O TEMA DO FÓRUM ESTÁ EM MANUTENÇÃO. FEEDBACKS AQUI: ACESSAR

Seis mil milhas

Iniciado por Vifibi, 28/05/2013 às 19:26

Heitor estava sentado ao computador, digitando palavras em um inglês mal-lembrado com gramática meio-esquecida com uma mulher que possivelmente era um homem mas que por enquanto se chamava Eileen, vinda diretamente do país britânico. Heitor, sendo um homem de bastante peso, um nariz generoso e uma insistência em ter uma barba outrora considerada "A barba mais fedida do mundo" até que um ator metodista roubou o título ao se interpretar Abraham Lincoln numa biografia, não tinha muita experiência com mulheres, embora ele insistisse ter um conhecimento anatômico verdadeiramente astronômico, por motivos que são tão óbvios que nem merecem uma piada. Ele era, resumidamente, um perdedor solitário.
Eileen, contudo, desacreditava tal história. Ela dizia ver beleza em Heitor, dizia que ele era inteligente e engraçado, algo que o surpreendia e deixava levemente suspeito, já que até mesmo sua família o chamava de feio e sem graça. Heitor já tinha visto fotos de Eileen, e elas pareciam verdadeiras. Eileen, se fosse mesmo quem dizia ser, não era uma mulher extremamente bonita. Seu cabelo castanho não tinha brilho e era preso insistentemente em dois rabos de cavalo, um para cada lado. Seu rosto era bonito, com olhos marrom-escuros que eram agradáveis de olhar. Ela usava óculos que, infelizmente, tinham grau visível, e seu corpo era, por falta de palavra menos ofensiva, "Cheio". "Mas as tetas eram grandes", Heitor diria, caso ele fosse obrigado a descrevê-la com palavras.
Era um relacionamento estranho, o de Heitor e Eileen. Ao mesmo tempo Heitor contava a ela tudo sobre sua vida — inclusive sua senha pessoal —, mas ele sempre desconfiava, no fundo de sua mente, sobre as intenções que ela teria para com ele. Ele nunca disse nada, contudo, pois nunca ousou estragar todo o sexo virtual que ele tinha com frequência — que era, segundo ele, melhor que nada.
Ele terminou de digitar sua mensagem e a enviou, satisfeito com seu nível gramatical que um robô programado para detectar pedófilos definiria como "Definitivamente menor que 13 anos". Esperou com alguma ansiedade pela resposta, mas acabou voltando a assistir seu vídeo sobre videogames no Youtube, pensando em como iria conseguir um cartão de crédito para comprar o jogo comentado. Eileen respondeu, e ele leu da melhor maneira que podia, estando exausto e com vontade de dormir.
"Você é um pervertido!" Eileen escreveu, escrevendo logo após risos (ou ao menos foi o que Heitor leu. Também podiam ser gritos, ele não fazia ideia) "Sabe, eu sei que você não gosta de falar muito sobre isso, mas... Meus pais vão viajar semana que vem. E você me disse que tem um dinheiro guardado em sua conta... Se você puder vir à Inglaterra... Eu poderia te dar hospitalidade." Heitor leu, boquiaberto e ignorando o terrível smiley que significa a morte de todas as línguas cultas do mundo. Heitor rapidamente inventou uma desculpa e, sob protestos de Eileen, desligou-se de Facebook e fingiu ter ido dormir. Tentou voltar a assistir vídeos para se distrair, mas acabou desistindo da ideia com rapidez. Não conseguia mais se concentrar nos vídeos. Desligou o computador e tentou ir dormir, sem conseguir sucesso.
O sol raiou, e Heitor não havia dormido nem um segundo. Passou a noite acariciando sua barriga e olhando o teto, pensando no que Eileen escreveu. Ir para Inglaterra seria algo absurdo de se fazer. Ele nem teria o dinheiro. Ele nem teria o passaporte. Bem, ele tinha o passaporte, mas ele não teria o dinheiro, certamente. E ele não iria, era claro que não iria. Ele nem a conhecia, ela provavelmente tinha lhe mentido sobre toda sua vida. Nem mesmo sua imagem na webcam deveria ser verdadeira. Ele tinha certeza que não deveria ir.
Mas, por algum motivo, ele queria muito ir. Levantou-se de sua cama, já que não tinha nada a fazer, e foi tomar banho para se vestir. Vestiu-se como sempre, uma camisa que escondia seu peso e uma calça jeans, e saiu de casa sorrateiramente para não acordar sua irmã ou sua mãe. Ele entrou no carro que ficava à frente do prédio e ligou o motor. Ligou seu GPS e colocou o destino como a loja onde trabalhava. Respirou fundo. Em cinco horas, ele teria tido aula de Comunicação e Marketing. Engatou a marcha e saiu da garagem, dirigindo de Botafogo até Copacabana. Chegou à galeria na avenida Nossa Senhora de Copacabana e entrou na garagem, estacionando em uma das diversas vagas. Eram seis e meia da manhã, portanto ainda faltavam duas horas e meia para seu trabalho abrir. Andou pela rua, vendo os bares e restaurantes ainda fechados, e as lojas com grades abaixadas para impedir furtos. Queria ter trazido seu videogame, contudo esqueceu-se de pegá-lo de sua cômoda ao sair de casa. Viu uma cafeteria abrindo, e sentou-se numa das mesas que colocaram na calçada. Checou seu bolso e sentiu alívio ao sentir seu maço de cigarros e seu isqueiro Bic.
— Com licença! — ele chamou a garçonete que estava encostada na parede do prédio ao lado da cafeteria — Oi!
— O que posso fazer por você? — ela sorriu-lhe.
— Eu, uh... Eu... — ele desviou o olhar — você pode me trazer um cinzeiro, por favor?
— Desculpe-me, senhor, mas não é permitido fumar aqui — ela respondeu, dando um trago de seu cigarro.
— Como?
— Não é permitido — ela falou lentamente, soltando fumaça em seu rosto — fumar aqui. Você vai ter que sair se quiser fumar.
— Mas... Mas...
— Sim?
— ... Nada. Pode me trazer um café com leite e o cardápio, por favor?
— Sim senhor, é pra já.
