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20 anos depois

Iniciado por Kazuyashi, 09/01/2013 às 16:51

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20 anos depois
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Meus óculos – os mesmos óculos – embaçaram com a fria névoa de outono –do mesmo outono – que entrou pelo vão da porta – a mesma porta – por onde você partiu. Aqui, as coisas são sempre coisas e sempre mesmas. E o mesmo é algo sóbrio para alguém incapaz de distinguir a própria face reluzida no espelho do que não a é. E a rosa desbota sangue púrpuro lacrimado em aromas dolorosos. Sobre a folha que se escrevem, metáforas perfazem um caminho nulo, onde polos não existem e o azeite da minha sopa começou a borbulhar. – sopa de água, apenas água, somente água – água.

Àquele retrato não foi dado vida –contudo, porém – ganhou vida nos meus sonhos. Mas e se agora eu estiver sonhando, bem como sei que estou? Quer dizer: estou sonhando que não estou sonhando, mas sei que estou sonhando e, neste sonho, sei que nada foi realizado, por mais que afirme o contrário. Sou paranóico? Louco, fissurado? É tão difícil aceitar que pessoas podem, diferentemente de outras que vêm e vão sem nexo, negligenciar condutas ditas normais em prol de uma mente assustadoramente fora de padrões escarlates?

Agora sei que o título e a prosa nada hão em comum. E o comum é só uma palavra forjada para satisfazer dogmas obscuros e reprimidos que a sociedade usa para massacrar-nos com seus bastões corroídos.

Esquizofrenia é uma coisa linda.