo o algodão doce.

– Eu estou com fome.

– Escute. A sua hiena devorou oito pessoas antes que pudéssemos prendê-la.

– Hey, ela nunca foi minha. Era do Sandro. Prendam ele.

– Ele está no hospital. A hiena lacerou severamente a genitália dele. – Nesse momento, eu caí da cadeira rindo.

– Ah! Uau! Que... Uau! Genial. Genial. Simplesmente genial... – Eu disse, enxugando as lágrimas de tanto rir. – A ironia é uma coisa cruel, não é, oficial... Bochechas?

– Bochechas?

– Você nunca me disse seu nome, então eu estou inventando um para você.

– Meu nome é Hugo.

– Tarde demais, Bochechas.

– Ugh. Dane-se. Senhor Biancardine, não só você explodiu boa parte do prédio aonde você trabalhava, como também sua hiena devorou oito pessoas. Uma delas sendo um dos políticos mais respeitados da região.

– Espere, vocês me trouxeram aqui para me parabenizar?

– Não! Suas ofensas são muito sérias, senhor Biancardine. E o que você tem a me dizer disto? – Ele levantou um... Quadrado. Parecia pesado, e era preto.

– O que diabos é isso, Bochechas?

– Pare de me chamar de Bochechas. Isto é o objeto que você, e eu cito de uma de nossas testemunhas, "Usou para matar a hiena que estava mastigando o corpo de uma mulher, e então usou a pele da hiena como cinzeiro. Depois disso, ele perguntou se a mulher gostaria de 'Ir dançar com ele e o Jaguar nas suas costas'. A mulher correu, e o homem começou a xingá-la, jogando a pele de hiena coberta com algodão doce no esgoto."

– Como vocês podem saber que era eu?

– "O homem tinha mais ou menos um metro e meio de altura, cabelos castanhos, com algumas mechas destoadas, usava uma jaqueta de couro com uma camisa do Pink Floyd, e uma calça Jeans levemente rasgada."

– Ainda não estou convencido – Eu retruquei, cobrindo minha camisa do Pink Floyd o melhor que podia enquanto algemado.

– "Então ele bebeu uma garrafa de Jack Daniels enquanto perguntava se alguma mulher gostaria de 'Aprender como que se fazem as coisas na estrada."

– Ok, era eu. Mas eu nego todo o resto!

– Escute aqui, seu pedaço de... Escute. Você matou várias pessoas, traficou uma hiena, foi cruel com tal hiena, e ainda por cima expôs-se para diversas mulheres. O que você tem a dizer em sua defesa?

– Eu só quero um pouco de algodão doce, estou morto de fome... – O Bochechas atirou o quadrado preto na minha testa. Eu estava certo, ele era pesado.

– Esqueça a porra do algodão doce! Você vai passar anos na cadeia, seu degenerado!

– Mas... Eu sou jornalista!

– Jornalista? – Bochechas e Lúcia trocaram olhares, preocupados – De qual... Jornal?

– Jornal Opinião. Eu sou um colunista e escrevo crônicas de comédia.

– Ah. Bem, senhor Biancardine, porque nós não esquecemos esse episódio, e você vai escrever bem sobre a gente?

– Com uma condição – Eu aproveitei a oportunidade, claro –: Eu quero esse algodão doce. Ah, e se puder me dar o telefone da Lúcia ali, eu ficarei muito agradecido. – Eu pisquei para ela, que retribuiu a piscada. Sorte a minha, acho.

– Eh... – O Bochechas levou uma das mãos à face, não acreditando no que iria fazer. – Tudo bem. Aqui o algodão doce. Vou tirar suas algemas... – Ele tirou minhas algemas – E você está livre para ir embora.

– Hey, se importa se eu ficar com as algemas? Eu conheço uma amiga que irá adorá-las.