Heitor dedilhou seu maço em silêncio, sentindo-se ansioso. Olhou novamente para a garçonete. Ela era alta, quase do tamanho dele, esguia, mas com quadris generosos, coxas definidas e seios grandes. Sua pele era morena, e seus cabelos ruivos destacavam-se por cima disso. Ela tinha olhos avelã, ele lembrou quando ela trouxe seu café.
— O-obrigado — ele respondeu, tentando sorrir de forma charmosa.
— De nada. Quer mais alguma coisa, querido?
— Não — ele respondeu bruscamente, desviando os olhos imediatamente — Obrigado.
— De nada, meu bem. Qualquer coisa me chame, ouviu?
— S-sim, senhora.
A mulher soltou uma risada e voltou a fumar encostada contra a parede, claramente dentro da cafeteria. Heitor, espancando-se mentalmente, tomou seu café e cuspiu-o para fora quando sentiu a temperatura. Reclinou-se sobre a cadeira e tentou relaxar, fitando a garçonete sempre que achou que ela não estivesse observando.
O que Heitor não sabia é que, devido a sérios problemas psicológicos que apenas um gênio da psiquiatria conseguiria resolver, a garçonete estava muitíssimo interessada nele. Ela também era uma mulher submissa que mentiu sobre não ser permitido fumar apenas para instigar Heitor a puni-la por tal mentira, algo que só aconteceria em sua mente. Os dois estavam nesse jogo de "Não, fale você" haviam mais de quatro meses, e, francamente, todo mundo já estava de saco cheio da história toda.
Heitor tomou seu café quando ele ficou mais frio e pediu um pão na chapa com manteiga. Ainda estava com vontade de fumar, mas não tinha coragem de reclamar com a garçonete. Comeu seu pão na chapa em silêncio, observando a mulher que desejava toda noite que ele simplesmente tomasse posse dela, e pagou sua conta. Ainda faltava uma hora e meia, então ele rodou por Copacabana, fumando os cigarros que queria ter fumado na cafeteria. Por fim, foi ao trabalho.
Seu trabalho, como todo trabalho que teve, era simples. Ele ficava atrás de um caixa durante oito horas, recebendo dinheiro por produtos e dando o troco certo. De vez em quando, ele falava com clientes sobre os produtos disponíveis — no caso, videogames —, mas na maior parte do tempo ele apenas ouvia clientes falando sobre coisas que ele já sabia como se eles fossem mais inteligentes por saberem de tal coisa. Geralmente ele lia quando ninguém precisava de ajuda. Na maior parte do tempo, contudo, ele apenas olhava a porta da loja e sonhava com nada em particular. As horas, como sempre, passavam lentas dentro da loja, mas o celular de Heitor ajudava a aliviar um pouco. Na internet, todos o conheciam. Bem, exceto 99,999999% dela, o que ainda é um bocado de gente, ele insistia. Ele gostava de se chamar de "Guru dos Anúncios", um título que ele inventou e seus clientes nunca usaram, e a maior parte nem conhecia. Mas ainda assim, ele tinha seus clientes. Ele foi retirado de sua leitura de um site de humor americano pela voz de seu chefe.
— Vamos almoçar? — A voz disse em monotom.
Heitor tinha que pensar rápido para evitar tal compromisso sem magoar seu chefe, e sua mente acelerou seus processos facultativos a uma velocidade equivalente a 1.600 RPM, justo o suficiente para tornar Revolution 9 uma música suportável. Com toda sua inteligência operando a seu favor, ele respondeu com a graça e dignidade que aprendeu ao longo de sua vida.
— Não — ele disse, socando-se mentalmente. Seu chefe franziu o cenho e partiu sem dizer uma palavra mais. Heitor suspirou e guardou seu celular no bolso. Sem a menor hesitação, deixou sua cabeça cair contra o balcão, lembrando-se apenas quando ouviu uma rachadura que o balcão tinha partes de vidro. Cobriu a rachadura com um pano discretamente e, tentando parecer desinteressado, andou para fora da loja e trancou a porta atrás de si, com a placa de aviso pendurada.
Caminhou em passos lentos até seu carro, fumando um cigarro no caminho. Olhava ao redor sem muito interesse, apenas tragando seu cigarro. Chegou ao seu carro e, jogando o cigarro no chão, destrancou as portas e entrou. Ligou o motor, mudou para marcha reversa e saiu de seu lugar estacionado cautelosamente. Saiu da garagem e, passando pela cafeteria novamente, olhou a garçonete de relance, imaginando tudo que ele devia ter dito. Tirou tais pensamentos da cabeça ao acender mais um cigarro, tendo justificado tal ato a si mesmo, e dirigiu até a UFRJ.
Estacionou seu carro numa das vagas disponíveis na rua próxima e terminou de fumar seu cigarro antes de sair do carro. Olhou-se no espelho, vendo suas olheiras e seus olhos vermelhos por ficarem sem dormir e, satisfeito com sua aparência suficientemente horrível, saiu do carro e entrou na Universidade. Andou sorrateiramente pelos corredores entre alunos e poucos professores, tentando evitar chamar a atenção. Seu sangue congelou quando alguém colocou uma mão em seu ombro. Heitor virou-se sem dizer uma palavra e viu, aterrorizado, seu professor de tendências.
— Heitor! Quanto tempo, rapaz... E aí, planejando destrancar a faculdade?
— Olá, professor! — ele respondeu, tentando desvencilhar-se da garra presa em seu ombro — Não, hoje não... só estou esperando meus amigos. Achei que eles estivessem saindo por agora.
— Entendo... Garoto, é uma pena que você tenha trancado... as aulas estão tão boas. Tantos rapazes jovens loucos por aprendizado... chega até a te deixar com água na boca, sabe?
— Certo... Bem, acho que eu vi meus amigos ali... até mais, professor.
— Até, rapaz! Vem cá! — sem dizer mais nada, o professor abraçou Heitor por um tempo considerável, onde "considerável" significa "muito além do que é apropriado". Heitor lutou para se soltar, mas, sem sucesso, desistiu e esperou que ele tivesse piedade. Por fim, o professor satisfez-se e soltou-o. Risadas começaram atrás dele, e, com o coração na garganta, ele se virou e viu Cléo e Márcio, tentando conter suas gargalhadas. Com uma mão cobrindo a face, ele gesticulou e seguiu-os para fora do prédio. Os três desceram as escadas em silêncio e andaram até um restaurante próximo à universidade. Sentaram-se a uma mesa com quatro cadeiras, e Heitor pediu um cinzeiro.
