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Contos de Evrand (Possível base para um projeto, opinem!)

Iniciado por Basch, 31/05/2013 às 22:55

31/05/2013 às 22:55 Última edição: 13/10/2013 às 18:56 por Basch
Olá Makers!

Estou passando por aqui hoje para pedir a opinião de vcs sobre uma série que estou escrevendo, nomeada "Contos de Evrand". Basicamente, ela conta a história do Mundo de Evrand, que é dividido em Cinco Reinos, cada um com uma historia e personalidade próprios. É um historia sobre o poder, basicamente, pois o jogo de poder está presente nestes reinos constantemente, com pessoas fazendo qualquer coisa pra conseguir manter seu poder, e outras fazendo coisas ainda piores para conquistá-lo.

Talvez isso vire um futuro projeto de RPG Maker (só se eu achar uma boa equipe pra me ajudar, pq percebi q trabalhar em projetos sozinho é difícil...), então a avaliação de vcs é importante!

Capítulos serão postados regularmente. Por enquanto, só tem 2 Capítulos.

Resumo da série

Os Contos de Evrand falam basicamente da história dos Cinco Reinos do continente, e as intrigas e jogos que seus Lordes fazem pelo poder. Burrenton Mulgen, Rei das Terras do Sul por quase 50 anos, morre em circunstâncias misteriosas. O trono de uma das famílias mais poderosas dos 5 Reinos agora está em disputa. O Filho mais velho de Burrenton, Martell, deveria herdá-lo, mas seu irmão mais novo, Aberyn, se aproveitando da ausência de Martell, toma a coroa para si. Começa assim uma guerra civil no Sul.
Se aproveitando dessa confusão, Aber Vhalgo, Rei das Montanhas do Oeste, da Casa mais rica dos Reinos, coloca em prática um plano para expandir o seu poder sobre o continente, e se proclama Imperador de Evrand, Lorde dos Cinco Reinos. Apesar de muitos acharem essa ideia insana, pois nem mesmo todo o dinheiro dos Vhalgo pode conquistar outros 4 reinos em batalha, Rei Aber está seguro de seu plano, já que está cada dia mais próximo de reviver antigas lendas de Evrand e trazer do esquecimento antigas e poderosas criaturas que tornarão a conquista a seu favor. 
Acompanhe a história da luta desses distintos personagens na busca pelo poder absoluto em "Contos de Evrand"!


