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Deus da Morte

Iniciado por VincentVII, 22/07/2013 às 20:24

22/07/2013 às 20:24 Última edição: 25/07/2013 às 20:27 por VincentVII
Eu sei que andam aparecendo muitas histórias da Morte por aqui, mas fazer o quê? Eu já tinha escrito esse conto algumas semanas atrás, mês passado para ser mais exato.Porém fiquei fazendo algumas modificações na história e acabei esquecendo de postar. Quem tiver paciência de ler até o final (ah, nem tá tão grande assim) eu agradeceria muito que desse sua opinião no que gostou e no que eu posso melhorar. Obrigado pela atenção e tenham uma boa leitura!


Aceito qualquer dica de como melhorar esse imagem também, além de ter que diminuí-la um pouco


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Imortalidade...
Está aí  algo que eu julgo que todos vocês humanos devem desejar... Ser capaz de vencer a morte em seu próprio jogo, o quão bom isso parece ser? Mas mal sabem vocês que a imortalidade não é uma benção e sim uma maldição. Bom, pelo menos para mim é!
Gostaria de me apresentar do modo apropriado, mas a verdade é que eu não tenho nome e se tiver, nunca me foi contado. Porém a cultura japonesa tem um nome pra me definir e foi esse que eu adotei: Shinigami, Deus da Morte. Então, se for da sua vontade, pode me chamar assim. Agora você deve estar se perguntando "Do que diabos esse cara está falando?". Então vamos começar do início! Perdoem está frase e meu vocabulário meio chulo, não sou escritor.
Antes começar a história devo informar que não sou nem um cara e nem uma garota. Os termos mais precisos seriam algo ou alguma coisa, sério. Não tenho uma forma humana definida, posso ser tanto um homem quanto uma mulher e até mesmo um animal. Tecnicamente não "existo materialmente". Por esse motivo eu optei em utilizar a imagem icônica do Ceifador: uma caveira escondida sob um manto preto segurando uma enorme foice.
Sou isso mesmo que te falei, um Deus da Morte. Talvez deus seja uma palavra exagerada, mas gosto desse título porque me faz sentir muito poderoso. Minha função é aquela que você já deve ter ouvido nas lendas, levar as almas deste mundo para o outro. Só que o trabalho não é tão simples como parece, mas para explicar isso vou ter que te contar um pouco mais da minha história.
Eu nasci há cerca de mil anos, entre 885 e 890 D.C. não lembro ao certo. Levando em conta essa data me faz concluir que eu não sou único Deus da Morte por aí, ainda mais pelo fato que morre muito mais gente por dia do que eu mato. Eu nunca vi um deles, mas sinto que já estivemos muito próximos um dos outros, como se eu estive em um cômodo da casa e eles no outro. Só para deixar claro, de agora em diante vou usar o verbo "matar" entre aspas, pois eu não sou um assassino. Só estou fazendo meu trabalho. E infelizmente para vocês isso requer, muitas das vezes, causar a morte do indivíduo. Essa é a missão que me foi atribuída. 
Meu nascimento foi algo bem simples, sem nenhuma magia ou beleza. Eu acordei no meio de um campo muito extenso em algum canto qualquer da Terra que já não me recordo mais. Naquele momento eu tinha a forma de um espectro, uma espécie de corpo humano só que composta apenas de energia pura. Eu não tinha ideia do que estava fazendo ali e nem de onde eu tinha vindo (aliás, até hoje não sei dizer quem foi que me criou ou de onde que eu vim).
Foi então que caiu um livro bem na minha frente, chegou até a me dar um susto. Esse é o mesmo livro que eu carrego até hoje, 24 horas por dia e sete dias por semana.
Muito confuso, eu peguei o livro e o analisei por um tempo. O livro tem uma capa de couro bem velha, porém que nunca se desfaz, dura e preta. Por fora você pensa que não tem nem 200 páginas, mas se folheá-lo verá que elas nunca acabam. É algo que eu não consigo explicar. As folhas continuam vindo e vindo. O único modo de chegar à última página e fechar o livro e abri-lo do lado oposto, deste modo não dá para chegar à primeira página nunca também. Você pode até tentar arrancar as páginas, mas o livro nunca ficará fazia. Muito surreal!
Quando eu abri o livro pela primeira vez dei de cara com a seguinte carta. Por alguma razão eu já sabia ler, então peguei o papel e comecei a leitura:

"Bem vindo ao planeta Terra! Você deve estar se perguntando o que você está fazendo aqui ou porque foi enviado para este mundo. Você é uma entidade mística criada para lidar com a morte dos seres deste universo, especificamente os terráqueos. Vou reforçar que seu trabalho só será ligado aos seres humanos, as outros espécies que habitam seu mundo não são de sua jurisdição. Para efetuar tal missão lhe será concedido várias habilidades excepcionais, tais como materialização de objetos,  teletransporte, mover objetos inanimados, atravessar paredes, etc. Também nenhum humano será capaz de te ver, mas os animais conseguem sentir a sua presença (eles se encontram inseridos parcialmente em ambos os mundos, real e espiritual).
Você terá duas funções basicamente: a primeira será causar a morte dos humanos quando lhe for ordenado pelo livro e a segunda é guiar a alma deles para o outro mundo. Em casos que a morte do humano já tenha ocorrido você terá que cortar os laços que prendem a alma ao corpo e então efetuar o ritual de passagem para que a alma possa passar deste para o outro mundo.
O nome, local, data e hora da morte desses humanos marcados aparecerão escritos neste livro. Para localizar a pessoa basta se concentrar no nome do local e você será automaticamente teleportado para o lugar. Isso vale o mesmo para as mortes, basta você imaginar como ela deve ocorrer, se concentrar e ela acontecerá. Mas atenção, existem três regras:
•   Você não pode matar as pessoas que não estão com seus nomes escritos no livro
•   Você não pode utilizar de mortes impossíveis e que fogem da lógica. Você também não poderá utilizar terceiros para causar a morte
•   Você deve obedecer a decisão do livro
Após a morte do indivíduo você deve aguardar até que a sua alma se desprenda totalmente do corpo, o tempo pode variar dependendo de quanto o humano estava ligado a este mundo, e então efetuar o ritual de passagem. Isto significa explicar a alma que ela está morta e abrir o portal da passagem para o outro mundo. Para abri-lo você usar o mesmo método que já foi especificado mais acima. Não tente cruzar o portal, pois você não conseguirá! Se a pessoa se recusar a atravessá-lo você deverá convencê-la a fazê-lo ou então ficará confinado a alma até que ela decida partir. Neste meio tempo o livro não lhe dará mais nomes para que o trabalho não se acumule. 
E o aviso mais importante: não perca o livro sob hipótese alguma!"

   
A carta me deixou com mais perguntas do que respostas. De onde eu vim? Quem me criou e por que o fez? Por que justamente eu? Mas não chegou ninguém para sanar minhas dúvidas. E foi desse jeito que começou a minha carreira como Deus da Morte, trabalho que não tem carteira assinada ou férias remuneradas. Me pergunto se em algum canto do universo exista alguma espécie de Sindicato dos Deuses da Morte
De início eu me recusei a fazer o que a carte me pedia, afinal que motivos eu tinha para matar esses tais de humanos? Eu tinha um conhecimento vago sobre eles, mas não via uma razão para ter que mata-los só porque uma carta maluca dentro de um livro infinito me disse para fazer. Por isso passei dias e dias vagando pelo o mundo sozinho, já que as pessoas comuns não conseguem me ver, admirando as mais variadas paisagens e conhecendo um pouco mais o tal planeta Terra. Levei o livro junto, pois me sentia ligado a ele de alguma forma estranha. Então, acho que foi cerca de uma semana e meia depois do meu "nascimento", uma segunda carta saiu misteriosamente do livro. Esta só continha uma linha.

"Você DEVE obedecer a decisão do livro!"

