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Sonhos Perdidos

Iniciado por B.loder, 31/05/2013 às 03:24

31/05/2013 às 03:24 Última edição: 03/06/2013 às 12:03 por B.loder


Sonhos Perdidos



Isabela Franzotti
Spoiler
Ciro usava o pijama, era uma noite fria e a janela de seu quarto permitia que o vento circulasse livremente pelo local. Recostou-se na parede e fitou a escrivaninha, sem entender porque perdera o sono completamente. Seu computador estava desligado, tinha certeza que esperava terminar o download de algumas músicas que baixara ilegalmente.
Jogou o edredom de lado e foi até a janela, observou que os postes de luz estavam desligados, fechou-a. Tentou ligar o computador e então percebeu que não havia energia, mas tudo estava claro, um brilho levemente prateado atravessava o vidro e iluminava o cômodo. O piso de madeira estava gelado.
Abriu a porta tentando não fazer barulho, calçou pantufas e atravessou o corredor, neste havia apenas quatro portas, uma levava ao banheiro, tinha a de seu quarto, a do quarto dos pais e da irmã mais nova. Chegou à escada, no térreo ficavam apenas a sala e a cozinha. Bebeu água e observou pela janela, algo incomum ali chamara sua atenção.
A lua parecia estar muito próxima da terra, podia ver todas as suas crateras com facilidade e precisão. Fitou-a fascinado, a visão prendia seu olhar. Desviou sua atenção somente para pensar em mostrar para sua irmã, Clarissa. Foi até seu quarto e bateu, como ela não respondeu abriu a porta.
A cama estava vazia, o lugar estava desolado e um sentimento de medo tomou seu peito. Abriu o guarda roupa e ali estavam roupas, mas ninguém se encontrava. Já preocupado com a situação, abriu a porta do quarto de seus pais e entrou sem cerimônias, eles também não estavam ali.
Correu para fora de casa, sem se preocupar com o que vestia. Ao sair tinha esperança de encontrar sua família ali, talvez estivessem observando a lua, mas não havia ninguém. Nenhuma casa na vizinhança tinha movimento, todas as luzes estavam apagadas e um sentimento de solidão pairava no ar. Olhou para o fim da rua, mais à frente havia uma praça.
Não sabia o por que, mas caminhou até lá. O chão era ladrilhado com pedras octogonais e havia canteiros de onde subiam árvores e flores espalhados pelo lugar. Os bancos de madeira envernizada e ferro ficavam espalhadas rodeando a pequena vegetação bem cuidada do local.
No meio estavam quatro assentos, todos voltados para o ponto exato que marcava o centro do lugar, onde havia uma fonte enfeitada com anjos de mármore. O som da água se movendo era o único à desafiar o silêncio dali. O rapaz caminhou sem rumo, sem saber ao certo o que procurava, simplesmente procurando por alguém.
Havia uma mulher sentada, ela olhava para frente, mas não olhava para lugar algum, seus olhos estavam vazios enquanto se mantinha reclusa na própria mente. O simples andar de Ciro foi o suficiente para fazê-la voltar à si. Ela tinha cabelos loiros e longos, os olhos eram verdes. Parecia ter seus quarenta anos, usava um vestido negro e tinha nas mãos uma bolsa da mesma cor, parecia ter vindo de um funeral.
Ele estava com medo, mas ao ver o olhar triste da mulher seu coração se acalentou e se aproximou. Era uma pessoa amigável e sempre confortava seus amigos, era como se o impulso primeiro que sentisse sempre fosse de fazê-lo, então foi em sua direção com calma, ela lhe prestava atenção, sem desviar o olhar.
- Você... - lágrimas escorriam por seu rosto. - Foi você que levou meu Martillo?
- Eu não...
- Não, não foi você, não é mesmo?
- Não sei do que está falando.
- Sente-se meu querido, não precisa ficar de pé - ela agia como se o conhecesse.
- O que aconteceu com você? - Como ela, ele ignorava a situação completamente anormal em que se encontravam, parecia simplesmente estavam conversando em um dia ensolarado.
- Meu Martillo morreu, fazem duas semanas que ele morreu e não sei como seguir em frente, a vida é tão dura comigo, sabe, eu tenho Alzheimer, ele era o único que se importava comigo.
- Você não tem família?
- Oh meu querido, você acredita nisso? Não seja tolo, o mundo de hoje ensinou as pessoas da forma errada, eu tenho três filhos e duas filhas, mas eles não se importam.
- Deve haver alguém que se importe com a senhora.
- Claro que há, sempre existem as almas caridosas, como você, meu querido - ela
divagou por algum tempo. - Quando ele morreu, eu tive que ir para um asilo, falaram que não podia viver sozinha.