— Você tem mesmo que fazer isto aqui? — Cléo reclamou, apagando o isqueiro aceso dele com um sopro — já não basta você fazer isso em casa, tem que fazer na minha cara, também?
— Bem, Cléo — Heitor respondeu, acendendo seu cigarro e imaginando-se como Humphrey Bogart —, tem muitas coisas que eu quero fazer na sua cara... mas fumar não é uma delas. Eu apenas quero um pouco de nicotina.
— Do que merda você está falando? — Márcio e Cléo perguntaram em uníssono.
Heitor ficou em silêncio, sentindo-se um completo idiota. Ele nunca teria imaginado que sua cantada terrivelmente idiota fracassaria. Olhando de Márcio para Cléo, deu um trago de seu cigarro e riu de nervoso. Cléo era uma amiga de infância de Heitor por quem ele tinha desenvolvido uma leve paixão quando, após um hiato de alguns anos, ele a reencontrou e viu no tipo de mulher que ela tinha se tornado. Era uma mulher "Puta que pariu". Não porque ela tinha qualquer tipo de associação com o ramo de rameiras, mas sim porque essas palavras eram as únicas coisas nas quais Heitor conseguia pensar, gesticular e dizer ao vê-la pela primeira vez e ouvi-la chamando seu nome. Suas esperanças foram totalmente destruídas, contudo, quando ele descobriu que, ao contrário de si mesmo, Cléo tinha se tornado numa mulher inteligente, sagaz, e com um interesse pronunciado em fé e espiritualismo. Ela até mesmo tinha feito-lhe um mapa astral, algo que Heitor sabia ser apenas um gesto amistoso, mas ainda assim mentia para si mesmo ser uma demonstração de interesse romântico, para não perder totalmente a esperança.
— ... Heitor... você ainda está vivo? — Cléo acenou em frente ao seu rosto, olhando-lhe com preocupação.
— Hein? Ah, desculpe. Estava... pensando num comercial — ele mentiu. O que se passava em sua mente era tão diferente de um comercial que nem poderia ser exibido no Cinemax após meia-noite; teria que ser Pay-Per-View. Ainda tentando parecer legal e de forma alguma patético, ele tentou dar um trago de seu cigarro, fazendo com que as cinzas ainda presas à bituca caíssem em seu colo.
— Como eu estava dizendo — Márcio falou, e finalmente Heitor voltou aos seus sentidos —, eu quero muito fazer uma viagem para Itália. Acho que nós três lá seria uma coisa incrível. E se vocês tiverem o dinheiro, neste feriado que está chegando podemos ficar a semana inteira lá!
— Espera, vocês querem ir para Europa? — Heitor repetiu, olhando de Cléo para Márcio. Ele notou que não podia ver a mão direita de  Cléo, e suas suspeitas eram corretíssimas, mas ele nunca saberia disso. Não as suspeitas pervertidas que ele continuava pensando a cada dez minutos, mas sim as de que Cléo e Márcio estavam juntos. Já faziam dois meses, de fato, mas eles nunca disseram nada. Gostavam do segredo.
— Sim — Cléo falou —, nós três. Seria divertido, não acha?
— ... É, seria. Mas acho que eu não vou poder ir. Ando tendo... outros planos.
— Ok então — Márcio disse, e virou-se para Cléo —, mas você ainda vai, certo?
— Claro — Cléo respondeu, ainda fitando Heitor. Heitor deu de ombros e a conversa acabou assim que a comida chegou. Heitor comeu em silêncio, ouvindo a conversa entre seus amigos. Se ele tivesse prestado atenção, contudo, ele teria notado que Cléo o observou durante todo o almoço. Eles dividiram a conta e, despedindo-se, Heitor entrou em seu carro e dirigiu de volta para o trabalho.
Era sábado de manhã. Heitor estava deitado em sua cama, sonhando acordado com Cléo e desejando ter a coragem de dizer algo, ou pelo menos que ela dissesse algo. E essa é a personagem que tenho que narrar; um completo covarde. Meu irmão fez a mesma faculdade de narrativa que eu, e ele está narrando A Estrada. Enquanto isso, estou preso aqui narrando este completo idiota. Enfim. Heitor estava sonhando com Cléo, e em sincronia quase perfeita, ele ouviu uma batida em sua porta.
— Heitor! Está aí?
Pulando da cama o mais rápido quanto possível, ele abriu a porta de seu quarto e viu Cléo, que, diferente de seu sonho, estava totalmente vestida. Deixou-a entrar e sentou-se na cama, olhando-a inspecionar seu quarto em silêncio.
— Meu Deus, Heitor... Aqui fede. O que você faz aqui?
— Durmo, em maior parte. Também trabalho um pouco.
— Certo... bem, eu vim te ver, como você... deve ter notado. Estou preocupada contigo. Você não está agindo normalmente nesses últimos dias. Tem algo que você quer me contar?
— Uh... Bem... — Este é aquele momento irônico onde o leitor ri do fato que Cléo não tem ideia que a resposta é "Eu te quero". Isto não é de fato irônico, mas como a internet ulula "Ironia" como se fosse uma conjunção coordenativa, eu não estou muito preocupado em ser acusado de usar conotações não-intuitivas. Se você puder fazer o favor de rir desta piada velha, então seremos capazes de continuar com esta história. Obrigado.
— Seja o que for, Heitor... eu vou entender. Prometo que eu vou te ajudar como puder. Mas não me deixe no escuro assim... você me preocupa dessa forma.
— Eu... estou pensando em ir para Inglaterra.
— Uau, Heitor... sei que seus dentes são ruins, mas também não precisa tanto!
Ambos ficaram em silêncio por aproximadamente o mesmo tempo que a Idade Média durou.
— Como? — Heitor perguntou, finalmente.
— Não sei, achei que seria engraçado.
— Não foi.
— Eu sei.
— Foi horrível. E xenofóbico, de certa forma.
— Eu sei.
— Raios, acho que até mesmo Dane Cook já foi mais engraçado.
