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O Cavaleiro Thomas e Hansi - Pilares do Escuro

Iniciado por Majora, 15/09/2014 às 18:38

15/09/2014 às 18:38 Última edição: 16/09/2014 às 17:41 por Majora
Olá, pessoas.
A proposta disso é ser uma coisa simples mesmo, espero que gostem xD


O Cavaleiro Thomas e Hansi - Pilares do Escuro


-- Oi! Oi! – gritou Hansi no meio da multidão.
Havia muitas pessoas na taverna. Era fim de semana e a maioria dos moradores ia para o lugar se encontrar e por a conversa em dia.
O Taverneiro era um homem grande, foi um soldado há muito tempo, mas agora sua pança é maior que os músculos. Estava servindo alegremente aos clientes enquanto passava um pequeno pano no balcão.
-- Pessoal! -- Hansi insistiu. Tinha uma caneca com vinho em uma mão que pingava enquanto se movimentava.
-- Ei, ei! O Hansi parece ter algo pra cantar! – disse o Taverneiro com um sorriso. Hansi era um bardo, cantava histórias fantásticas para a multidão.
Todos pararam de conversar e se voltaram para o bardo. Ele agora estava em cima de uma mesa e seu instrumento estava deitado sobre os pés. Hansi se abaixou e pegou o alaúde, que é como uma viola antiga.
-- Fico feliz por me ouvirem! Agora silêncio, silêncio! – repreendeu a filha do Taverneiro que conversava com uma amiga próxima à porta. – Tenho uma história para vocês.
Todos se sentaram onde puderam. Alguns sentados em banquinhos enquanto comiam na mesa e bebiam, outros sentaram no próprio chão. O Taverneiro se apoiava no balcão.
-- Hoje vocês perceberam que eu e Thomas ficamos fora o dia inteiro. Nós estávamos em uma aventura.
Passou o dedão pelas cinco cordas do alaúde e o som fez com que todos se transportassem para fora da taverna. Agora tudo era deserto, só havia areia e um grande pilar se erguia solitário no meio do nada. Os clientes na taverna ouviram uma voz ao fundo. "Tudo começou pela manhã..."