Ao terminar de ler a frase senti uma dor horrível vindo da parte que nos humanos seria a cabeça. A dor foi aumentando e aumentando até que parou de repente. Entendi a mensagem na mesma hora. Se eu não fizesse o que me foi ordenado, ou aquela dor voltaria, talvez até mais forte, ou coisa pior poderia acontecer. Num misto de preocupação com medo, resolvi por as mãos a obra. Como vocês humanos dizem, o seguro morreu de velho.
A respeito dessa dor que eu senti, fui descobrindo sua razão conforme eu me acostumava com a vida de "Ceifador de Almas" e ia aprendendo um pouco mais sobre a vida além da morte.
Você já deve ter ouvido histórias de pessoas de conseguiram resistir a ferimentos mortais por um tempo que alguns médicos diriam ser impossível. Algumas pessoas acreditam que isso se deve ao fato que a pessoa tem alguma coisa para resolver antes de morrer, mas essa ideia está errada. O que acontece pode ser duas coisas: a primeira é que a morte deles está marcada para uma hora mais futura no livro, também não entendo a lógica que ele utiliza, e a segunda obviamente sou eu (ou se você não estiver no meu livro um outro Deus da Morte). Entenda que minha função não é só de "matar" humanos, por muita das vezes eu tenho que livrar suas almas do sofrimento.
Isso faz mais sentido com um exemplo. Se uma pessoa idosa morre dormindo é porque eu ou um dos outros possíveis Deuses da Morte ordenou que seus órgãos parassem de funcionar. Porém quando a causa da morte vem de um fator externo como um acidente, um incêndio por exemplo, a nossa missão muda para apenas "cortar o laço" que prende a alma ao corpo. Não estou dizendo que a pessoa vai morrer apenas depois que nós decidirmos, mas enquanto eu não fizer nada a alma continua presa ao corpo e não deixa esse mundo.
O conceito "alma" ainda não é totalmente compreendido pela raça humana. De uma forma sucinta, pense na alma como um gravador que memoriza tudo que você faz na sua vida. Na sua morte a última coisa gravada pela a alma é toda dor e tristeza que você sentiu naquele momento. Se depois da morte ela continua ligada ao corpo, as memórias daquela dor e tristeza fica rodando indefinidamente dentro da alma até que eu ponha um fim nisso. E, se eu me recusar a fazê-lo, a dor é transmitida para mim como se fosse um lembrete de há trabalho a ser feito.
Como você pode perceber, não tenho ter outra alternativa a não ser aceitar este título de "Ceifador de Almas" (esse nome também soa tão bem quando Shinigami, não acha?) e viajar pelo mundo, pondo um fim no sofrimento delas.
Confesso que não é o melhor trabalho do mundo, mas alguém precisa fazê-lo. Ao longo dos anos, todo dia e toda noite, eu viajei por toda a Terra matando ou vendo a morte de milhares de pessoas. É um trabalho interrupto e por tempo indeterminado, talvez dure toda a eternidade. Não paro de trabalhar por um segundo, mas não me sinto cansado. Posso materializar qualquer comida, mas não tenho fome. Entendo todas as línguas, mas não posso conversar com ninguém. Posso ir para qualquer lugar do mundo, mas não posso aproveitar a vista. Tenho conhecimento (por alguma razão mística que eu também não sei explicar, essas coisas simplesmente surgem na minha cabeça. Minha teoria é que quando eu ajudo alguém a passar desse mundo para o outro toda a experiência de vida que aquela pessoa obteve passa para mim) de diversas áreas, matemática, física, medicina, cultura, política, mas não posso emprega-las em nada. Estou vivo, porém não vivo! Tente imaginar você ficar preso em um loop infinito executando a mesma tarefa de novo e de novo. Na verdade nem tente, você nunca conseguirá entender por completo o quão difícil é a minha vida.
Então, continuando, se pensarmos bem minha existência pode ser considerada tanto feliz quando infeliz. O lado positivo de eu existir é que isso significa que existe algo além da morte. O que há do outro lado eu não posso dizer com certeza já que existe uma espécie de força magnética que me impede de tentar cruzar o portal de passagem. Mas existe algo sim, isso eu posso afirmar! Em algum canto desse universo existe alguma espécie de Força Superior que criou você, seu mundo, outros mundos, outras pessoas e eu e está controlando tudo que acontece. Agora que tipo de força é, eu deixo a cargo da religião de cada um para tentar explicar, pois eu não faço a mínima ideia. Talvez um dia eu consiga uma resposta definitiva, mas até lá tenho que continuar com meu "trabalho sujo".
