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Esquadrão Quimera Negra

Iniciado por Kazuyashi, 20/08/2013 às 03:37

20/08/2013 às 03:37 Última edição: 20/08/2013 às 03:47 por Kazuyashi
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Esquadrão Quimera Negra

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Considerações
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Fazia tempo que não escrevia uma história e fiz rapidamente o esboço de uma. Escrevi também num estilo que não estou habituado. Gostaria de saber, se possível, a opinião de vocês e se devo continuá-la ou não. Ou ainda, caso deva continuá-la, se mudo o estilo ou sigo no mesmo. Obrigado! =)

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Capítulo 1 [talvez único(ou não)]
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        Brandiu a espada aos berros e voltou-se ao público, mostrando numa das mãos a cabeça ensanguentada do adversário, segurada pelas longas madeixas louras. Aquele era o divertimento mais barato e prazeroso de Hacot, um vilarejo miserável, perdido em meio às entranhas do Reino de Andór.

        Homens levavam sua esposa e filhos para assistirem ao sacrifício gratuito. Geralmente ao término havia grande comemoração e todos confraternizavam doando o pouco que tinham. "Nada como o desespero de outrem para esquecer-se das próprias mazelas. Isto é o que torna essas matanças tão belas, Tharrey", dizia-me, certa feita, Balthos, grande amigo e também Conselheiro Militar. De fato ele estava certo.

        Gritos ensandecidos logo saturaram toda a arena, tornando impossível escutar até mesmo os próprios pensamentos. Pude observar, todavia, o homem remanescente – herói temporário da multidão – outrora capturado como escravo por dívidas. Quando o vi se aproximar pensei em dar-lhe parabéns, mas a ideia escapou-me à mente. Gandálos ainda estava com a arma em punho. E se quisesse arrancar minha cabeça também? Estes bárbaros são irracionais. Preferi não arriscar-me.

        Esperei a arena esvaziar, os gritos cessarem, os nervos se estabilizarem, e então entrei na cela dos combatentes. "Estou aqui para ver Gandálos, o grande vencedor do combate de hoje", falei enquanto dava meus primeiros passos naquele cubículo infestado de ratos e fossas. "E quem é que deseja isso?", destacou-se uma voz ao fundo, em meio aos murmúrios dos outros lutadores.

        "Perdão por não me apresentar. Sou Tharrey, Primeiro-tenente do Esquadrão de Infantaria Quimera Negra de Andór. Preciso conversar imediatamente com Gandálos. Tenho uma ótima proposta para lhe fazer e, a menos que louco seja, duvido que ele recuse".

        O silêncio instaurou-se por completo. Talvez tivesse sido soberbo em demasia ao mencionar meu honroso e merecido posto militar. Ainda mais para àquela escória, dejetos da sociedade que ali estavam. "Não me lembro de ter assuntos a tratar com um oficial de Andór. Não vou nem ouvir o que tens a dizer. Caia fora daqui".

        Todos olharam espantados. Talvez percebessem as veias saltando de minha têmpora. Qualquer homem com o mínimo de decência sabia que não deveria irritar um oficial. Em se tratando de um oficial do Quimera Negra, ainda mais tenente  – considerados verdadeiros torturadores sádicos e libidinosos – o bom senso deveria vir redobrado.

        Para homens tratados como porcos no matadouro, acostumados a surrarem e serem surrados a sangue frio, até a morte, cerrarem os olhos e tamparem os ouvidos com expressões de pavor não era lá algo muito comum. Pensaram provavelmente que, no mínimo, algumas das cabeças que ali estavam rolariam pela ponta do meu sabre.

        Confesso que pensei na possibilidade, mas nada disso. Não fiz muito. Segurei-me. "Não quer ouvir o que 'um oficial de Andór' tem a dizer, certo?", encarei Gandálos com um sorriso indefinido à mostra. "Que rude, Gandálos. 'Cair fora'? Tudo bem. Não, sério. Tudo bem, Gandálos. Já que dizes não querer ouvir-me, terei então de conversar com Cyna".

