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Pesadelo no Sonhar

Iniciado por Elyven, 22/05/2013 às 15:47

22/05/2013 às 15:47 Última edição: 23/05/2013 às 13:42 por Elyven
Olá turma da pesada! Achei este conto muito antigão e resolvi postá-lo. Era da época que jogava RPG em São Paulo com amigos. Escrevi este conto quando completei 16 anos. Narrativa horrível, ( fiz uma revisão leve no texto)sem mais! Mas a história ficou até maneira! Quem animar - sim, terão que ter ânimo-, leiam e comentem! Abraços!


Quando me dei conta, já estava correndo desesperado pelas ruas do meu pedaço do Sonhar. Adormeci rapidamente, logo após engolir as três pílulas tarja preta, sabendo perfeitamente sobre os contratempos que corria. Além de poder me tornar viciado no uso do Glamour para me sustentar no Sonhar e controlar os sonhos, e poder ser tentado a adquirir a Banalidade, eu estava completamente ciente dos desastrosos efeitos físicos e psicológicos que aquelas drogas poderiam causar ao meu corpo e a minha mente. Entretanto, o vício pelo Controle e o meu desgaste físico e mental não eram problemas dos quais eu deveria me preocupar naquela noite. Havia um risco maior em jogo. E eu precisava chegar a tempo, caso quisesse evitá-lo.

O céu vermelho da minha projeção da São Paulo no Sonhar pairava sobre a minha cabeça enquanto eu atravessava a Av. Paulista a todo vapor. Usei de uma Arte um pouco complexa para empregar o máximo de meu deslocamento paranormal e poder chegar até a Av. Augusta, mas quando estava na metade da subida, com apenas um segundo de corrida, fui barrado por três Tormentadores. E não se tratavam de simples Soldados. Eram  três dos Saduj – um nível de Tormentadores bem acima na hierarquia do Sonhar Inferior. Apesar de não ter certeza se poderia detê-los ou não, não pensei duas vezes antes de tentar.

Uma vez que fosse essa minha única opção caso pretendesse prosseguir, pois, mesmo dentro de minha própria projeção no Sonhar, o poder de um Saduj não estava limitado por meu controle, como eu sabia muito bem por experiência própria. Isso significava que, se eu resolvesse correr, por maior que fosse a concentração de Glamour, eu jamais conseguiria distanciar de um Tormentador desse nível; se quisesse manipular a Realidade Ilusória, ou seja, a realidade dentro da minha Projeção no Sonhar (dentro da minha São Paulo vermelha), nem mesmo assim seria o suficiente para detê-los. Confesso que já esperava por eles, e derrotá-los, era de fato minha única opção.

Mas do é que você está falando? É o que você deve estar pensando, não? E o que significam todos esses termos? O que seria Glamour, Sonhar, Tormentadores, Realidade Ilusória e todas essas outras baboseiras insanas? Bom, desculpem-me. E permitam-me elaborar melhor. É que, na pressa de tentar contar a minha história, eu acabei até me esquecendo de me apresentar. Pois bem, meu nome é Pedro Noroimusha, e sou (acredite se quiser) um Devaneador.

A princípio, não irei perder tempo tentando explicar sobre minha espécie, apenas digamos que eu consigo, de alguma forma, manipular os sonhos, tanto os meus próprios quanto os de outras pessoas. Bom, não é bem somente isso. A coisa é um tanto bem mais complexa. Além de moldar, manipular e modificar meus limites dentro do Sonhar, ou seja, dentro da minha Projeção no Sonhar, eu sou capaz de invadir os sonhos de outros mortais, ou não, e "arrastá-los" para dentro desse mundo – por assim dizer. Nós, os  Devaneadores, também possuímos o dom de fazer outras coisas dentro e até mesmo fora do Sonhar, mas, para não sobrecarregar demais a sua mente, vou poupá-los dessas outras informações, por hora.


O que você precisa saber para começar a compreender o que eu sou, é que o Sonhar é apenas um das várias Esferas situadas dentro da Umbra, que abriga também outros Planos como: o Material – onde está a Terra, por assim dizer; o Celestial, o Inferno, o Purgatório e outros tantos que talvez você nem imagine existir. Nós não somos humanos – por assim dizer. Somos seres feéricos, ou vulgarmente (a meu ponto de vista erroneamente) conhecidos como fadas, por alguns humanos que sabem sobre a nossa existência.

Dentro de cada um de nós, existe uma força sobrenatural chamada Glamour – a força pura e viva dos sonhos – que nos permite realizar nossos feitos através do que chamamos de Arte – o meio de moldar o Glamour. Porém, usar o Glamour de maneira excessiva e exagerada pode acarretar num vício sem controle que nos faz perder a razão, ou sermos atraídos à Banalidade.