- Não seria bom para você ficar sozinha...
- É o que eles dizem, é o que parece. Aquele lugar não foi feito para as pessoas, eles se importam menos comigo que meus filhos. E a depressão, todos lá vivem em depressão, eu não sou tão velha assim, não deveria ser jogada com pessoas de oitenta anos, vê-los esperar a morte sem ânimo, é tudo tão triste... Seria tão ruim assim adiantar as coisas?
- Quando um de seus filhos aparecer você vai se sentir melhor - disse com uma inocência que quase fez a mulher rir.
- Eles não virão, estão muito ocupados cuidando das próprias famílias, preparando os filhos que no futuro lhes deixarão apodrecer, é assim que vivem as pessoas hoje, o mundo é dos jovens, e eles precisam se ver livres de nós, afinal, não somos úteis - abriu a bolsa e procurou por algo, mas estava vazia. - Se importaria de eu contar minha história? Talvez compartilhá-la com alguém faça bem - ele assentiu.
- Quando eu conheci Martillo ainda era nova, tinha dezoito anos e sabia pouco sobre a vida, tive meu primeiro filho com dezenove. Carlo, tão jovem e doce, ele se casou com uma mulher terrível. Acho que ele deve ter querido me visitar, mas ela me odeia tanto, eu
gostaria de saber por que. Tivemos que largar as faculdades e trabalhar para pagar a comida, meu querido conseguiu um bom emprego e vivemos sem problemas, dessa vez planejamos ter filhos quando eles nasceram. Eleonora tinha meus cabelos e os olhos do pai, sempre falava dos meninos que corriam atrás dela. Marco veio depois, ele gostava de praticar esportes, era um garoto exemplar, não sei o que aconteceu...
- Qual é seu nome?
- Me chamo Isabela, por que?
- Você não deveria pensar tanto em seus filhos - ele tentou usar eufemismo. - Você fez sua parte e os criou bem, agora pense no que fará com sua vida. O que você gostava de fazer? O que você gostaria de fazer?
- Suas palavras me comovem, mas elas vem de alguém que não entende meu sofrimento. Lembra-se de por que estou no asilo? Pela primeira vez em minha vida minha memória está clara. Quando acordar não lembrarei de você, também não lembrarei do rosto de meus filhos... Mal consigo me lembrar de Martillo - chorou enquanto falava, um sorriso triste se formou quando continuou. - Ele me lembrava todas as manhãs, me mostrava fotos de todos os meus filhos, falava os nomes e contava o que faziam hoje,
aquilo me fazia sentir orgulho, agora eu não tenho nada.
Ela levou as mãos ao rosto e chorou em silêncio, Ciro não sabia ao certo o que fazer, então ficou ali observando a fonte. A água emitia um brilho prateado que lhe distraiu por alguns momentos, se virou para a lua com desconforto aparente, ouvir a mulher em prantos lhe inquietava. Então o brilho ficou forte e ofuscou sua visão.
- Vamos, temos que ir logo - alguém tocou seu braço direito. - Preguiçoso, levanta
logo - reconheceu a voz, era sua irmã.
A luz que ofuscava era a lâmpada de seu quarto, a janela estava fechada e as cortinas também. Levantou-se, pensando no sonho completamente estranho que tivera na noite anterior. Banhou-se, vestiu o uniforme escolar e foi para a cozinha, seu pai estava de terno como em todas as manhãs, ele tinha cabelo negro e olhos azuis, era alto e forte, já devia ter voltado da caminhada matinal.
Colocou cereal no leite sentindo-se desanimado, então atentou-se para o que ouvia,
sua mãe assistia o jornal como de costume, era uma família de hábitos repetitivos, mas aquilo lhe confortava. Lucia usava um vestido branco, tinha cabelo castanho e olho verde. Sua pele era sedosa e era magra, não como alguém que se mantém em forma, mas como alguém que simplesmente não come quase nada.
- Hoje foi encontrada uma mulher morta no asilo Jardim Florescente. O local está sendo estudada mas ao que tudo indica trata-se de um suicídio. A mulher de quarenta anos chamada Isabela Franzotti foi encontrada jogada no chão, acredita-se que ela usou algum tecido para criar uma forca improvisada e cometer o ato.
Os membros da família pareciam não notar a notícia, agiam como se fosse algo completamente normal, para eles era. Ciro se levantou bruscamente e todos ficaram surpresos, parou detrás do sofá em que a mãe estava sentada e prestou atenção à Tv. As fotos pertenciam à mulher que encontrara na noite anterior, a mulher que vira ao que parecia ter sido menos de uma hora.
- Alguma coisa errada? - a mãe perguntou preocupada.
- Tu... Tudo bem, não foi nada, só acho que essa é a avó de um amigo meu - mentiu.
[close]

