Carta de Despedida

[Molotov Dias]

Vamos brindar, caros amigos! Pois o cheiro de nossa carne se demonstra podre. Já podemos ver nossos sangues coagularem e já podemos sentir o doce beijo da morte.

Poderemos morrer felizes agora! Nós finalmente nos livraremos de todas sanguessugas e parasitas que de nosso sangue se nutrem. Mas vos digo, meus amigos, diferente deles eu não preciso tomar banho para manter-me limpo!

Apesar de tudo, hoje verei o sol se pôr pela última vez, mas mesmo assim estou feliz, pois minhas dívidas com a humanidade serão pagas, se é que devo algo a eles.

Hoje uma carta chegou até mim. Trazia um cheiro doce e a marca de um batom vermelho, aliados a uma mensagem melancólica, que dizia: Já cavaram tua cova e montam tua forca. Era eminente.

A morte sempre é eminente e ela sempre nos aguarda na esquina, com um cigarro na boca, sorrindo. Por isso não me sinto triste, ao contrário! Sinto-me feliz por não ter de olhar para suas caras melancólicas e sádicas. E não chorem por mim, pois sou apenas mais um nesse vasto mundo.

Vamos, homens, vamos! Brindemos até a morte nos alcançar e nos beijar!

Retirado de: Dia Daqueles!

Paz e Segurança.

[Kazuyashi]

Quem te viu que te veja novamente, hein, Dias?! Show de bola, meu irmão. Show de bola. Teus textos amadureceram muito, não só quanto à estrutura, como também quanto à carga subjetiva que eles passam.

Se bem que sou suspeito para falar: sempre gostei desses fundos sujos, depressivos, vinculados às drogas, expoentes do Jazz e do Blues, e com possíveis propensões à morte, seja ela voluntária ou involuntária. Em outras palavras, a tal da "geração beat". Não a contemplo em toda a sua extensão, mas esses elementos certamente me cativam.

Parabéns novamente, chapa!

Um grande abraço,

Kazuyashi.

[Molotov Dias]

Ha-ha. Valeu Kazu.
Esse texto eu decidi falar um pouco mais na cara, andei percebendo que ninguém (além de lunáticos, como eu) param para ler o que está escrito nas entrelinhas.

Drogas, blues, jazz, poesia, eu sinceramente não quero nada mais para minha vida. O foda é a família aceitar! E eu me cativei pelos beatniks por conta desses fatores dele. Não tento ser um Beat porque eles eram apenas alguns amigos, mas eles me influenciam bastante na escrita dos textos. Embora eles me influenciem, A Carta de Despedida foi inspirado na última geração do Romantismo, os doidões do ópio e uísque que só falavam de morte.

Pare um dia para ler uma poesia qualquer de Ginsberg (Ele fazia diversas parcerias com músicos, como Clash e Dylan) e experimente o Beat e você vai ver como a vida é uma merda e por isso devemos aproveitá-la.

Safety and Peace, bro.

[Nocive]

 Realmente um estilo de vida perfeito. Me gusta muito pensar que existe uma escapatória pra esse mundo poluído pela sujeira mental humana que nos força a sermos perfeitos e todos feitos em uma fabrica de bonecas.
O texto está muito bom, um estilo e tema bem interessante, sinceramente esse tipo de história sempre são as melhores para mim, ficar emergido nesse mundo... Cara ta de parabéns pelo trabalho e continue fazendo coisas deste tipo por aqui. Preciso ficar meio aéreo de vez em quando.

[B.loder]

E morreu.

Texto interessante, sempre fui interessado nessas filosofias sobre a vida e sobre como a morte é a forma mais fácil de se livrar de todo o peso que jogam sobre você, de fato, a única maneira de se livrar verdadeiramente. É sempre bom ver gente que pensa sobre a vida por aí, gostei desse Dias o/

[Molotov Dias]

@Nocive: Sim, de fato, eu também gosto dessa temática. Acho engraçado como o sistema neoliberal e o capitalismo impõem a gente uma maneira de ser e viver e dizem que foi a nossa escolha, que nós escolhemos assim, sendo que são apenas as chances que nos são dadas. Eu provavelmente colocarei uma forca no pescoço com o terno pro resto da minha vida, porque a área de TI da qual pretendo seguir é assim. Infelizmente. Mas sempre devemos buscar um "Bode espiatório", e eu escolhi a escrita nesse motivo. xD
Fiquei feliz com seu comentário, apareça mais por aí mesmo.

@Bloder: De fato morri. -q
Só tomei uma comida de rabo, na verdade, mas isso eu conto quando tivermos bebendo uma "cerejinha", hahaha.
Eu também me interesso por essa forma de pensar, e isso não tem nada haver com o fato de eu ser autodestrutivo com tendências suicidas, como disse minha psicóloga. e_e
Agradeço o comentário. o/

Paz e Segurança, caras.