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Obriturius City (Indicado para 18+)

Iniciado por HammerStrike, 26/11/2017 às 13:48

[box2 class=titlebg title=Introdução]Olá pessoas. Esse conto eu criei faz um tempinho e alterei poucas coisas nele, já tive ideias pra continuar essa historia em formato de livro mas ainda não senti firmeza no potencial. Se puderam dar uma avaliada ficaria grato.[/box2]

[box2 class=titlebg title=Alerta]ATENÇÂO: O texto a seguir contém cenas que podem ser perturbadoras para algumas pessoas e não é indicado para menores de 18 anos.
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[box2 class=titlebg title=Obriturius City - Caso Diferente]Na televisão uma propaganda eleitoral de certa senadora que queria se reeleger, prometendo as mesmas coisas que não cumpriu no mandato anterior. Desliguei a TV e me levantei do sofá, limpei as lentes dos óculos e os coloquei no rosto. Peguei o guarda chuva, o tempo estava chuvoso ao contrário do inferno que foi no verão passado. Já tinha arrumado a cama - Gildart estava inquieto no telefone - mas algumas latas de cerveja ainda estavam na mesinha de centro, chequei se tinha ainda ração para Max, enquanto ele me ignorava completamente distraído roendo o osso de brinquedo que havia comprado no dia anterior. Olhei o relógio da cozinha - 09:27 - Leila provavelmente iria ficar brava mas eu tinha trabalho para fazer, peguei as chaves e de ultima hora resolvi pegar um casaco de manga cumprida para esconder as marcas de agulha do braço esquerdo.
Ao sair de casa fui presenteado por um carro que passou na rua e me deu um banho de lama. Foda-se! Já estava atrasado para o trabalho que o Gildart havia me chamado. Era um homem velho de cinqüenta e três anos e que já tinha muita experiência na policia. Ele me passava secretamente casos específicos, eu fazia uma espécie de consultoria. Em resumo fazia serviços que a corporação não podia resolver legalmente. Ainda me lembro da época em que fui reprovado na prova da academia por ser considerado "psicótico".
Peguei um ônibus, já que o taxista não quis me levar porque iria sujar seu carro. Fui em pé enquanto notava alguns olhares de reprovação. Ao descer no ponto tive que abrir novamente o guarda chuva, a rua estava meio deserta, alguns fachos de luz passavam por frestas nas nuvens como holofotes em meio ao crime. Ao chegar à casa a qual Gildart havia me mandado ir, avistei duas viaturas paradas na porta com suas luzes vermelha e azul piscando sem parar. Alguns policiais e peritos criminais zanzavam por ali, mostrei minha autorização para entrar no recinto e procurei o delegado, ele estava na sala perto do local do crime aparentemente.
- Gildart, já cheguei - Gildart que estava de costas se virou e olhou para mim dos pés a cabeça.
- Acabou o papel higiênico na sua casa garoto? - brincou o delegado.
- Muito engraçado, deveria largar a carreira na policia e investir na comédia. Seu cabelo está mais branco do que a última vez em que nos encontramos - respondi com um sorriso amarelo - O que ocorreu para você me ligar e me mandar vir correndo Gildart?
- Me acompanhe.
O delegado foi andando até o banheiro da casa e em seguida apontou para a vítima. Era um homem na faixa dos vinte a trinta anos que estava morto na banheira, um grande corte exposto na altura no fígado, notei uma aliança de casamento.
- Foi trafico de órgão? - indaguei.
- Sim.
- E porque me chamou aqui? Isso é comum até onde eu sei, não precisa de minha ajuda.
- É comum em Necrópoles, não na minha cidade, mas a questão toda é outra olha a marca que está ao lado da abertura.
Olhei mais de perto. Eram linhas retas que formavam um símbolo, duas linhas horizontais com uma em diagonal.
- A pericia falou que a marca foi feita com faca aquecida, quando levarmos para autopsia talvez consigam mais detalhes. Enquanto isso, quero que você veja por ai se alguém conhece esse símbolo.
- Isso é trabalho para seus detetives Gildart. Provavelmente parece algum tipo de culto, ou pelo menos querem que acreditemos nisso.
Gildart se aproximou e falou baixo só para Jack ouvir.
- Sim, sim... Mas eu quero que você veja o caso por fora, sabe como é... Sempre tem os caras que fazem vista grossa em troca de um "lanche".
- Entendi. Vou ver o que posso fazer.
O telefone começou a tocar, olhei o visor. Leila. Cancelei a chamada. Vou passar em casa, tomar um banho e trocar essa roupa.
Segui para fora da casa, a chuva estava fraca agora, o caso podia esperar um pouco. Gildart acha que sou idiota, eu sou uma peça fora do tabuleiro, se sumir ninguém vai notar. Agora que a chuva passou já era possível ver a grande estatua de Cristo no alto da montanha, ainda faltando o braço direito que fora destruído no atentado terrorista. Obras que nunca acabam. Já estava chegando em casa, mas assim que virei a esquina, ela estava me esperando na porta.
- Seu vagabundo! - gritou a mulher - Te liguei desde cedo e você não atende o telefone.
- Bom dia pra você também Leila.
- Sem esse papo, sabe muito bem que tem que me dar o dinheiro para pagar o colégio do Fabinho!
- Eu já te disse ontem, não tenho dinheiro, estou apertado, vem no final de semana que até lá eu já devo ter feito alguns trabalhos.
- Dinheiro pra cuidar daquele cachorro você tem, né?
- Você que comprou ele, não lembra?
- Me dá logo o dinheiro Jack.
- Já falei que não tenho!!! Está com algum problema para ouvir!?
- Está bem então, se você vai negligenciar seu filho problema é seu! Sábado eu volto aqui - Leila saiu do caminho e foi andando pisando forte no chão.
- Até – respondi.
E antes que eu conseguisse entrar em casa ela gritou.
- Atenda o telefone na próxima vez que eu ligar e é bom tomar um banho de vez enquanto!
Fingi que não ouvi. Entrei na casa tirando meus sapatos e a roupa suja. Max veio fazendo festa, era um vira-lata muito alegre.
