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O Justo e a Impura

Iniciado por B.loder, 10/12/2013 às 05:19

O Justo e a Impura

Spoiler
O garoto de roupas coloridas que tocava flauta à frente de casa parou por um segundo ao notar as três figuras que entravam na cidade pela estrada que já trouxera todo tipo de pessoa àquele lugar, mas que nunca deixava de interessá-los. Um homem que atravessava a rua carregando uma pequena carroça de madeira parou por um segundo, examinando-os, então continuou seu caminho pacificamente.

À frente estava uma mulher, os fios de seu cabelo brilhavam como se tecidos de metais preciosos, alaranjados e lisos, descendo até o meio de seu dorso. Sua face tinha uma beleza estonteante, seus lábios eram finos e rosados enquanto seus olhos azuis. Tinha seios pequenos que não se destacavam tanto, era magra e se movia com leveza à frente deles, como um guia. Presa à sua cintura estava uma espada perfeitamente visível, o metal de que era feita reluzia como prata, mas era levemente esbranquiçada, o punho da arma tinha um tecido negro enrolado em si. A lâmina era fina e parecia ser leve. Em suas costas estavam um escudo prateado pequeno e arredondado, com três linhas se cruzando no centro deste, parecendo serem feitas de escuridão pura, absolutamente opacas.

Ela tinha uma jaqueta marrom surrada que só ia até a altura da costela, esta tinha placas de couro fervido nos ombros, costas — onde parecia se alongar até o fim do dorso — e duas outras placas de aço na parte exterior do antebraço. Uma blusa branca sem detalhes por baixo e uma calça da mesma cor da jaqueta, parecendo igualmente maltratada, pendurada ao lado oposto da espada estava uma arbalesta de madeira escura.

Logo atrás dela estava um homem baixo, tinha cabelos loiros sujos e tão cheios de poeira que mal se podia notar a cor original deles. Seu queixo era fino e a mão com a qual coçava a cabeça preguiçosamente tinha dedos longos, seus olhos eram azuis. Ele carregava nas costas uma espada de aço mal polido, esta parecia estar enferrujada, apesar de o fio de corte estar em perfeito estado. Por baixo da camisa suja bem solta era possível notar que ele possuía o porte físico de um espadachim, com músculos bem desenvolvidos mas não muito proeminentes.

Por fim havia um homem monstruosamente alto, pessoas passando por ali apostariam que tinha dois metros sem hesitar. Sua pele era morena e seu cabelo negro, preso atrás em um coque com algumas mechas caindo sobre este, seus olhos castanhos pareciam desinteressados, seu queixo era largo e seus músculos o faziam lembrar uma montanha. Carregava na mão um cajado de madeira que parecia ter sido torcida como um tecido, tendo na ponta a lâmina de uma lança, triangular e pontuda como um arpão, em suas costas estavam duas lanças com cabos de madeira, uma completamente coberta em um tecido branco e outra em um tecido preto, ambas possuindo lâminas idênticas à que ele carregava na mão.

— Guile, você sente alguma coisa? — o homem alto respondeu que não com um movimento da cabeça — Teo, você sabe quem foi que nos chamou aqui? — a mulher perguntou.

— Nem ideia, ele deve aparecer, essa cidade parece ser do tipo que você fica sabendo das coisas rápido — o homem menor respondeu desinteressado.

— Então nós vamos ficar aqui esperando ele aparecer? — ela não parecia gostar da ideia.

— Sim querida, é isso ou sair por aí perguntando para todo mundo, fique à vontade para escolher — sorriu ironicamente.

— Tudo bem — ela suspirou revirando os olhos. — Vamos para o bar.

Teo bebericava uma cerveja enquanto aproveitava a atenção de todos os habitantes locais que examinavam o grupo com curiosidade, Guile estava sentado ao seu lado no balcão, sentindo-se desconfortável, o cheiro de álcool e a atenção que para seu amigo faziam se sentir em casa o incomodavam muito.

