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[+18] Crônicas da terra morta

Iniciado por Luana_Cross, 16/10/2014 às 13:08

16/10/2014 às 13:08 Última edição: 18/10/2014 às 11:52 por ecross
Nem camponês, padre ou nobre, sobrevive ao toque dos amaldiçoados. Forjados pelo sangue do demônio, eles retornaram do inferno, famintos de dor e sofrimento, caminhando sobre a morte eterna. Resta a nós, pobres pecadores procurar pela luz divina, para sobreviver ao castigo eminente do senhor.

Origem
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Cronicas da terra morta, é um serie minha de "zumbis" retratada durante a alta idade média, durante a estruturação da igreja católica, e a consolidação do feudalismo. Como trata-se de um serie de ficção/historia/horror, muitos elementos históricos foram alterados. Obviamente eu também peguei bastante referências de senhor dos anéis, guerra dos tronos, peste negra, vikings, cruzadas e vários filmes de zumbis para compor a historia.

Eu tinha começado a escrever esse cenário já faz algum tempo, mas parei por falta de motivação e tempo. A estrutura segue a narrativa de vários personagens, sob a ótica particular de cada um. Além disso o tempo é muitas vezes contado de forma arbitraria, onde a narrativa avança ou regride na historia.
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Terra morta
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Terra morta é o nome designado para o período medieval após a queda do império romano, sob a invasão dos povos bárbaros, onde repentinamente os mortos começaram a retornar de seus túmulos, e qualquer homem depois de morto, retornava bruscamente como um amaldiçoado, como se estivesse sido expulso do inferno. Mediante isso rapidamente instaurou-se uma epidemia e um cenário de horror e desespero sobre todos.Não era mais possível morrer naturalmente agora, todos estavam condenados a retornar como amaldiçoados.

O período é marcado pela fome, violência, desespero, onde a igreja viria a ganhar ainda mais poder, mediante esse fenômeno. As vilas tornam-se protegidas por grandes muralhas e castelos para conter a invasão dos amaldiçoados, como são chamados as criaturas.Qualquer pessoa ou animal morto, é queimado rapidamente para impedir que retorne. São tempos difíceis, e nunca antes a humanidade estava tão condenada a extinção como agora.
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Prólogo - Alex
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- Que cheiro ruim - falou o homem enquanto cuspia sobre o corpo no campo.

A luz adentrava discretamente sobre a imensidão das trevas no campo, e o jovem Alex estava posicionado com a lamina virada sobre o pescoço do pequeno corpo deitado no chão. Pensou brevemente sobre as circunstancias, o quanto um pobre garoto, depois de morrer de fome, teria de voltar à vida, e ser dilacerado por um maldito cavaleiro. Pensou Alex. Não basta sofrer uma vez, pela fome, e agora será pela espada.

- Eu não passo de uma droga de carrasco. Murmurou silenciosamente essas palavras, misturando elas ao vento gélido que permeava seu corpo, dentro da pesada armadura encharcada de sangue.

Rondou o corpo, circundando a ponta da espada, relaxando alguns movimentos, mas não menos atento a qualquer mínimo detalhe. Quando de repente percebeu uma pequena luz Insípida, vindo de baixo da roupa do garoto.
Parecia em sua forma, um amuleto velho, do tamanho de uma moeda de cobre, mas com um aspecto bastante sujo e desgastado.

- O bastardo deve ser um ladrão, falou Alex, enquanto dava um pequeno sorriso.

Já tinha se passado um bom tempo desde que o menino tinha falecido, mas apesar disso seu aspecto parecia de um corpo inerte, fedido, apodrecendo como um cão abandonado.

Pouco tempo depois o cheiro de carne podre tomou uma forma insuportável e Alex pensou.
- Estou farto de esperar, vou cortar logo a cabeça desse miserável.

E assim foi feito, com um golpe certeiro, a cabeça do garoto foi destroçada e seu pescoço dilacerado. Agora o menino poderia sofrer em paz no inferno, por que na terra o serviço já foi feito, pela comunidade e por Alex.

Em meio aos miolos de cérebro e carne, Alex rapidamente pegou o amuleto, completamente submerso de sangue. Limpou suavemente, até o objeto voltar a emitir aquele brilho magnético. Percebeu um símbolo misterioso, e desconhecido, parecido com um "U" inscrito na parte da frente. Pensou

- Objeto estranho, nunca vi tamanho artefato por essas terras, nem mesmo se assemelha com os brasões ingleses. Esse garoto era um maldito bastardo pagão, essa porcaria deve estar amaldiçoada.

Alex era um cavaleiro com uma fé muito grande, e adorava matar bastardos hereges, como aquele garoto. Mas por algum motivo, nesse momento, seu fascínio falava mais alto, e aquele objeto não poderia ser desperdiçado. Pela primeira vez guardava uma peça de suas vitimas, ainda mais de um pagão.