Por outro lado, há um ponto negativo. O fato de eu ser responsável pela morte de algumas pessoas faz parecer que não existe uma escolha, que sua vida e determinada por essa tal Força Superior e ela que decide quando que você deve morrer, não importando o que você faça. Mas essa não é a verdade, existe uma escolha... só que ela não pertence a vocês!
Como eu já disse, o livro mostra o nome das pessoas que eu tenho que "matar". Você deve se lembrar de que a terceira regra do livro é "Você deve obedecer a decisão do livro". Enquanto as duas outras falam das minhas limitações essa última soa mais como um aviso. Dever não implica, necessariamente, em obrigação. Dever é algo que você é aconselhado a fazer, mas ainda tem a capacidade de ignorar. Em outras palavras, num exemplo bem idiota, você DEVE inalar o ar pelo nariz, mas NÃO PODE deixar de respirar. E a terceira regra funciona desse jeito, eu supostamente devo "matar" a pessoa, porém posso decidir não fazê-lo. Mas não obedecer ao livro tem suas consequências e eu descobri realizando certas experiências.
Depois de uns dois séculos, ali por voltas dos anos mil, eu comecei a pensar o que aconteceria se eu desobedecesse ao livro, ou seja, se deixasse alguém que estivesse marcado para morrer vivo. O meu primeiro teste foi num selvagem de uma tribo africana que deveria morrer ao sair para uma caçada. Deixei-o vivo e dois dias depois o nome dele sumiu do livro. Isso me levou a pensar que ou eu tinha mudado o futuro ou então outro Deus da Morte cuidou dele no meu lugar. Três meses depois o nome dele surgiu no meu livro novamente. Dessa vez eu não tinha que matá-lo, ele tinha sido ferido mortalmente quando uma tribo inimiga atacou a dele então só precisei despachá-lo pelo portal.
Tirei algumas conclusões, mas resolvi fazer outros testes. Então, algumas semanas, depois deixei um lenhador holandês ficar vivo e, assim como o selvagem, ele morreu. Só que dessa vez a morte aconteceu cinco anos depois por uma doença que, devido à medicina rudimentar da época, ainda não tinha cura. Isso confirmou minhas suspeitas, mas mesmo assim resolvi fazer um último teste. Na semana seguinte não matei dois irmãos filhos de um nobre da Europa Central. No ano seguinte o pai deles morreu e um dos irmãos matou o outro para ficar com a herança. O segundo irmão só veio a morrer 27 anos depois, assassinado quando suas terras foram invadidas por um povo bárbaro.
Depois dessas três experiências cheguei à conclusão que a não havia como mudar o futuro da forma que eu esperava, uma vez marcado pelo livro a pessoa iria morrer de um jeito ou de outro. Mas essa morte mais tardia do segundo irmão ainda me deixou com uma margem de dúvida.
E aí que chegamos ao século XVI. Naquela época aconteceu um evento particular. Diversos nomes apareceram no meu livro. Estas pessoas deveriam morrer todas em horários praticamente iguais e no mesmo local. Para mim não foi uma surpresa, é algo muito comum em acidentes naturais. No século XIV houve algo muito parecido só que em proporções maiores, a famosa Peste Negra. Praticamente eu passei diversos anos só na Europa despachando a alma dos doentes para o outro lado.
Só que o evento do século XVI não foi nenhuma doença. Quando eu cheguei ao local das mortes me vi entre diversas embarcações espanholas que saíram da ilha Cuba em direção ao que até então eram terras inexploradas. Já na chegada eu fiquei confuso porque quando aconteciam essas mortes em massa eu nunca tinha papel de causador, eu vinha apenas para terminar o ritual de passagem. Mas aquele dia foi diferente, daquela vez eu teria que ser a causa da morte daquelas pessoas.