— Sae, nós vamos ter que ficar aqui por muito mais tempo? — ele perguntou com sua voz calma e grave após notar que ela chegou.

— Bem, esse lugar definitivamente está impregnado de mana, acho que é bem provável que tenha uma Aveesai por aqui — fitou o homem mais baixo. — O que a carta dizia, exatamente?

— Que ele estava viajando e quando voltou metade das crianças da cidade tinham desaparecido e ninguém lembrava delas, nem mesmo os pais.

— Você sente alguma coisa agora?

— Acho que esse cheiro está me atrapalhando.

— Mentira, você só quer uma desculpa para sair — Teo respondeu, terminou de beber o conteúdo da caneca em goles constantes e deixou-a no bar. — Que seja, vamos trabalhar então!

Todos no lugar pareceram se surpreender com a ação repentina, finalmente saíram do bar e observaram o sol que se colocava ao horizonte, abrindo o lugar para a lua pacificamente, que o tomava lentamente. Guile ergueu seu cajado, deixou a parte de cima pender para os lados lentamente e finalmente o recolheu.

— É uma Aveesai — comentou. — Mas há um feitiço sobre a cidade toda, não dá para identificar onde ela está — comentou deixando seus olhos examinarem atentamente cada local dali. — Alguma coisa diferente? — perguntou virando-se para o homem baixo.

— Ah, não, nada de torre no meio da praça ou qualquer coisa do tipo... — comentou observando os becos. — Mas nós estamos sendo observados.

— O quê? — ela arqueou a sobrancelha parecendo furiosa. — Por que você só falou isso agora?

— Porque só consegui perceber agora — deu de ombros. — Até agora eu contei quatro homens de sombra e uma gárgula.

— Onde estão?

— Escondidos nos becos — apontou para a frente onde figuras sinuosas e esguias que lembravam pessoas estavam de pé, como se com seus músculos contraídos e preparados, fitando-os com seus olhos disformes e preenchidos de branco — a gárgula está em cima do bar.

— Guile, você consegue quebrar o feitiço?

— Eu não sei onde está a fonte, vou precisar de algum tempo...

— Eles estão se aproximando — comentou tirando sua espada da bainha nas costas e empunhando-a em um movimento rápido se colocando em posição de combate, fazendo sua camisa se mover com o vento. — Ideias?

— Você consegue se virar com eles?

— Eles não poderiam me matar nem se eu quisesse — sorriu.

— Eu vou ter que proteger o Guile, não consigo lutar com essas coisas por causa do feitiço de cegueira.

— Heh, não se preocupe querida, só faça sua mágica de mulher e eu cuido disso como um homem de verdade, tudo bem?

Ela revirou os olhos e assentiu, ele ficou sorridente, como se vitorioso. Sae posicionou seu escudo no chão ao lado do homem e recitou palavras em línguas antigas que fizeram o chão tremer levemente, três flores absolutamente negras saíram do chão e delas três faixas igualmente incolores nasceram, seguindo até se encontrar acima deles, o espaço entre elas foi preenchida com uma luz oscilante que lembrava a sensação de observar o fundo de um rio.

— Vai lá Teo, acaba com eles — ela sorriu, por um segundo a barreira pareceu falhar, então voltou a se concentrar. — Não podemos deixar ele sozinho nisso para sempre, temos que...

— Tem um problema — ele suspirou. — Eu não quero quebrar o feitiço completamente, e isso vai ser bem mais difícil.

— Cara, eles estão chegando — comentou olhando por cima do ombro para o amigo, então se voltou para as criaturas que caminhavam até ele alternando entre uma postura de ataque violento e súbitos recuos ansiosos.

— Todo mundo que perdeu o filho vai lembrar, vocês querem fazer essa gente sofrer? — ele respondeu se levantando.

— Quando nós matarmos a Aveesai o feitiço vai acabar de qualquer jeito, não há nada que possamos fazer! — ele respondeu.

— Não necessariamente, dá para deixar o feitiço de pé.

— Certo, que seja, mas vocês não podem lutar assim.