Prólogo: O Escudo Despedaçado

Spoiler

        Era fim de tarde quando a hora chegou. A hora que nem mesmo Burrenton Mulgen, Lorde de Altel e Rei das Terras do Sul, conseguira prever. Passara os últimos cinco dias sem nem sair de seu castelo, um imponente e incomparável monumento de pedra e ferro, no centro da cidade. Agora que parava para pensar, Burrenton nem se lembra de ter ido a qualquer lugar muito longe de seus próprios aposentos, no último andar da construção, com uma vista para toda a cidade, e, há quem diga, de todo o Reino. Lorde Mulgen gostava muito dessa vista. Gostava de se sentar na ampla varanda de seu quarto, com um bom livro e algumas velas, e às vezes passar a noite inteira divagando entre as páginas do livro e a familiar, mas mesmo assim revigorante, vista das terras do Sul.
         Agora, no entanto, ele não tinha tempo para estas noites. Talvez ele não conseguisse nem presenciar esta noite. O crepúsculo estava próximo, mas o Lorde se sentia cada vez mais fraco e desprovido de qualquer possibilidade de melhora. Ele já não era novo, presenciou mais de 70 anos de existência, com quase 50 destes como Rei do Sul. Nestes anos, muitas coisas vieram, assim como muitas coisas se foram. A maior era de prosperidade que o Sul já tinha visto foi estabelecida em seu reinado. Foram 50 anos sem guerras ou invasões, com alta atividade comercial, tanto terrestre quanto marítima. Tanto senhores quanto plebeus adoram Burrenton, o Pacífico, como era chamado entre seu povo pelas políticas de paz nestes tantos anos.
Do que partiu, a morte de sua esposa, Marget foi o que fez ao Lorde tanta falta. Os anos sem ela foram difíceis, e não teria conseguido se não fosse o suporte de seus mais queridos vassalos. Além de seus filhos, é claro. Marget o presenteou com dois meninos, hoje dois homens, cada um com seus defeitos e qualidades, muito diferentes um do outro, de um jeito único que o Lorde adorava conviver. Apesar das visitas de seu filho mais velho, Martell, serem raras, Burrenton sentia muito orgulho do filho. Sua maestria com os navios e as ciências da navegação o ajudou a tornar os Mares do Sul livres de todos os piratas. Como recompensa, seu pai lhe cedeu as Ilhas do Sul como recompensa, além de todos os títulos que as acompanham, e o tornou seu vassalo, o mais poderoso deles.
        O Lorde foi despertado de seus pensamentos com uma batida na porta. Esperava muitas visitas no dia de hoje, e talvez nem fosse capaz de presenciar todas elas.
- Entre. – Disse, após perceber que não conseguia mais se levantar da cama.
   A porta se abriu e um homem de aparentemente vinte e poucos anos entrou na sala. Vestia trajes luxuosos e uma capa que ostentava um ar de poder, e de quem queria mostrar poder.
   - Pai, como está? – Perguntou.
   Seu filho mais novo, Aberyn, era um rapaz bem diferente do irmão. Sempre odiou navegação ou qualquer outra coisa relacionada a batalhas, mas amava politica e intrigas com todas as forças. O nome de Aberyn Mulgen estava nas conversas de todos os nobres do Sul, e quem sabe até de outros dos Cinco Reinos. Aberyn era muito influente, e, com a vantagem de residir em Altel, ajudou o pai a administrar as politicas do Reino nos últimos tempos. Não que o Rei do Sul precisasse da ajuda do filho mais novo em questões de política, afinal, para esses fins, Burrenton tinha seus conselheiros. Mas o filho tinha tanto interesse e pedia tanto por uma oportunidade de conhecer a administração do Reino que seu pai não pode recusar.
   - Não vou tão bem quanto gostaria, meu filho. – Disse o Rei. – Creio que você não terá seu pai por muito tempo.
   - Não diga tal coisa, meu Lorde pai. Os sacerdotes e sábios que estão cuidando de você ainda não perderam as esperanças.
   - Pois deveriam. Não me imagino saindo desta cama, não com vida. Mas filho, preciso lhe dizer algumas palavras antes de partir.
   - Se assim deseja, meu Rei. – o garoto respondeu, com óbvia tristeza na voz.