        Fiz uma pausa estratégica. Gandálos arregalou os olhos numa expressão de fúria imediata e naquele momento percebi que poderia continuar. "É tua esposa, certo? Ouvi dizer que é uma mulher muito atraente. Certamente com o homem que ama aí, preso, fadado a morrer em breve, ela deve estar se sentindo muito só, muito carente. Cyna precisa de um homem de verdade: másculo, rico, influente, com uma carreira brilhante – 'um oficial de Andór' já serve. Cyna precisa de um que não um escravo, Zé ninguém e pé rapado como o que casara".

        "Se encostar um dedo sequer nela, seu bastardo, vou até o fim do mundo; vou até o inferno se preciso para pessoalmente arrancar tuas tripas fora e comê-las uma a uma". A essa altura, Gandálos estava tão próximo que podia sentir seu bafo quente em minhas narinas. "Calma, eu só estava brincando. É claro que não faria algo assim. Nem te quero me perseguindo por aí, comendo minhas tripas. Por ora, poderia, por favor, se afastar e ouvir o que tenho a dizer?".

        O capataz da cela levou-nos a uma sala reservada, imunda, com uma pequena mesa de madeira podre no centro e dois bancos tão podres quanto ela. Gandálos se sentou em um deles enquanto preferi ficar de pé. Nem morto sentaria naquele lixo. "E então? Desembucha. O que veio tratar comigo, 'senhor Primeiro-tenente?".

        Por mais irritado que estivesse, ignorei o sarcasmo e introduzi o assunto imediatamente, afinal, não queria passar sequer um minuto a mais naquela sala além do necessário. "Deves conhecer o Conselheiro e Segundo-tenente Balthos, meu superior e subordinado direto ao Capitão Beagne". Gadálos fez que sim com a cabeça e então prossegui: "Deves saber também que nosso reino está entrando em guerra". Outro movimento de pescoço.

        "Balthos disse tê-lo visto em combate e que és formidável. Tão pleno na arte da esgrima e técnicas mortais que faria inveja aos nossos melhores homens. Sinceramente, o vi lutar. Esperava mais. Muito mais. Entretanto esta é uma ordem superior e não posso negar-me a cumpri-la".

        "Chegue ao ponto", Gandálos interviu. "Caso aceites entrar para o Quimera Negra e ajudar-nos na guerra, tuas dívidas serão proscrevidas e tu voltarás a ter a vida de um homem livre".  Gandálos se levantou. "Para deixar claro: pouco me importa tua opinião, 'Primeiro-tenente' de araque. Cale esta boca e me leve logo contigo. Nem perguntarei o que acontece caso recuse, pois não recusarei. Tenho uma dívida antiga com Balthos. Algo que talvez não consiga pagar nesta vida. Não posso me negar, por mais que queira. Portanto, cale a droga desta boca e faça teu trabalho".

        "Só para deixar claro, seu escravo pé sujo de merda: poderia muito bem arrancar tua cabeça fora num golpe só e dizer para Balthos que morreste digladiando. Que ele havia superestimado tuas habilidades e que tu acabaste de quatro na lama de modo patético. Tenho fé pública. Duvido que qualquer um destes outros lixos que aqui estão tivesse a coragem para me opor", puxei de mim o cuspe mais intenso e projetei-o próximo aos pés de Gandálos, "e após matar-te, buscaria pela tua mulher para que tivéssemos uma intensa e prazerosa noite de amor".

        "Este é o último aviso, 'Primeiro-tenente'. Você se acha cruel e frio, mas garanto que já vi dez vezes mais mortes que qualquer um. Sei métodos de execução que sequer ouviste falar. Estou numa posição de quem não tem nada a perder, a não ser a mulher que ama. E quem está numa posição assim pode facilmente cometer os atos mais atrozes. Se quiseres ver um homem verdadeiramente louco, experimentai falar de Cyna novamente".

