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Escuridão

Iniciado por VincentVII, 24/10/2013 às 18:30

24/10/2013 às 18:30 Última edição: 29/10/2013 às 20:20 por VincentVII
Com todo mundo postando suas histórias resolvi me juntar a brincadeira. Não estou participando do concurso, mas eu queria usar esse ícone de Halloween. É a primeira vez que eu escrevo um texto nesse estilo, vi o Moon[light] e o Nae usando nas histórias deles e resolvi tentar também. Espero que gostem.

Me baseei no mistério da Colônia Perdida de Roanoke e no filme O Mistério da Rua 7. Não é um filme muito bom, teve uma premissa boa só que falhou na execução, mas me deu umas ideias boas.

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Escuridão

01 de outubro de 2013

Já faz dois meses que Janice morreu. Ainda não superei. Continuo bebendo, menos do que antes só que mais do que deveria. Minha filha disse que vai vir me fazer companhia. Não queria que ela me visse assim, mas ela insistiu. Teimosa igual à mãe! Provavelmente vai falar na minha cabeça por não estar tomando os remédios que o doutor Alfredo receitou. Ando escrevendo como ele me disse para fazer, mas não vejo a diferença.

02 de outubro de 2013

Hoje o trabalho foi uma merda. Cinco casos de violência doméstica, um assalto e três queixas de vandalismo. Preciso de uma bebida!

03 de outubro de 2013

Acabaram as cervejas, preciso passar no mercado nesse sábado. Também andei pensando pegar mais um pouco de gasolina. Muitos blecautes acontecendo ultimamente e o gerador está pela metade.

04 de outubro de 2013

Não sinto vontade de escrever.

05 de outubro de 2013

Lisa ligou, não vai dar para vir essa semana. Michael anda passando mal. Trabalho continua uma merda. Fui no mercado e comprei mais cervejas e passei no posto para comprar gasolina. Tenho o suficiente para me manter por mais ou menos uma semana direto. Digo de gasolina, a cerveja não passa de domingo.

07 de outubro de 2013

Não escrevi nada ontem e estou de ressaca. Preciso ir para o trabalho.

***

As coisas ficaram mais interessantes hoje. Recebemos uma denúncia de desaparecimento. Marisa Fagundes, 32 anos, solteira, morava sozinha. Não há sinal de arrombamento, furto ou luta dentro do apartamento. Vizinhos falaram que ela chegou ontem a noite em casa por volta das onze e hoje de manhã não saiu para trabalhar. Peguei o caso, pelo menos agora tenho algo para ocupar minha cabeça que não seja álcool. Ainda sinto falta de Janice.

08 de outubro de 2013

A perícia não encontrou nada. É como se essa mulher tivesse sumido no ar. Preciso olhar alguns papéis, talvez tenhamos deixado algo passar. Pelo menos tem uma notícia boa, Lisa me ligou. Michael está melhor e eles virão nesse final de semana.

11 de outubro de 2013

Esses dias estão sendo infernais! Não conseguimos encontrar nada sobre o desaparecimento de Marisa. A mulher evaporou. O chefe anda me pressionando e a mídia já se aproveitou da história. Nunca deveria ter pego o caso, acho que vou passá-lo para o Ramirez ou para o Lopes. Vou beber um pouco para clarear a mente. Até parece, clarear!

P.S: Devo estar bebendo demais, juro que senti que o dia escureceu mais rápido hoje.

12 de outubro de 2013

Preciso verificar as fechaduras. Ontem à noite senti que havia alguém dentro de casa. Olhei a casa hoje cedo, mas não encontrei sinal algum de invasão. Deve ser o caso mexendo com a minha cabeça. Estou mantendo as luzes do quarto acesas por precaução. Lisa e Michael chegam amanhã.

13 de outubro de 2013

Lisa me telefonou de madrugada. O carro enguiçou e eles tiveram que ficar num motel alguns quilômetros fora da cidade. Fui buscá-los hoje cedo. Fizemos um churrasco. Lisa me contou que está grávida. Janice teria adorado a notícia. Ouvi passos novamente na casa, deve ter sido Michael com aquela insônia dele de novo. De qualquer forma, reforcei as fechaduras.

15 de outubro de 2013

Esqueci de escrever ontem. A visita de Lisa tem me feito bem. Ela está arrumando a casa e Michael é ótimo para conversar. Tivemos outro desaparecimento. George e Marta Gusmão, casados há 40 anos. Sem sinais arrombamento, roubo ou luta tal como no caso de Marisa. O chefe insiste que deve haver uma conexão. Eu não acredito, tem algo muito estranho nessa história.

16 de outubro de 2013

Outro desaparecimento, cinco pessoas de uma vez, uma família inteira. Os Mendes sumiram nas mesmas condições que os outros casos. Só pode ser um trabalho em grupo. Metade da delegacia está investigando agora. É como se as pessoas estivessem virando pó. O chefe está louco, a cidade está com medo e eu não sei o que fazer. Para piorar encontraram um quadro na casa dos Mendes com a palavra Croatoan escrita por cima da pintura. Que diabos isso significa? Lisa está bem preocupada. Pedi para que Michael a levasse de volta para a casa deles. Me sinto mais tranquilo com eles lá. O problema que agora estou sem carro.

