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Depois do Beijo Azul

Iniciado por Elyven, 23/05/2013 às 20:39

Depois do Beijo Azul  é um conto novo, narrado em terceira pessoa (dei uma mudada neste)e espero que vocês gostem. E comentem se possível. Segue o mesmo estilo que gosto de escrever: Sobrenatural. Obrigada Guys!
Cheirava a ferro. Sangue.

O braço esquerdo pendia da banheira e o corte era profundo. O líquido da vida e da morte nascia do pulso e fluía até as pontas dos dedos como uma representação de um mapa hidrográfico; um rio rubro e seus afluentes de águas viscosas, que desaguavam no porcelanato branco do piso, em direção ao ralo. O som da respiração lenta era sobreposto pela sinfonia urbana da noite, que entrava pelo basculante do banheiro, a nove andares do solo. A mão direita ainda conseguia segurar a taça do tinto, mas após um desajeitado gole hesitou, e o característico timbre do fino cristal se partindo ecoou duas vezes mais alto devido à acústica típica provocada pelos azulejos dos banheiros. Apenas o simples ato de tentar engolir o restinho do vinho que lhe sobrou na boca triplicou a fadiga. A luz piscou. Mentira. Eram apenas os olhos oscilando. Preciso de você... Nem que só mais uma vez. Desejou. E antes que perdesse os sentidos veio a sombra líquida e o frio...

Lia Bataille na sacada da cobertura na Paulista quando o viu há uma novena. Deixou o livro tombar ao lado da poltrona de leitura no instante em que percebeu do que se tratava. Estava acostumada com o frio sobrenatural que vinha junto com os Errantes, mas naquela noite de junho de dois mil e sete, talvez pelo fato de ser inverno, ou não, o ar estava demasiadamente congelante. Apertou contra o corpo o edredom que antes lhe cobria somente os pés e viu as sombras tomarem forma como se fossem feitas de uma estranha fumaça aquosa. Nunca antes presenciara algo assim. Tremia. Não de medo, mas de frio. Frio que aumentava a cada segundo. Então, no canto da sacada, a sombra, que era bem mais densa que a escuridão daquela noite sem estrelas, ganhava uma fisionomia humanoide. Girou como um bailarino e, ao mesmo tempo, um manto também composto da mesma matéria umbrosa desenhou-lhe a silhueta. O rosto estava velado por um capuz e na mão esquerda segurava o que parecia ser uma lança curvada na ponta e feita de aço escuro que media quase três metros.

Ela os via desde sempre, mas foi aos treze que passou a chamá-los de Errantes. Alguns queriam só ajuda, outros somente alimentar-se de medo, mas todos tinham em comum o fato de estarem perdidos entre Este mundo e o Outro. A garota os ajudava à  maneira dela, também ignorando e expulsando quando preciso aqueles que só queriam lhe fazer o mal. Não sabia o motivo de poder vê-los e não se importava muito com isso, embora no fundo desejasse compreender a situação. Mas preferiu guardar para si tal habilidade - por assim dizer,  evitando colisões psicológicas com os poucos amigos que mantinha por perto. Deixou a família aos dezoito, quando ganhou a universidade federal e a Capital Paulista há cinco anos. Passou a se auto-sustentar trabalhando numa editora de grande porte e contando ficções paranormais para leitores seletos da internet; Uma válvula de escape que encontrou para falar das próprias soturnas experiências, sob o pseudônimo de Stephane Queen.

- Você se lembra do seu nome? - Disse.

Essa passou a ser a primeira pergunta que fazia depois que percebeu que muitos deles não se lembravam de quase nada. A maioria era como criaturas perdidas em todos os sentidos possíveis. E com passos calculados ela se aproximou do Errante. O corpo do espectro se virou para poder enxergá-la e o movimento assustado e brusco fez com que pedaços do manto de penumbra líquida se desprendessem e morressem no ar, como as breves línguas de fogo que se despedem das chamas de uma fogueira.

- Como? -  A voz veio do capuz, mas ao mesmo tempo parecia soar da própria mente da escritora.

- O seu nome...

- Não. O que eu quero saber é como você consegue me ver?

- Eu também gostaria de saber...

- Impossível! -  O vulto praguejou sobressaltado e saltou da beirada da sacada.

- Espere, não vá!

Mas ele havia ido. Desaparecido numa explosão de sombra líquida. Deixando a morena de olhos escuros com uma sensação de perda remoendo-lhe o peito. O que ele era? Não podia ser um Errante qualquer. Por que ficou tão assustado quando soube que eu podia vê-lo? Ela sabia que os Errantes não se importavam ou se espantavam pelo fato dela poder os enxergar. Falar com eles. Não pelo menos até aquela noite. Mas não havia nada que pudesse fazer e, atormentada, a escritora voltou à poltrona, ajeitou o edredom sobre os pés e prosseguiu com a leitura sobre o Erotismo. Até que, ao final do capítulo nove, foi beijada pelo sono e decidiu que aquela era a hora de entregar-se a cama.