        "Que seja. Estamos perdendo tempo aqui. Vamos logo sair desta sala imunda. Não vejo a hora de livrar-me deste cheiro insuportável de ralé e esgoto. Vamos logo ver Balthos". Caminhamos para fora daquela cela, daquela arena, e rumamos para o norte, em direção ao Esquadrão Quimera Negra. Levaríamos ainda alguns dias para alcançá-lo.
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Eu deveria estar escrevendo, mas estou aqui lendo as histórias do os outros. Tô procrastinando demais! Já que li tudo não custa nada deixar um comentário.

Saco, outra vez nenhum erro ortográfico! Um dia eu ainda encontro um. Mas isso não vem ao caso, o mais importante é a história. No geral eu gostei. Acho que você poderia ter colocado um pouquinho de luta entre o Gandálos e o cara que ele matou para que pudéssemos ter uma noção da habilidade dele. Digo por questões pessoais eu não gosto quando o autor apenas diz que o cara é bom, gosto de imaginar ele lutando.

Os diálogos também ficaram bons apesar de eu não curtir muito esses "és", "ouvires", "quisestes". Prefiro uma linguagem com mais "você" do que "vós", entende? Mas tudo bem, esse é o seu estilo e como eu disse não ficou ruim, só foi questão de preferência. Só recomendo não colocar a fala junto com a descrição a não ser que seja um pensamento do locutor. Acho que fica meio embolado.

Eu acho que você deve continuar porque não dá pra tirar uma conclusão de apenas um capítulo. Melhor desenvolver a história mais um pouco e então ver se tem ou não futuro.

Viva a lenda!



Olá, como sempre eu venho aqui comentar sobre os textos, né? Acho que eu não iria ser um amigo se eu só esperasse que as pessoas notassem a minha brilhanteza (ashuashuahsu, estou brincando). Adoro essa família, sério. O único fórum que conseguiu me prender tanto tempo, até agora, foi o meu antigo (Clube Livro) e agora a CRM. As pessoas aqui são agradáveis, amigas, companheiras.

Acredito ninguém gosta de comentários elogiativos (essa palavra não consta no dicionário). Eu vou fazer uma crítica sintética, por que eu estou um pouco ocupado, especialmente hoje.

Bem, já que se trata de um texto medieval, literalmente falando, o estilo da escrita conjuga muito bem a história, sim. Essa linguagem mais rebuscada dá espaço a língua da época, o que é bom (ótimo).

Contudo eu encontrei em seu texto uma má formação de certas sentenças, que não estão (em hipótese alguma) erradas. Elas apenas deveriam estar uma ordem diferente.

Por exemplo:

Citar(...) Pude observar, todavia, o homem remanescente (...)

Saliente-se que em um texto de linguagem mais formal (antiga) você deve torna-lo mais fluído, isso porque já existe um grau de dificuldade da compreensão, afinal nem todos tem prática ou familiaridade com textos assim.
Você deve fazer o máximo para não por vírgulas como você poria em um texto normalmente escrito (com linguagem moderna).

Como eu diria?

Citar(...) Todavia, pude observar o homem remanescente (...)

É pessoal, completamente pessoal (uma decisão que só cabe a você), você não precisa mudar. Eu só acho que poderia ocorrer esse tipo de adequação no seu texto.

E outra coisa, evite por "numa", tente o máximo possível usar o "em um" ou "em uma", é mais vantajoso. Já que o texto é formal, então evite contrações.

Gostei muito da história, acho que deve ser continuada. Também entendo, assim como o VincentVII no tocante à:

Citar(...) Acho que você poderia ter colocado um pouquinho de luta entre o Gandálos e o cara que ele matou para que pudéssemos ter uma noção da habilidade dele (...)

Discordo do VincentVII no que diz ao gosto, afinal eu adoro "és", "ouvires", "quiseres", acho isso fofo. AHSUAHUS.  :lol:

Abraços, kiryo!
Aye, sir!