– VÁ DE UMA VEZ! – Eu considerei isso como um sim, e saí correndo.
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Revelações, Bariloche e Outras Insanidades

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"Pessoal, isto é muito, muito sério." Meu editor gritava com a equipe, sem piedade. Eu, no entanto, estava furiosamente ignorando-o, pois quando seu editor grita com você, a melhor coisa a fazer é ignorá-lo: Ele fica impotente e irritado, que nem quando alguém castra um filhote. A diferença é que eu sinto pena de castrar filhotes, claro.
"Se nós não conseguirmos mais publicidade, nós vamos falir!" - Com essa frase, eu tive uma epifania. Uma realização que mudaria minha vida para sempre, e que eu nunca poderia voltar. Eu me levantei, assustando a todos na sala que acreditavam que eu estava em um coma alcoólico – Isto é, todos – e gritei com todos os meus pulmões minha epifania:
"Espere um minuto! Eu tenho dinheiro suficiente para fazer uma viagem!" E saí correndo do prédio, decidido. Dirigi furiosamente até o aeroporto mais próximo – Uns cinqüenta quilômetros, se não estou enganado – E comprei a primeira passagem que pude para Bariloche. Então eu esperei doze horas até o horário do meu vôo, porque comprar passagens de última hora não funciona que nem nos filmes.
Duas horas antes do vôo, eu fui fazer o Check-In. Entreguei a bagagem de roupas de emergência que sempre deixava no meu escritório – Ela continha cinco trajes de roupa para calor e frio, um frasco pequeno de viagra e um pacote de camisinhas. E também Jack Daniels, claro – E levei a bagagem de emergência que roubei do escritório do meu editor – Não sei o que de fato ele guardava na bagagem, mas não resisti à tentação de roubar alguma idiotice dele.

"Senhor..." O segurança do detector de metais chamou minha atenção depois que eu tentei atacá-lo com um guarda-chuva que eu achei não-sei-aonde quando ele tentou pegar minha mala de mão. Ele era surpreendentemente atencioso e gentil "Por favor, ponha sua bagagem de mão no Raio X e passe pelo detector de metais, antes que eu decida que você é um terrorista e resolva atirar na sua cabeça por 'Defesa Própria', ok?" Extremamente atencioso e gentil.
"Promete que não vai roubá-la?"
"Sim, eu prometo."
"E muito menos falar para meu editor que eu a roubei?"
"Si... Espera, o quê?"
"Nada, nada. Vamos ao detector."

Eu sei que muitos de vocês provavelmente já previram como vai acabar essa história, mas vocês todos estão errados. "Por que?", vocês perguntam? Porque a Sorte me ama. Ou amava até eu prometer que ligaria na manhã seguinte e nunca mais falei com ela. A Sorte é surpreendentemente vingativa.

Eu passei pelo detector de metais, sem um pingo de problemas. Já estava começando minha "Dança Metálica da Vitória" – Criada exclusivamente para o acaso de se passar por um detector de metais sem o mesmo apitar, ou para a improvável relação sexual com um andróide de Blade Runner... Ou qualquer andróide, pra falar a verdade –, que consistia em uma dança metade erótica e metade "Dança do Robô" e completamente inapropriada para qualquer lugar, quando o segurança voltou a chamar minha atenção.

"Senhor, poderia, por favor, abrir sua bagagem de mão?"
"Eh..." Eu hesitei. Eu não sabia o que estava na bagagem de mão do meu editor, mas eu conhecia o Sérgio (Ou Paulo. Ou Ramón. Ou Hans... Acho que começava com "X"): Deveria ter no mínimo, uma AK-47 para minha eventual insanidade estilo O Iluminado "Tudo bem." E abri a mala. Assim que eu vi o que havia dentro, eu lancei para tal conteúdo o mesmo olhar que lançaria para um ornitorrinco sodomizando um elefante, ou para algum livro de Stephenie Meyer: O de nojo horrorizado.

Provavelmente, vocês devem estar curiosos para o que tem dentro da mala. Mas eu respeito muito o Gustavo (Ou Caio, ou Xenu, ou...), e ele me respeita muito também. Eu nunca seria capaz de discreditá-lo neste texto, e muito menos interferir com sua privacidade ao divulgar o conteúdo da mala dele, então eu sinto muito, mas eu não vos direi o que havia na mala.