   - Eu vou partir, e peço que ajude seu irmão a cuidar do Reino. Juntos, vocês devem manter e continuar tudo o que eu criei e mantive, com a ajuda de vocês dois algumas vezes. Creio que seja necessário nomear um novo Lorde das Ilhas do Sul, após seu irmão se tornar Rei. Acredito que vocês não terão problema com isso. Quem sabe, até mesmo você se torne o próximo.
   - Não tenho desejo de me tornar Lorde de um lugar no meio do mar. Martell esteve no controle daquelas ilhas por mais de uma década. Eu mesmo nunca as conheci. Meu irmão passou tanto tempo naquele lugar que se esqueceu do Reino. Eu tenho mais contato com os assuntos do Reino do que meu irmão, e, me perdoe dizer, seria um Rei tão bom quanto ele.
   - Aberyn! – O velho Rei não escondia o espanto na voz. – Isso não é algo a se dizer sobre seu irmão. Vocês podem não ter tido todo o contato que todos nós gostaríamos que tivessem, mas ainda são irmãos. Martell pode não estar aqui, nos jantares e recepções dos nobres, mas está fazendo uma tarefa igualmente importante. Ele, em todos esses anos, protegeu as fronteiras do Sul contra todo e qualquer invasor marítimo. As ilhas nunca tiveram uma época tão pacifica quanto esta. E proteger os fracos, meu filho, é nosso dever como membros da Casa Mulgen. Afinal, qual é mesmo o símbolo da Casa Mulgen?
   Burrenton conhecia muito bem o símbolo, assim como seu filho, mas queira que este o dissesse mesmo assim, para que as palavras o guiassem.
   - Um escudo. – O filho respondeu. – O símbolo é um escudo.
   O símbolo da Casa Mulgen era mais do que conhecido por todos os Cinco Reinos. Ali, então, no castelo de Altel, era impossível não perceber. Escudos dos mais variados tipos, cores e tamanhos decoravam as paredes de todo o castelo, cada um com uma história. O próprio escudo que se encontrava na parede acima da cama do Rei Burrenton, agora, fazendo sombra em seu corpo cansado, era um com muita historia. Tinha pertencido a seu avô, e o ajudou a vencer incontáveis batalhas que Burrenton agora nem tinha tempo de lembrar.
   - Exato, meu filho, o Escudo. O escudo é nosso símbolo. Proteger é nosso dever. O que seu irmão faz traz muita honra a nossa Casa. É algo de se admirar, de verdade. Não devemos nunca, como nobres de Mulgen, deixar o escudo se quebrar. Não devemos deixar o Sul cair nas mãos de outros. E, assim que eu me for, você e seu irmão precisarão um do outro para não deixar o escudo se quebrar. Eu prevejo tempos difíceis, meu filho. Os reinos estão para mudar.
   - Tenho certeza que teríamos mais chance de "não deixar o escudo se quebrar", se meu irmão continuasse como Lorde e eu me tornasse o Rei do Sul. – O filho respondeu. - Mas não irei discutir estes assuntos com o senhor, meu Rei, enquanto estiver assim.
   Neste momento, Burrenton sente sua garganta seca se apertar, e um terrível acesso de tosse toma conta de si. Seu filho tenta lhe ajudar.
   - Calma, meu pai. Aqui, tomei um pouco d'água.
   O Rei tomou um longo gole de água de um cálice de prata, estendido pelo seu filho. A água lhe pesou no estômago. Beber um simples copo d'água já foi mais simples.
   - Filho... Chegou a hora. Não quero que você esteja aqui, me vendo nesse estado. Você foi um bom filho, e acredito que ainda me será motivo de orgulho.
   - Obrigado, meu pai. Vá com a segurança de que nada do que fez será perdido. O Sul estará em segurança.
   - Assim irei, Aberyn.  Adeus... Mande chamar um dos sacerdotes quando sair.
   - Adeus, meu Lorde pai. O Reino sentirá muito a sua falta.
   O Sol se pôs completamente enquanto Aberyn se dirigia a porta. A escuridão engoliu sua visão do grande Rei que o Sul teve por tantos anos.
   Do lado de fora, três homens em robes marrons esperavam. Alguns dos sacerdotes e sábios do reino, Aberyn se recordava.
   - Ele espera por vocês. – Aberyn declarou, bem baixo.
   - O que tem a dizer sobre o Rei, senhor Aberyn? – O mais velho dos homens perguntou.
   - O que tenho a dizer? Digo que o escudo se quebrou. – Aberyn fez uma pausa e olhou para os homens. – Agora, o escudo está despedaçado.