Giovanni Petreli
Spoiler
Ao acordar e ver que a janela estava aberta percebeu imediatamente a situação similar à da noite passada, coçou a cabeça e ficou imaginando do que se tratava tudo aquilo. Seriam simples pesadelos? Percebeu o brilho forte que invadia o quarto, a lua parecia estar levemente mais afastada que na noite anterior. Se levantou preguiçosamente.
Foi até o computador e tentou ligá-lo apenas para certificar–se de que não havia energia na cidade. Ao chegar no quarto da irmã não conseguiu vê-la, recostou na parede desmotivado, tentando entender o por quê daquilo. Foi até seu quarto, vestiu uma calça e jeans e uma blusa de mangas longas, colocou um tênis e saiu de casa. A noite estava mais fria que o normal, mas isso não o incomodava minimamente.
Saiu na rua e observou o céu estrelado, a brisa passava em seu rosto com leveza, parecia ir para a praça em que estivera na noite anterior, decidiu segui-la. Exatamente como fora antes, havia alguém sentado no mesmo lugar, pensou que talvez pudesse ser a senhora novamente, talvez ela sempre estivera morta e aparecia para ele procurando consolo.
Era um jovem, tinha dezesseis anos e cabelo ruivo liso. Os olhos eram castanhos e a pele clara, o rosto possuía traços finos, o corpo parecia ser frágil, observá-lo era como ver filhote assustado, parecia se encolher no assento. Giovanni. Ciro conhecia o garoto, estudavam na mesma classe do colégio, era de conhecimento comum que ele vivia em um orfanato.
Lembrou–se do que acontecera há apenas quatro semanas, haviam sido colocados no mesmo trabalho e tentara conversar com ele, mas o rapaz era extremamente quieto e solitário, também não se interessava muito em falar sobre qualquer coisa que não o projeto.
Então a memória se tornou mais clara. No dia estavam reunidos, na equipe estavam os dois e uma garota chamada Marcella. Ele simplesmente não prestava atenção e fitava o celular sem se preocupar com nada do que era dito. A garota tomou o aparelho dele e mandou ajudar, ele se descontrolou e pegou de volta, então saiu da sala sem falar com ninguém.
Na aula seguinte, a jovem lhe contou que no celular havia a foto de uma mulher bonita, e que acreditava ser a mãe dele. Quando Giovanni voltou para a classe em silêncio a menina pediu desculpas e ele simplesmente assentiu, depois disso ninguém mais falava com ele e era tachado de estranho.
Voltou–se para o garoto, então aproximou–se com calma. Parou diante dele em silêncio, sem saber ao certo o que dizer, lembrando da notícia que vira de manhã. O rapaz olhou em seu rosto, então desviou o olhar, colocou a mão no ombro com timidez.
– Quem é você? – Ciro achou estranho que não o reconhecesse.
– Sou seu amigo.
– Eu não tenho amigos.
– Talvez você tenha...
– Já disse que não tenho amigos! – se recompôs. – Eu tive um amigo, não tenho mais nenhum.
– O que aconteceu com ele?
– Eu não sei, me proibiram de vê-lo quando... – parou, abaixou a cabeça e chorou em silêncio.
Sentou–se ao seu lado e pousou a mão sobre seu ombro de uma forma quase paterna. Esperou enquanto ele chorava, não se sentia impaciente, apenas desconcertado. Achava ruim não saber como agir ali, não saber como confortar o garoto, sabia pouco de sua história, mas sabia que era triste.
– Err... – ele enxugou os olhos. – Você... – tinha dificuldade em falar, tentava parar de chorar. – Está aqui para ouvir minha história, não está?
– Sim – respondeu sem saber exatamente o que dizer, o pouco que sabia sobre confortar pessoas era que deixá-los compartilhar o que afligia sempre tirava parte do peso.
– Tudo bem – sua voz se tornou clara, ele enxugou o rosto novamente e tentou pensar no que diria. Coçou a cabeça enquanto observava a fonte, parecia desconfortável. – Minha vida era boa, eu nunca conheci meu pai, mas não sentia falta dele, eu tinha a melhor mãe do mundo – lágrimas se formavam enquanto ele falava, mas tentava contê-las com dificuldade. – Ela trabalhava o dia todo, mas toda noite chegava em casa e passeávamos pela cidade, quando eu era mais novo ela me carregava nos ombros – parou para se recompor novamente, já fungava forte e algumas lágrimas tímidas caíam.
Ele se levantou e foi até a fonte, lavou o rosto com a água que caía. Sentou ali no chão e jogou mais água na cara. Ficou fitando a estrutura de mármore como se visse a própria mãe, então levantou e sentou–se.