"Três garrafas de lubrificante..." O segurança vai fazer isso por mim "Um par de algemas..." Então ele suspirou, e completou a lista "E um frasco de viagra" Hey, desastres acontecem em qualquer lugar "Isso é algum tipo de piada, ou você realmente pretendia passar com... Isso por aqui?" Ele apontou para o frasco de viagra, estranhamente, então eu notei-o com mais atenção: Era alto, muito mais alto que eu, tinha um cabelo castanho: Um pouco como o meu, só que menos cinza, e seu sotaque alemão (Ou poderia ser australiano, sou péssimo com sotaques) o tornariam o garoto propaganda da "Raça Superior" (Ou da censura australiana).
"Como você justifica tudo isso?"
"Bem, é que..." Eu tentei inventar uma resposta inteligente, sofisticada, hilária e que me deixasse sair sem culpa "Meu amigo, ele..." E assim que falhei, tentei culpar outra pessoa.
"Ah!" Os olhos do segurança se acenderam como chamas. Ou, para ser menos clichê, como as calças do meu amigo que, depois de beber o máximo que achava humanamente possível, olhou para uma vela e me disse – Ou melhor, me berrou – "Ei! Tive uma idéia genial!"
"Entendi." Ele continuou "Entendi completamente... Vocês dois são... Um casal?"
"Mas hein?!" Eu tentei compreender o que diabos ele quis dizer com aquilo "O que diabos você quer dizer com isso?!"
"Você e..." Ele deu uma olhada para as algemas "Seu amigo."

Eu me deparei, horrorizado, com duas escolhas: Ou eu era "inspecionado" pelo segurança, ou eu fingia ter um "Amigo" que me inspecionava. Obviamente, eu fui com a segunda opção. Meia-hora – E um telefone com os dizeres "Me liga!" que eu nunca iria em minha vida discar – depois, eu estava no meu assento, indo para Bariloche.

Em Bariloche, eu passei quinze segundos aproveitando o frio, oito aproveitando a neve, doze tendo a idéia de manchar a neve com meus fluidos corporais, um minuto manchando a neve com meus fluidos corporais, doze minutos sendo perseguido pela polícia de Bariloche por exposição em público, três dias na cadeia e quatro esperando para ser deportado de volta para o Brasil.

Dou para Bariloche três estrelas de dez.

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Missão Possível Porém Altamente Improvável: Invadindo os Estúdios da Globo RJ

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"E vocês vão ficar aí até resolverem suas diferenças, ou um devorar o coração do outro, emergindo vitorioso. Entenderam?" E tranquei a porta da Sala de Discussões.

A Sala de Discussões era um escritório pequeno abandonado, que muitos diziam ser mal-assombrado. Eu discordava disso, pois já dormi naquele escritório várias vezes, e só acordei ao lado de uma mulher transparente uma vez (Ou poderia ser uma modelo anoréxica, eu nunca sei a diferença). Uma vez, quando eu estava com uma ressaca infernal, eu ouvi um casal gritando nos cubículos aonde ficavam os jornalistas (Todos os colunistas do Jornal Opinião dividem um escritório, pelo simples fato de que os jornalistas têm medo de ficar perto de mim - E não sem motivo, devo admitir).

Eu fui para o escritório dos colunistas, dando um tapa no Fabiano e um soco no Sandro (Era Segunda-Feira, então eles com certeza fizeram algo para merecer. Especialmente o Sandro), e me sentei na minha cadeira, notando a ausência de gritos horrorizados por parte dos discutintes (Eu havia contrabandeado um tigre para a Sala de Discussões).