— Por isso eu vou tentar um contrafeitiço que só funcione em nós, assim nós...

— QUE SEJA! — respondeu irritado. — Só faça logo!

Finalmente os seres já estavam caminhando na direção dele, parecendo finalmente terem estabelecido como atacariam. Os quatro se dispersavam pela praça, parecendo tentar cercá-lo, enquanto isso a gárgula parecia ter um sorriso em seu rosto de pedra, observando de cima do bar com atenção e certo desprezo. Teo piscou para ela e voltou para os inimigos.

Um deles pareceu voar na direção do homem, brandindo seu braço que se transformava em uma espécie de foice, ele esquivou para o lado, pisou firme na terra assim que pôde e desferiu um ataque na criatura, decepando seu braço-lâmina, estava prestes a decepar sua cabeça quando Guilen gritou que olhasse para trás, observou por cima do ombro a sombra vindo em sua direção se jogou para a esquerda e conseguiu cair de pé, fazendo-o parar e se recompor.

Investiu contra os dois que estavam muito próximos, aquele sem um dos braços usou o outro para tentar acertá-lo, desviou o golpe com sua espada e conseguiu esquivar de um golpe certeiro que pretendia lhe perfurar o peito, aproveitou a chance e decepou a cabeça dele, virou-se para o mutilado e cortou-lhe ao meio, como se fosse feito de areia. As sombras de ambos se dissiparam em fumaça negra e malcheirosa que o cercaram até ele ir na direção dos outros de forma provocadora.

As outras duas criaturas partiram furiosamente em sua direção, muito próximas uma da outra e com suas formas disformes se misturando, parecendo tentar confundi-lo, pararam diante dele subitamente, permitindo-lhe expressar um sorriso desafiador. Seus olhos exibiram surpresa ao notar que apenas um deles estava à sua frente. Sentiu uma dor aguda percorrer seu estômago e pôde ver a lâmina envolta em névoa negra que o atravessava, ficou furioso e quase conseguiu perceber a arrogância daquele ser sem alma que o empalara.

Segurou firme o punho de sua espada enferrujada e com um golpe simples atravessou o que deveria ser o pescoço daquele que servira de isca, parado à sua frente. Empurrou a lâmina negra que o atravessara para trás, fazendo a criatura se afastar assustada e tentando entender o que estava acontecendo ali.

— Essas pseudo consciências que eles dão para vocês são inúteis — riu. — Eu sempre imaginei como é saber que você existe apenas para morrer — a criatura ainda o observava em silêncio. — Você! — decepou-lhe o braço facilmente, ele já estava parado, apenas esperando. — Não pode! — decepou o outro braço. — Me matar!

A criatura finalmente caiu de lado e deixou seu corpo ser dissipado em sombras e ser levado pelo vento. Olhou para a gárgula, ou para onde ela devia estar. Guardou a espada e caminhou até o círculo de proteção em que Sae estava. No caminho checou o buraco em sua camisa feito pela lâmina, seu corpo estava perfeitamente bem, contendo apenas a poeira que estava ali desde cedo.

— E então? Quando vão poder vir me ajudar?

— Ainda tem mais deles?

— A gárgula sumiu — sorriu. — Eu devo ter parecido um idiota para vocês.

— Parecia aquelas crianças brincando com espada de madeira no quintal.

Ela subitamente ficou nervosa, fitando uma mulher que surgia do nada, como se a realidade se dobrasse ao redor dela para que sua existência fosse presente. Então ali estava ela, olhos absolutamente negros, sem pupila ou parte branca, apenas a escuridão da alma refletida onde ficavam os olhos de uma mulher. De seu pescoço fino saia um a roupa negra que parecia se mesclar a ela, nascendo de sua pele e misturando-se com essa, era um vestido que seguia justo ao corpo até a cintura, onde caía sobre as pernas com leveza, parecendo ser feito de seda. Ela levantou um de seus braços também cobertos pelo estranho tecido mágico.