Depois de tirar a roupa toda suja, liguei o rádio - Ain't no sunshine when she's gone - A música era uma versão de "Ain't no sunshine", deixei rolar enquanto tomava banho. Pela janela era possível ver as nuvens indo embora enquanto o dia clareava, a dor de cabeça que estava sentindo desde manhã finalmente foi embora. Após o banho coloquei uma roupa nova e liguei para o Arthur. Ele não atendia. Liguei varias vezes e todas as chamadas caíram na caixa postal - Filho da mãe, vai me fazer ir até essa espelunca. Peguei a arma e escondi na cintura, liguei para a corporativa de taxi, em cinco minutos o carro chegou.
Depois de aproximadamente quarenta minutos, cheguei próximo da Favela Vermelha. Pedi para o taxista me deixar ali mesmo, ia seguir o resto do caminho a pé mesmo para evitar chamar a atenção.
Todas as vezes que eu entrava na favela eu sentia um incômodo. Talvez seja minha consciência "apitando" por ter feito trato com traficantes locais há um tempo atrás. Continuei meu caminho subindo uma ladeira e notei olhares desconfiados. Achei a rua que queria. Na esquina um homem fazia e vendia churrasco e ao lado tinha um bar em que de fora era possível sentir o cheiro de bebida... ou urina, não identifiquei. Passei por um corredor e achei a casa. Bati na porta.
- Quem é!? - gritou a voz rouca de dentro da casa.
- Jack – respondi.
Em alguns segundos era possível ouvir o destrancar da porta, que se abriu em seguida. De dentro dela surgiu um cara cheio de rugas, poucos cabelos branco, barba grande e roupas esfarrapadas. Parecia um mendigo, como sempre.
- O que você quer garoto? - ele perguntou.
- Eu te liguei e você não atendeu.
- Estava ocupado, entra ai - disse, liberando o caminho para eu passar, ao mesmo tempo em que uma loira saia ajeitando o vestido no corpo.
- O negócio é simples. A vítima tinha uma marca no corpo, três linhas. Quero saber se representa alguma gang, máfia, facção ou se é caso isolado - peguei um papel e caneta e rabisquei o símbolo como havia encontrado. - Era parecido com isto (≠).
- Isso é um sinal de "diferente" nunca viu isso na escola não cara? - respondeu Arthur de forma debochada.
- Pare de graça.
- Não sei, se eu sei disso... minha memória fica um pouco vaga às vezes, não me lembro de certas coisas.
- Você é previsível demais sabia Arthur - abri a carteira e puxei duas notas de cinqüenta. - Aposto que melhorou sua visão agora.
- Agora consegui me lembrar. Um grupo bem pequeno, acho que nem podiam ser chamados de gang, eles eram da boca do Zarlan. Tiveram algum atrito e não sei o que ouve direito, mas eles usavam essa marca quando queriam intimidar alguém durante a agiotagem. Agora eles não estão mais com a facção.
- Entendo, vou ter que subir o morro então para falar com Zarlan e saber onde esses putos ficam, porque você não deve saber, né?
- Exatamente.
- Você vem comigo.
- NÂO! Não, não, não posso ir lá! Estou devendo uma grana pra ele, sem condições!
- Você vai vir sim, não vou subir sozinho. E agora você tem dinheiro, qualquer coisa diga que vai pagar parcelado.
- Ele vai me matar Jack! Não tem negociação.
- Se ele quisesse te matar já tinha mandado alguém vir aqui de buscar. Cara, você vai vir querendo ou não, você também me deve favores.
- Jack, já falei que vai dar merda!
- Preciso te lembrar que eu salvei sua mãe daquela vez que queriam matar sua família toda? Quer que eu fale pra todo mundo onde mora sua mãe? Sua filha?
- Cara...
- Vamos logo, se eu resolver o caso, te arrumo ainda 20% do que eu ganhar.
- Tá, tá legal. Mas você vai me ajudar caso ele queria me ferrar. Negociar com ele, falar que estamos juntos, certo?
- Claro Arthur. É o que estou tentando te falar a dois minutos aqui.
Sai pela porta e a deixei aberta, esperando o desgraçado sair. Ainda estava relutante, mas ele ia me acompanhar.
Saímos daquela casa fedida do Arthur e seguimos a rua, subindo o morro enquanto desviamos de uma ou outra poça. Aos poucos os moradores saiam de suas casas e continuavam a seguir suas rotinas super animadas de levar crianças para escola, ir trabalhar e chegar em casa bêbado. Após a chuva braba que tinha caído na parte da manhã, a Favela Vermelha era um lugar problemático. Um lugar que vive em guerra de facções e atualmente está dominada pelo V.R (Vida Real), chefiada por Zarlan. Chegamos lá na rua principal para entrar na "base secreta" de Zarlan. Alguns soldados estavam de prontidão em cima de lajes, em esquinas e becos, alguns deles eu ainda me lembrava do rosto, outros mais jovens nunca havia visto.
- Quanto tempo Jack, se queria comprar a mercadoria, era só ligar - disse Marcos um dos soldados mais antigos do morro. Estava um pouco diferente seu cabelo estava todo raspado, mas mantinha sua inseparável Kalashnikov atravessada no peito. Outros meliantes estavam ao redor também com suas respectivas armas.
- Não vim comprar Marcos, queria falar com seu chefe, tenho alguns assuntos pra tratar com ele.
Enquanto falava um moleque qualquer me revistava, até que encontrou minha pistola. Ele pegou a arma e colocou na própria cintura, também pegou meu celular, o garoto não devia ter nem quinze anos. Em seguida revistou Arthur também.
- Você continua abusado. Espera ai, vou ver o que posso fazer - Marcos entrou no portão para avisar da chegada de Jack, depois de dez minutos retornou enquanto mascava um chiclete - Ele falou que você pode vir mas tem que ser rápido, bem rápido, e só você - avisou o soldado.
- Ele tem que ir comigo - apontei para Arthur, de quem havia me esquecido por um momento - O assunto que tenho que tratar com seu chefe também está relacionado com ele.
Entrei seguindo o portão. Passei pelo pátio que dava vantagens para os que ficavam em cima do terraço. Aquele lugar estava mais decadente do que a última vez em que visitara. Passei pelo corredor onde ficavam alguns quartos que o pessoal da V.R. usava. Na minha cabeça já imaginei por várias vezes como seria uma invasão aqui, a policia poderia dominar esse local facilmente, pena que eles não queriam, pena que o prefeito não ligava lá de sua cobertura no Hilton Plaza.