– Acho que vou conseguir agora – comentou. – Quando eu fiquei mais velho ela não conseguia mais me levantar, mas ainda assim conversávamos muito, falávamos de qualquer coisa. Quando eu tinha dez anos ela comprou uma câmera antiga, daquelas que revelam a foto quando você tira, toda noite tirávamos pelo menos uma foto. Ela também era apaixonada por fotografia, então fizemos um álbum juntos – ele parou por algum tempo. – Era uma sexta feira, ela disse que íamos passar o fim de semana todo colando as fotos que faltavam no álbum. Eu esperei... – seus olhos estavam vazios. – Quando finalmente bateram na porta do apartamento era meu tio, eu não gostava tanto dele... Ele me falou que não podia cuidar de mim, e que... – soluçou enquanto falava isso. – E que havia acontecido um acidente enquanto ela voltava do trabalho... – começou a chorar desconsoladamente, Ciro colocou a mão em seu ombro outra vez.
– Pode chorar o quanto quiser, não estou com pressa – pensou em algo poético para dizer. – As lágrimas que caem podem curar as feridas da alma – imaginou que soou idiota. – Leve quanto tempo precisar, estarei aqui.
Esperou sem reclamar ou sequer pensar em fazê-lo. Enquanto o fazia uma das coisas que diferenciam um homem comum de um psicopata lhe tocou, a capacidade de se colocar no lugar do outro. Imaginou como estaria se fosse ele ali contando como perdeu alguém de sua família. Decidiu que ficaria e esperaria por o que quer que ele quisesse compartilhar.
– Eu tinha um amigo, ele morava no apartamento ao lado do meu, nos conhecemos quando estávamos na sacada. Era meu único amigo, todo dia eu ia na casa dele e ficávamos jogando, os pais dele deviam ser ricos. Quando meu tio me levou para o orfanato eu nunca mais o vi, não me deixaram. Um dia eu fugi e fui na casa dele, disseram que tinha ido morar em outra cidade... Desde então eu não tenho ninguém. Dizem que quando eu completar dezoito vou ser jogado para fora do orfanato e ter que me virar – parecia ter medo da ideia. – A vida não tem mais sentido, é tudo tão triste... Por que comigo?
– Um dia as coisas melhoram para todos, você vai encontrar amigos.
– Tinha um garoto que conversava comigo às vezes, eu não falava nada, não sabia o que dizer... O nome dele era Ciro, todos na sala gostam dele.
O rapaz se assustou ao ouvir isso, agora tinha certeza que ele não o reconhecia. Ficou ali pensando no que ele dissera, a vida do colega havia se tornado um inferno de um dia para o outro. Sentiu dó, mas não sabia o que fazer.
– O que eu vou fazer sem minha mãe? – fitou o chão, era uma pergunta sem resposta. – Será que ainda vale a pena viver quando não há ninguém que você ame? Talvez ela esteja me esperando...
Observou a lua e o brilho ofuscou sua visão, ouviu novamente a voz familiar de sua irmã e se levantou ainda com os olhos quase cerrados. Sentiu certo alívio ao ver Clarissa, significava que aquilo havia acabado. Usava o pijama e a janela estava fechada. Banhou–se, vestiu o uniforme e tomou café. Como de costume, partiu para o colégio com a irmã, faziam essa caminhada sempre juntos, conversando sobre todo tipo de assunto.
◎○
Era a segunda aula e todos estavam entediados, a turma não fazia silêncio. Desde que chegara ao colégio Ciro observava a cadeira em que Giovanni costumava sentar, queria vê-lo chegar e sentar ali como fazia todos os dias. Se ele viesse à aula iria conversar com ele, talvez se tornar seu amigo, mesmo que fosse apenas para confortá-lo.
A porta se abriu e fizeram silêncio, imaginando ser o professor do segundo horário. A mulher tinha cabelo grisalho e no lugar de seu sorriso comum estava um rosto sem expressão, parou de frente para toda a sala, olhou de relance o que estava escrito no quadro e pigarreou.
– Venho trazer–lhes o comunicado de que Giovanni Petreli faleceu nesta manhã – geralmente era uma mulher amigável, porém agora estava desconfortável. – Ao que tudo indica ele cometeu suicídio – os alunos começaram a cochichar. – Se alguém tem alguma informação que gostaria de compartilhar pode dizê-lo em voz alta! – falou quase gritando, inconformada com a atitude dos estudantes. – A turma será liberada, se possível vão logo para suas casas.
Ela se retirou com um olhar triste, provavelmente sabia que nenhum dos alunos se importava tanto com o que dissera ali. Ciro ficou tenso, imaginou se a ligação entre as pessoas que encontrava em seu sonho era essa, todos eles teriam cometido suicídio. "Será que posso para-los?" Pensou. Estava preso na própria mente quando Pietro bateu em seu ombro amigavelmente.
