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Gigantes

Iniciado por LoboShow, 10/01/2014 às 19:15

10/01/2014 às 19:15 Última edição: 10/01/2014 às 19:22 por lobozero
  No Chat da CRM um cara chamado B.Loder me sugeriu um duelo, onde ambos criariam um texto sobre Mechas (onde acabou não sendo um duelo mesmo). Mesmo o meu ficando parecido com o filme "Gigantes de Aço", tá aí. Não gostei nada do resultado. Fiz um narrativa totalmente louca e para muitos pode ser confusa. É basicamente um personagem que só narra seus pensamentos e o outro que só narra suas falas (  :O_O: ). Mas enfim, eu poderia ter prolongado muito mais, engoli muitos elementos da história que não parece de Mechas. Mas está aí.





  Ah, será que vale o risco essa matéria? Talvez eu devesse repensar tudo isso... é muito arriscado! Mas veja bem, se eu for bem sucedido, posso ganhar bastante destaque na mídia virtual e quem sabe ganhar um espaço entre os melhores. Mas chega de pensar nisso, esse lugar está me deixando com calafrios, muito escuro e muito fedorento. Segundo meu informante, aqui é a "casa segura" dos transportadores.

  - Trabalhei na construção de Mechas desde criança. Papai era mecânico profissional dessas antigas ligas de lutas, era bem nostálgico ir ajudar ele e ver tantos gigantes juntos. Era um trabalho prazeroso, pesado, mas prazeroso. Ninguém poderia reclamar, depois de tantos reparos podíamos vivenciar lutas colossais épicas. Só que a porra toda mudou.

  É difícil concentrar-se com tamanho desleixo desse lugar. Juro ter visto um rato do tamanho do gato da minha avó passar ali no fundo. Essas mesa cheia de buracos e caindo aos pedaços suja cada vez mais minha calça nova. E caralho, esses rabiscos nas paredes me incomodam tanto, coisas sobre anti cristo me assustam. Mas enfim, foco na entrevista, ela será com certeza a mais importante da minha carreira.

  - Com o passar do tempo, o governo acabou tomando conta das ligas, onde a maioria do dinheiro arrecadado acabava na bunda de políticos corruptos. Isso acabou gerando muita discórdia entre os organizadores das ligas, seus próprios lutadores e mais quem trabalhava nesse meio. Assim nasceu as ligas ilegais.

  Essas pessoas que andam por aqui parecem ser da pesada, uma mais escrota que a outra. E essas mulheres? Possivelmente prostitutas das mais escrotas, andando nuas cheias de marcas. Mas porra, aquela peituda até que está me dando um tesão, porra, como pode? Uma mulher daquelas? Deixa eu arrumar o pau na calça pra não deixar muito na cara a minha escrotidão. Mas enfim, vamos a parte que interessa, o real trabalho dele.

  - Sou do ramo de transporte. Levo Gigantes dos EUA para o Brasil, onde rola a maior movimentação de lutas ilegais. Os Governos desses dois países juntaram-se contra isso, mas não foi nada efetivo pela enorme Mafia que controla esse país de merda. Brasil, uma terra sem valor e sem lei.

  Se esse pedaço de merda que nos encontramos já é assim, imagina como deve ser lá pelas bandas do Brasil... Porra, chegou um cara mal encarado agora e tascou um beijo na peituda. Se eles começarem a se comer ali mesmo acho que não vou me aguentar hein, mancharei minha calça nova. Mas aí, vou tocar na melhor parte agora.

  - Como eu faço? Ah, quer saber como é o ramo de transporte? Sim, eu explico. Funciona basicamente dessa forma: Temos um contato que nos traz Gigantes, não importa de onde seja, o que importa é trazer. Então o que faço é levá-los até outro país em total segurança. Na teoria parece fácil, mas não é não... Hoje vou te levar comigo, tem algumas cargas para transportar.

  Ei, poderia ser melhor? Vai ser muito arriscado, mas vou conseguir entrar de cabeça nessa matéria e mostrar todos os bastidores desse submundo da porra. E ainda bem que estamos saindo desse lugar imundo, espero que encontre na rua qualquer hora aquela puta peituda, mesmo tendo muitas doenças, talvez dê para dar uma brincadinha.

  - Aqui onde estamos é o ponto de entrega. Na maioria das vezes o contato acaba roubando Gigantes de oficinas ou fábricas, não importa o tipo e nem o tamanho. Sempre temos compradores lá no Brasil, seja para lutas ou afazeres variados, Gigantes são muito úteis. E ah, sim, esse lugar é nojento mesmo, ninguém nunca vem aqui por causa da matança que ocorreu há uns anos atrás. Muitas famílias morreram, coisa da Máfia, nada demais, somente acertos de conta. Sim cara, essas coisas são normais hoje em dia.