E enquanto ao Sonhar? Trata-se, como já expliquei, de um Plano existente dentro da Umbra. Ele é dividido em dois: o Sonhar Superior ou Positivo e o Sonhar Inferior ou Negativo. É um Plano de transição muito próximo do Espiritual e entremeio a Película que separa todos os Planos um do outro. O que significa que, não há como atravessar de um Plano para outro sem passar pelo Sonhar ou pelo Espiritual. Isso talvez possa explicar algumas confusões que os humanos fazem ao tentar estabelecer relações entre sonhos, espíritos e outras coisas que costumam chamar de paranormal.

Um Devaneador é capaz de tomar uma parte do Sonhar para si e moldá-la ao seu bel prazer, criando assim uma Projeção particular do Sonhar – como um próprio mundo particular onde nós quem ditamos as regras. Foi isso que eu fiz logo quando comecei a descobrir mais sobre a extensão dos meus poderes, e à medida que a minha Glamour aumentava conforme eu crescia e me alimentava de sonhos. Mas é a partir de então que os problemas começam para os Devaneadores. Na medida em que nosso Glamour se eleva, com o passar dos anos e a experiência da manipulação de nosso dom, atraímos aqueles que se se alimentam de nossos medos e pesadelos, além de nos colocarmos em evidência para outras criaturas da Umbra.

Uma dessas desagradáveis criaturas é denominada Tormentadores, que, assim como nós, também são seres feéricos, porém negativos e oriundos do Sonhar Inferior, ou do Sonhar Negativo, como preferir. Assim como tudo na Umbra está em constante equilíbrio (ou pelo menos é o que acreditamos) os Tormentadores são o oposto de nós, Devaneadores. Eles, por sua vez, canalizam a Banalidade, que se contrapõe ao Glamour; uma força negativa carregada de ódio e desprezo – a mais pura matéria viva que compõe os pesadelos, por assim dizer. Desde que me conhecia por Novato, sempre soube que os Devaneadores e os Tormentadores eram jogadores antigos de uma longuíssima guerra.

Atualmente, três anos após descobrir quem e o que realmente era, me tornei um Wilder menos selvagem, porém ainda sustentando um temperamento leviano. Wilder é um termo que usamos no geral para nomear os Devaneadores entre treze e vinte e cinco anos. Após esse período, passamos a ser chamados de Grump, que nada mais é do que um Devaneador muito experiente que pode ser equiparado a um Tormentador Saduj. Eu vivo na cidade de São Paulo há cerca de dez anos, quando me mudei com os meus Parentes – meus pais biológicos, mas que, porém, não possuem meu sangue feérico –, e o meu irmão mais novo, Thiego. Confesso que não foi fácil conviver comigo mesmo no começo de tudo, quando eu ainda era um Novato descobrindo sobre o Sonhar. Mas, à medida que fui me acostumando com o Glamour e conhecendo mais sobre a missão real dos Devaneadores nesse mundo mortal, passei a compreender melhor o sentido de algumas coisas.

Bom, acho que agora eu posso continuar, não é mesmo? Pois bem, lá estava eu, há duas semanas, cercado por três Tormentadores numa rua dentro da minha  São Paulo vermelha. Não perdi tempo em usar da Arte para concentrar o Glamour e materializar minha arma favorita, uma espada. Porém, essa não era uma simples espada. Fogardente tratasse de uma lâmina feita de balefogo – o fogo dos feéricos – uma chama esverdeada capaz de causar danos graves, tanto em nossa projeção no Sonhar quanto em nosso corpo físico no Plano Material.

" Acha mesmo que um mero wilder poderá dar conta de nós três?" – Disse um dos saduj. O seu rosto era tão escuro quanto o mais puro ébano, e a sua voz desvozeada soava como um guincho metalizado.

" Sinceramente, não..." – falei enquanto controlava o tempo para sobrepor o ápice de minha velocidade " mas posso tentar!"– Conclui, fazendo um movimento singular e tão rápido com a mão da espada, que por um triz não foi o suficiente para dividir o negro de voz esganiçada em duas partes iguais.

Um risco esverdeado cortou o ar e abriu uma fenda no espaço, no exato lugar em que o tormentador estivera há menos de meio segundo. Girei o calcanhar na tentativa de me proteger do golpe letal de outro inimigo, que usou da esquiva do parceiro e tentou furar minhas costas com uma lança feita de Banalidade – uma energia negra pura que parecia desfazesse aos poucos numa espécie de sombra líquida, quando movia demasiadamente veloz. A ponta da arma, do segundo tormentador a me atacar, riscou a superfície de minha armadura, também feita de balefogo, e que eu havia conjurado num milésimo de segundo antes de receber o golpe do inimigo.