Sabe, eu vejo as pessoas vivas e mortas de um jeito diferente que os humanos comuns. Quando vivas eu as vejo com um certo brilho em sua volta, como se energia emanasse delas. Porém quando o corpo já está morto ou próximo da morte esse brilho vai se extinguindo até sumir de vez. É dessa forma que eu consigo diferenciar o tipo de serviço que vou ter que realizar.
E naquele dia, naquela noite para ser mais fiel aos detalhes, todos dentro daquelas embarcações brilhavam como se fossem feitos de ouro. Não seria um trabalho complicado "matar" todos eles. Destruir barcos não era difícil, eu só precisava imaginar uma tempestade e aquelas frágeis embarcações seriam destruídas pela força do mar. Trabalho completo!
Porém eu acabei tendo uma ideia. Nas experiências anteriores eu só havia poupado um indivíduo (dois no caso dos irmãos, mas não faz tanta diferença assim). E se eu poupasse a vida de diversas pessoas ao mesmo tempo? O que aconteceria com eles? Iriam todos morrer ao mesmo tempo no futuro? Alguns sobreviveriam? Eram tantas possibilidades, uma ideia muito tentadora. Já da para adivinhar o que eu fiz, não é? Dei as costas e deixei aqueles homens vivos para ver o que ia acontecer. Aquilo seria a prova definitiva se eu podia ou não mudar o destino.
Levou quase duas semanas para que os nomes daqueles marinheiros sumissem do meu livro. Aquilo me fez pensar que a tal Força Superior estava me dando uma chance para voltar atrás, mas eu não cedi. Deixei que aqueles homens pudessem experimentar de uma segunda chance. Na pior das hipóteses outro Deus da Morte iria fazer o trabalho por mim. Nunca aconteceu algo do tipo, mas existe essa possibilidade.
E então vieram as consequências...
Meses depois novos nomes apareceram no meu livro e junto deles alguns conhecidos. Consegui reconhecer daquela noite no barco, mas a outra parte me era totalmente estranho. Me teletransportei para os locais indicados no livro e percebi o erro que tinha cometido.
Na embarcação que eu deixei de afundar se encontrava aquele que chamavam de Hernán Cortés. Se você se lembra das suas aulas de história deve saber que Cortés ficou conhecido como o conquistador do México. Seguindo sua liderança os espanhóis causaram o extermínio do povo Asteca que dominava a região que hoje é conhecida como México. E o massacre foi patrocinado por ninguém menos que eu. Se eu tivesse destruído os barcos, Hernán e seus homens nunca teriam encostado um dedo no território asteca e o massacre não teria acontecido. Os fins justificam os meios...
Depois desse evento resolvi não interferir mais com as escolhas do livro. Não que eu tenha me sentido mal pelo que fizera. Não tenho o menor sentimento pelos humanos. Para mim eles só são ferramentas de trabalho, arquivos que eu tenho que guardar, gado que eu tenho que guiar, coisas irrelevantes. O que me irrita é o fato que o livro venceu, a Força Superior me mostrou que a decisão dela é inquestionável e infalível. Eu tenho que obedecê-lo ou então só farei as coisas piorarem. Ninguém tem uma escolha... eu não tenho escolha! De certo modo sou como os humanos comuns, apenas um escravo do destino.
Mas afinal por que eu estou lhe contando tudo isso? Porque, se você ainda não percebeu, eu estou cansado dessa vida de Deus da Morte. Já não aguento mais ficar indo de um lado para o outro, causando a morte a torto e a direito sem ao menos ter uma explicação, uma razão para justo eu ter que fazer isso.   
Agora neste exato momento eu deveria estar trabalhando. Estou aqui na frente da nova vítima, um pequeno bebezinho. E estou tentado em dar as costas novamente. Só que a questão não é que minha próxima vítima é um bebê. Para mim pode ser homem, mulher, velho, criança, bebê, cachorro, etc.; não faz a mínima diferença. Trabalho é trabalho, alma é alma. O que me incomoda é esta maldita carta aqui.
Quando eu cheguei a este quarto o bebê estava sozinho em seu berço dormindo tranquilamente. Eu já estava pronto para causar-lhe uma febre da qual ele não se recuperaria (desculpe a frieza, mas é este o meu trabalho, fazer o quê?) e passar para o próximo da lista. Mas foi aí que eu vi a carta. Primeiro eu achei que devia ser alguma mania estranha dos pais do bebê, tem louco pra tudo nesse mundo. Então eu vi o nome para quem a carta estava endereçada. Duas simples palavras:

"Shinigami, leia!"

  Aquilo estava longe de ser uma mera coincidência. Quem mais além da Força Superior saberia que eu gostava de me chamar de Shinigami? Isso era algo que eu guardava na minha própria mente, além disso, eu não tenho com quem conversar. Não tinha dúvidas que aquilo era uma mensagem para mim. Abri a carta com um sentimento estranho que julguei ser apenas uma coisa: esperança! Imaginei que aquilo poderia ser finalmente as tão aguardadas respostas que eu sempre quis saber a respeito da minha existência. Ou ainda melhor: uma carta de aposentadoria, o único sonho que eu tinha nessa minha vida de ceifador. Cheguei até a esboçar um leve sorriso. Leve o cacete! Cheguei a gargalhar de felicidade.
Dizem que "a esperança é a última que morre", então não deve restar mais nada vivo nesse planeta. E pra isso bastou apenas uma frase, a mesma que me acompanha desde que eu surgi:

"Lembre-se: Você DEVE obedecer a decisão do livro!"

Mil anos de serviço interrupto. Mil anos de obediência cega, sem exigir quaisquer explicações. Mil anos de trabalho exemplar. Certo, cometi umas infrações. Mas só foi porque eu queria entender melhor a minha existência, algo que me foi privado desde o dia que eu "nasci". Mereço ser penalizado por causa disso? HEIN? Mil anos de solidão. Mil anos sem saber de onde vim. E o que eu recebo em troca? A merda de uma frase me lembrando de que eu não passo de um escravo! É isso que eu mereço? É essa a minha vida? Trabalhar eternamente sem saber o porquê? Ser o cachorrinho dessa merda de Força Superior que nem sequer me mostra a cara? Nem se quer me diz um oi...
Para mim isso é a gota d'água! Ouça aqui sua Força Superior maldita, não finja que você não pode me escutar. Eu sei que você está aí, desgraçada! Eu quero respostas já caso contrário não irei trabalhar. Ouviu bem? O Deus da Morte está em greve! G-R-E-V-E! Este bebê vai ficar vivo até que você mostre as caras e me dê as devidas explicações. A partir de agora não "mato" mais ninguém sem motivo. E nem pense mandar outro vir aqui terminar o serviço, eu acabo com eles! Explique-se, ou me despeça ou arque com as consequências. E eu sei que haverá consequências!
E não aja como se a morte desse bebê não fosse importante. Se você se importou o suficiente para me deixar o lembrete, quer dizer que as consequências devem ser desastrosas. Então? Está disposta a arcar com as consequências? Eu não estou nem aí para o que vai acontecer com a humanidade, mas se você for o tal Deus que eu ouço tanto sobre a bíblia você com certeza não vai querer ver seus preciosos humanos pagarem um preço tão alto. Então... o que vai ser? Se sente com sorte? 
Durma tranquilo, bebezinho, nada de mal irá te acontecer se depender de mim. Este Deus da Morte se cansou de ser usado. Sonhe com os anjos... Adolf Hitler!
Hahahahahahahaha... HAHAHAHAHAHAHAHAHA!!!
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Viva a lenda!



Li por fora, comecei cheguei no meio e parei, achei legal cara, ta meio death note com jogos mortais, vou continuar lendo, "desculpe não sou escritor então perdoem meu vocabulário chulo."  :clap:
Na logo, você poderia deixar o fundo transparente e a morte(caveira) um pouco borrada, acho que ficaria legal.
Parabéns pela escrita.

22/07/2013 às 22:01 #2 Última edição: 22/07/2013 às 22:07 por felipefalcon
Li inteiro achei bem legal^^
O jeito como colocou que tudo tem uma consequência.

Mas este final ficou meio estranho... como se o shinigami, soubesse já o que iria ocorrer.

Achei alguns errinhos, mas nada que tire a graça do texto. E não irei explicar onde errou, dá para se ver, e também terá de procurar, pois não numerei kkkkkkkkkk^~

Spoiler
basta você  se imaginá-la e ela acontecerá

O lado positivo de eu existir é que isso significa que isso algo além da morte.

Trabalho é trabalha, alma é alma.

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"Me lembrou Soul Eater"
  

@Tiaguu

Valeu! Estou tentando dar uma melhorada na imagem, mas design realmente não é meu forte. Eu me baseei em vários pontos de vistas diferentes para criar este Deus da Morte. Mais especificamente: o visual eu peguei do Ceifador clássico, o nome vem da cultura japonesa, o livro com os nomes eu pensei num episódio de Além da Imaginação, etc.

@felipefalcon

Primeiramente, obrigado por mostrar os erros. Eu fico reescrevendo tanto minhas histórias que acabo esquecendo de deletar palavras e embolo algumas frases. A ideia central da história era mesmo a respeito de que cada ato tem sua consequência, que tudo tem uma razão pra acontecer.

A respeito do final:

Spoiler
Não é que o shinigami saiba o que vai acontecer exatamente, mas ele sabe que algo vai acontecer. Ele deduziu isso com base no que aconteceu no México e por causa que havia um aviso junto com o bebê. A risada no final é pra evidenciar que ele ficou um pouco louco a ponto de querer desafiar a tal Força Superior que o criou.
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Obrigado os dois por opinarem!

Viva a lenda!