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Capítulo I: Segredos na Escuridão

Spoiler

   As chamas dançantes nas paredes eram a única fonte de iluminação no Salão Nobre do castelo de Andorfell, no Reino das Montanhas do Oeste. Uma mesa redonda, de uma pedra vermelha e negra excepcionalmente polida, tomava a maior parte do salão. Figuras de olhos e cabelos exoticamente claros a preenchiam.
   O único entre eles que não se parecia muito com os outros usava robes e uma capa violeta que cobria grande parte do corpo, além de óculos e joias típicas de um sábio. Ileac, ele como ele era conhecido. Servia o Rei das Montanhas do Oeste, Aber Vhalgo, há apenas alguns anos, depois da morte do sábio que havia aconselhado gerações da Casa Vhalgo. Ileac esperava poder ter este privilégio também.
   E para ter este privilégio, Ileac teria de apoiar os Vhalgo no ousado, se não insano, plano que pretendiam seguir, mesmo o Sábio tendo grande receio por ele. Não falaria isso em voz alta, claro, principalmente agora que estava sentado a esquerda de Aber. A direita do Rei se sentava seu único filho homem, Príncipe Branne, quieto como sempre, mas com seus olhos vermelhos observando todos na mesa.
   Além de seu filho Branne e o Sábio, Rei Aber convocou para a mesa mais três de seus familiares: Seus dois irmãos mais novos, Enmor e Caela, ele todo de branco e com semblante calmo e tranquilo, como de costume, e ela de rabo de cavalo e impaciente, claramente sem vontade de estar ali. Por último se sentava a figura cansada de Lorde Aenn, primo do Rei, o mais velho entre todos eles.
   - Acredito que estejam curiosos para saber o porquê de ter convocado todos aqui. – Disse o Rei em tom de início de conversa.
   - Só espero que seja rápido. Tenho assuntos a resolver na administração da cidade. – Caela disse impaciente. A irmã do Rei não era conhecida pela sua paciência.
   - Não se preocupe, irmã, acredito que Aber realmente tenha algo bem interessante a nos dizer. – Disse Enmor. - Tão interessante que convocou Lorde Aenn para o encontro. Ele não se deslocaria de Handun por nada.
   - Com certeza que não. – Aenn confirmou. – Aber me garantiu em suas cartas que a minha presença era importante.
   Lorde Aenn Vhalgo não residia em Andorfell com o Rei e seus irmãos. A ele cabia governar outro importante castelo das Montanhas do Oeste, Handun. Pelo que Ileac sabia, o pai de Aenn tinha ganhado o castelo Handun de seu irmão, o falecido Rei Vhalgo, pai do atual Rei Aber. Apesar de primos, Aber e Aenn raramente se viam, pois Aenn se recusava a deixar seu castelo com muita frequência, nem para visitar os primos. A presença de Aenn afirmava a Ileac de que o Rei está confiante de seu plano, e que pretende ganhar o apoio do primo, quem sabe até de outros Lordes.
   - E mantenho esta garantia. – Aber retomou. – Trago a vocês boas notícias e uma ótima proposta. – Aber fez uma pausa, repousando o olhar em cada um de seus convidados. – Uma ave mensageira chegou na madrugada. Um falcão, tão negro como a noite atrás dele.
   "Asas escuras carregam palavras escuras." Ileac conhecia bem o ditado popular, pois foram os sábios os responsáveis pela sua popularidade. Aves mensageiras eram o meio de comunicação mais comum em Evrand nos tempo de paz. Elas carregavam e transportavam mensagens muito mais rápido do que um mensageiro a cavalo, com a desvantagem de serem mais desprotegidas, desvantagem esta que era contornada em tempo de paz, onde a caça a aves mensageiras era rara. Aves negras, porém, eram as mais temidas: quase sempre estas carregavam mensagens de morte, na melhor das hipóteses de desaparecimento. Quanto este falcão negro mencionado pelo Rei emergiu no castelo de Andorfell, foi Ileac quem o recebeu, apesar do receio do que poderia significar a notícia. Tê-la lido não o ajudou a voltar a dormir aquela noite.
   - Burrenton Mulgen está morto. – Aber declarou com um sorriso no rosto. – O pacifista, aquele que freava todas as ameaças de guerra nos Cinco Reinos dos últimos 50 anos, que freava as nossas expansões de território, se foi.
   - Agora esta é uma notícia inesperada! – Declarou Aenn. – Não esperava nos vermos livres de Burrenton pelos próximos anos. Ele podia estar velho, mas o que tinha de idade tinha de teimosia. Pensei que fosse durar mais tempo.
   - Inesperado até demais, se me permite dizer. – Enmor disse. – Burrenton parecia muito bem nesses últimos meses. Pelo menos, não ouvimos nada sobre nenhuma doença ou acidente com ele...
   - Inesperado ou não, o fato é se foi. – Disse Caela ao irmão. – E também significa que teremos um novo Rei do Sul para nos preocupar. Não conheço nada sobre o herdeiro de Burrenton, só que ele vive naquele monte de ilhas a sul do continente. Será ele um Rei mais fácil de manipular do que Burrenton?
   - Aí que entra a melhor parte da notícia. – Aber disse, ainda sem tirar o sorriso do rosto. – Parece que o filho mais novo de Burrenton não aceitou o fato de ser o segundo na linha do trono. Ele se proclamou Rei e impediu a chegada do irmão mais velho, herdeiro de Burrenton, ao continente.