– Você vai esperar sua irmã? – Ciro assentiu sem pensar muito. – Também vou ter que esperar, você conhecia esse garoto que morreu?
– Não muito.
– Hm... Você vai ficar aí sozinho?
O rapaz observou ao redor e viu que a sala já estava vazia, então organizou seus materiais e saiu com o amigo. Ficaram na frente do colégio, sentados na escada. Não conversaram tanto, estava distraído enquanto tentava entender o que aconteceu.
– Cara... – disse relutante quanto a continuar ou não. – Ontem eu tive um sonho muito estranho – o colega fez um som gutural para que continuasse. – Eu sonhei com o Giovanni.
– Hm... – olhou para Ciro com desconfiança. – Sério?
– Por que eu mentiria sobre isso?
– Daria uma história interessante – pensou alto. – Como foi o sonho?
– Eu tinha acabado de acordar, estava de noite. A lua parecia estar bem mais perto da terra, e nada que dependesse de energia funcionava, aí eu fui andando até aquela praça que tem perto da minha casa, sabe qual é?
– Sim, a praça das cerejeiras mortas... – olhou desconfiado novamente. – É um bom lugar para uma história dessas.
– Não sabia que era esse o nome – mencionou. – De qualquer forma, eu estava lá e ele estava sentado na frente da fonte...
– Que fonte?
– A de mármore com as estátuas de anjinhos.
– Cara – respondeu pausadamente. – Não tem nenhuma fonte naquela praça, eu estive lá semana passada com minha namorada, o lugar está deserto, todas as árvores estão mortas...
– Ótimo, agora a história fica ainda melhor – revirou os olhos. – Só sei que eu cheguei lá e ele ficou falando de como a vida dele estava uma merda, de como sentia falta da mãe... Acho que ele falou algo sobre suicídio também.
– Boa história, quase acreditei.
– Sabe a moça que se matou ontem? Isabela Franzotti eu acho.
– O que tem ela?
– Eu sonhei com ela antes de ontem, e quando acordei vi no jornal que tinha cometido suicídio. Isso é muito estranho...
– Cara, pare com isso, já provou que é um bom ator.
– Tudo bem, acho que eu não acreditaria também – sorriu. – Mas pela dúvida, o que acha de passarmos a noite toda jogando? Você tinha falado de um jogo online semana passada, não?
– Sim, é um jogo coreano de nome estranho, depois te passo o nome dele.
– Tudo bem, hoje não vou dormir – disse decidido, Pietro riu.
◎○
Quando as irmãs dos rapazes saíram eles partiram por caminhos diferentes. A escola não ficava tão longe da casa de Ciro, então preferiam caminhar até lá. A cidade era no geral pequena, não havia como o orfanato manter um colégio integrado ou como criarem uma fundação para pacientes com problemas mentais, por isso toda instituição do governo trabalhava com o que tinha disponível.
– Ciro, você está bem?
– Ah, sim, claro.
– O que aconteceu?
– Nada, só estou tendo uns sonhos estranhos.
– Por que não fala com o papai?
– Não é nada, e não gosto de deixar ele ficar me analisando, é estranho.
– Tudo bem, é esquisito mesmo. Hoje você vai ficar estudando de novo?
– Não, vou jogar com um amigo, por que?
– Minha colega me deu um ingresso para o circo que vai abrir semana que vem, você tem dinheiro?
– Acho que tenho, por que?
– Você pode comprar um ingresso? – parecia animada. – Aí podemos ir nós dois! Faz tanto tempo que não vamos no circo – divagava enquanto falava. – Por favor!
– Tudo bem – respondeu sorridente, ela tinha sete anos e provavelmente mal se lembrava de quando foram ao local juntos. – Eu vou comprar um ingresso e ir com você sua boba.
Ela sorriu e ambos continuaram o caminho para casa. Ele parou diante da praça e observou o local em que a fonte deveria estar, completamente vazio. As árvores estavam secas e mal cuidadas, galhos quebradiços e algumas sofriam com cupins, sentiu-se mal pelo estado do lugar. Tentou ignorar o fato de que desde o dia do sonho passara por ali e acreditara que o lugar estivesse como encontrava nas horas tardes da noite, quando a energia desaparecia.
– O que tem lá? – Clarissa perguntou.
– Nada, só estou meio deprimido, o lugar está acabado.
– Pois é, o governo devia manter a praça em bom estado, era uma das mais bonitas da cidade.
– Não me lembro disso, nunca vinha aqui.
– Eu vim aqui com a mamãe, você ficava trancado no quarto – fez uma cara de emburrada proposital. – As cerejeiras eram bonitas, a mamãe falou que elas morreram porque não estão no hábitat natural delas.
– Isso faz sentido – respondeu. – Vamos logo para casa, eles vão ficar preocupados se demorarmos muito.
[close]