"Victor" Meu editor, Sérgio (Eu anotei o nome dele em sua testa com um marcador permanente para que pudesse me lembrar) chamou minha atenção. Eu atirei o meu grampeador nele, que habilmente desviou, já esperando o ataque. "Você soube que um dos atores da novela RETIRADO PELA GLOBO POR MOTIVOS DE COPYRIGHT foi pego roubando?"
"O quê?!" Eu pulei na cadeira, ainda atirando coisas aleatórias no Sérgio. Uma vez, eu o ataquei com um guaxinim "Ele foi preso?"
"Não, e - Ah, pelos céus. Ponha ele no chão!" Eu olhei para o que segurava acima de minha cabeça. Era um dos estagiários, horrorizados. Ele havia urinado em si mesmo. Sem dar ouvidos à Sérgio, atirei-o no chão. Era um estagiário, afinal de contas.
"Eu não sei como que você evita processos judiciais." Sérgio levou a mão à face.
"Eu tenho uma amiga que é uma juíz... E uma amiga que é policial... E uma amiga que é advogada."
"Ah. Isso explica. Falando nisso, eu vi que você trancou dois jornalistas na Sala de Discussões."
"Sim," Eu cocei o queixo, ainda tentando ouvir o grito de terror dos dois "Mas acho que o tigre ainda não acordou."
"Eu doei o tigre para um zoológico ontem."
"Você doou o Sr. Bigodes?" Eu estendi a mão, indo pegar meu guaxinim no palito e fazendo Sérgio ficar nervoso.
"Nós tivemos que" Ele girou as mãos como se "Nós" fosse um termo para "Eu estava morto de medo do tigre".
"E o lêmure? Você também doou o lêmure?"
"Não. Minha filha adora ver ele, então deixei ele ficar."
"Ufa."
"Por que, 'Ufa'?" Sérgio desconfiou de minhas intenções, não sem motivo.
"Nada, é que hoje de manhã eu dei Ecstasy com LSD para o Lêmure"
"Você..." Nesse momento, um grito de horror terrivelmente satisfatório percorreu o andar "Você deu Ecstasy e LSD para o lêmure? Por que?"
"Hey, e você doou o Sr. Bigodes. Estamos quites. E o porquê, meu caro amigo Sérgio, é que eu estou treinando ele. Toda vez que ele atirar fezes em você, eu vou dar para ele a dose preciosa dele. Mas para isso, claro, eu tenho que viciá-lo."
"Biancardine" Sérgio levou a mão à face novamente "Lêmures não atiram fezes. Babuínos atiram."
"Ah. Entendi. Podemos contrabandear um babuíno?"
"Não." Nesse momento, eu bati no Sérgio com meu Guaxinim no Palito (Para ser patenteado)
"Bem, estou indo nessa, Sérgio."
"O quê? Aonde você vai?"
"Globo. Vou rodar essa matéria, e vou conseguir algumas entrevistas."
"A matéria do roubo? Mas o ator simplesmente roubou um pedaço de goma de mascar!"
"Foda-se! Eu quero uma crônica, e essa será ela!"

Eu vesti meu fedora e sobre-tudo (Apesar do calor infernal, eu gosto de me vestir como um jornalista sério), e fui para as ruas (Ruas lendo-se: "Estúdios da Globo"). Dirigi meu ônibus (Leia-se: Sentei ao lado de um mendigo se masturbando e de uma mulher obesa que ficava dormindo no meu ombro) até os estúdios, e assim que entrei, pensei nas alternativas que tinha para conseguir uma entrevista sem ser nocauteado e ter um de meus rins roubados (De novo).

Após vários minutos (Três segundos, que foi o tempo que levou para eu tomar um bom gole de Jack Daniels), eu corri em câmera lenta para dentro dos estúdios, firme na minha esperança de ser um filho bastardo de David Hasselhoff, e ter herdado os poderes mágicos dele de Baywatch. Para meu desapontamento, não havia uma Pamela Anderson para me dar assistência.

"Eh... Com licença, senhor?" A secretária interrompeu minha corrida em câmera lenta até a porta. Aparentemente, eu não sou filho de Hasselhoff. Eu tentaria correr pelas paredes feito o Neo, mas a idéia de ser filho de Keanu Reeves me apavora.
"Sim?" Eu abri o sorriso mais encantador que podia. Ela ficou vermelha. Excelente sinal.
"Senhor, aonde estão suas calças?" Eu olhei para baixo, e me vi de cuecas e sobre-tudo. Felizmente, ainda estava de fedora.
"Eu vendi para comprar uma passagem de ônibus" Infelizmente, eu não estava mentindo.
"Eh... Por que?" Ela ficou ainda mais vermelha. Aumentei meu sorriso.
"Sou jornalista." Respondi, simplesmente.
"Ah, compreendo."
"Então, eu posso entrar?"
"Pode." Eu pisquei os olhos, incrédulo.
"Jura? Quero dizer, eu sei que posso, mas... Se importa de dizer o porquê?"
"Bem... Você não está aqui pelo tour?"
"Sim! Claro! O Tour! Sabe, se eu não tivesse meu caderno de anotações" Eu mostrei um guardanapo manchado de cerveja com alguns rabiscos nele "Seria incapaz de escrever uma matéria sequer."
"Bem," Ela deu uma risada. Excelente sinal "O grupo já saiu, mas acho que você ainda pode alcançá-los se correr."

Eu dei um último "Até mais" para a secretária, e, quando ela disse "Não" para minha pergunta sobre irmos num local aonde não haviam câmeras de seguranças (Mas hey, ela me deu um "Mais tarde, quem sabe" também, então é meia-vitória), fui até o camarim do ator ladrão da maneira mais discreta quanto possível. Um esforço provado inútil, já que eu estava cantarolando a música do Missão Impossível.