   - Isso não vai durar. – Disse Enmor, espantado. - A obsessão dos Mulgen pela honra não vai deixar o herdeiro abrir mão do Reino para o irmão mais novo.
   - Acho que este era o ponto que o seu irmão queria chegar, Enmor. – Aenn se dirigiu a ele. – Estamos prestes a presenciar uma guerra civil no Sul, talvez a primeira em séculos!
   - É exatamente o que todos esperam, Aenn. – Aber disse ao primo. – E com o caos instalado no Sul, é a nossa chance de expandir o nosso reino o tanto quando queríamos há anos!
   - E qual o seu plano para isto, Aber? – Indagou Caela. – Mesmo com um Reino em guerra civil, não temos exército suficiente para conquistar os outros reinos. Não depois que Burrenton desfez a maioria dos nossos.
   - Exércitos de mercenários, que mudariam de lado quando quisessem, mesmo com nós pagando mais moeda. O que quero é um exército leal, incansável e indestrutível. Quero o antigo exército Vhalgo, aquele de lendas que varriam Reis e seus reinos implacavelmente.
   - O exército de que fala está a muito tempo perdido, meu irmão. – Declarou Enmor. – Era o exército das sombras, de monstros que se erguiam a noite e matavam todos, aumentando ainda mais seus números, e depois voltavam a se esconder, apensa para atacar de novo no dia seguinte. Mas o exército das sombras se foi há muito tempo.
   - E o que você diria, meu irmão, eu dissesse que descobri um meio de fazer o Exército das Sombras retornar? 
   Era este o momento, pensou Ileac. O momento que todos estavam aguardando. Desde quando era jovem, o falecido Rei Vhalgo, pai de Aber, e seu antigo sábio, aquele antes de Ileac, dedicaram sua vida a encontrar uma forma de reerguer o Exército das Sombras. Tanto o Rei quanto o Sábio morreram antes de verem sua obra concluída. Mas o que deixaram escrito Ileac consultou. E o sábio percebeu que eles realmente estavam muito perto da verdade. Tão perto que o falecido Rei estava, secretamente, planejando ressuscitar o exército num futuro próximo.
   - Eu diria que está louco. – Retrucou Enmor. – Se houvesse um meio de trazer o Exército das Sombras de volta, não acha que alguém já teria descoberto?
   - Pois parece que nosso pai o descobriu. – Aber disse. – Ileac, por favor, diga aos nossos convidados o que descobrimos.
   "Minha hora de falar", pensou Ileac. "Bem, vamos ver o que sai."
   - O falecido Rei Vhalgo, pai do Rei Aber, e o sábio responsável por Andorfell antes de mim, conduziram uma minuciosa pesquisa sobre o Exército das Sombras. Vasculharam pergaminhos com séculos de idade, diários de antigos nobres da linhagem Vhalgo, há muito mortos. Textos extremamente raros que muitos pensavam já terem se extinguido. Esta pesquisa conduzida por eles chegou as minhas mãos, e o que vi me impressionou. Aparentemente, os registros feitos pelos Vhalgo durante os séculos sugerem que o Exército das sombras não é deste mundo. Eles vêm de outro mundo, paralelo a este, e que o Exército podia ir e vir entre este mundo e o nosso quando querem, através de poderes desconhecidos a nós. Os registros sobre o Exército também sugerem que eles nunca foram derrotados, mas aprisionados no seu mundo de origem e impedidos de voltar.
   - Uma história fascinante, mas o quanto disso deve ser verdade? – Caela indagou.
   - Mais do que aparenta, minha senhora. O falecido Rei e seu sábio descobriram o local exato da última aparição do Exército das Sombras, e estavam certos de que este seria o lugar onde eles foram aprisionados, e o lugar onde deveriam ser libertados.
- E que lugar seria este, Sábio? – Perguntou Aenn, que parecia ser o mais interessado nesta história.
   - A Fortaleza de Handun, meu Lorde. Aquela mesma fortaleza há muito abandonada que o falecido Rei deu ao irmão dele, seu pai, e que hoje o senhor protege com tanto vigor.
   - Eu suspeitava disso... – Aenn falava, mais para si mesmo do que para os outros. – Meu pai sempre me disse que Handun era um lugar perigoso demais para ficar sem um Lorde. Dizia que o castelo tinha mais poder do que aparentava. E os servos cochicham também. Eles pensam que não, mas eu ouço. Dizendo que a fortaleza é amaldiçoada. Dizendo que ouvem vozes nos túneis subterrâneos. Será isto verdade?
   - Agora entende o porquê de tê-lo chamado aqui, irmão? – Aber declarou. – Com o seu apoio, nós temos o necessário para avançar e expandir o nosso território através dos Cinco Reinos! A Casa Vhalgo retornará a sua antiga glória, e eu, Aber Vhalgo, serei coroado Imperador de Evrand, o primeiro em milênios!
   - Um plano ousado, meu irmão. – Declarou Enmor. – Mas terá o meu apoio quando precisar.
   - O mesmo de mim – Disse Caela.
   - O que me diz então, Aenn? – Aber perguntou impaciente.
   - Bem... Acredito que Handun tenha espaço o suficiente para abrigar meu próprio sangue. –Aenn disse. - Suas declarações só me deixaram com mais vontade de voltar.
   - Que assim seja! – Aber falou, levantando-se da cadeira. – Ileac, prepare a comitiva. Partiremos para Handun imediatamente!
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Capítulo II: Um Jovem Rei