- O que você quer comigo meu parceiro? - falou Zarlan, que estava sentado no meio da sala que parecia uma mansão. Tinha cristais no teto, uma TV de 52" e aquele tapete feio demais de pele de algum animal que eu nunca entendi.
- Sei que é um cara muito ocupado - porra nenhuma - Então vou direto ao assunto. Estou procurando um cara que trabalha ou trabalhou para você.
O palhaço me ignorou por algum tempo distraído com o videogame, o cabelo descolorido dele chamava a atenção.
- O que você vai querer levar hoje meu amigo Jack, pó, pedra ou o "especial"? - perguntou Zarlan.
- Você sabe que não uso mais essas coisa faz um tempo, não tente me convencer - respondia enquanto ele largava o controle e olhava para Arthur de cima a baixo.
- E você continua sendo o mesmo fresco de sempre, desde criança.
- Deixa de ser chato, o desgraçado que eu estou procurando usa esse símbolo - mostrei o papel com os rabiscos do símbolo que Gildart tinha encontrado no corpo da vitima.
- Bem, o que eu ganho te contando a localização desse carinha? Tu não quer nem comprar minha mercadoria, não me ajuda dando informação dos fardados, nem nada.
- Está enganado, trouxe algo que você queria faz tempo.
Apontei para Arthur com a cabeça, que logo percebeu na enrascada que estava. E com cara de pavor tentou correr, mas logo foi impedido pelos dois brutamontes que estava no caminho para a única saída.
- Ei cara! Tá de sacanagem! Zarlan, não de ouvidos a ele, eu vou te pagar, eu vim aqui pra isso, eu tenho um pouco no meu bolso, até o final do mês já vou ter tudo! - gritou Arthur desesperadamente sem poder fazer nada.
- Leve ele lá pra trás, as partes pode deixar lá com o pessoal do canil - disse Zarlan olhando para Jack como se nada estive acontecendo.
Arthur gritava esperneava e xingava, mas nada resolveu seu problema, até que de uma hora para outra não foi mais possível ouvir suas voz.
- Então continua um bom negociador Jack. O cara que você quer se chama Carlos, também conhecido por nos como "Belial". Ele saiu da facção porque ele é um maluco do caralho, queria ir pro ramo de tráfico de órgãos ganhar milhões e etc.
- Sei, então onde encontro ele? - perguntei com papel e caneta na mão.
- Rua do Projeto, número 12, lá no Bairro dos Exilados.
- Valeu pela ajuda. Agora devolva meu telefone e arma.
- A arma vai ficar, faz parte do acordo, sabe como é... nunca se sabe quando uma das minhas vai dar defeito.