P.S: Agora eu tenho certeza que o dia tá escurecendo mais rápido. São seis da tarde e já está tudo completamente escuro. Vou arranjar umas lanternas por via das dúvidas.

20 de outubro de 2013

Tirando a morte de Janice, estes quatro últimos dias foram os piores da minha vida. Tive que ir trabalhar no final de semana. Vinte e oito casos de desaparecimento. Todos no mesmo estilo dos outros, inclusive um dos nossos policiais desapareceu. Algumas pessoas estão deixando a cidade enquanto as que ficam são alertadas para não deixarem seus lares à noite. Como se isso fizesse a diferença. As pessoas estão sumindo dentro das suas próprias casas, cacete! Que diabos está acontecendo nessa cidade? Andaram ocorrendo mais apagões e voltei a ouvir os barulhos. Deve ser algum rato, espalhei diversas ratoeiras pela casa.

22 de outubro de 2013

Não consigo parar de pensar naquela palavra, Croatoan. Tenho que me lembrar de pesquisar sobre ela no computador. Houveram apenas cinco desparecimentos nesses últimos dois dias, mas ainda é preocupante. Os barulhos continuam e as ratoeiras não pegaram nada. Tive a impressão de estar sendo vigiado hoje, agora estou dormindo com a minha arma!

P.S: Hoje era cinco e meia e já estava escuro. Que merda é essa?

23 de outubro de 2013

Eu vi, eu sei que vi. Alguém ou alguma coisa, não sei o que é, mas estava ali. Eu estava no porão trocando o galão do gerador. Desde os últimos apagões resolvi deixa-lo ligado direto. A luz começou a piscar. Achei que era uma falha então fui até a caixa elétrica. Não vi nada de errado. Quando me virei a luz piscou de novo e apagou. Quando ela reacendeu vi uma espécie de sombra parada na minha frente. Ela durou só um segundo, mais foi o suficiente para me dar um susto. Contei isso para o chefe e é claro que ele riu de mim. Disse que eu estava ficando doido por causa dos casos e me mandou de volta para casa pelo resto da semana. Estou com insônia, vou ter que tomar algum remédio para dormir

24 de outubro de 2013

Não consigo ficar em casa. Não depois do que li! Com o tempo livre, finalmente resolvi procurar o que significava aquela palavra, Croatoan. Em 1590, mais de cem pessoas simplesmente desapareceram da colônia de Roanoke nos Estados Unidos. Não encontraram nenhuma pista a não ser a palavra Cro cravada numa árvore e a palavra Croatoan numa cerca. Até hoje ninguém sabe o que causou o sumiço dos colonos. Eu nunca fui do tipo supersticioso, mas não vou mentir, estou assustado. Insônia novamente, ainda sinto que estou sendo observado.

25 de outubro de 2013

As pessoas andam assustadas demais até para sair da cidade ou de suas próprias casas. As ruas estão praticamente desertas. Lisa ligou para mim perguntando como eu estava. Não contei nada para ela, nem sobre a sombra e nem sobre a colônia perdida. Não quero que ela pense que estou ficando doido, ainda mais com quantidade de remédios que estou tomando. Ela me disse que Michael viria nesse final de semana me entregar o carro. Porém eu falei que não, disse que eu mesmo iria lá buscá-lo. Amanhã deixarei essa cidade e não pretendo voltar tão cedo!

P.S: Quatro horas e já está tudo escuro. Já perdi outro galão de gasolina, talvez devesse desligar um pouco esse gerador. Amanhã vou pegar mais gasolina.

26 de outubro de 2013

Dez horas da manhã, dez horas e ainda estava escuro. QUE DIABOS É ISSO? O sol veio aparecer ao meio dia. Fui até a delegacia apenas para encontra-la vazia. Remexendo em uns papeis descobri que nesses poucos dias que fiquei afastaram ocorreram mais de duzentos desaparecimentos. Uma nota me deixou perturbado, nela dizia "Eles estão na escuridão". Não sei quem escreveu isso, mas não acho que ele esteja mentindo. Tem algo acontecendo nessa cidade. As linhas não funcionam e não vi um ônibus em circulação. Encontrei algumas pessoas pelo caminho e elas estavam tão confusas quanto eu. Falei para elas deixarem a cidade o quanto antes. Encontrei um de meus vizinhos e ele me disse que estava deixando a cidade e me ofereceu uma carona. Fui até em casa pegar mais algumas coisas, porém quando voltei não encontrei ele. Procurei por algumas horas até que começou a ficar escuro de novo. Diabos, esqueci de pegar a gasolina! Olhei no relógio, eram três da tarde. Agora estou trancado em casa sem saber o que fazer. Tenho medo, muito medo.

?? de outubro de 2013

Eu não sei quanto tempo se passou desde o último raio de sol. Está tudo tão escuro. A gasolina está acabando.