Eu sei. Me diga logo porque você quer ir para Inglaterra e deixe... deixe o assunto morrer com o mínimo de dignidade.
— Pois bem... Ignorando o equivalente do reino de Nero em forma de piada, eu quero ir para Inglaterra encontrar uma pessoa.
— Uh, uma pessoa? Que tipo de pessoa?
— Uma... uma mulher — Heitor abaixou a cabeça, já esperando a reação de Cléo.
— ... Você vai pra Inglaterra por uma garota? Ela é bonita, pelo menos?
— Sim! — Heitor  levantou a voz, mentindo. Ela não era bonita. Ela era só... ok.
— Bem, é sua escolha, suponho... mas Márcio e eu sentiremos sua falta em Veneza.
— É, sei... — Heitor sentiu vontade de fumar um cigarro. Decidiu andar pela rua para poder fumar sem sua família interromper, e para isso precisaria despistar Cléo — aquela mulher odiava cigarro mais do que eu odeio Heitor.
— Bem, já que estou aqui, que tal sairmos?
— Não posso... sinto muito, mas tenho que trabalhar.
Cléo olhou ao redor do quarto, incrédula.
— Tem que trabalhar, h-uh? No que, exatamente?
— Uh... coisas — ele gesticulou "coisas", sem saber que na verdade seus gestos significavam "Eu acabo de ser atacado por hamsters assassinos e obesos". Heitor era italiano, pelo visto.
— Certo. Bem, não adianta discutir com alguém tão teimoso quanto você. Te vejo depois, querido — ela deu-lhe um beijo na bochecha e partiu. Heitor trocou de roupa — uma calça jeans e camisa de Metallica, se você precisa saber — e foi à sala de estar.
Checou seus bolsos um por um. Celular, carteira, chave, isqueiro, cigarreira...
— Cigarreira? — Uma voz falou alto, causando em Heitor um efeito não muito diferente de ser atropelado por cinco tanques atirando em direções diversas ao mesmo tempo.
— Puta que pariu! — ele urrou, caindo no sofá enquanto segurava o peito.
Isa deu uma risada e andou até Heitor, colocando sua cigarreira em sua testa. Heitor pegou a cigarreira, aborrecido, e guardou-a no bolso. Isadora Moraes — meio-irmã de Heitor — era três anos mais jovem que ele, tendo apenas dezoito anos. Desde seus quinze anos seu corpo havia se desenvolvido, e o resultado final era algo surpreendente, por falta de palavra culta melhor para definir uma catexia incomum por jeans apertados. Ela andava como se estivesse permanentemente de salto alto, algo que ela sabia de e se aproveitava de com a maestria que apenas um virtuoso conseguiria.
Ou, em termos simples: Era um estouro de mulher.
Heitor se despediu de sua meio-irmã sem jeito, tentando não mencionar seus cigarros. Se sua mãe descobrisse que ele fuma, ele provavelmente perderia seu carro. Isa sabia disso.
— Eu preciso que você me leve até Copacabana.
— Não. Eu quero andar um pouco — Heitor respondeu, gesticulando o ato de tragar um cigarro.
— E eu quero ir até Copacabana para encontrar com minhas amigas — retrucou Isa, gesticulando que iria denunciá-lo para sua mãe caso ela não o obedecesse e também lhe fizesse um café. As mãos de Isa são surpreendentemente hábeis.
— ... Copacabana não é tão longe assim. Vamos.
Heitor deixou Isa perto de um bar com suas amigas, e, sem ter mais o que fazer, decidiu visitar a garçonete que tanto lhe importunava com sua política anti-fumo totalitária. Andou até a cafeteria fumando um cigarro em total desafio das regras tirânicas impostas pela Stalin que se divertia em vê-lo sofrer sem fumar. Olhou-a diretamente nos olhos fora do restaurante, irritado consigo mesmo por sua fraqueza anterior. A garçonete tinha o desejo de lhe falar algo, mas, sem conseguir coragem para tal, apenas vociferou coisas inapropriadas de se reproduzir num texto para (quase) todas as idades e desejou loucamente que ele falasse algo. Ou lhe desse um tapa.
— Heitor! — gritou uma voz. Ele procurou a fonte e viu, para seu desgosto, Márcio sentado na cafeteria, tomando um chope.
— Márcio! — ele retornou, fingindo um sorriso. Jogou seu cigarro no chão e apagou-o, indo sentar-se à mesa de seu amigo.
— Bom dia... — Heitor começou, indeciso — tudo bem?
— Estou bem sim — Márcio respondeu, tomando um gole de seu chope.
— Não está meio cedo para começar a beber?
Nunca é cedo demais para começar a beber, meu caro Heitor. Vamos, peça um chope. Eu pago.
Heitor consentiu em silêncio e gesticulou para a garçonete. A cafeteria estava cheia, com pessoas sentadas em quase todas as mesas e, ele notou, com fumaça de cigarro subindo de três das mesas. A garçonete andou a passos curtos até ele, quase que saltitando pelo asfalto de Copacabana, e parou à sua frente com um sorriso que era tão falso quanto seus seios.
— Olá, e bom dia! Como posso atendê-lo? — ela disse como se estivesse correndo numa maratona, a ponto que Heitor quase não entendeu uma palavra do que ela disse.
— Uh... eu gostaria de um chope. O maior que tiver. E também um cinzeiro, por favor.
— Desculpe, senhor — ela fitou-o nos olhos, sua boca levemente aberta e tentando usar seus olhos sensuais que sua mãe a ensinou quando ela entrou na quinta série — nós não permitimos que fume aqui. Você vai ter que ir em outro lugar se quiser fumar.
— Mas...
— Sim? — ela prolongou o 'i' da palavra, mas não dá para passar essa noção por diálogo minimalista sem parecer um completo retardado.
— ... nada — Heitor suspirou, derrotado — Só o chope, então. Obrigado.
— É pra já, senhor!
— O que está rolando entre você e a garçonete? — Márcio perguntou, hesitante — Sempre pôde fumar aqui. Acho que até o dono fuma. Aliás, acho não, sei. Eu converso com ele às vezes. Ela tem algum tipo de jogo contigo?
— Jogo? Quem dera. Ela é um demônio. Detesto a maldita.
Márcio o fitou em silêncio.
— ... O quê? Eu detesto mesmo! Ela é um porre! Não me deixa fumar quando claramente eu posso!
Márcio continuou em silêncio.
— ... Eu juro que não tenho o menor interesse nela! Ok? Agora pare de me encarar, você está me fazendo suar, caralho.
