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Senhor da Guerra: Ato I

Iniciado por Dobberman, 28/10/2019 às 09:57

28/10/2019 às 09:57 Última edição: 02/11/2019 às 13:49 por Dobberman
ATO I


O senhor da guerra
Ato I | Ato II






Sozinho, humilhado e abandonado pelo seu clã, Gorbold Mãonegra, deitado no deserto de areia escura, observa o céu e silenciosamente enquanto sente esvair de seu corpo sua energia. Esteve vagando por vários dias com fome e sede. A vida na Garganta do Diabo é algo tão difícil quanto o nome sugere. Neste lugar, água é tão valiosa quanto o ouro, e todas as formas de vida precisam lutar constantemente para sobreviver.

Neste lugar, um orc sem clã, está fadado à morte.

Há alguns metros de Gorbold, dois abutres aguardam pacientemente a hora certa em que o orc fechará seus olhos para sempre. – Orc?... Orc?... Está me ouvindo? – o som parecia ser emitidos pelos abutres, e, em resposta, Gorbold, vociferou com uma voz rouca e sem força: – Deixe-me em paz, carniceiro maldito. Hoje você não sentirá o gosto da minha carne!

– Você ouviu isso, Zuk? Ele ainda consegue falar – disse um dos abutres. – É claro que eu ouvi, Tark! – retrucou o outro abutre, suspirando e, em seguida, concluiu – É melhor que ele continue falando, assim saberemos quando ele morreu.

A mente de Gorbold começa a falhar devido à exaustão, curiosamente, o que lhe desperta constantemente é o senso de perigo comum aos orcs diante do risco à vida que os abutres representam, e o barulho causado pelos grunhidos interminável dos visitantes desagradáveis. – Se vocês não saírem, VOCÊS é que se tornaram minha refeição – com esforço, o orc grita.

Uma ameaça? Tark, ele está nos ameaçando? – e logo após questionar, os abutres começam a gralhar como se estivessem gargalhando das palavras do orc. – Escute, orc, você está no chão e sozinho, enquanto nós, estamos de pé e em grupo, você não está em vantagem nem em condições de ameaçar alguém, você não passa de um... um... um pedaço de carne secando ao sol – enquanto os abutres debochavam do orc, caminhavam em círculos ao seu redor – desista, orc! Você já está nas ultimas, é importante saber quando desistir – continuou o abutre – eu e meu amigo aqui somos especialistas, se você ficar quietinho, você nem vai sentir a morte chegando – logo em seguida, o primeiro abutre completou – é verdade! Iremos contar lindas histórias sobre os seus feitos, ninguém ficará sabendo dessa sua vida miserável.

Por algum motivo, as palavras do abutre fizeram o orc lembrar do líder de seu antigo clã, Zorrag Sede-de-sangue, e de tudo que aconteceu nos últimos dias em que fez parte do clã. O nome Mãonegra fora, inclusive, um presente de seu antigo líder.

Apesar de Gorbold ser ligeiramente maior do que a maioria dos orcs, ele não era tão forte quanto o seu tamanho implicava, nem se destacava em batalhas. De fato, Gorbold estava abaixo da média dos orcs quando o assunto era o combate, e apesar de saber da importância dos saques e das campanhas de guerras para a sobrevivência do clã, questionava se era a melhor forma de sobreviver.

Orcs que fazem muitas perguntas e não se destacam em combate geralmente não vivem por muito tempo, e Gorbold não era uma exceção. Após uma campanha de guerra mal sucedida, Zorrag, furioso, pôs a culpa do insucesso no orc e lhe baniu do clã para recuperar o respeito do resto do bando.

Na língua nativa dos orc, "mão negra" é uma palavra utilizada para ofender. Traduzindo, literalmente, seria algo como dizer que ele possui duas mãos esquerdas. O mesmo que dizer que ele não passa de um fardo para o clã.

Assim, o orc ficou conhecido como Gorbold Mãonegra.