Thomas estava encarando o grande pilar com estranheza. Recebeu uma mensagem do rei pedindo que ele investigasse o que isso estava fazendo ali. Andou ao redor para investigar, e sua armadura fazia pequenos sons metálicos enquanto ele andava. Alazão bufou ao lado de Hansi.
-- Eu sei, Alazão. Ficar olhando pra essa pedra não vai ajudar a criar nenhuma canção. – Alisou a crina do grande cavalo branco enquanto olhava seu amigo cavaleiro. Hansi era amigo de Thomas e costumava acompanhá-lo em seus serviços para ter material para suas histórias.
-- Isso é coisa do Escuro. Tenho certeza. – Thomas disse para si mesmo alto o suficiente para Hansi ouvir.
Escuro era um senhor malvado que reinava em suas terras horríveis. Vez ou outra ele tramava planos para dominar Pedra Branca, o domínio do bondoso Rei, mas era impedido pelo cavaleiro da armadura prateada, Thomas.
Estava tudo calmo até ouvirem um grupo de lagartos se aproximarem.  Esses lagartos eram um perigo, pois andavam sobre duas patas e costumavam atacar quem quer que vejam.
-- Alazão! – Thomas gritou e o cavalo correu na direção dos lagartos. O cavaleiro segurou no arreio e conseguiu montá-lo em movimento.
-- Hansi! – gritou Hansi para si mesmo, e tentou escalar o grande pilar até chegar ao topo, com as pernas e braços o sustentando.
Os lagartos pararam ao ver a figura de Thomas. A maioria dos monstros tinha medo do cavaleiro, mas tinham ainda mais raiva e foram atacá-lo, seis lagartos furiosos correndo na direção do cavalo branco.
Thomas tirou o escudo das costas e acertou a cabeça de um deles, na sequencia tirou a espada e acertou outro. Dois dos lagartos foram até Hansi e tentaram escalar o pilar sem sucesso, enquanto o bardo gritava desesperado. Alazão acertou um coice em um lagarto que tentou atacá-lo por trás.
O pilar começou a balançar e acabou caindo na areia, esmagando os dois lagartos. Felizmente Hansi não se machucou. O ultimo lagarto saiu correndo.
-- Que sorte!
-- Eu preferia não deixar que ele vá, mas pode ser perigoso. – Thomas se virou para Hansi – Você está bem?
-- Sim. Olha, o pilar rachou!
Olharam melhor e havia algumas rachaduras no pilar de pedra. Das pequenas fendas saia uma luz azul misteriosa.
-- Se afasta Hansi.
Hansi foi para trás e Thomas acertou a rachadura com sua espada. A luz azul pareceu explodir e quando puderam enxergar novamente o pilar era puro pó. Ouviram ao longe uma voz grossa e medonha gritando "NÃÃÃÃOOO!".
-- Que eu perca minha língua se essa não foi a voz do Escuro – disse Hansi.
-- Eu já ouvi a voz dele antes. Parece que não gostou de termos destruído o pilar.
Uma grande linha azul caiu do céu e acertou um ponto no horizonte. A luz ficou lá por alguns minutos. Thomas e Hansi resolveram ir checar, mesmo sabendo que estavam se metendo em encrenca.
-- Outro pilar. – disse Thomas olhando para o monumento quando chegaram.
-- Parece que isso vai demorar...
-- Melhor destruirmos esse antes de outra patrulha de lagartos chegarem. – disse Thomas desmontando de Alazão e preparando o escudo.
Deu batidas fortes no pilar de pedra até que ele foi ficando mais mole no chão e caiu. Da mesma forma que o anterior, da rachadura saiu a misteriosa luz azul. Agora a luz do dia fazia com que a espada brilhasse com o movimento. Acertou a rachadura. Outro raio de luz apareceu no horizonte.
Hansi olhou para cima e viu o grandioso AMUU, que segurava o mundo com as mãos e olhava diretamente para a superfície, sem nenhum movimento. Os grandes olhos se fecharam um pouco. Isso acontecia todo dia. A luz era emitida dos olhos de AMUU, e tudo ficava escuro quando ele os fechava, e a única forma de enxergar era com tochas.
-- Os olhos vão se fechar e não temos nenhum fogo conosco, Thomas.
-- Não sabemos quantos pilares ainda estão por aí, mas devemos destruí-los. São obras do Escuro.
-- É perigoso, Thomas – Hansi tentou convencê-lo a não ir.
-- Pensei que gostava de viver histórias para suas canções.
-- Eu já tive emoção demais por um dia. E minhas costas estão doendo.
-- Não vou deixar essas coisas malignas por aí. Você pode voltar. – Thomas se pôs a trotar na direção do raio de luz.
Hansi olhou para trás e pensou por um instante. Se tentasse voltar sozinho e mais lagartos aparecessem, estaria perdido e nunca mais cantaria de novo. Gritou para que Thomas o esperasse e seguiu-o.
Passaram o dia inteiro destruindo pilares e encontrando os terríveis lagartos. Pararam no Poço do Meio para descansar por um tempo. O Poço do Meio era o único lugar onde havia água com abundância. Não havia fontes de água em Pedra Branca então os chamados águeiros eram encarregados de trazer de tempos em tempos carroças com água. Não viram nenhum águeiro no Poço do Meio enquanto estavam lá.
Foram-se nove pilares e estavam muito cansados. Hansi batia nas cordas do alaúde enquanto caminhava ao lado do cavaleiro. Não tentou cantar, pois aquilo o deixaria com sede.
-- Sabe, eu não sei se tenho energia pra voltar quando acabarmos com isso, Thomas.
-- Mas estamos prestes a acabar. Olhe à frente. – disse Thomas desmontando.
Havia um pilar muitas vezes maior que os anteriores e era totalmente negro. Não estava rachado, mas emitia a mesma luz azul. O que preocupou os aventureiros foi o guardião desse pilar. Nunca tinham visto uma criatura como essa antes. Era como uma enorme escultura de pedra vêrde maior que uma casa em Pedra Branca. A grande cauda parecia uma serpente gigante, as asas faziam sombra e muita areia voava com o vento.
-- Eu vou morrer. – disse Hansi guardando o alaúde na bolsa de couro.
Thomas deu duas batidinhas no lombo de Alazão que se pôs a correr de volta para Pedra Branca. Não queria que o cavalo corresse o mesmo risco que estava prestes a correr. Quando o cavalo estava sumindo no horizonte, Hansi se desesperou.
-- Ei! Você podia ter me deixado ir com ele!
-- Ah... – Thomas pareceu não ter pensado nisso. – Desculpa.
Os dois se olharam por um tempo até que a enorme criatura alada percebeu a presença dos aventureiros. Deu um berro altíssimo e voou na direção deles. Perceberam duas antenas na sua cabeça que balançavam contra o vento. Hansi correu para longe.
Thomas colocou o escudo na frente do corpo e esperou com a espada preparada. Quando o monstro desceu e tentou abocanhá-lo, pulou para o lado e cortou-lhe o rosto. Ouviu outro berro e a criatura voou para longe.
-- Tive uma idéia! – procurou o bardo em meio à areia. – Hansi, comece a cantar!
-- Essa armadura deve ter cozido seu cérebro!
-- Cante o mais alto que puder!
Não entendendo o plano do cavaleiro Hansi procurou algum verso na memória e começou a cantar com a voz trêmula.