" Até que você é rápido, garoto" disse o terceiro tormentador, que usava uma antiga máscara samurai velando-lhe o rosto, e que fazia com que sua voz soasse abafada, porém extremamente grave –, mas não o suficiente.

Foi então que senti a lâmina negra da katana que o mascarado havia conjurado no segundo antes que da evocação de minha armadura. A espada banhada pela Banalidade perfurou minha cota de malha de balegofo na altura do meu ombro direito e saiu pouco acima da minha clavícula. Cai de joelhos no asfalto avermelhado, e a dor cruciante subiu por minha garganta e escapou feroz na forma de um grito agonizante. Nesse momento, o saduj que desviara do meu golpe precipitado brandiu um colossal machado de fio duplo e de lâmina umbral, fazendo-o cair em direção a minha cabeça. Mas, antes do fim, um tão quanto imenso escudo feito de Glamour, foi o suficiente para parar o golpe.

" Prossiga jovem Noroimusha! " foram essas as duras palavras que deixaram os lábios carnudos da minha amiga devaneadora, possuidora de longos e esverdeados fios de cabelos encaracolados, que lhe caiam muito além das ancas sedutoras, e que surgira no último segundo que antecedia o meu fim.

" Kayra..."

" Não hesite. Faça!"

E foi o que fiz. Seria tolice tentar contestar uma ordem direta de Kayra, Mão-de-Gigante. Além de ela ser uma  bela e poderosa Grump, que felizmente lutava ao meu lado, a sedutora mulher era minha superior, e, sobretudo, eu tinha certeza absoluta que ela poderia dar conta daqueles três saduj e voltar ao Plano Material a tempo para jantar com sua família. Sendo assim, gritei mais uma vez ao desmaterializar minha projeção no Sonhar, usando de outra Arte, para que eu pudesse me livrar da lâmina irritante da katana do mascarado entremeio minha clavícula.

" Não pense que será tão fá..."

Mas o pobre negro saduj mal teve tempo de completar a frase quando o poderoso braço direito de Kayra, quintuplicado em massa muscular e velocidade através de sua alta concentração de Glamour, esmagou toda a projeção existencial do infeliz tormentador, e o reduziu numa repugnante poça soturna de sombra liquida que se espalhou pelo asfalto da Avenida contrastando com a tonalidade rubra da pavimentação.

Enquanto isso eu corria, deixando de olhar o triste fim do inimigo por sobre meu ombro e voltando a minha atenção ao meu destino. Tão logo ganhei a Av. Augusta e vi o edifício Ouro Verde. Suas vidraças refletiam o céu vermelho da  minha São Paulo, e, do nono andar, podia sentir uma monstruosa concentração de Banalidade dentro do apartamento dela. Num único movimento avancei acima e quebrei a janela da sala de estar da família de Laura.

" Solte-a!" Ordenei ao tormentador que segurava a projeção astral de minha namorada no colo.

" Um sssimples wilder?!" Rosnou indignado o sujeito de feições estranhas.

Foi a primeira vez que presenciei um tormentador que não possuía a aparência de um humano. A forma seu rosto tinha uma sutil semelhança com o dos humanos, porém tal similaridade terminava ali. Seus olhos eram enormes e totalmente negros, como duas pedras ônix perfeitamente lapidadas para se ajustar aos orifícios oculares. Ao invés de um nariz, havia três pequenos buracos em formato losangular. As orelhas eram em trios, três de cada lado, e tinha o formato das dos elfos de Valinor. Sua bocarra era como um mar de dentes paralelamente afiados; uma saliente língua trifurcada se punha à vista quando o sujeito pronunciava o "s".

" Issso é tudo o que tem para mim, Kayranda! ?" Berrou a criatura negativa.

" Diga o seu nome saduj" falei. Ainda totalmente intrigado com a aparência do tormentador.

Sabia perfeitamente, assim como nós devaneadores, que os tormentadores não podia mudar a fisionomia uma vez no Sonhar. Tal feito era somente possível uma vez no Plano Material, por incrível que pareça. Caso quiséssemos nos manter ocultos de outros seres feéricos quando dentro do Sonhar, somente podíamos o fazer através do uso de máscaras ou doutros meios de ocultação facial manipulando objetos projetados. Portanto, eu tinha certeza de que aquela era a aparência verdadeira daquele bizarro tormentador que mantinha minha namorada como refém, e a julgar pela sua grande concentração de Banalidade ele só podia ser um Saduj. Mas eu estava ali era principalmente para impedi-lo e não investigar suas origens.