A gárgula pousou ao lado dela carregando uma espada em seu bico, entregou-a para a mulher e ela tomou-a, aproveitando o momento e observando o olhar daqueles que fitavam-na com a tensão evidente em seus olhos, com os músculos retesados e poses assustadas. Ela ergueu a espada e proferiu palavras em línguas desconhecidas, fazendo brotar do chão mais homens disformes envoltos em fumaça negra que pareciam muito mais agitados que aqueles outros, Teo ficou apreensivo.

— Não dá — admitiu. — Sem sua mágica não dá para acabar com todos eles, são muitos — apontou para a mulher com a espada. — E a Aveesai, você sabe por que ela trouxe aquela espada, não sabe?

— Sim, é como ela vai te matar — Sae engoliu em seco. — Guile, nós não podemos fazer tudo, se você continuar tentando conjurar esse feitiço ele vai acabar morto!

— Você não entende — ele falou quase com lágrimas nos olhos. — Eu não...

— Tudo bem colega — ele falou finalmente. — Eu vou me virar com eles, não deve ser tão difícil — mentiu. Uma contagem rápida identificara que aproximadamente quarenta das criaturas estavam à espreita, esperando a hora certa.

A mulher sorriu maliciosamente de onde estava.

Uma das sombras saltou em sua direção usando ambas as mãos como lâminas, ele defendeu com sua espada e fez a criatura cair no chão, fincando sua arma em sua cabeça. Finalmente viu esperança de lidar com aquilo, eles eram tantos que agiam de forma descuidada, mas eram o suficiente em números para que até mesmo uma estratégia tola como aquela funcionasse. Considerou então a Aveesai que observava tudo sorridente, ela poderia invocar quantos deles quisesse.

— Guile, isso vai demorar muito?

— Eu estou tentando achar um ponto fraco na praça, assim só quem está aqui...

— Só faça logo homem!

— EU ESTOU TENTANDO!

— ENTÃO TENTE MAIS RÁPIDO!

Duas criaturas saltaram em sua direção e ele conseguiu esquivar para a direita, a lâmina da outra atravessou seu pescoço como se fosse feito de areia, mas logo estava normal como se absolutamente nada tivesse acontecido, ele cortou as costas da criatura, ela caiu para frente e se desfez, então se virou e decepou a outra que estava ali.

— Você...

Uma lâmina atravessou seu estômago e reconheceu a sensação, mas subitamente ela se tornou diferente, era uma sensação quente, a dor parecia mais vívida e o calor de seu corpo parecia estar deixando-o lentamente. Respirou fundo e olhou para a lâmina, ela era absolutamente branca e opaca, era a arma que a gárgula entregara para a mulher de olhos enegrecidos pela magia.

— Teo... — Sae tentou formar palavras, mas nada saía de sua boca.

Ela deixou-o cair no chão ainda com a arma cravada em si, ele fez esforço e conseguiu cair de lado, sentindo o interior de seu corpo responder em uníssono que não aguentaria por muito tempo aquilo.

— Guile — ela falou com uma determinação que o homem alto já vira antes. — Acabe com isso agora, eu vou matar essa vadia!

— Eu...

— Guile... — parou por um segundo. — Quando eu voltar para casa vou ter que contar para meu filho sobre como o pai dele morreu — uma lágrima tímida rolou por suas bochechas. — E nós dois sabemos que isso será sua culpa.

Ele parou, suas mãos estavam brilhando com magia, dissipou-a e coçou a cabeça, pensando por um instante. Tocou o cajado lentamente, então a ponta superior dele foi imbuída com uma luminosidade que provavelmente cegaria qualquer espectador, então aos seus olhos as criaturas surgiram lentamente em todos os cantos da praça. Ela retirou o escudo e prendeu-o em sua mão esquerda, segurou com a direita sua espada de brilho prateado.

— Sob as leis da nova magia, comando que expurgue e queime, o brilho da lua abençoa minha vontade e minha espada faz de meu desejo verdade — ela recitou enquanto sua espada adquiria um brilho em misto de vermelho e azul.