  Não sei como ele consegue explicar tão bem e dizer que isso é normal hoje em dia. E que Máfia seria essa? Aqui em EUA não tem isso... não que eu ou a maioria da população saiba também. Lá no fundo vem vindo alguém, um caminhão enorme e com uma grande carga. Aposto que deve ser um Gigante atrás, pela primeira vez vou ver um de perto. Foda-se, nunca gostei muito deles.

  - A interação com o contato é quase nula, ele só entrega a mercadoria e vai embora, nada mais que isso. Isso evita confusão, esse pessoal dos contatos são bem filhos da puta, acredite quando digo. Fazem de tudo para conseguir um Gigante, de tudo mesmo. Mas chega disso, vamos ver como é e está a mercadoria.

  O garoto que aparenta ter uns 22 anos, bem experiente nesse ramo estranho. Não pude deixar de notar a sua pistola na cintura, espero que não tenha a oportunidade de usar, quero terminar essa matéria vivo e inteiro. E puta que pariu, olha o tamanho desse Gigante, essa porra deve ter uns... sei lá quantos metros. Tem umas bazucas ao lado, talvez ele transporte armamento também. Ah, já tá hora de partir então.

  - Pronto, coloque o cinto e vamos cair na estrada. Essa noite vai ser longa. Hã? Quer saber como funciona a entrega? Bem, tenho que basicamente entregar na fábrica, mas é aí que tá, tenho que chegar lá sem levantar suspeitas. Faço entregas todo mês e nunca é do mesmo jeito. Não... não se preocupa, pelo menos não dá nada de ruim já faz uns dois meses...

  Eu mentiria contando que estou tranquilo, sério. Essa viagem está sendo longa demais, mal sei por onde temos que passar ou o que vamos passar. Esse cara é quieto demais, ainda bem que eu tenho esse meu modo de pensar comigo mesmo, como se estivesse conversando com alguém via pensamentos. Espera, tem alguma coisa acontecendo, parece que estamos levitando...

  - Dessa vez consegui uma viagem aérea, assim chegaremos mais rápido ao Brasil. Se eu já pilotei um Mecha? Ah, claro, sempre foi muito normal para mim. É uma sensação de controle, não é só questão de entrar lá e ter habilidade em controlar o Gigante, ter que ter toda uma ligação com ele, sentir como se aquele monte de lata fosse você, sentir cada soco que tomar como se fosse em você e dar cada soco como se não houvesse amanhã.

  O maldito fala como se soubesse tanto, não acredito que ele tenha tanto amor pelo tais Gigantes. Mas bem, essa porra de nave não anda nada, assim vamos demorar uma semana para chegar ao Brasil. Me pergunto por que toda a noite aquele transportador fica lá atrás, com o Gigante, como se falasse com alguém que não poderia lhe compreender, isso é bizarro. Mais bizarro que isso é só as estalagens dessa coisa que mais parece um presídio da Himalaia. Esses colchões com cheiro de mijo, paredes desgastadas e excrementos de sei lá o que espalhados pelo banheiro... quem vive nessas condições? E o que eu não faço pela profissão?

  - Ei cara, acorda! Tá louco? Por que tá dormindo aqui? Hã? Cara, aquelas bebidas nem eram nossas! Enfim, levanta, estamos chegando na fronteira, vamos descer daqui a pouco. Pega suas coisas e entra no caminhão, tenho que acertar algumas coisas antes de ir.

  Que porra foi essa que acabei bebendo? Lembro de ter caminhando um pouco pelos corredores escuros, onde encontrei um caixa com garrafas estranhas. E porra, depois de esperar igual uma criança sentado no caminhão, vendo ele pagar o possível capitão, estamos descendo calmamente. Lá em baixo só vejo deserto, nada mais. Esse sol parece estar de matar e olha que ainda nem fui atingido por seus raios escrotos. Ô vida, mas sem grilo, se tudo der certo, isso vai mudar.

  - Não cara, não existem coiotes por aqui, nem sei se essas criaturas ainda existem. Estamos em direção a região central do país, a essa altura nem cidades temos mais, para você ver a situação dessa merda. Perfeito, vamos parar naquela vila, tem posto e lugar para dormir. Espero que não se perca por aí pegando bebidas dos outros, arranjar confusão por aqui não seria nada bom.

  Os habitantes desse possível vilarejo sem fim são raças variadas, é impressionante. A cada rua que cruzamos damos de cara com pessoas de continentes diferentes, em variados estados. Se não me falha a memória, muitos acabam vindo para cá para fugir de algo e ficam toda a vida. Espero não ter esse mesmo fim. E cara, o que ele está fazendo? Err...  vai mesmo usar o Gigante?