Sai daquela porcaria de lugar, peguei o telefone e liguei para o Gildart dando a localização do suspeito. Horas depois ele me retornou, confirmando que realmente era ele o cara. Encontraram um freezer no porão da casa dele cheio de órgãos, como fígado, coração entre outros. Meu trabalho estava concluído. Voltei pra casa, tomei outro banho, comi o resto de frango que tinha sobrado de domingo enquanto assistia a uma novela que estava passando no canal 42. Cai na cama e apaguei. Meu dinheiro ia cair no dia seguinte e talvez me livrasse da Leila por mais algumas semanas.
- - -
Acordei com o coração a mil e suando frio.  Quase gritei "acabou". Luzes, prédios altos e neon. Não sei bem onde, só sei que pareço estar em um futuro distante. Estou assistindo tudo, como se eu fosse um cinegrafista, mas a visão que tenho não é nada agradável. Parece uma fábrica o local, uma fábrica de torturar. Pessoas passam por esteiras de metal como se fossem objetos, e há outros pagando para poder matar essas pessoas de maneiras mais bizarras possíveis. Matando de asfixia ou até explodindo seus corpos. Nas esteiras tem todo tipo de gente, homem, mulher, criança e bebê. Perturbador de mais para minha cabeça, é horrível não agüento mais ver aquela cena! - calma, relaxa - Estou no meu quarto, a TV ainda está ligada, passando um noticiário com uma jornalista cobrindo mais um incêndio na zona sul.  Já havia amanhecido - foi só um pesadelo - Limpei o olho ainda sujo da noite de sono, a cama molhada de suor e o telefone toca - será Leila? - Nem me preocupei em olhar o visor.
- Alô - falei com aquela voz típica de quem acabou de acordar.
- Jack, é o Gildart. Tenho um trabalho pra você, espero que tenha dormido bem.[/box2]
Hammer Strike

E aí cara, tudo bem?

Mesmo imaginando que a intenção era de escrever um conto curto, achei o texto muito corrido. Tudo se resolveu de forma excessivamente simples: "Fui em um cara, depois em outro e resolvi tudo." O peso da própria traição ficou comprometido por isso, na minha opinião. Não dá tempo sequer de se habituar a cenário, você já é jogado em outra cena com outros personagens e depois outra diferente.
No começo do texto, você descreve o cenário e etcs, mas meio que muda o estilo de escrita no resto do conto. Achei isso um pouco incômodo, pelo fato do começo me passar a impressão de que o texto seria um pouco mais descritivo. Talvez isso seja só eu.
O diálogo com a ex-esposa me pareceu um pouco sem lugar no texto, mas pode ter sido pra mostrar que o cara está realmente na merda, com tretas sendo atiradas nele de todos os lados. Ainda assim o acharia meio mal colocado.

Enfim, de "crítica" acho que é isso. Apesar delas, eu achei o texto bem bacana, espero que não fique com a impressão errada.  haha
Caso decida escrever mais, terei prazer em ler. Sempre curti muito o contexto de investigação, e esses personagens sem escrúpulos são bem interessantes também.

Obrigado pela critica Grimoire, realmente eu escrevo de uma maneira estranha (ou errada) mas de toda forma vou levar as coisas que citou em consideração para textos futuros.
Hammer Strike