Quando eu estava na porta do ator, eu dei dois toques na porta. De dentro, veio a voz "Quem é?". Pensando rápido, eu respondi "Serviço de quarto" (A Globo tem um serviço de prostitutas que são entregues à domicílio, né?). Após um silêncio desconfortável, a voz respondeu fracamente: "Entre." Com um pulo, eu abri a porta do quarto, praticamente berrando "Como você se sente sendo um ladrão de goma de mascar?". Então tudo ficou escuro.

Eu acordei horas depois, numa banheira cheia de gelo. Na minha testa, estava um bilhete dizendo "Melhoras" com o símbolo da Globo logo abaixo.

... Filha da mãe.
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Insira Texto Provocativo Aqui

Spoiler
Eu acordei. Estava escuro. Ao fundo, alguns sons se faziam ouvir. Eu abri os olhos. Ainda estava escuro. Eu levantei uma mão. Não estava amarrado. Ok, então eu já estava parcialmente bem. Tentei levantar uma perna. Não consegui. Estava sentado, com as pernas presas. Provavelmente era refém de algum vilão do mal, ou robô. Ou, se minha sorte estivesse se sentindo alegre (Leia-se: Dopada), uma mulher sem muitos escrúpulos e que iria me manter refém para chantagear meu jornal, e dividir o lucro comigo.

Então uma luz se acendeu, destruindo tanto minha fantasia da mulher chantageadora quanto minha ilusão de não estar de ressaca. Eu xinguei alto, conforme esfregava meus olhos com desdém. Olhei para o que estava prendendo minhas pernas: Minha mesa.

"Bom dia" Era o Sérgio, meu editor. O que diabos ele estava fazendo na minha casa/calabouço aonde eu estava aprisionado?
"Não grite. O que diabos você está fazendo na minha casa? Ou neste calabouço?"
"Bem, você está metade certo. Você está no seu escritório. Passou a noite aqui."
"Ah. Eu estava acompanhado?"
"Sim, claro. Por três super-modelos e a Scarlett Johansson" Ele sempre sabia quando mentir para me agradar.
"Faz sentido." Mas eu nunca iria deixar ele ficar feliz em me agradar. Que tipo de amizade seria essa? "Me passe meus óculos, por favor."
"Aqui." Ele me passou meus óculos, daonde faltava uma lente. Maravilha. De qualquer forma, os coloquei, fingindo não perceber a lente faltando. "Sabe, os jornalistas estão começando a achar que você tem glaucoma."
"E por quê eles achariam isso?"
"Por causa de... Você sabe, quase sempre estar de óculos."
"Ah. Bem, melhor do que acharem que sou alcoólatra." Eu tinha um acordo com Sérgio: Se ele me chamasse de alcoólatra, seria jogado aos tubarões convenientemente colocados no piscinão de ramos (Uma pessoa faltando, duas... Quem iria notar? De fato, eu sinto pena é dos tubarões) "Me passe um café, vai."
"Aqui, com muito açúcar"
"Obrigado, secretária."
"Cale a boca." Eu tomei um gole do café. Precisava de mais açúcar, e estava quente demais. Murmurei uma coisa sobre açúcar, e coloquei-o no Lucas, minha mesa (Devido a cortes no orçamento, fomos obrigados a promover nossos estagiários para mobília). Ele tremeu um pouco com o calor, mas depois se manteve firme.
"Então, o que te traz até mim nesta adorável Quinta-Feira de tarde?" Eu sorri da maneira mais falsa que pude.
"É Terça-Feira, são nove da manhã, e você ainda não me entregou sua crônica para amanhã." Merda. Eu tinha esquecido completamente dela.
"Merda! Steve, seu computador inútil!" Eu dei um tapa na cabeça de Steve, o estagiário que era meu computador na hora de escrever. Ainda bem que não era Júlya, a estagiária que era meu computador na hora de ver pornografia. Eu já posso ser preso por muitas coisas, mas preferiria que "Espancador de mulheres" não estivesse na lista. "Está demitido!" Os olhos dele se encheram de esperança.
"Jura?!"
"... Não." A esperança dele foi completamente destruída, como sempre. "Agora vá me trazer mais açúcar, e, depois disso, se espanque no corredor."
"Victor, é sério. Você precisa me entregar a crônica até hoje de tarde."
"Hey, chefe" Sempre que eu estava prestes a fazê-lo levar a mão à face, eu chamava-o de chefe. Ele já havia preparado sua mão "Se importa se eu fizer uma crônica erótica?" E bam! Ele levou a mão à face.
"Óbvio que eu me importo. Você não pode fazer uma crônica de sexo."
"Isso é algum tipo de censura?!" Me levantei da Cyrlene, que caiu no chão, exausta, e fitei meu chefe.
"Victor, você sabe que não pode fazer nada explicitamente sexual. Você já vem forçando a barra ultimamente. Relaxe um pouco. Escreva sobre... Gaivotas." Eu gostei da idéia.
"Gaivotas? Parece uma boa idéia."
"Viu? Não é tão difícil."
"Uma orgia de gaivotas no meio do oceano Pacífico... Ou Atlântico? Em qual oceano têm gaivotas? Espera, gaivota é um peixe, certo?"
"Biancardine..."
"Você está me censurando!" Eu gritei, trazendo a atenção de todos os jornalistas, colunistas, estagiários, mendigos que alugavam nossos estagiários como camas (Exceto pelo mendigo-colunista Sandro, que estava dormindo profundamente sobre Fábio)
"Hey, hey. Não estou te censurando. Apenas te pedindo para ser razoável."
"Não, Sérgio. Essa foi a última gota. Agora é pessoal. Agora é uma questão de honra! De liberdade de expressão! De pornografia jornalística! Você e eu, um duelo. Aqui, agora."
"Você deve estar brincando"