Marceline Cazarotto
Spoiler
Após algumas horas já estava ficando cansado, então tomou café com muita cafeína para se manter acordado. Já passara tanto tempo jogando com três de seus amigos do colégio que seu personagem do jogo tinha um nível alto, não se orgulhava disso, preferia estar dormindo. Retirou o celular do bolso e percebeu que já eram duas da manhã.
Quando seus olhos voltaram para o computador ele se assustou. O monitor se desligou abruptamente e a lâmpada que iluminava seu quarto fez o mesmo. A janela se abriu sozinha e ao observar por esta a lua estava ali, como se o observasse. Quase em desespero correu para o quarto da irmã, ela não estava ali. Foi até o banheiro e lavou o rosto, se perguntando por que aquilo estava acontecendo com ele e não com outra pessoa.
Ficou imaginando o que havia ocorrido, pretendia passar a noite toda ali, não queria dormir, então como aquilo acontecera? Estressado correu pela casa e saiu, estava decidido de que não iria para a praça novamente, não encontraria quem quer que estivesse lhe esperando ali. Caminhou relutante até que pôde observar a pessoa que estava sentada no banco de costume.
Uma mulher nova, parecia ter por volta de vinte e sete anos. Cabelos negros, longos e volumosos. Tinha olhos azuis claros demais, seu rosto era para Ciro um dos mais belos que vira. O corpo era bem definido, deveria comer bem e fazer exercícios rotineiros, fitou os lábios dela por alguns segundos antes de se aproximar com calma, como sempre fazia.
– Você veio ouvir minha história?
– Acho que é essa minha função aqui – respondeu.
– De quem mais seria? Só vejo nós dois aqui. Me chamo Marceline Cazarotto.
– É um prazer conhecê-la. Sabe como veio parar aqui?
– Não, você sabe como vim parar aqui?
– Gostaria de saber – respondeu com sinceridade. – No momento, estarei aqui para ouvir tudo que quiser me contar. Não se preocupe, não tenho como contar nada do que me disser.
– Hm... – ela o examinou. – Qual é seu nome?
– Que nome você me daria?
– Morte? Sombra da morte talvez... – suspirou. – Como quer que eu lhe chame?
– Senhor, moço, como preferir.
– Senhor, minha história começou quando eu tinha treze anos, foi quando descobri que não era como as outras garotas. Quando eu era mais velha percebi do que se tratava, os garotos viviam me chamando para sair, mas eu não tinha interesse neles. Eu não queria contar para meus pais, o pessoal dessa cidade infernal é tão conservador quanto se pode ser, imagino o que aconteceria se tivesse dito antes – ajeitou o cabelo, desconfortável. – Conheci minha namorada quando tinha dezoito, estava em um bar, trocamos olhares e a coisa toda rolou bem, ela se chamava Alessa. Descobri que ela morava aqui, então acabamos ficando juntas. Meus pais começaram a desconfiar, então tive que contar para eles... Bem, depois eu tive que ir morar com ela, eles me expulsaram como um cachorro doente – ela exprimia raiva e tristeza ao mesmo tempo. – Desde aquele dia meu pai nunca falou comigo, ele morreu ano passado... Minha mãe me ligou uma semana depois... – ela se demorou muito para continuar.
– Um pedido de desculpas amargurado?
– Oh, você não estava ouvindo? Ela ligou gritando comigo, dizendo que ele tinha morrido por minha culpa, dizendo que minha situação deixava ele estressado e que por isso teve um ataque cardíaco. Droga, essa merda nem faz sentido! Só sei que também nunca mais falei com ela, não sei o que aconteceu com a miserável, também não me importo mais, ela tinha vergonha de mim não importava o que eu fizesse – escondeu a tristeza presente no que dizia.
– Você não está sozinha.
– Eu nunca estive, eu tinha Alessa, oh, ela era tão gentil. A melhor namorada que alguém poderia querer, era linda, e fazia qualquer coisa ficar divertida. Ela passou um mês com raiva da minha mãe por causa daquela ligação. Assistíamos filmes de comédia romântica e ríamos das idiotices que eles faziam toda semana. Ela era dona de uma perfumaria e eu trabalhava lá como atendente, assim reduzíamos os gastos e podíamos viver bem – sua voz falhava um pouco. – Como você deve saber, não podíamos nos casar, então vivemos juntas por dez anos, até usávamos anéis de compromisso como alianças e tudo mais – ela deixou um sorriso tímido lembrá-la dos tempos felizes que passou, mas logo seu rosto se tornou triste novamente. – Duas semanas atrás... – sua voz já falhava muito e soluçava. – Ela estava na loja, eu tinha ficado em casa porque ela disse que só ia fazer a contagem do estoque, era sábado... – se remexeu no assento, sentindo-se desconfortável. – Um bando de idiotas entrou lá, deram um tiro no peito – escondeu o rosto na manga da longa da blusa preta que usava, o braço estava apoiado no joelho que colocara sobre o banco. – Ela era uma sapatão, era o que merecia! Todo mundo falava isso! – levantou o rosto novamente. – Matar alguém por ser diferente é tão estúpido, é tão vil... Eu passei algum tempo no apartamento, mas como estava tudo no nome dela eu não tinha direito a nada, então me despejaram... Eu não tenho para onde ir, não tenho mais ninguém com quem me importo nesse mundo, seria tão ruim assim querer acabar com o sofrimento?
– Seria? – respondeu já sabendo como tudo aquilo acabaria.
– Acho que não, por que sofrer? Acabar com tudo é tão mais rápido...
– O caminho mais rápido nem sempre é o melhor!
– Talvez ele não seja tão dolorido quanto as pessoas acreditam que seja – comentou.
Ao olhar para o rosto da mulher, viu que ela fitava a lua de forma concentrada, virou-se para observá-la também. A luz ofuscou e acordou, a irmã entrou no quarto e pegou o celular do rapaz, ela fazia tudo tão automaticamente que parecia estar sonâmbula.