Spoiler

Uma multidão habitava a Grande Salão do Castelo de Enstol. Homens e mulheres, velhos e crianças, ricos e pobres, de mercenários a lordes, todos vieram para presenciar a cerimônia.
   Ewin Vinter vinha com a coroa. Ele era o irmão mais novo do falecido Rei, e desde pequeno tinha decidido seguir a vida de sacerdote. Esta vida servia bem a Ewin. A coroa era a mesma de antigas gerações, de séculos da família Vinter, com estrutura de prata e joias de um azul profundo decorando toda a sua extensão. Esta mesma coroa que presenciou a ascensão e queda de reis, a vida e a morte, o amor e a traição, agora repousará sobre a cabeça de um jovem Rei.
   Após Edwin repousar a coroa na cabeça do novo Rei, alguém na multidão gritou: "Vida longa ao Rei!" e um coro se juntou a ele, com outras vozes aclamando: "Rei do Leste!", "Salvem o Jovem Rei!". Logo, todo o salão se encheu de festa, e as vozes aumentaram: "Vida longa ao Rei!", "Rei do Leste!", "Salvem o Jovem Rei!"...
   Ingrid acordou com o som dos feirantes gritando no pátio abaixo. Sentou na cama, e percebeu que estava com dor de cabeça. "Esse sonho de novo", pensou ela. "Já se passaram meses desde que aconteceu".
   O filho de Ingrid, Brandon Vinter, o Jovem Rei, havia sido coroado há alguns meses atrás após a morte de Arthur Vinter, o antigo Rei. Ingrid ainda não se confirmava com a morte do marido. Ele podia não ser mais tão jovem, até porque se casou muito tarde, mas mesmo tendo idade para ser seu pai quando se casaram, Arthur deu a Ingrid quatro lindos filhos, e nunca abandonou o amor pela espada e pela lança, mesmo com a idade avançada. Mas algo deu errado no seu último treino nas terras geladas. Arthur voltou a cidade se arrastando e sangrando. Mesmo com todos os tratamentos do Sábio do Castelo, Velgan, Arthur não sobreviveu àquela noite. Nenhum dos guardas que o Rei levou consigo para o treinamento retornou ao castelo, todos foram dados como mortos.
   E assim Brandon, um rapaz de dezesseis anos, foi coroado o novo Rei do Leste Gelado. Não agradava a Ingrid a ideia de um garoto tão novo ter que aprender todas as responsabilidades de um rei tão rápido. Claro, Ingrid ainda era a Rainha Regente, e tinha certo controle sobre o Reino, mas logo o Rei se casaria, se tornaria um adulto feito, e teria que colocar todo o reino sobre seu comando. Não seria uma tarefa fácil.
   Após acordar completamente, a Rainha se vestiu adequadamente para as tarefas do dia. O Rei estava na corte, ouvindo as declarações de seus súditos, e a Rainha deveria estar com ele.
   Ao descer as escadas e atravessar o corredor em direção ao Grande Salão, por um momento Ingrid temia se deparar de novo com a multidão gritando e aclamando por seu novo Rei. Mas o que encontrou no salão foi um número bem menor de pessoas, e o Rei já se encontrava no seu trono, coroado, e com semblante entediado. Alguma coisa no discurso do velho camponês que estava aos pés dele não despertava muito a atenção dos presentes.
   - ... e cada dia que passa mais o velhas desaparecem! – O camponês falava. – Eu posso ser velho, mas não sou bobo! Estão roubando minhas ovelhas, sim! As galinhas do meu vizinho Jon também estão sumindo, ah, se estão!
   - Vamos ceder mais um guarda para cada uma das fazendas da cidade, Ben. – Rei Brandon declarou. - Mas certifique que você e seus vizinhos mantenham seus animais a vista dos guardas. Se mesmo assim eles continuarem desparecendo, volte na próxima lua.
   - Muito obrigado, meu bom Rei. – O camponês Ben saiu dos pés do trono.
   - Nossos guardas não são infinitos, Brandon. – A voz de Benjamin Vinter, tio do Rei. Benjamin era irmão do falecido rei Arthur, e assim como ele, tinha uma paixão pela espada. Uma paixão tão grande que tinha lhe conferido o título de Espada do Inverno, um nome que usava com orgulho durante as batalhas. – Como seu Mestre de Batalhas, devo lhe alertar de que não temos guardas o suficiente para defender o castelo em caso de um ataque. Não com você cedendo guardas a todos os camponeses que tem suas ovelhas roubadas.
   - Se um dia o castelo estiver sob ataque, Benjamin, vai querer todas as ovelhas possíveis deste lado das muralhas. – Ingrid disse, sentando-se ao lado de Benjamin. – Exércitos não lutam com fome.
   - Concordo com a Rainha. – Brandon sempre fazia o esforço de não chamar Ingrid de mãe em público. – Se, na menor das hipóteses, o castelo for ser atacado, traremos tanto os guardas quanto os animais das fazendas para dentro das muralhas e defenderemos Enstol.
   - Que assim seja. – Benjamin concluiu.