Não houve resposta. Eu fiz a cara mais assustadora que podia, enquanto fitava-o furiosamente. Ao fundo, um grupo de estagiários levemente afinados entoavam The Trio de Ennio Morricone (Cortes no orçamento nos obrigaram a vender nosso sistema de som 5.1, junto com alguns CD's do Fabiano. A maioria eram álbuns repetidos do Justin Bieber, então não houveram muitos protestos - Exceto do próprio Fabiano, claro) Em um momento de tensão semi-nula, Sérgio e eu nos encaramos. Eu me preparando para atacá-lo com Caio, o ex-segurança que resolveu fazer jornalismo, e ele pensando se o seguro dele cobria ataques de colegas de trabalho claramente insanos insanos.

Por fim, ele riu, e eu atirei o Caio em cima dele (Leia-se: Ameacei Caio com uma ordem de demissão e obriguei-o a se jogar em cima do Sérgio). Ele desviou completamente do destrambelhado, e balançou a cabeça, obviamente reprovando meus métodos de tratamento com estagiários.

"Ok, dane-se. Faça sua crônica erótica. Eu vou editar todo o conteúdo pornográfico fora de qualquer forma."
"Isso!" Eu comemorei. O grupo de estagiários encarregados de cantarem então começaram a entoar Don't Stop Believing, que era a música errada (A correta seria Eye of the Tiger). Eles seriam demitidos por tal incompetência. Ou então obrigados a cantar Lady GaGa em frente à casa do Sérgio durante uma noite inteira, ainda não me decidi. "Obrigado, Sérgio! Você não vai se arrepender!"
"Não vou?" Ele pareceu confuso.
"Er... Ok, você vai. Muito. Mas ainda assim, vai ser divertido!" Ele me olhou, sem esperanças. Não iria ser divertido. Por fim, ele saiu, me deixando a sós com minha possível genialidade. Eu tinha a chance de escrever a crônica erótica do século!

Sentei-me na minha nova cadeira, Karen (Quem foi que disse que sou cruel com estagiários?) E chamei ambos meus computadores. Então minha mente ficou em branco. Toda aquela inspiração possivelmente pornográfica havia sumido. Nem mesmo com o auxílio de Júlya a situação melhorou. Mas, por final, sendo o homem calmo e sensato que sou, eu escrevi uma crônica (Esta, e só depois de ter gritado tanto com meu computador que ele começou a chorar). Semana que vêm, quem sabe, eu não escrevo a crônica erótica? (Nota do editor: "Não, não vai." Já disse que meu editor é um tirano que censura a verdadeira arte?) De qualquer forma, espero que tenham apreciado esta crônica. E, se algum de vocês for do departamento de direitos humanos e tiver ficado chocado com meus métodos de treinar estagiários... Bem, terão que passar pelo meu castelo construído com carteiros antes.
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Victor Biancardine responde aos seus fatuosos e-mails

Spoiler

Vocês pediram. Vocês me encheram. Vocês me seguiram até em casa e enfiaram cartas ameaçadoras e levemente românticas embaixo da minha porta. Pois bem: Vocês ganharam. Eu desisto. Não vou mais ignorar todos os e-mails que me mandaram, e nem a carta ameaçadora/romântica escrita com sangue de zebu (Eu espero). Vocês perguntaram, agora eu respondo.