– Ciro, é para você!
– Obrigado – respondeu e pegou o celular, ela voltou para o próprio quarto em silêncio. – Alô.
– Ciro, é o Pietro, você melhorou?
– Como assim?
– Ontem de noite, você disse que o café tinha feito mal e que ia deitar... Como não entrou mais no jogo imaginei que tinha desistido e foi dormir.
– É, acho que fui...
– Tudo bem, só queria ligar para saber se está melhor.
– Lembra o que falei ontem? Sobre os sonhos estranhos?
– Sim... – respondeu com uma voz duvidosa.
– Ontem eu sonhei com uma mulher, Marceline Cazarotto, se você ficar sabendo de alguma notícia hoje pode me avisar?
– Claro, tudo bem... – respondeu duvidando da sanidade do amigo.
– É sério, se eu estiver só ficando louco não vou achar ruim – comentou.
– Tudo bem, qualquer coisa eu te aviso. Vou sair com a Julie, depois nos falamos.
◎○
Recebeu uma mensagem de texto, ela vinha de Pietro: "Eu estava com a Julie e pensei no que disse, eu perguntei se ela já tinha ouvido falar de alguém chamada Marceline. Ao que parece uma mulher com esse nome cometeu suicídio perto da casa dela, cara, como diabos você sabia disso? O que aconteceu?"
Decidiu não responder a mensagem de texto. Ligou o computador que não lembrava de ter desligado na noite passada. Procurou sobre casos de pessoas sonhando com suicidas, nenhum dos sites que apareceram tinha qualquer informação aceitável, e a grande maioria deles se tratava de simples histórias de terror.
"Tudo bem, eu só preciso ficar consolando suicidas, talvez eu deva convencer algum deles de que é uma má ideia, talvez seja só isso." Pensava enquanto recostava quase deitado na cadeira. Ponderou se aquilo iria afetar muito sua vida, sua cabeça se mantinha ocupada com teorias sobre o que poderia estar lhe acontecendo.
Sua irmã foi até seu quarto e como de costume lhe deu um abraço e lhe desejou uma boa noite. Colocou o livro de lado e deitou-se, pensando no que ouviria quando fosse novamente ao lugar que assolava aqueles que não sabia definir como sonhos ou pesadelos. Fechou os olhos e esperou finalmente sentir sono e adormecer.
Levantou-se em um solavanco, jogou o lençol de lado e sentiu a brisa gélida entrar pela janela. Não se preocupou mesmo com as pantufas, desceu as escadas de sua casa e foi até a fonte enquanto observava a falta de energia na cidade. Não entendia nada do que acontecia, mas decidira simplesmente ignorar as perguntas e continuar indo ao local até que ele o deixasse em paz.
Ao chegar lá ficou surpreso por não encontrar ninguém sentado no banco, a fonte também não existia e ele ponderou sobre estar mesmo no sonho ou não. Olhou para a lua que iluminava tudo com seu brilho prateado, então dela saíram três pequenos anjos de branco opaco. Eles dançaram no ar até o lugar onde ficava normalmente a fonte. Ali o mármore cresceu como água que se congela e formou a estrutura.
As árvores estavam mortas, mas logo se avivaram novamente, com suas cores que mistificavam o lugar. O estado de toda a praça melhorou sem muita demora, mas ninguém aparecia ali, não havia ninguém sentado no banco. Olhou para todos os lados preocupado. Sombras surgiram nas árvores, eram pessoas enforcadas e penduradas nos galhos, milhares de sombras mortas pendiam ali. Ele sentiu medo.
Sentou-se em um dos bancos, não o de costume. Logo tudo voltou ao que normalmente assolava suas noites, porém ainda ninguém aparecia. Fitou a fonte tentando decifrar os acontecimentos dos últimos dias. Colocou a mão no bolso e pegou o ingresso do circo, lembrou-se de sua irmã e sentiu-se triste sem razão aparente.
Um homem surgiu, ao menos imaginou que fosse um homem. Ele vinha caminhando das sombras, usava um manto que cobria toda pele, segurava um lampião antigo e usava uma máscara que tinha olhos de vidro arregalados e um bico longo, parecia ser velha. Ele parou diante de Ciro e virou-se para a lua, como quem aponta para que você observe algo.
O rapaz observou o luar mas nada aconteceu, então o mascarado virou-se para ele. Examinou-o com um olhar curioso. Analisou as vestes e o rosto, a cor dos olhos e do cabelo. Ele tinha cabelo loiro curto, olhos castanhos e pele clara, era alto e magro. Usava um pijama com calça cinza e blusa de manga longa.
– Sinto muito – o homem comentou, sua voz tinha um tom gelado.
Ele desapareceu como se fosse feito de sombras e o rapaz sentiu um aperto no coração, este doeu tanto que mal pôde conter a dor, então subitamente sentiu-se melhor. Continuou observando o ingresso com lágrimas escorrendo de seu rosto, apesar de não entender o por quê delas. Virou-se para a lua enquanto um sentimento de tristeza incontrolável parecia consumir sua alma. Lembrou-se do rosto de sua irmã, das faces de sua família e amigos, de todos com quem se importava e com todos para quem sua perda deixaria dor.
E não mais acordou daquele sonho.
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Explicações
Se você ainda não tiver lido o texto, não leia o que está aqui, este conteúdo foi colocado para explicar o final aos que chegaram à conclusões diferentes.
Spoiler
Todas as pessoas com as quais ele sonhou já estavam mortas mas não se lembravam de ter cometido suicídio. A praça servia como um confessionário, ele ficaria lá e ouviria as histórias das pessoas, mas ele estava na verdade livrando as almas das histórias que lhes afligiam para que pudessem fazer a "travessia" sem guardar ódio ou tristeza. Quando ele não despertou mais do sonho ele ficou preso ali para sempre, onde iria ouvir as histórias das pessoas que não tivessem mais sequer um ombro amigo.
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To Die Is To Find Out If Humanity Ever Conquers Death