   - Mais alguém deseja vir à corte? – Indagou Ingrid a multidão.
   Um guarda se aproximou para anunciar a chegada da próxima pessoa.
   - Lady Margaret Seawood, minha Rainha! – O guarda gritou.
   Os Seawood eram Lordes do porto de mesmo nome, o maior porto do Leste, que estava localizado a alguns dias de viagem de Enstol. O Reino do Leste não era famoso por seus portos como o Sul ou o Oeste, mas o porto de Seawood era bem respeitado em Evrand como uma grande cidade portuária.
   - Lady Seawood, o que a traz tão longe? – Brandon não conhecia Margaret, mas agiu com a cortesia que se fazia necessária.
   - Infelizmente não lhe trago boas notícias, meu Jovem Rei. – Margaret disse. – Burrenton Mulgen está morto, e seus dois filhos disputam pelo trono do Sul.
   A notícia da morte de Burrenton, o pacífico, já tinha chegado aos ouvidos do Leste. Ingrid só se lembrava de ter visto o Rei uma vez, numa visita ao Sul há muitos anos atrás. A morte dele não a abalava como deve ter abalado o Sul. Mas o fato de seus filhos disputarem pelo trono era novo para ela, e não lhe parecia nem um pouco agradável. Guerras Civis nunca terminavam bem.
   - Se isto é verdade, fico triste por esses dois irmãos. – Disse Brandon. – Mas não entendo qual a relação desta notícia com a sua vinda, Lady.
   - Aparentemente não há nenhuma relação, mas escute. – Margaret falou. – Martell Mulgen, o filho mais velho de Burrenton, considerado o Rei legítimo do Sul, controla todas as ilhas pertencentes ao Sul. Nossas maiores trocas em Seawood ocorriam com estas ilhas. Martell fechou todas as rotas de negociação entre qualquer porto estrangeiro e suas ilhas. Nenhum de nossos barcos que foram ao Sul voltaram. Não temos notícias. Perdemos homens, perdemos mercadorias, perdemos navios. Não sabemos o que fazer. Estamos com medo de sermos atacados, ou de não termos nossos barcos de volta.
   - Realmente a situação é grave. – Declarou Benjamin. – Tem alguma sugestão para resolver este problema, Lady?
   - Solicito alguém da Casa Vinter para voltar comigo a Seawood. – Ela disse. – Alguém da família Real para me ajudar a negociar com os Sulistas, ou para me ajudar a se defender deles. Alguns homens que saibam manejar uma espada também não seriam ruins.
   Ingrid olhou de relance para Benjamin e viu que a ideia de perder mais homens em um lugar tão distante não o agradava nem um pouco. Mas Brandon parecia disposto a aceitar.
   - Não temos muitos homens, mas providenciaremos o mínimo necessário para a escolta digna de uma Seawood e um de minha família. – Brandon disse. – Um de meus irmãos ficará feliz de lhe acompanhar, Lady Margaret. Vou pedir a um de meus empregados para lhe arranjar um quarto. Poderá partir amanhã, se assim desejar.
   - Fico muito feliz me saber que tenho seu apoio, meu Rei. – Margaret disse com um sorriso. – Sim, partirei amanhã na primeira luz do dia. Meu caminho de volta é longo.
   A jovem Seawood fez uma reverência e deixou o salão. Assim que saiu, Benjamin foi o primeiro a falar.
   - Uma Guerra Civil no Sul... Era só o que faltava! Realmente espero que os sulistas não sejam loucos de nos atacarem. Provavelmente eles estão segurando nossos navios para que não tenhamos notícias de como anda a guerra. Já sabe quem pretende enviar com ela, Brandon?
   - Enviarei Hector. – O Rei disse. – Ele sempre foi louco por aventuras. Além disso, não posso correr o risco de perder você ou Robert.
   Hector era o terceiro filho de Ingrid, o mais novo dos homens. Mesmo concordando que não seria bom enviar Robert, seu segundo filho, ou o próprio Benjamin, Ingrid temia pela segurança do filho.
   - Brandon, Hector é muito novo. – Ingrid começou. – Temo pela vida dele, tão afastado de nós. Não seria melhor mandar alguém mais velho, como seu tio Ewis?
   - Preciso de meus conselheiros mais velhos aqui, incluindo Tio Ewis. – O Rei respondeu. – Não se preocupe, mãe. – Desta vez ele não conseguiu chama-la de Rainha. – Hector estará seguro, terá meus melhores guardas, além de todo o conforto dos Seawood. Eles nunca tratariam mal o irmão do Rei. Hector só é dois anos mais novo do que eu, e eu já sou Rei. Ele se sairá bem. Vamos procura-lo para contar a novidade?
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Como é só um prólogo não tem muito o que falar. A descrição tá boa, não vi erros na escrita (mas como eu sou muito desligado para isso então é possível que tenha passado alguma coisa), mas ainda falta o "chute", algo para motivar o leitor. Seria uma boa introdução para um futuro projeto, só precisa agora da trama principal!