— Certo — novamente, 'e' prolongado. Malditas convenções de escrita, tornam meu trabalho ainda mais chato — Bem, ela certamente tem algum tipo de interesse em você. Por que não tenta algo? Vai ver vocês se dão bem e...
Heitor fitou Márcio com o mesmo tipo de ódio que eu vejo esta história, e Márcio se calou. Ambos beberam em silêncio, desconfortáveis com a situação, e Heitor chamou a garçonete novamente, desta vez mais irritado.
— Sim, senhor?
— Me traga um cinzeiro, por favor. Eu gostaria de fumar — Heitor abriu um sorriso forçado, imaginando-se como Humphrey Bogart, mas mais parecendo o Coringa na versão de Tim Burton. A garçonete observou-o em silêncio.
— ... Por favor — ele adicionou após alguns segundos.
— Sinto, senhor... Mas não é permitido fumar aqui.
— Mas eles estão fumando! — ele retrucou, impaciente — se eu não posso fumar, por que eles podem?
— Sinto, senhor... Não é permitido fumar aqui. Quer mais uma cerveja, moço?
— Quero, obrigado — Márcio respondeu em monotom. A garçonete foi embora novamente, observando Heitor com uma luxúria inigualável nem mesmo por Caligula a Incitatus.
— Vá lá falar com ela! — Márcio vociferou, dando um tapa em Heitor com força suficiente para deixá-lo vermelho.
— Seu filho da... — Heitor contraiu o braço, segurando lágrimas — por que raios você me bateu tão forte assim?
— Para você sair daqui e ir falar com aquela mulher! Diga a ela que você quer chupar as mamas dela até o dia raiar azul, seu imbecil!
— Isso nem faz senti...
Márcio socou seu braço novamente.
— Vá!
— OK! Ok! Puta que pariu, por que eu só conheço gente insana...
Heitor levantou-se apressado, desvencilhando-se de outro soco e andou em passos curtos e rápidos até a garçonete, achando que parecia mais bonito assim, mas apenas fazendo parecer que ele precisava urgentemente encontrar um banheiro. A garçonete o viu e, gesticulando, começou a falar.
— O banheiro é ali dentro, senhor.
— Como?
— ... o banheiro. É logo ali. Primeira porta à direita.
— Eu não preciso ir no banheiro — Heitor disse em monotom.
— Ah.
Eles ficaram em silêncios por alguns segundos, olhando um para o outro e então imediatamente desviando o olhar. Heitor olhou de volta para Márcio, e ele, sendo o amigo que se espera, ameaçou-lhe com seu punho novamente.
— Bem, uh... garço... eu não sei seu nome.
— Julia — ela sorriu.
— Certo, Julia... Bem, Julia, eu... uh... eu quero chupar suas mamas até o dia raiar azul — Heitor socou-se mentalmente, o que teria sido bem divertido de ver se não fosse só imaginário. Abriu a boca para desculpar-se por ter sido tão idiota e tomou um susto ao notar que alguém havia, de forma totalmente rude e mal-educada, guardado uma língua dentro dela sem nem avisá-lo. Abriu os olhos e viu Julia beijando-o, e logo em seguida sentiu-a pulando em seu colo.
— Eu moro ali na esquina — ela disse —, posso tirar folga, se tiver tempo.
— Bem, eu... — Heitor por um segundo — cinco horas de folga não devem causar muito problema, né?
— Não.
— Ótimo.
Julia jogou seu avental no chão e carregou-o correndo pela mão até seu prédio. Subiram no elevador presos um ao outro e ela abriu a porta de seu apartamento no terceiro andar e entraram.
Agora, é preciso entender a delicada linha que todo narrador precisa andar em quando se trata de cenas de sexo num texto.  Cenas picantes demais fazem um livro ser queimado por cristãos ortodoxos por obscenidade, enquanto cenas nem um pouco picantes fazem um livro ser queimado pelas filhas de tais cristãos ortodoxos por tê-las feito desperdiçarem dinheiro numa história criada com cuidado e sem gratuidade quando elas poderiam estar muito bem escrevendo histórias sobre aquele vampiro cujo nome não será mencionado por motivos de copyright.
Tendo isso em mente, é meu trabalho narrar-lhe uma cena com alguns momentos picantes, mas que também pode ser aproveitada por toda a família, como todo bom sexo. Isso é um trabalho difícil, mas felizmente eu não preciso fazer nada disso porque eu absolutamente odeio esta história, este autor e esta personagem, portanto irei apenas dizer o que ocorre enquanto lentamente cometo suicídio por intoxicação alcoólica.
Eles fizeram aquilo que todo casal faz no começo. Se pegam, se beijam, chupam as partes necessárias para fazer um ao outro dizer em termos meio-sinceros "Você é tão bom/boa nisso!", e aí partiram para o quarto, ambos já nus. Se lhe apetecer, imagine Heitor nu. Agora você sabe o quanto eu sofro.
No quarto, Julia abriu a porta do armário e mostrou para um Heitor com uma face bastante engraçada de horror e prazer misturados todos os apetrechos que ela colecionou ao longo dos anos. Francamente, eu já vi calabouços sexuais melhores em creches infantis. Após uma leve discussões sobre dor, dominação e o preço de cabras no Himalaia, eles se decidiram por duas fritadeiras, uma dúzia de ovos e uma pedra ou duas de carvão. Sabe, o de sempre.
Após uma cena sem muita inspiração mas infelizmente bastante parecida com a vida real (tirando-se, claro, a tentativa de se apertar ovos sem quebrá-los), eles trouxeram o... Isso era...
... Ok, pelo visto o que essa cena precisava era um ornitorrinco. E eu não sei como ou porquê, mas o truque do ornitorrinco está funcionando. É como fritar uma banana, quando você nunca comeu antes parece absurdo e idiotice, mas depois que você experimenta parece a coisa mais natural do mundo. Bem, exceto para o ornitorrinco. Esse pobre coitado estava tentando sair de lá o mais rápido quanto possível. Eu nem sabia que ornitorrincos podiam ficar em duas patas.