Fez um corte na horizontal e o brilho se dissipou, surgindo alguns segundos depois como se atrasado à sua frente na forma de um arco, seguindo e crescendo enquanto tocava os inimigos e eles se desfaziam em pura negritude. Nesse momento a mulher havia desaparecido e quando finalmente as ondas de luz multicoloridas desapareceram ela retomou sua atitude, ressurgindo ao lado da única árvore do lugar, esta que agora estava em chamas.

— Você parece ser uma feiticeira poderosa — falou em tom arrogante.

— Não fale comigo — ela continuou caminhando na direção da mulher. — Você matou meu marido, e por isso, eu vou te mandar para o quinto inferno, vadia!

— O que faz você...

A mulher precisou desaparecer de um momento para o outro, ao perceber a espada que havia sido lançada em sua direção. Sae estendeu a mão e a arma ressurgiu ali, preparada para ser lançada quantas vezes mais precisasse, a Aveesai apareceu ao seu lado, tentando desferir um golpe para decepá-la, mas esta desviou o golpe com a espada e antes que sua lâmina pudesse ir de encontro com o rosto da criatura, ela desapareceu novamente.

— VOLTE AQUI SUA MISERÁVEL! — gritou furiosamente.

Ao sentir a presença virou-se de costas e defendeu o golpe certeiro que ela desferiu com o escudo, ela ressurgiu novamente afastada à sua frente, conjurou um monte disforme de lava fervente e jogou contra ela, Sae defendeu-se com o escudo e tudo ao seu redor ficou intocado pelo calor que desapareceu logo em seguida, se tornando uma espécie de pedra.

Guile se aproximou dela, a mulher continuou reaparecendo próxima deles e tentando golpes de todos os lados, sendo todos eles inúteis. Ficaram de costas um para o outro, preparando-se para defender qualquer que ela tentasse. Finalmente ela surgiu de frente para Sae, que desviou o golpe, deixando-a por alguns segundos desnorteada, então ele prendeu nela a lança que carregava. Imediatamente a arma ficou reta, deixando a forma retorcida sobre si mesma, uma luz vermelha brilhou de inscrições que até então estavam escondidas nela.

A mulher de cabelos ruivos tomou a outra lança que estava nas costas do homem, coberta pelo tecido negro, e perfurou o peito da Aveesai com ela, o tecido se desfez e as mesmas inscrições surgiram em sua lança. A criatura ficou completamente imóvel, mesmo seus fios pareciam ter sido petrificados enquanto eles se entreolhavam, tentando decidir o que fazer.

— Eu... — Teo tentou falar enquanto se arrastava até eles, não estavam tão longe, mas a cena fez sua esposa derramar lágrimas. — Já que é assim, vamos terminar isso — tentou sorrir, mas retorceu seu rosto imediatamente sentindo dor.

Guile entregou para ele a última lança, envolta em tecidos brancos. Ainda deitado de lado no chão e sentindo sua consciência se esvair junto de seu sangue, conseguiu perfurar a pele dela com a lâmina pontiaguda, então fechou os olhos e esperou, querendo que tudo aquilo acabasse.

— Seja expurgada para o quinto inferno — o alto entoou.

— O justo lhe ordena — Teo continuou, sentindo paz.

— A impura lhe ordena — Sae terminou com a voz rouca.

A mulher então se tornou mármore, e o mármore se desfez no vento, deixando em seu lugar apenas a poeira. As lanças caíram e ela foi imediatamente ao marido, tentando descobrir como poderia ajudá-lo.

— Não adianta — ele conseguiu formar um sorriso com o canto da boca. — Eu vou ficar bem do outro lado, se tiver sorte não vou parar em nenhum dos infernos.

— É claro que você não vai parar em nenhum dos infernos, você é o justo, meu amor — se forçou a sorrir, tentando confortá-lo.

— Acho que sim — ele fechou os olhos.

— Não tem como...

— Você sabe que não, magia ruim não funciona comigo, magia boa também não — fez força com seu braço para levar a mão ao rosto dela e deslizar seus dedos por sua bochecha. — Eu sei o que está pensando, por favor, não o envolva nisso.