Victor, seus textos são todos originais?
O que você é, um policial? Epa, digo: Sim, todos os meus textos são obras originais. O que é diferente sobre eles é que eu sempre deixo um pouco da minha insanidade escapar para dentro do texto. E, caso eu esteja com insanidade faltando, eu pego um mendigo da rua e uso a insanidade dele. Eles nunca mais voltam a ser os mesmos.

É verdade que você pretende parar de postar seus textos na SRM?
Não. Não é verdade. E eu não digo isso só porque o LuKo está segurando uma shotgun contra minha nuca (E "ele não está", ele me obrigou a dizer). Mas, de qualquer forma, eu não vou parar de postar meus roteiros na SRM. Nunca. Enquanto eu não for banido, eu estarei postando aqui. E provavelmente continuarei postando depois de banido por intermédio de amigos de fórum meus.

Como eu faço garotas gostarem de mim?
Ah, pergunta interessante. Sabe todo esse papo de "Seja você mesmo"? É, esqueça isso. Você só deve deixar uma mulher saber que você é um nerd que gosta de RPG Maker depois de um mês ou dois de namoro. O melhor conselho que posso te dar, colega, é esse: Não seja você mesmo, sorria muito (E tente parecer sincero ao sorrir... De alguma forma), chegue na mulher e diga: "Olá". Depois disso, é simples magia.

Houveram algumas polêmicas relacionadas ao conteúdo dos seus textos na MRM. O que você acha disso?
Eu acho ridículo, tosco, injusto, machista... E, pra falar a verdade, um tanto quanto idiota. Quero dizer, são palavras. Por mais que qualquer escritor tente desesperadamente fazer você acreditar, palavras não conseguem matar/machucar/corromper ninguém. E, sejamos honestos: Se você tem um problema com textos com cenas de sexo, seu problema não é com o texto, seu problema é seu relacionamento com sua genitália. Está na hora de vocês fazerem as pazes. Dê um beijo nela, diga que a ama. Faça ela se sentir querida. E pare de reclamar de "Conteúdo Erótico" em meus textos!

Que livro você está lendo agora, e qual livro você recomendaria para um escritor iniciante?
Eu estou lendo, neste momento, A República, de Platão. Para um iniciante, eu recomendaria qualquer livro de linguagem fácil de entender, mas que fosse decente e interessante (Diga-se de passagem, qualquer livro que não for "Crepúsculo"). E, caso você decida que é melhor que eu em absolutamente tudo, e que quer fazer uma comédia vinte vezes melhor que meu "O Clichê", ou qualquer outro pedaço de humor meu, eu recomendo "O Guia do Mochileiro das Galáxias". A saga de livros, não o filme.

Você já pensou em escrever um livro?
Para falar a verdade, estou escrevendo um agora. Neste momento. Enquanto respondo à sua pergunta. Com uma hiena (E não, eu não faço idéia de como meu cérebro funciona. Provavelmente em rimas)!

Qual será sua próxima saga, e quando ela será lançada?
Minha próxima saga será, à pedidos, "O Clichê 2". Ela será lançada amanhã. E depois de "O Clichê 2", eu começarei o terceiro e último livro de "O Filho de Drácula".

Você me vende um pouco do quê você usa pra escrever essas doideras?
Eu não uso drogas. Apenas álcool e cigarros. Drogas são para os fracos. Tome um cigarro ao invés.

Por que você mandou que nós mandássemos "Viva os Doritos" para o LuKo?
Hehe, bem... Pergunte ao LuKo, que está segurando uma arma contra minha nuc...

Ah, droqtwgeqjdasfhuysahryewqiruhwyrgh

Nota do LuKo: Eu não matei o Vifibi. Ele apenas está dormindo. Eu não matei o Vifibi. Ele está apenas dormindo... Por que eu estou ouvindo vozes?
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