Fly me to the moon and let me play among the stars

[Molotov Dias]

Ele levou sua gaita à boca e soprou algumas notas tristes. Esse cara tinha o blues, ele entendia o blues, entendia a vida. Tocava com toda sua alma, jogando a melodia ao vento. Às vezes parava para dizer uma ou outra palavra em meio aos tragos de cigarro e uísque, após seu canto, ele retornava a sua gaita, e cada vez mais se emergia e dançava diante do universo. As estrelas passavam por ele em meio aos bends, blows e draws. E o universo se desintegrava aos poucos, conforme o blues ecoasse pelas paredes do quarto.
De repente parou, pegou o uísque e deu um trago, direto na garrafa. Sorriu de uma forma melancólica e gritou para que o mundo ouvisse:
-I've got the world on a String, sitting on a rainbow, got the string around my finger – puxou um bend em draw e completou o solo em blow, com sua voz melancólica continuou. – What a world! What a life! I'm in love.
Deu uma tragada longa no uísque e jogou a garrafa na parede. Acendeu outro cigarro, jogou sua gaita em cima da mesa e dirigiu-se a vitrola. Colocou um disco do Frank, o assistiu rodar por um tempo, até começar a tocar Fly me to the moon. Seu sorriso era sádico e, ao mesmo tempo, melancólico.
Quando a música começou a frenesi tomou conta de sua mente. Chutou sua Tv velha de tubo, virou a mesa e quebrou sua única cadeira na parede. Pegou uma faca e rasgou sua poltrona favorita, a mesma poltrona que sentava todas as noites para assistir a ascensão da lua. You are all I Want. Rasgou todas as cortinas e as jogou no chão. Revirou seu guarda-roupa, como se procurasse algo e acabou por encontrar uma pistola antiga, a usou para atirar em todas as lâmpadas, espelhos garrafas e qualquer coisa que fosse de vidro. A música parecia ser infinita, o jeito com que Frank cantava: tão alegre, espontâneo, vivo! Isso o deprimia, o jogava para baixo e o fazia se arrastar cada vez mais.
A música chegava a seu ápice, ele chorava e soltava, simultaneamente, uma risada psicótica. Então agarrou sua vitrola e pulou da sacada, chorando como se o mundo não tivesse mais sentido algum, e para ele não havia nenhum. Desceu todos os 12 andares em apenas um segundo. A música não o acompanhava mais, pois sua vitrola era elétrica, mas a música continuava em seu coração, em sua alma, pois a música é infinita e não depende de ninguém para continuar viva pelo vasto universo, que nos abraça de forma gentil e fraterna.
E assim se deu a desaparição dessa vida, que se uniu ao universo precocemente, caindo em cima de um carro policial. Nada foi elucidado e não se chegou a conclusão alguma. Ao menos ele foi à lua a sua maneira.
Fill my heart with song and let me sing for ever more.


Paz e Segurança, irmãos e irmãs.

[B.loder]

Eu tenho que tentar escrever textos à base de uísque, eu preciso tentar isso cara. O texto ficou muito interessante, conseguiu passar até bem como devem ser os últimos momentos de um suicida absolutamente deprimido e e histérico, eu acho, nunca assisti um, mas apostaria minha bola esquerda que é parecido com isso. Achei o texto interessante, a única coisa que eu talvez tivesse feito, seria enrolar um pouco numa descrição do lugar para deixar o leitor submergir um pouco mais na história antes de destruir tudo tão abruptamente, fora isso não vejo nada que eu mudaria.

[Zelluhat]

Bem, o que eu posso dizer é que a história passou bem o conteúdo que queria, eu consegui imaginar quase toda a cena só de ler, parabéns Dias, a história ficou interessante. 

~Zelluhat

[Molotov Dias]

@B.Loder: Tente, é engraçado, ainda mais se você estiver bêbado e começar a escrever palavras desconexas. Eu apostaria sua bola direita que deve ser algo assim. Também nunca vi algo do gênero, alguns costumam ser silenciosos, sei lá. Mas eu sempre vem essas cenas com o Sinatra, ele incita a violência, cara.
A descrição do ambiente seria interessante, falar da Tv e tal. Mas eu gosto da galera imaginando, soltando a porra dos pensamentos, é algo puro. Mas sei lá, eu gosto do Tolkien, mas não encararia tantos detalhes.

@Zell: Valeu cara!


Paz e Segurança.

[Moon[light]]

Achei a referencial musical bem maneira. Especialmente como usada na última linha. Acho que não descrever não é um problema. Aliás, se tivesse descrito, o conto não só perderia o impacto como se arrastaria mais do que o necessário, o que detonaria completamente a sensação de "êxtase furioso" do protagonista. Ficou bom como está. Talvez fosse interessante ter usado frases mais curtas em alguns momentos, mas, tirando isso, não vejo o que mudar.

[Kazuyashi]

Era para eu ter feito este comentário ontem, mas minha net caiu escrotamente... Enfim.

GRANDE DIAS! O texto é foda a começar pelo título. Eu poderia nem tê-lo lido, mas já saberia dizer sua fodacidade pelo "Fly me to the Moon". Cara, ficou psicótico, amedrontador, depressivo, lindo e genial. Esse é o Blues da vida expresso na linguagem do Jazz. Você é um dos caras que entende como isso funciona. Minha única crítica é quanto à pontuação. Entendo e gosto do seu estilo corrido, mas algumas vírgulas aí precisam virar pontos. Mas só isso mesmo, meu irmão. Que te veja agora quem te viu como escritor.

Um grande abraço! E É JAZZ, PORRA! \o -q

Kazuyashi.

[Molotov Dias]

@Moon: A última linha eu achei apropriado depois, quando eu escrevi não a tinha. Eu coloquei ela quando eu estava digitando, quando estava no papel estava sem. xD
Algumas frases acabaram sendo longas porque tentei dar uma poetiza, hahahah.

Agradeço o comentário. ^^

@Kazu: É, eu percebi que sua net caiu. -q
Não acho se eu entendo a vida, ela não faz sentido. Hahaha.
E em relação as vírgulas/pontos, quando eu digitei o texto eu acabei alterando muitas vírgulas e coloquei pontos, mas vou dar uma olhada nele depois. xD

E bem... JAZZ É JAZZ MANOW!! Hahahah

Safety and Peace, brothers.