Impressão minha ou você tá se inspirando nas Crônicas de Gelo e Fogo? Pergunto isso pois é a minha história preferido!

Viva a lenda!




@Vincent:

Obrigado pela crítica! Realmente erros na escrita são coisas que eu presto muita atenção rs Também revi e não encontrei nenhum.
Também concordo que a história ainda está fria, só com o prólogo, mas eu escrevo muito devagar a e ainda não tive muito tempo de ambientar vcs na história que está na minha cabeça. Coloquei um resumo da série (ou, pelo menos, um resumo dos próximos capítulos q pretendo escrever) pra vcs terem uma ideia do que está por vir.

Sim, a história é altamente baseada nas Crônicas de Gelo e Fogo. GRR Martin é o melhor autor de fantasia que eu já vi desde Tolkien! rs Recomendo os livros dele pra todo mundo! São tantas ideias que eu tive lendo os livros dele, muitas das quais eu pretendo botar em prática aqui nos Contos.
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Você escreve bem. Espero que tenha continuado essa história, certamente gostaria de acompanhar. O prólogo ficou muito bom, só tenho uma crítica a fazer: humanizar mais os diálogos. Eles estão apenas informando o que os personagens pensam, faça parecer que eles realmente estão conversando. Um erro que vi:

CitarO que seu irmão faz traz muita honra a nossa Casa.

O correto seria à. Foi o único que eu achei. Espero que você não tenha se desanimado e desistido do projeto, ele está interessante. Muitos elementos da obra de George R R Martin, mas, hoje em dia, é muito difícil encontrar fantasia épica sem eles.


Atualizado!
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