Conheci uma garota na taverna
Seu cabelo era louro, tão louro quanto o ouro! (...)

O monstro percebeu o bardo cantando e mudou de alvo. Preparou um rasante para tentar outra de suas mordidas. A música não o deixou perceber que Thomas corria por um ponto cego, e quando estava quase no chão, gritou:
-- Se joga no chão!
Hansi se jogou na areia com as mãos na cabeça, e quando levantou procurando o cavaleiro não conseguiu achá-lo. Viu apenas o monstro voado acima de sua cabeça.
A primeira coisa que pensou foi que seu amigo foi comido.  Ficou triste e com raiva.
-- Seu monstro idiota! – lágrimas quase saíram de seus olhos, quando viu um ponto brilhante na cabeça da criatura. Era Thomas.
O cavaleiro conseguiu pular em suas costas e chegar à cabeça e agora estava agarrado nas duas antenas. Isso parecia deixar o monstro louco. Thomas percebeu que se puxasse a antena da esquerda, o monstro voava nessa direção, e vice-versa. Guiou-o para o grande pilar negro.
Estava rápido então destroços voaram para todo o lado. Dessa vez não houve mais luz no horizonte, a luz que o pilar emitia foi ficando mais fraca até sumir.
"NÃÃÃÃO! MALDITO CAVALEIROOO!" ouviram o berro terrível.
Thomas percebeu que conseguia controlar o monstro através de suas antenas e o fez voar próximo ao chão e mandou Hansi se segurar. O bardo ficou com muito medo, mas conseguiu agarrar sua cauda. Thomas fez com que a criatura voasse o caminho todo de volta.
O monstro já voava devagar e ofegava. Não agüentava mais voar e tinha dificuldades para respirar. Hansi se segurava firme na cauda que balançava com o vôo enquanto Thomas estava seguro agarrado nas grandes antenas.
Eles já conseguiam ver os muros de Pedra Branca quando o monstro caiu planando. Quando bateu na areia, estava morto.

Todos na taverna estavam maravilhados quando o ultimo verso da canção foi cantado.

(...) As asas ao chão,
De espada na mão o cavaleiro venceu!