Após a jogada inspirada com o ornitorrinco, contudo, eles cansaram. Deitaram-se na cama suja de ovo e carvão e Julia abraçou o peito nu de Heitor, beijando-o enquanto ele acariciava seu cabelo. E ele ainda é nosso protagonista? Estou com medo de como esta história vai acabar.
— Bem — Heitor falou, tirando a casca de ovo de trás de si — isso foi...
— ... é... — Julia suspirou, sem nem tentar retirar de si mesma toda essa clara. É tanta clara...
— Bem, teremos que fazer isso mais quando eu voltar de viagem.
— Você vai viajar?
— Sim. Este feriado, de fato... mas eu volto, não se preocupe.
— Ok... vou sentir sua falta, querido — ela beijou-o nos lábios, e ele retribuiu com gosto e pressa, mesmo com todo o gosto de carvão e frango assado.
— E eu a sua... pessoa que eu nunca falei com por mais de quinze minutos ininterruptos — Heitor se sentiu mal, subitamente. Seu celular tocou, e ele já sabia quem era mesmo sem ter visto. Eileen estava falando com ele, dizendo o quão excitada estava para finalmente vê-lo em pessoa.
— Julia, querida... eu tenho que ir.
— Tão cedo? Fique um pouco mais... eu tenho mais camisinhas, se precisar.
— Não, não precisa. Eu guardo as que me dão desde meus quinze anos. E eu preciso ir mesmo — ele adicionou em seguida, tentando manter sua cabeça em foco —, tenho que ir na minha faculdade.
— Ah, que bacana. O que você estuda?
— Eu estudava... digo, eu estudo publicidade. Mas eu tenho que ir lá, então... nos vemos na volta, ok?
Heitor se levantou para sair, beijou Julia novamente e digitou em seu celular "im going to london, c u dere, kk?" e enviou tal mensagem pessimamente escrita e tão tosca que até mesmo um filme de Uwe Boll seria mais romântico para Eileen. Acenando uma outra vez para Julia, saiu de seu apartamento.
O aeroporto estava cheio, e Heitor mal conseguia carregar suas malas sem esbarrar em outras pessoas. Contudo, ele não se importava muito. Ele podia até mesmo bater numa criança com sua mala, que nem assim ele iria se sentir mal. Má escolha de palavras.
Talvez.
Olhou seu bilhete novamente, e procurou o Terminal C em silêncio. Viu-o no outro lado do aeroporto, e andou em alto ritmo até lá. Seu sangue (e seus passos), contudo, congelaram quando ele ouviu uma voz familiar chamar-lhe.
— Heitor!
Ele virou-se, rogando pragas mentalmente. Era Cléo, de braços abertos, correndo até ele. Ela jogou-se em cima dele, e esperou por alguns segundos achando que ele iria rodá-la como nos filmes antigos. Ela sempre se jogava em amigos e namorados achando que pelo menos um deles iria rodá-la no ar, mas nenhum o fez. Heitor, contudo, estava de bom humor, e tinha perdido um pouco de peso após o incidente para sempre marcado nos calendários das sociedades ornitorrincinas como "O dia escuro". Ele a girou duas vezes, e então suas costas começaram a doer e ele a depositou no chão.
— Merda — ele xingou baixo, procurando um lugar para se sentar.
— Desculpe, Heitor... mas você está diferente. Parece até mesmo feliz.
— Bem — Heitor teve a imagem de Humphrey Bogart na cabeça novamente —, é fácil ser feliz quando se tem tal companhia.
— Ah, tem mais alguém aqui? — Cléo olhou ao redor, e Heitor desistiu de tentar ser charmoso.
— O que você está fazendo aqui, Cléo? Eu pensei que você ia para Itália ou lugar parecido.
— E vou. Márcio já foi nos terminais, contudo. Ele é tão impaciente.
— Sei como é, eu costumava estudar com ele. Uma vez ele saiu no começo de uma aula porque a professora mostrou a matéria que ia cair antes de ensiná-la.
— Ah, então ele já faz isso há tempo... Bom saber. Mas então, você ainda está com esse plano maluco de ir pra Inglaterra encontrar essa tal garota?
— Não, eu trouxe essas malas para o aeroporto apenas para ficar aqui olhando os aviões e... uh... ocupar espaço.
— Não conseguiu pensar em algo sarcástico para dizer a tempo, é?
— Eu sou horrível quando estou com ausência de nicotina no corpo.
— Eu discordo. Gosto mais de você limpo, sem envenenar seu corpo com essas porcarias. Mas tem certeza que quer ir para Inglaterra? Venha para Itália conosco, Heitor! Vai ser tão divertido!
— Não, não... eu tomei uma decisão, Cléo. E acho que já passou da hora de eu cumprir minhas promessas, sabe?
— Se você diz...
O alto-falante com aquela voz de atriz pornô que sempre aparece no aeroporto do Rio de Janeiro começou a falar sobre o avião de Heitor.
— Bem, é minha hora de ir — ele disse, levantando-se da cadeira com as costas ainda doendo.
— Ok... Até — Cléo sorriu e estendeu a mão a ele.
— ... Certo. Até a volta, Cléo — ele apertou sua mão e a sacudiu.
Eles ficaram sacudindo mãos por alguns segundos.
— Uh... Heitor...
Heitor a puxou pela mão e a beijou profundamente. H-uh. Eu não esperava por essa. Cléo grunhiu em surpresa, mas não resistiu muito, e chegou até mesmo a retribuir, e isso me entristece. Ela tinha a oportunidade perfeita para processá-lo por assédio sexual! Por fim, Heitor lembrou-se de que existe algo chamado "tempo" e soltou Cléo.
— Heitor, eu...
— Shh... — ele colocou um dedo sobre seus lábios — não... não diga nada. Eu sei. Eu sei sobre você e Márcio.
— Você sabe? — Cléo perg— Ele sabe? Ele sabia esse tempo todo? Porra, minhas anotações estavam todas erradas.
— Claro que eu sabia. Eu te quero há anos, e você acha que eu não ia saber algo tão óbvio assim?
— Heitor, é que...
— Você não precisa se justificar para mim. Eu nem tenho o direito de me impor assim. É que... — ele acariciou o cabelo de Cléo, colocando-o atrás de sua orelha — eu nunca me perdoaria se eu tivesse deixado minha vida passar sem nunca ter-lhe beijado ao menos uma vez, querida.
E então, sem dizer mais uma palavra sequer, Heitor pegou sua mala e partiu ao terminal, deixando Cléo para trás. E embora me doa admitir, eu tenho o dever de ser honesto. Ele pareceu, nesse momento, como Humphrey Bogart.
... Só um pouco.