Acordou ofegante na madrugada e fitou o teto do quarto. O som dos automóveis lá em baixo preencheu o cômodo amplo juntamente com o um frio anormal. Ela então percebeu a sombra líquida deslizando sob o edredom, subindo pela dela, velada apenas por uma camisola de seda. Uma sensação de dormência e desejo confundia-lhe a libido. E então ele se materializou sobre ela. Não havia mais o capuz para esconder rosto côvado, porém belo; de olhos tão escuros, totalmente tomados por uma esclera negra que fez os pelos do corpo dela se arrepiarem. Não de medo... Ela sentia o corpo nu dele sobre o seu. A pele fria gritava. E quando a mão pálida de dedos longos tocou o rosto da escritora, a espectral voz do Errante escapou de lábios carnudos e azuis:

- Também é capaz de sentir isso?

- Sim. -  ela sussurrou antes do beijo.

O edredom se transformou em fumaça escura e desapareceu em seguida, quando a língua anil do espectro dançou no céu da boca dela. A seda foi o segundo pano que se desfez em penumbra líquida. O movimento dos corpos era natural. O frio começou a aquecê-la quando a língua dele despediu-se dos lábios dela e aventurou-se até o ouvido esquerdo da escritora, segredando-lhe pecados em forma de palavras. Ela então passou a compor gemidos enquanto a dança dos corpos era embalada pela canção do prazer. E quando veio o gozo, uma explosão silenciosa da estranha sombra líquida escureceu todo o quarto espalhando fragrâncias e sensações que ela nunca antes havia experimentado. Era muito mais do que o medo e o pútrido, o ódio pela vida e o Carpe Dien. E então veio uma mistura de sentimentos e memórias: dúvidas, o primeiro beijo, prazeres, a primeira vez, sonhos, amores, infância, família, dores... Cenas de toda uma vida passaram pelo projetor da mente. E então ela soube o que ele era.

E só havia uma maneira de reencontrá-lo.

Eu li, achei bem legalzinho, não entendi... o que ele realmente era?

Ela se suicidou, para virar um também? XD
(Juntando tudo, são espíritos perdidos, almas penadas, ou algo do tipo, pelo que achei XD)

Veja tudo isto e muito mais no Globo Repórter.

Continue eu gostei muito da sua escrita, dá para se imaginar a cena toda, de tão detalhada.^^
  

Citação de: felipefalcon online 23/05/2013 às 20:57
Eu li, achei bem legalzinho, não entendi... o que ele realmente era?
Ela se suicidou, para virar um também? XD
(Juntando tudo, são espíritos perdidos, almas penadas, ou algo do tipo, pelo que achei XD)
Continue eu gostei muito da sua escrita, dá para se imaginar a cena toda, de tão detalhada.^^
Obrigada! Você realmente lê e comenta meus textos! Que isso! kkkk Você acertou em cheio! Obrigada por entendê-lo!

kkkkk foi isso mesmo Felipe :)

Gostei do Depois do Beijo Azul
Espero outras para alimentar minha imaginação :)
Contadas nos mínimos detalhes *-* Overgodmastersistemplatiumesmeraldgoldcard

Ficou Hiper :)
Parabéns !

+Ouro espero outras \o/ como essa :)
\(°-°)/ e vieram os visitantes do céu ALELUIA !
Em breve
Leia

Spoiler
Não sou EXPERT em P.A nem quero ser ^^ não vou perder tempo da minha vida com isso entende? , ficar 24hrs por dia na frente do PC fazendo recursos para nada ? tenho mulher , contas para pagar realmente isso não é um trabalho :) dedico minha vida no trabalho pois isso sim sei que vai me dar dinheiro e me sustentar, faço esses recursos/desenhos  para passar o tempo quando não estou fazendo nada pois gosto de desenhar é um Hobbie e não Profissão então não me aperte para ser perfeito nisso ! se gostou bem , se não gostou tem quem goste , simples assim :) Tsc, Tsc,Tsc
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Obrigado pela leitura
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Gostei! Concordo com o felipe, sua narração no texto ficou bem bonita. No início eu fiquei um pouco confuso,mas depois tudo se encaixou. Gostei muito da estória... Enfim, muito bom. Valeu a pena ler. XD

Citação de: Guilher_MakerVX online 24/05/2013 às 11:06
Gostei! Concordo com o felipe, sua narração no texto ficou bem bonita. No início eu fiquei um pouco confuso,mas depois tudo se encaixou. Gostei muito da estória... Enfim, muito bom. Valeu a pena ler. XD
Tô muito enferrujada! Me dedicando muito com o Design! E ainda por cima agora estou escrevendo em terceira pessoa para mudar um pouco o estilo e descansar a "escrita em primeira pessoa" que é meu carro chefe.