– Desista! Você não é um orc, você nunca será um guerreiro. Você não passa de um fardo, um animal inútil. Você não tem lugar neste clã. Você é uma vergonha, e, a partir de hoje, será conhecido como inimigo deste clã. Saia agora e não retorne nunca mais! – essas foram as palavras ditas por Zorrag enquanto esmurrava Gorbold e lhe humilhava em frente aos guerreiros do clã. Apesar de ceder as provocações do líder enfurecido e revidar, Gorbold não tinha a menor chance de vencer ele em um duelo. Zorrag era um grande guerreiro, conhecido e temido por muitos orcs em razão de sua selvageria.

Banido do seu clã, Gorbold decidiu cruzar metade do deserto para enfrentar uma mítica besta temida pelos orcs daquela região, acreditando que com isso conseguirá recuperar a sua honra e mostrar o seu valor. O sentido de honra para um orc é algo bastante estremo. Orcs vivem e morrem para defender a sua honra. A "honra" para um orc é mais importante do que a sua própria vida. Humilhado e banido, a única forma de Gorbold recuperar a sua honra é morrendo em uma batalha de forma honrosa, e como seu algoz, o orc escolheu a criatura mais temida da região.

Contudo não foi o primeiro em pensar isso, muitos orc banidos antes dele já tiveram essa mesma ideia, porém poucos conseguiram cruzar o deserto vivo.

Em um de seus lampejos de consciência, Gorbold percebe que um dos abutres está se preparando para dar um mergulho fatal em seu pescoço, neste momento o seu sangue ferve e a raiva toma conta do seu corpo, agindo rapidamente e desferindo um golpe certeiro contra o abutre. Em seguida, o orc tenta agarrar o abutre, porém, sem êxito, de modo que os abutres conseguem tomar distância, bater asas e subir aos céus, gargalhando da desgraça do orc.

Gorbold, vendo sua refeição bater asas para longe, suspira decepcionado. Esse evento serviu para ensinar ao orc que não há espaço para falhas em meio ao deserto. Além do mais, continua faminto, sabe que se não encontrar uma boa refeição nos próximos dias, provavelmente se tornará mais um dos esqueletos espalhados pelo deserto.


Assim, o orc continua em sua jornada para recuperar sua honra.



Continua...

Vamos lá...

Primeiro, quero deixar bem claro que essa é só minha opinião, não sou consumidor deste tipo de material e logo não sou a melhor pessoa para opinar...
Segundo, parabéns pela escrita, curti bastante seu estilo!

Agora vamos a minha opinião!

Achei muito curto para ser considerado um ato, eu mudaria para "Prologo" ou "Introdução", achei o cenário bem descrito e bastante interessante, os personagens são cativantes, só que achei um pouco difícil a leitura por se estender demais, excesso de detalhes, não que isso seja ruim, mas acho que há situações em que informações de mais acabam deixando o texto cansativo, tipo, eu desisti de um livro que comecei a ler porque o autor escreveu quase que uma folha inteira só pra falar que o protagonista foi a janela do quarto fumar um cigarro... entende?

Finalizando fiquei interessado na historia, quero ver o desenrolar!  :ok:


Prezado Jigsaw, boa noite!


Agradeço muitíssimo por ter tecido esse comentário, é um grande incentivo em continuar escrevendo. Pode ter certeza que o segundo episódio já está saindo do forno.

"[...] só que achei um pouco difícil a leitura por se estender demais, excesso de detalhes, não que isso seja ruim, mas acho que há situações em que informações de mais acabam deixando o texto cansativo [...]"
Entendo exatamente o que você quis dizer, por isso tentei mesclar cenas de ação, narrativa e descrição intercaladas.

Poderia apontar qual o trecho você achou difícil de entender? Isso seria de grande ajuda para os meus estudos.


Abraços.

Citação de: Dobberman online 28/10/2019 às 21:30
Prezado Jigsaw, boa noite!


Agradeço muitíssimo por ter tecido esse comentário, é um grande incentivo em continuar escrevendo. Pode ter certeza que o segundo episódio já está saindo do forno.

"[...] só que achei um pouco difícil a leitura por se estender demais, excesso de detalhes, não que isso seja ruim, mas acho que há situações em que informações de mais acabam deixando o texto cansativo [...]"
Entendo exatamente o que você quis dizer, por isso tentei mesclar cenas de ação, narrativa e descrição intercaladas.