Citação de: B.loder online 31/05/2013 às 03:24

Este foi o primeiro capítulo, irei pausar o texto "Mors Immortalis" para terminar este, que conterá apenas três ou quatro capítulo. A história não vai possuir ação alguma, é minha primeira tentativa de fazer algo baseado somente no drama, espero que tenha saído um roteiro decente daí. Agradeço desde já por lerem.
Se tiverem interesse, manterei uma versão dos capítulos também em pdf aqui:
Primeiro Capítulo

Não seriam capítulos:derp:
Só um errinho que achei, nem li o texto ainda, sou preguiçoso, quando eu ler eu dou um edit aqui pra comentar o que eu achei.  :derp:

Tudo bem, já corrigi o problema...


De qualquer forma, gostaria de avisar que o texto está concluído, espero que o final agrade aqueles que tiveram interesse de lê-lo.
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depois de ser muito ameaçado, chantageado e atacado por colheres voadoras e Gaunas...

Hooray! Uma coisa do meu amigo sanguinário! \o/  :cool:

Ma bene,já que fui ameaçado decidi postar aqui para lembrar só daquilo que já te disse... Os diálogos sempre poderiam ter mais emoções, e ainda acho o seu estilo de descrever o ambiente meio estranho.... mas acho que só u.u Nesse texto, o final ficou um pouco... previsível-mas-não-tão-previsível, e o começo foi muito bom u.u :wow:

...e acho que só '-' *corre das colheradas raivosas* :T.T:
À procura de uma sign melhor  :=p:
Como eu fiz dúzias de avatares no estilo da CRM, vou trocar eles à cada segunda-feira!  :wow:

Ah, obrigado pelo comentário cara *guarda as colheres*
Eu também pensei sobre o final, mas acabou que esse texto chegou em um ponto onde quase todo final era previsível, então acabei colocando o que havia planejado desde o início. Tentarei melhorar os diálogos da próxima vez.
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A descrição estava boa. O desenvolvimento estava indo, aos poucos, para o caminho certo. Mas o final ficou meio desapontante. É porque fez o resto da história parecer irrelevante. Explicando: (AVISO - Contém spoilers, principalmente sobre o final)

Spoiler
Até depois da terceira morte nós vivenciamos três sonhos nos quais o protagonista conheceu três indivíduos prestes a se matar, isso deixou umas dúvidas boas na cabeça do leitor para motivar a leitura. Mas aí chega o final e ele morre. Isso ficou ruim por duas razões:

Primeiro, ficou ilógico. O protagonista sonhou com pessoas que iam se suicidar, logo entende-se que ele teria um "dom" de ter uma última conversa com aquelas pessoas para, como você mencionou no texto, ouvir suas histórias. Porém, no final, fica implícito que ele morreu dormindo, porém por que ele sonharia consigo mesmo visto que ele só sonhava com suicidas

Segundo, transformou tudo que aconteceu antes em meros "eventos aleatórios". Enquanto eu lia tive a "premonição" que ou o protagonista ia morrer, ou alguém da família dele ia. Mas, achei que o motivo dessa morte estaria ligado com os sonhos deles. Porém acabou que eu estava enganado, foi só uma sequência de fatos aleatória. Nenhuma daquelas mortes teve alguma conexão com o fato dele morrer. Aí fica no ar, sem explicação, o porquê dele ter esses sonhos e o porquê da morte dele.
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Entendeu? Não estou dizendo que a história ficou ruim, mas o final deixou a desejar!

Viva a lenda!



Eu tive a noção de que a morte dele não faria muito sentido desde o começo, mas em momento algum eu deixei claro o que realmente acontecia ali, ele ter morrido na verdade foi o que aplicou mais sentido ao final da história. Adicionarei ao tópico em spoiler uma explicação da trama que rola por trás de tudo, mas peço que tirem suas próprias conclusões antes de abri-la, se não acontecer vai perder boa parte da graça de ler um texto.
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Bem, depois que o rapaz encontrou com a morte logo no finalzinho não me restava dúvidas que ele não iria mais viver.  E no conto não deixou explicado se ele realmente morreu, apenas disse: Ele não acordou mais, e isso não significa que ele "realmente esteja" morto.  Ficou mais pra continuação do que para "fechamento".  O conto está bem escrito, vamos pular esta parte. Bem, concordo que  a morte das personagens ficou "muito óbvia" como se um evento puxasse o outro forçadamente. Devido às habilidades deste rapaz eu imaginava que ele pudesse, sei lá interagir com estes eventos para que elas "não morressem tão obviamente". No mais, parabéns! Tirei hoje para ler. E vim aqui deixar meu feed! Já do lado de lá, estou sem tempo de ler aqueles capítulos. Mas lerei-os, como prometido. Até,B.Loder!

Obrigado pelo comentário moça, e eu também percebi o defeito da obviedade quanto ao que iria acontecer, mas não sabia uma boa forma de tirar isso. E o final dele como você disse parece mais uma continuação, isso ocorre pelo motivo que expliquei no spoiler e não colocarei aqui para não gerar spoilers. No mais, muito obrigado.
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Enfim li sua história, que por sinal achei muito boa, no meio dela encontrei alguns pequenos erros, de português, ou talvez de digitação, mas não me recordo de onde os encontrei, mas confesso que foi uma boa leitura, afinal de contas, quando eu estava lendo o primeiro capitulo, pausei para o horario do almoço, e marquei o tópico como não lido para poder ler os outros capítulos depois.  E enfim, depois de ler tudo, vim aqui comentar sobre ela, e disse que gostei, e... ah... você sabe o que aconteceu depois. (melhor eu parar ou vou começar um paradoxo, né? AUEhuAEHuHHAE)
:derp:


Enfim, história muito boa, não tenho muito o que criticar, mas leia ela, e procure os erros de português(ou mais provavelmente de digitação) que eu não comentei, afinal to com preguiça de procurar eles novamente.
:derp:

No mais, você escreve bem, e está de parabéns.  :clap:

Obrigado pelo comentário, eu não tinha visto esses erros e vou revisar depois. Agradeço por ter lido tudo, e que bom que gostou ^^
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