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Senhor da Guerra: Ato III

Iniciado por Dobberman, 20/01/2020 às 22:51

ATO III


O senhor da guerra
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Os orcs permaneceram por alguns minutos apenas se encarando, quando aquele vestindo uma capa cor-de-areia toma a iniciativa e caminha em direção a Gorbold. – Você está invadindo o território dos Areiapele. Você não tem direito de caçar nessas areias, orc.

Em fúria, Gorbold bate seu pé no chão, abre seus braços e lança um rugido tão alto quanto poderia, o que fez o caçador interromper a sua marcha, em seguida, bradou: – Eu abati essa presa, esse é meu direito de guerra! Você não tomará ela de mim tão facilmente.

Gorbold sabe que está diante de mais um batalha inevitável, então pega um punhado de areia do chão e joga sobre o seu corpo para esconder o machucado do braço direito e secar o suor. Observando esse movimento, o Areiapele abre a capa e revela um corpo musculoso coberto de cicatrizes, seus cabelos e barba acinzentada e um machado reluzente em sua cintura: – Diga-me, orc, qual é o seu clã e o que faz nessas areias?

Eu sou Gorbold do clã... – relutou por alguns segundos e então completou: – Mãonegra! Estou cruzando o deserto e não pretendo permanecer por muito tempo – então fez outra pausa para observar a reação do Areiapele o qual se manteve em uma posição estática: lança erguida e com uma das mãos sobre o cabo do machado.

Após observar Gorbold por alguns segundos, o Areiapele arremessa um odre perto do orc, o qual, sem controle de seus instintos, avança sobre o objeto e dá um grande gole na água, contudo, percebendo que o odre já estava pela metade, contém-se.

Essa sabriena é grande demais para um só orc comer, além do mais, não é sábio entrar em lutas desnecessárias – disse o Areiapele. Em resposta, Gorbold resmungou: – o que sugere então? – o Areiapele coça o queixo, olha em volta e examina a posição do sol, toma algum tempo e então responde: – é suicídio ficar neste deserto desabrigado durante a noite. Sugiro procurarmos abrigo e partilhar a sabriena.

Contrariado, Gorbold se sente obrigado a concordar com o Areiapele, devolve o odre ainda com água e se posiciona para erguer a sabriena. Rumaram pelo deserto que parecia ser um terreno bem conhecido do Areiapele, e, antes mesmo de o sol descer por completo, encontram uma caverna aonde decidiram passar a noite.

Mãonegra? Nunca ouvi falar do seu clã, além do mais, que tipo de clã usa "mão negra" como nome? – provoca o Areiapele, olhando em seguida para Gorbold e, diante da feição séria do orc, tenta uma abordagem diferente: – pela cor da sua pele, sei que você não é desse deserto. Não são muitos orcs que viajam sozinho por aqui, principalmente andando nesse caminho, Gorbold, o que você busca no deserto?

Gorbold cogita ficar em silêncio, porém retruca: – não vejo mais nenhum Areiapele ao seu lado, eu poderia dizer o mesmo de você – desconcertado, o orc olha fixamente para a fogueira improvisada que fizeram para assar a carne da sabriena, e por alguns segundos fica em silêncio.

Kroggar, o chefe guerreiro dos Areiapeles, teve uma visão. Ele viu todas as tribos de orcs marchando sobre um mesmo estandarte. Ele acreditava que isso iria salvar essa terra, e a nós. No dia seguinte, ele reuniu os melhores guerreiros, e ao invés de iniciar uma campanha de guerra, como já estava previsto, ele decidiu que iria visitar todos os outros chefes guerreiros dos clãs orcs para contar do seu sonho e forjar uma aliança.

Enquanto escutava, Gorbold retira um naco da coxa da sabriena e mastiga. Entre uma mordida e outra, resmunga: – ele nunca conseguirá – interrompendo o Areiapele, que olha seriamente para Gorbold, e, após, dá de ombros. Gorbold então continua: – E por que você não está acompanhando o seu chefe guerreiro?

Eu estava. Viajamos por algumas semanas na direção dos clãs ao norte, porém fomos atacados e dizimados em uma emboscada. Eu sou o único sobrevivente desta campanha – disse o Areiapele com uma expressão triste enquanto olhava para o suas mãos, então, escondendo suas emoções por detrás de um rosto grosso e enrugado, ele continuou: – ouvi dizer que no sul estão recrutando guerreiros de todos os lugares para uma grande campanha de guerra, por que você não vem também?

Curioso, Gorbold questiona – No sul? Qual clã? – rapidamente o Areiapele responde: – nenhum clã de orcs, são fanons, e, pelo que ouvi, eles estão travando campanhas de guerra entre si no outro lado do marGorbold fica apenas observando o orc por alguns segundos: – Fanons não tem honra. Você vai deixar sua honra e seu clã de lado para lutar a guerra deles? Que orc é você?

As palavras de Gorbold atravessaram o Areiapele como uma faca, trazendo novamente o semblante tristonho: – Que tipo de orc deixa seu chefe guerreiro para a morte? Se eu não voltar para o clã, serei considerado honrado por ter morrido em combate, se eu voltar, certamente morrerei como um traidor.

Contra aqueles argumentos, Gorbold não tinha palavras, e por alguns minutos o silêncio reinou naquela caverna, ouvia-se apenas o crepitar das lenhas na fogueira, até que Gorbold resolve falar: – Fulgur! Estou atrás de Fulgur.

Fulgur?... Ah, já entendi, você é mais um exilado em busca de redenção – o Areiapele balança a sua cabeça de forma negativamente: – Você já viu ele? Ou conhece alguém que o esteve caçado? Sabe algo a seu respeito?

A pergunta espanta e irrita Gorbold pois lhe faz perceber que não sabe nada sobre a criatura. Esteve tão preocupado em buscar um novo propósito para a sua vida que esqueceu de detalhes importantes para a sua jornada, detalhes estes que só agora passavam por sua cabeça: – não... apenas o que as histórias dizem.

Cabisbaixo e decepcionado com sigo mesmo Gorbold encara a fogueira.

Foi na décima oitava noite. Encontramos uma grande pedra e decidimos montar acampamento perto dela enquanto viajávamos para o norte. Kroggar me escolheu como sentinela, já havíamos realizado várias campanhas juntos. O deserto estava calmo e de repente eu ouvi um grande estrondo vindo do acampamento.

Em quantos eles vieram?Gorbold questiona, e o Areiapele, após uma pausa dramática, responde: – Apenas um. Quando eu me virei para olhar para o acampamento ele já estava tomado pelo fogo, e no meio das chamas, olhando diretamente para a minha alma, aqueles dois globos alaranjados me fitavam, meu corpo então foi tomado por um pavor incontrolável que me fez correr por dois dias para o mais longe possível. Nem mesmo a dor e o cansaço conseguiram me fazer parar de correr.

Apenas um orc dizimou sua campanha? – descrente, questiona Gorbold. – Não foi um orc, foi Fulgur – responde o Areiapele.



... Continua.