" Tomassste-me por um simplesss sssaduj?"

" Está me dizendo que não é um tormentador?"

Só havia três níveis de hierarquia que determinavam o poder de um tormentador: o Descoberto, no início de sua vida impura; o Soldado, durante sua juventude e início da idade adulta; e por fim o Saduj. Portanto, ou ele estava dentro de uma dessas três categorias ou não era um tormentador.

" Onde ela essstá?" falou o sujeito, ignorando minha pergunta.

" Certamente já está vindo para cá. Agora solte a Laura."

" Sssua mentora pela sssua amada. O que me diz wilder?"

" Afaste-se jovem Noroimusha! – Kayra então ordenou, quando surgiu da mesma janela que eu havia destruído – Sinto muito por não ter lhe revelado alguns segredos, mas eu preciso que você se afaste agora."

" Mas Kayra, ele está com..."

E então fui fuzilado por um olhar perfurador de minha mestra.

"Quanta baixeza de sua parte, Kaylandross. Invadir a projeção particular de meu atual aprendiz wilder e usar da ingenuidade do garoto para me atrair até você."

" Ora, Kaylandra. Ssse fossse fácil penetrar no ssseu Sonhar eu não teria de usar esssa mortal insignificante para meusss propósitosss – o sujeito deixou algo bem próximo de um sorriso transmutar seus lábios finos – Tenho de confesssar que fiquei curioso ao avissstar o ssseu wilder. Não pensssei que fossstesss tão ingênuo. Ou ssseria a poder do repugnante amor dosss humanosss que o fez sssentir o perigo que sssua amada corria?"

" Chega de seus joguinhos, Kaylandross."

" Muito bem, me leve ao ssseu Sssonhar e eu deixo o aprendizss e mortal viver."

" Kayla, não..."

" Certo – minha mestra sedutora me calou desta vez com um único movimento de mão, embora ainda mantivesse o olhar concentrado no tal Kaylandross, orelhas-de-elfo –, te levarei até o meu Sonhar para que possamos resolver nossas pendências."

" Perfeito!" Kaylandross disse, e no segundo após deixou Laura tocar o chão da sala de estar do apartamento novecentos e nove.

A partir de então eu não consegui evitar o que aconteceu. Apenas protegi meus olhos da potente manifestação de Glamour em forma de luz, projetada por Kayra, e após a incrível demonstração de imensidão daquela Arte, minha mestra e o seu rival sumiram como se houvessem desplugados do meu Sonhar.

Corri até Laura e a tomei nos braços, e então ela abriu os olhos. Uma lágrima se projetou em meu olho esquerdo, quando respirei  aliviado ao presenciar aquelas íris azuis-marinho mais uma vez. Mantive-me firme, não deixando com que a ousada lágrima viesse trilhar um caminho molhado pelo meu rosto.

" Pensei que não chegaria a tempo" ela disse com a voz fraca.

" Jamais deixaria você sonhar sozinha, minha bela."

CitarÉ que, na presa de tentar               
(quarto parágrafo, terceira linha)
Acho que seria pressa,  erro de digitação acho XD

Citarmoldá-la ao seu bel prazer
( nono parágrafo, primeira linha)
belo de vez de bel?

CitarSua bocarra era como um mar de dentes paralelamente afiados;
(Depois que o tormentador está com a projeção da namorada dele no colo)
O que seria bocarra? Eu entendi como boca, mas bocarra existe XD?

Também vi um monte de sss, para ser mais exato 3 sss seguidos em algumas palavras que teriam um s só, ou dois.(E não sei por que mais só em uma parte do texto).
Não sei se teria algum sentido oculto colocar isto, ou etc.


Quanto ao conto, nossa está tão belo sério.
A batalha foi bem narrada, informando com detalhes os "golpes" e etc.
Nossa ficou muito bom mesmo, dá para se imaginar um jogo inteiro, e muito legal a partir deste mundo, de projeções.


  

felipefalcon valeu mesmo! Notei que ficou um tempão no tópico lendo o conto. Vou ajustar os errinhos okay? Como disse, fiz uma revisão leve ( um pouco no meu estilo atual) sem perder aquele estilo da época e talz. O sss é uma expressão que esse bicho atormentador faz.  Bocarra? kkkkkk Sim, existe: Grande boca. ^^ No mais, obrigada de novo! Acho que estava paranoica uns anos pra trás! Além do mais, precisava escrever e revisar alguma coisa. Fiquei parada meu! Voltei a ficar analfabeta! kkkkkkk Até!