?? de outubro de 2013

É dia? É noite? Quem sabe? O sol apareceu mais antes que eu pudesse sair da cidade começou a ficar escuro novamente. Não encontrei ninguém no caminho. Temo que eu seja o último na cidade.

?? de outubro de 2013

Estou ouvindo barulhos pela casa toda. Não se parece com humanos. Cheguei na janela e acho que vi a mesma sombra do porão. Há mais iguais a eles. Meu Deus...

?? de outubro de 2013

Coloquei o último galão no gerador há poucas horas. Ou muitas, não sei quanto tempo já se passou. Desliguei todos os outros aparelhos e agora só mantenho a luz do quarto ligado. Eu deveria ter pego mais. Muito mais! Pelo menos ainda tenho minhas lanternas. Estou com medo de sair. Sei que eles estão lá fora me esperando. Aquelas malditas sombras! Há tempos que não vejo outro ser vivo. Só escuridão. Nem mesmo as luzes da cidade estão funcionando. Não posso sair, não posso ficar. Oh Deus, o que está acontecendo? Isso é uma espécie de castigo? Meu tempo está acabando. Sinto que a qualquer momento as luzes irão apagar e eles virão atrás de mim. Por favor, se alguém encontrar esse caderno, digam a minha filha que a amo.

?? de outubro de 2013

...CROATOAN...
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Viva a lenda!



Vou dizer que gostei do texto. A ideia em si foi boa e contar ela como um diário ajudou bastante. Não acho que é o tipo de situação que se exploraria de outro jeito. Período de tempo longo demais. De um modo ou de outro, o resultado foi bom.
E acho que esse texto exemplifica o que eu falei no outro tópico sobre não dar explicações. Embora nesse caso seja um aspecto da lenda que te inspirou, é muito mais interessante (para não dizer assustador) não saber do que se trata. A sensação de que é uma força irresistível é maior, entende?
Acho que a única coisa que poderia ficar mais interessante seria se, conforme fosse passando o tempo, o texto fosse refletindo a perda da sanidade mental do protagonista. Frases curtas, palavras simples, um texto mais e mais seco, entende? Isso reforçaria a ideia de que o que está acontecendo está destruindo a mente dele.
Mas, enfim. Muito bom trabalho.

Eu realmente estou ficando muito babaca... ou muito velho. Você decide.

Valeu por passar aqui e comentar Moon[light]. O tempo realmente é um soco na minha cara, eu não consigo trabalhar bem com ele. Eu queria que a história terminasse no dia 31, mas não sabia quantas passagens no diário eu teria. Aí resolvi deixar no dia 1 por garantia e aí resolvi pular alguns dias.

Eu até pensei em dar um enfoque maior na questão da sanidade, mas não sabia se ia conseguir evoluí-la direito então resolvi não arriscar. Vou tentar fazer uma versão 2.0 igual eu vi no Slender Man e melhorar esse aspecto.

Obrigado novamente por comentar!

P.S: Depois de escrever essa história eu pude entender esse lance do inexplicável, realmente dá um charme maior no terror.

Viva a lenda!



31/10/2013 às 21:32 #3 Última edição: 31/10/2013 às 21:36 por Kazuyashi
Boa, Vincentão! Você, como escritor, vem evoluindo muito e rapidamente. Assim como o Moon[light], gostei bastante do que li. O desenvolvimento ficou muito bom. De fato, você acertou ao escolher contar a história por meio de um diário. Desenvolver o lance da sanidade realmente daria um tchân, mas ficou bom do jeito que está. Acho que é justamente pelo fato de o personagem não ter todos os parafusos presos, já que sofre de alcoolismo e, aparentemente, de depressão. E é verdade que o "inexplicável" sempre cai como uma luva em histórias de terror. Você soube aproveitar bem isso. E particularmente não conhecia a lenda do Croatoan. Dei até uma pesquisada aqui e pude aprender alguma coisa.

Enfim, ótimo trabalho! Continue assim, meu amigo.

Um grande abraço,

Kazu-...CROATOAN...

Brigadão por comentar, Kazu! Eu adorei esse estilo de contar a história por passagens no diário, já tinha vontade de escrever assim desde que li "Drácula", de Bram Stoker. Quando vi o estilo nos contos do Moon[light] e do Nae para o Halloween a vontade só aumentou. Fiquei surpreso como combinou com a história porque na versão original era estilo um mockumentary, mas não senti que estava desenvolvendo legal.

Eu queria muito ter trabalhado a sanidade do detetive (que até hoje não pensei num nome pra ele), pois adoro esse tema. Mas ainda não sei lidar muito com ele, então preferi deixar do jeito que você notou: alcoolismo e depressão.

Até mais, Kazu!

Viva a lenda!



É meio que uma faca de dois gumes. Se não estiver se sentindo confiante, não faça. Mas não significa que você não pode treinar e reescrever a história, de forma não oficial, e incluir os elementos que faltam. Com o tempo, você vê o que fica bom e o que não fica e qual seria a melhor maneira de conseguir o efeito desejado.

E quanto ao nome, acho que não há a necessidade de criar um. O personagem ficou bem como "indigente". Hehe.

Um grande abraço!

Kazuyashi.