— Eu...

— Acho que não posso brigar muito, mas por favor.

— Tudo bem, eu não vou.

— Prometa.

— Eu prometo — ela sorriu falsamente.

— Eu amo quando você mente, sabia? — ele deixou escapar um último suspiro da alegria desmedida que apresentava todos os dias, deixando seu corpo ficar cada vez mais fraco, até finalmente não sentir músculo nenhum.

— Eu sinto muito... — Guile começou.

— Não se preocupe, eu não vou te culpar por isso — ela falou introspectiva. — Você mesmo vai fazer isso quando meu filho ocupar o lugar do pai dele, toda vez que ele correr algum perigo, você lembrará que é graças a você.

— Era disso que ele falava? — ela assentiu sem proferir uma palavra. — Você tem certeza — respondeu que não com um movimento.

As pessoas da pequena cidade começavam a se aproximar da praça onde o chamuscado e o cheiro fétido da poeira negra marcavam o lugar da batalha, lugar este onde Saephire tinha em seus braços seu marido enquanto lágrimas silenciosas escorriam por seu rosto sem medo de repreensão e Guile sentia arrependimento como nunca sentira em todos os seus anos de vida.
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A história está completa aqui, mas se por acaso tiverem interesse, também podem ler no site onde eu posto os textos:
To Die Is To Find Out If Humanity Ever Conquers Death

Show! Curti o texto, ficou bem bacana! Talvez depois vc possa tentar aumentar um pouco a emoção nos dialogos, afinal, a mulher perdeu o marido né cara!? rs... Mas o texto ficou bem bacana! Esse ai q foi inspirado no "Batalha no Deserto"?

É esse mesmo, que bom que gostou cara o/
*sai correndo e saltitando escrever no diário* (quem acessa o chat vai entender :v)

Sobre os diálogos e a mulher ter perdido o marido, ela é o tipo de pessoa que após perder alguém só se fecha em si mesma e fica ali quieta, aqueles que simplesmente ficam frios e tão calados quanto puderem, aí não era uma boa ideia colocar ela para ter um diálogo mais triste porque a personagem em si é fria, entende? Mas de qualquer forma, deixarei a emoção nos diálogos como ponto para me certificar de fazer direito no próximo, valeu o/
To Die Is To Find Out If Humanity Ever Conquers Death

11/12/2013 às 08:27 #3 Última edição: 11/12/2013 às 08:31 por Hanzo
hahahaha... muito gay, meu Deus! hahahaha...

então, blz! entendi q a mulher é fria e talz, mas pqppqppqppqp!!!! Ela acabou de ver outra mulher matando o marido dela! grita e esperneia minha filha! chama ela de td quanto é nome, tem uma crise, da um piti, mata a outra e depois se recolha em sua insignificancia e culpe o maldito amigo q queria pegar ela e não ajudou o cara a se safar da morte certa!

Assim vc cria algo que se chama empatia, td mundo q ler vai sentir o sofrimento da mulher e sentirá a dor e o odio e vai ficar do lado dela, vai parecer q ela é mais humana, mesmo q depois ela se feche e odeie seu amigo para o resto da vida sem nada dizer, tendeu?

A outra opção é cair de joelho e ficar sem ação, apenas em choque, uma cena triste, em camera lenta, olho no olho... ai o amigão lá tem q matar td mundo, e então quando o bruxa má for atacar para matar ela acorda ajuda a matar a bruxa e nunca mais fala com o camarada q deixou o marido dela morrer.

Well, você está certo. A reação dela foi horrível, na verdade, todas as reações "pós morte de ente querido" que eu fiz até hoje ficaram terríveis, eu esperava que a cena dela lá com o marido por um tempo, quieta, fosse resolver alguma coisa, bem, não. Para o próximo darei atenção especial à isso, valeu pelas dicas, teria ficado bem melhor se tivesse usado esse último parágrafo do seu comentário xD
To Die Is To Find Out If Humanity Ever Conquers Death