  - Sim cara, vou sim, é dinheiro fácil, posso ganhar deles. Não, não se preocupa, o Gigante não vai ser danificado, já fiz isso muitas vezes. Na maioria das vezes são oponentes amadores do outro lado, tenho muita experiência em lutas de Ligas. É basicamente assim que sobrevivo, da grana dos transportes e dessas lutas de rua com "Gigantes emprestados".

  Por mais que eu tente me tranquilizar, simplesmente não dá. Um galpão enorme é usado para essas lutas, onde o transportador acabou de entrar com aquele Gigante. Fico me perguntando como deve ser pilotar tais criaturas colossais e porra! Da onde venho aquele soco? Admirava o Gigante que o transportador pilotava, que chamava-se Ventos da Noite, seu peito estufado dava um ar de poderoso a sua lataria toda, mesmo não entendo porra nenhuma disso, foi isso que me passou. Disse "dava" porque o soco do outro, que mais parece um demônio com dois chifres enormes, acabou estraçalhando a porra do outro coitado. Cara, me pergunto como ele vai sair dessa, não sou do ramo, mas o mínimo que deve ser feito é ser entregue o Gigante em bom estado.

  - Ei garanhão! Que isso! Não faz isso comigo não! Cara, estamos juntos nessa, eu e você, você eu, ninguém mais. O cara que temos que bater está bem na nossa frente. Sei que me escuta, sei que pode me compreender, sei que você pode levantar agora e terminar com isso de uma vez por todas. Acredito em você, todos acreditam e continuarão acreditando depois do que faremos essa noite!

  Não sei como tudo isso funciona, mas desistência não seria uma boa? O peito do Ventos está totalmente danificado. Eita caramba! Não imaginava que essas lutas poderiam ser tão dinâmicas, não sei como o Ventos acertou aquele soco, nem o próprio oponente esperava. Legal o jeito que eles ficam se encarando, é basicamente um jogo de habilidade mais experiência, garanto que o transportador não esperava tamanha experiência do rival. A luta está muito equilibrado, o público lota todo o galpão, gerando até tumulto lá fora. É tanta gente, pessoas que nunca vi na vida, se empurrando, brigando, gritando, acho que até vi gente chorando. E a luta está mais equilibrada, ouvi agora por terceiros atrás de mim que elas costumam ser rápidas, só que essa não, ambos os Gigantes já estavam bem danificados, posso até arriscar dizer que gravemente.

  - Foi muito bom lutar com você, Ventos da Noite! O senhor é um Gigante muito do corajoso, meu pai ficaria feliz em trabalhar com o senhor, tenha certeza disso! E não tenha medo de morrer, creio que um dia chegará alguém para lhe pilotar novamente e serão novas aventuras! Amigo, morra fazendo o que gosta, não o que mandam.

--

  Consegui muito dinheiro com a matéria, consegui voltar para os EUA da pior maneira, nem vou explicar como. O fato é que depois do transportador morrer no meio dos destroços do Ventos da Noite, acabei adotando o Gigante. Hoje, com a minha peituda drogada, vivo no Brasil, onde gasto toda a minha grana que recebi com a matéria em batalhas de Gigantes. Para falar a verdade, acabei me identificando com todo esse cenário, não são simplesmente latas, são latas que dão emoções para os outros, passam emoções que só elas poderiam transmitir, seja para quem estiver assistindo ou pilotando. E sim, essa peituda tem Aids e agora eu também tenho. Mas é como um cara disse nas suas últimas palavras, morra fazendo o que gosta, não o que lhe mandam.

CitarAssim nasceu as ligas ilegais.

Bem, o texto ficou interessante, o final ficou bem genial também, se quer saber. Gostei da dinâmica esquisita que usou na história, só que para quem não foi avisado isso vai parecer estranho demais cara, possivelmente vão se perder um pouco antes de entender, então eu faria esse aviso. Também tiraria absolutamente qualquer itálico daí, onde está itálico deixa normal e o resto em negrito, ou divide de alguma outra forma, essa ficou bem ruim.

O enredo está bem interessante e a parte que normalmente teria sido tediosa ficou na verdade engraçada, que foi o começo até a parte onde ele começa a viagem. No geral ficou bom, cara.
To Die Is To Find Out If Humanity Ever Conquers Death

  Ah, me admira que tenha gostado. Como estarei sempre divulgando o texto com a pequena observação do início (que eu avisei como era a estrutura do texto), não vejo problemas em mais confusões com a narrativa. =x

  E o lance do itálico é frescura sua. lol

  No mais, obrigado por ler.