Ugh. Eis um texto que foi um pé no saco para escrever, mas que no final nem ficou tão bom assim. Honestamente, o único motivo que decidi postar este foi que eu não posto nada há algum tempo, já que ano passado eu estava mais ocupado em escrever meu livro do que escrever contos. Bem, obrigado por ler, e até a próxima.

Quem em sã consciência odeia uma coisa, e  continua fazendo ela?!? você tem problemas mentais?!? Enfim, brincadeiras a parte. O texto é muito bem escrito, apesar de você não ter gostado de escrever, ele me prendeu até o final. Acredito que eu fui um dos únicos que teve paciência para tentar ler esse "wall of text".

Enfim, sei que você é um ótimo escritor, não tenho críticas, só tenho agradecimentos, pois se não me engano, foi você que me inspirou a tentar a área de roteirismo, obrigado.
Spoiler
Apesar de você ter me inspirado, eu continuo uma bosta, mesmo depois de 1 ano tentando escrever uma estória, que por falta de criatividade, nunca tem progresso nenhum. 
:facepalm:
[close]
:ok:

Enfim, texto muito bem escrito, e meio doido, misura um monte de coisas bizarras e eu gosto de coisas esquisitas. (vai entender)  :derp:

Citação de: mathpeseg online 28/05/2013 às 20:53
Quem em sã consciência odeia uma coisa, e  continua fazendo ela?!? você tem problemas mentais?!?

Segundo 9 de 10 psiquiatras, sim. Mas eu não vou falar mais sobre isso sem meu advogado estar presente.

Citação de: mathpeseg online 28/05/2013 às 20:53
Enfim, brincadeiras a parte. O texto é muito bem escrito, apesar de você não ter gostado de escrever, ele me prendeu até o final. Acredito que eu fui um dos únicos que teve paciência para tentar ler esse "wall of text".