Poderia apontar qual o trecho você achou difícil de entender? Isso seria de grande ajuda para os meus estudos.


Abraços.

Então, não foi um trecho em si, sua grafia esta de fácil entendimento, o que senti foi muita informação para pouco acontecimento, mais precisamente muito texto informativo, tipo quando explica sobre o valor da honra para um Orc, acho interessante deixar algumas lacunas para a imaginação do leitor, ir entregando essas explicações aos poucos, tirar essa sensação de enredo entregue de bandeja, evitando assim previsibilidade, existem cenas que merecem uma riqueza maior de detalhes outras não precisam de tanta atenção, mesmo que deixe o texto mais bonito, pode funcionar perfeitamente em textos pequenos, mais em algo mais complexo acaba ficando maçante(não que esse seja o caso do seu texto), vide Drácula de Bram Stoker e Dom Quixote de La Mancha de Miguel de Cervantes, são ótimos exemplos de detalhes distribuídos na medida certa, na hora certa, inclusive lhe recomendo o segundo, a escrita fina de Cervantes deve lhe agradar bastante!
Novamente, gostei da premissa, fiquei curioso em saber mais sobre o Mãonegra e estarei na expectativa da continuação!


Há muito tempo não destrincho um textinho.  :*-*:
Concordo com o Jigsaw em relação à descrição. Quanto mais detalhada, mais lento o ritmo de leitura. Releia o primeiro parágro e depois compare com esta sugestão:

Citação de: Dobberman online 28/10/2019 às 09:57
[...]
Sozinho, humilhado e abandonado pelo seu clã, Gorbold Mãonegra, deitado no deserto de areia escura, observa o céu e silenciosamente enquanto sente esvair de seu corpo sua energia. Esteve vagando por vários dias com fome e sede. A vida na Garganta do Diabo é algo tão difícil quanto o nome sugere. Neste lugar, água é tão valiosa quanto o ouro, e todas as formas de vida precisam lutar constantemente para sobreviver.
[...]
Soa estranho porque não adaptamos as palavras, mas o significado se manteve. Podemos reescrever simplesmente:

CitarGorbold Mãonegra observava o céu enquanto sua energia se esvaía para o deserto da Garganta do Diabo. Vagara por dias tendo por companhia apenas a fome e a sede.

Esteticamente ainda não me agrada, mas aí é uma questão de estilo. Note que a frase manteve o quem, o quê e onde em menos espaço. A frase seguinte é muito boa, eu não editaria. Sabemos que o personagem é um ogro e qual a situação atual. O resto o leitor pode deduzir por si mesmo conforme a narrativa se desenrola. O mesmo se aplica aos diálogos:

Citação de: Dobberman online 28/10/2019 às 09:57
[...]
Uma ameaça? Tark, ele está nos ameaçando? – e logo após questionar, os abutres começam a gralhar como se estivessem gargalhando das palavras do orc. Escute, orc, você está no chão e sozinho, enquanto nós, estamos de pé e em grupo, você não está em vantagem nem em condições de ameaçar alguém, você não passa de um... um... um pedaço de carne secando ao sol
[...]

Não é necessariamente uma questão de intercalar descrição e diálogo. Leia em voz alta, o som é agradável ou parece durar muito tempo? Não vou esmiuçar o texto inteiro até porque considero falta de educação editar algo quando não fui convidado.  :medo:


Do enredo em si, até gostei. Os abutres me pareceram mais interessantes que nosso colega Gorbold, mas pode ser porque eles transmitem melhor sua personalidade no trecho. Aliás, eles me pareceram mais cômicos que dramáticos. Não sei se foi a intenção, mas funcionou.

Prezados, bom dia!



Primeiramente, muito obrigado pelos comentários!

Jigsaw
Muito obrigado pelo retorno. Sugestão anotada.


Corvo
Falta de educação nenhuma, afinal, o motivo de eu ter apresentado essa história foi exatamente para receber comentários, sejam eles positivos ou negativos.
Todas as sugestões foram anotadas. Mais uma vez, obrigado por comentar.



Abraços.