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☧ O Sɑngue é Vício ☧ թąʀ†ɛ 2

Iniciado por Elyven, 18/04/2013 às 20:00

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☧  O Sɑngue é Vício ☧ թąʀ†ɛ 2
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Seriado - թąʀ†ɛ 2
Nota: Uma pequena série que retrata coisas bizarras em Nova York.  Boa Leitura.
Luto para abrir as pálpebras, sentindo o frio e úmido cimento sob meu corpo. Algo está  se contorcendo sobre mim, e ouço outro ruído... Deus, parece o trem! Estremeço, consigo finalmente abrir os olhos, e é somente um rato... dois... não, três ratos e cada um deles mede quase um metro! Meu coração dispara.

Os sucessos de ontem à noite entram lentamente em minha mente, em pequenas vinhetas em Tecnicolor, e reviso meu corpo em busca de sangue ou ferimentos, mas não há nada! Nenhuma marca! Nem uma porra de prova! Devo estar ficando louca! Como vou contar uma história tão descabida para a polícia? (Um súbito calafrio: e se aquele homem tinha AIDS?).

Reúno as forças para ficar em pé e observo o que me rodeia. Estou na estação da Avenida Stillwell, e posso ver o sol laranja saindo para saudar um novo dia.  Dizem que não há nada de novo na Big Apple. Bem, eu digo, esta noite não penso em pegar o metrô sozinha!

De alguma forma consigo chegar à outra noite em Coney Island, ainda que minhas mãos tremam nervosamente enquanto limpo o último banheiro asqueroso. Carlos disse que irá me acompanhar até em casa, caso apareça o meu agressor. Mas a ideia de esperar na plataforma e subir o metrô me assusta, mesmo com Carlos ao meu lado...

Fecho o banheiro com chave e me dirijo ao Ciclone; Carlos aciona o último interruptor da noite e o zunido do néon desaparece em silêncio. Ele pega a minha mão e me assegura de que está tudo bem.

Me dá um pouco de algodão-doce para me acalmar; diz que sempre comia quando era criança, e não há nada que tranquilize mais rápido. Cruzamos a avenida, e Carlos me cede a passagem galantemente em frente a entrada, pagando meu bilhete. Sinto-me bem melhor com ele aqui.

Tudo parece bem agora com um homem  forte ao meu lado. Me apoio em seus braços , dormindo em meu assento por todo o trajeto até Manhattan. Não há mais nada a bordo, mas como Carlos disse, tudo vai dar certo.
Após mais ou menos meia hora de viagem, abro os olhos: logo descerei, e depois Carlos tem que ir até o Harlem hispânico. Quando me inclino para lhe dar um abraço de despedida, fecho os olhos e lhe dou um beijo agradecido por ter me protegido. Seus lábios são suaves e úmidos.

Então Carlos enrola sua língua com a minha, beijando-me apaixonadamente.
Abro meus olhos surpresa.

"Me procurava?" ele diz, com um gesto irônico, o sangue gotejando de sua língua mordida.
Porra! Eu não acredito que ele... Carlos? Sinto uma pressão nas têmporas, e...algo não está legal...ah, merda!  tenho que fazer algo... ferir...derramar sangue! Tenho que fazer algo...AGORA!
Avanço, e mesmo não pesando nem 50 quilos, Carlos roda três assentos corredor abaixo. Procuro meu canivete no bolso antes que ele possa me impedir.

"bobo! Que porra há com você?"
"Você é de algum culto ou algo assim?" "Porque me atacou?" Reclamo uma resposta, minha voz falhando ao gritar. "Achei que era meu amigo!"

Ele se levanta grunhindo e bocejando. Antes de me dar conta dele, meus dedos abrem o canivete na sua lâmina serrada mais cortante, meu braço se estica e o fio da lâmina corta sua jugular. É como apunhalar uma almofada. Não sinto como se eu o estivesse causando dano. É outra pessoa.... Não machuco pessoas. Não estou ficando louca.. não sou Bernie Goetz!

Observo os olhos de Carlos, e parece que está morto: não há nada ali; ele engasga, range a mandíbula, e cai no piso no metrô. Por um momento eu sinto remorso.
Então sinto algo totalmente distinto. Agacho-me sobre o seu peito e... Lambo o sangue de sua camiseta Ciclone?

Aquele cuzão estava quase a ponto de me estuprar... porque caralho eu iria me sentir mal por isso? Seu sangue... não sei porque estou bebendo, mas é algo que..uau! Suponho que se esteja me sentindo bem em devolver-lhe o dano.

E este sangue é viscoso e amargo, mas o sabor é melhor do que cem garrafas de Bourbon. Enquanto escorre como mel por minha garganta, me sinto como se pudesse fazer esse bobo atravessar a parede deste vagão.

Retiro o canivete do seu colo e limpo com a língua, depois a seco com sua camiseta ensanguentada. Continua sem haver nada no trem, assim que me limito a deixar Carlos para apodreça. Quando salto do metrô, dou o canivete a um aleijado sem teto bêbado coberto junto ao edifício Citibank. "Use-o para se proteger", eu digo, gozadora, enquanto espero que o semáforo mude para ir para o meu apartamento no terceiro piso. "Nunca se sabe o que se pode encontrar na ruas".
                                                                                                ...continua.