Enfim, sei que você é um ótimo escritor, não tenho críticas, só tenho agradecimentos, pois se não me engano, foi você que me inspirou a tentar a área de roteirismo, obrigado.
Spoiler
Apesar de você ter me inspirado, eu continuo uma bosta, mesmo depois de 1 ano tentando escrever uma estória, que por falta de criatividade, nunca tem progresso nenhum. 
:facepalm:
[close]
:ok:

Não é nem que eu não gostei de escrever. Eu amo escrever, e é para mim o melhor trabalho no mundo. É só que o resultado final não conseguiu se encaixar na imagem que eu tinha em minha mente para o texto, e ter que adaptar para algo (ao meu ver) inferior sempre me incomoda. Sem contar que eu demorei uns cinco meses para terminar o tal conto, então também tem isso (obviamente, eu também estou fazendo outras coisas além de só escrever o conto, como planejar meu próximo livro).

E não se desanime. Eu escrevo há sete anos, e só deixei de ser horrível há quatro. Acredite, se você quiser, e se esforçar, e estudar, você consegue muito bem ser um excelente escritor e fazer excelentes histórias (amaldiçoo meus dias de juventude nesses fóruns, quando eu achava que "estória" era uma palavra de verdade e fiz todo mundo começar a usá-la...). É só uma questão de perseverança.

E obrigado por ler e comentar, sempre fico alegre ao receber feedback.

30/05/2013 às 02:41 #3 Última edição: 30/05/2013 às 02:44 por Elyven
Guy, que mega-texto! Enfim. Eu o li aqui em off pois tive que fumar uns 3 cigarros porque adoro fazer isso enquanto leio. O Heitor se parece muito com o Fabrício, um grande amigo que conheci em Guarapari. Pois o Fabrício era um lazarento que não tinha emprego, amigos, ( sim eu evitava-o às vezes) e não tinha dinheiro. E por incrível que possa ser mais do que óbvio; eu o namorei por algumas semanas à longa distância. É um saco esta merda cara! Namorar uma pessoa virtualmente. Por que o Fabrício tinha algo que eu não achava além dos bens materiais: atitude e malandragem. Além do que os homens por mais que se expressam de maneira rude "eles não deixam de ser sentimentais" ao lado de uma mulher. E o que aconteceu com o Fabrício? Ele se isolou, começou a fumar 3 carteiras de cigarros ao dia, até conhecer virtualmente uma pessoa chamada Rebeca. E a Rebeca causou um estrago no círculo dos colegas que cuidavam do Fabrício. E o pior, a Rebeca não era  a pessoa que dizia ser! E fez com que o Fabrício mudasse para Barcelona sem um puto no bolso: na verdade ela mandou dinheiro para ele ir embora; mas o Fabrício gastou com maconha e tinha me ligado numa sexta-feira me dizendo que precisava de dinheiro emprestado porque esta tal Rebeca iria acionar a policia e acusá-lo de Crime Virtual. Mas eu não emprestei, e nunca mais o vi. Mas através de uma outra amiga que mora em Vitória fiquei sabendo que o Fabrício  casou-se com esta mulher que na verdade só existia até então, no mundo virtual.

....Heitor! Adorei este personagem, apesar que ele é bem retardado e delinquente, certo? Que psicólogo arriscaria cuidar de um homem assim? Que no fim das contas, acaba ganhando a sorte como presente! É sério, estes vagabundos dão sorte na vida! Gostei do conto! Muito bom!


Huge-ass story
Citação de: Elyven online 30/05/2013 às 02:41
Guy, que mega-texto! Enfim. Eu o li aqui em off pois tive que fumar uns 3 cigarros porque adoro fazer isso enquanto leio. O Heitor se parece muito com o Fabrício, um grande amigo que conheci em Guarapari. Pois o Fabrício era um lazarento que não tinha emprego, amigos, ( sim eu evitava-o às vezes) e não tinha dinheiro. E por incrível que possa ser mais do que óbvio; eu o namorei por algumas semanas à longa distância. É um saco esta merda cara! Namorar uma pessoa virtualmente. Por que o Fabrício tinha algo que eu não achava além dos bens materiais: atitude e malandragem. Além do que os homens por mais que se expressam de maneira rude "eles não deixam de ser sentimentais" ao lado de uma mulher. E o que aconteceu com o Fabrício? Ele se isolou, começou a fumar 3 carteiras de cigarros ao dia, até conhecer virtualmente uma pessoa chamada Rebeca. E a Rebeca causou um estrago no círculo dos colegas que cuidavam do Fabrício. E o pior, a Rebeca não era  a pessoa que dizia ser! E fez com que o Fabrício mudasse para Barcelona sem um puto no bolso: na verdade ela mandou dinheiro para ele ir embora; mas o Fabrício gastou com maconha e tinha me ligado numa sexta-feira me dizendo que precisava de dinheiro emprestado porque esta tal Rebeca iria acionar a policia e acusá-lo de Crime Virtual. Mas eu não emprestei, e nunca mais o vi. Mas através de uma outra amiga que mora em Vitória fiquei sabendo que o Fabrício  casou-se com esta mulher que na verdade só existia até então, no mundo virtual.
[close]

... Ok então. Que... Interessante.

Citação de: Elyven online 30/05/2013 às 02:41
....Heitor! Adorei este personagem, apesar que ele é bem retardado e delinquente, certo? Que psicólogo arriscaria cuidar de um homem assim? Que no fim das contas, acaba ganhando a sorte como presente! É sério, estes vagabundos dão sorte na vida! Gostei do conto! Muito bom!

Não diria que Heitor é uma personagem retardada e delinquente per se, pois eu não gosto de criar protagonistas totalmente antipáticos (assim como não gosto de protagonistas totalmente simpáticos). O ponto era mais vir a falar de algo que eu vejo muito em gerações recentes de uma forma descontraída e com os olhos de alguém mais velho, sábio, e totalmente impaciente (vide o narrador). E que bom que gostou, pois para mim foi um sacrifício terminar essa história (acredito que a comecei por volta de fevereiro, se não me engano).