A vila de Norrow ficava no topo de uma grande colina cercado por grandes plantações de milho. As suas margens estavam normalmente alguns cavaleiros ou homens dispostos a proteger o lugar, fazendo rondas e matando qualquer infeliz suspeito. O sol já estava disposto em seu lugar, e Alex tinha passado muito tempo naqueles campos decrépitos fazendo a justiça de seu senhor. Estava na hora de retornar.

Foi nesse momento, em que caminhava lentamente de volta a vila, que avistou um homem com um manto negro cobrindo todo corpo, acompanhado de um nobre cavaleiro, vindo em sua direção.

Sua visão estremeceu, e um medo começou a tomar conta de Alex. Era um padre, mas não qualquer padre, era o maldito Martin, um velho homem detestável, que mandou enforcar uma de suas filhas. O infeliz costumava se divertir estuprando e matando pequenas crianças, abandonadas, então chamava Alex ou qualquer outro cavaleiro para novamente matar os malditos quando retornavam. Não foram poucas vezes em que pensava em deixar os pequenos livres para devorarem Martin. Mas como ele era um membro da igreja, era praticamente intocável. Algum dia iria castrar e queimar o maldito. Mas por enquanto, era melhor se submeter as suas ordens.

Alex abaixou em posição de respeito, e olhando para o chão, e falou com uma voz estarrecida.
- Sagrado seja o coração de cristo.

O homem tirou o grande capuz que cobria toda sua cabeça. Tinha olhos pequenos e um grande nariz, um aspecto pálido, com um olhar obscuro, emitia um estranho semblante perverso, olhou para Alex e falou.

- Não fale o nome do nosso senhor aqui, seu maldito bastardo. Dá próxima vez vou mandar enforcar você e toda sua família se pronunciar qualquer palavra sobre cristo, vestindo essa armadura cheia de sangue cheirando a carne podre.

Uma raiva gigantesca tomou conta de Alex. Aquelas palavras de comprimento eram a cortesia que qualquer cavaleiro costumava dizer quando encontrava um membro religioso, mas Martin gostava de contrariar as coisas e inventar novas regras , e agora parecia que não era mais possível pronuncia-las usando armaduras de batalhas.

- Desculpe senhor Martin. Falou Alex com a voz baixa, quase sem forma.

Diga-me, qual o relatório?. Dirigindo a Alex, de forma impositiva. E sem levantar a cabeça, e olhando para o chão respondeu.

- 5 mortos, senhor, sendo 3 crianças e 2 homens. Todos eles queimados e dilacerados, antes de retornarem como amaldiçoados.

- Ótimo bom trabalho seu infeliz. Embora você seja filho de uma vagabunda e um verme maldito, nosso senhor tem compaixão por criaturas pecadoras como você, e guiam a espada, para que nenhum amaldiçoado tragá problemas a nossa vila. Falou Martin, colocando novamente o capuz e fazendo um sinal para o cavaleiro que o acompanhava seguir viajem.

Quando Alex se levantava para seguir a vila, e os dois seguiam o passo em direção oposta, o estranho objeto escondido sob a armadura, cai batendo em uma pedra, fazendo um barulho e chamando a atenção de todos.
Hoje parecia que o diabo, resolveu falar com ele.

- O que é isso? Logo perguntou Martin, pegando o estranho amuleto e olhando desconfiado para Alex. Assustado, sem saber o que dizer, respondeu subitamente.   

- Não faço ideia, senhor Martin, estava junto ao corpo de um dos mortos.

Agora ele, estava com um grande problema, já que não era permitido trazer objetos estranhos à vila, sem antes passar pela inspeção da igreja. Acreditava-se que isso poderia atrair mais amaldiçoados, e matar todos.

- Maldito, isso é um símbolo pagão, seu verme. Você estava tentando matar a todos.

Sem mesmo Martin terminar de pronunciar a frase, o cavaleiro que o acompanhava, desceu rapidamente do cavalo. Vestindo uma armadura bastante parecida com a de Alex, exceto por pequenas perolas cravejantes em seu ornamento, e uma espada bem mais trabalhada, Além de mais alto e robusto que ele. Sacou a arma, e apontou para o peito de Alex e falou com um olhar fixo e penetrante.

- Garoto como ousa, trazer problemas a nossa pequena vila, carregando artefatos amaldiçoados. Alex sabia que não tinha a mínima chance contra aquele sujeito, não o conhecia, mas pela sua vestimenta tinha certeza que poderia ser membro de alguma ordem militar da igreja e, portanto um exímio cavaleiro protegido por deus. Seus cabelos compridos pareciam chicotes de medusa, já que o seu semblante tinha paralisado Alex.

Quando menos percebeu, ele estava nu amarrado sobre um tronco, havia vários cortes pelo corpo e sua boca havia sido amordaçada. Estava tomado por sangue. Olhou a frente, com a visão meio turva e viu Martin e o cavaleiro conversando e sorrindo. Ouviu alguma coisa sobre, vender o amuleto e ganhar algum dinheiro. Ao lado estava jogada toda a sua velha armadura e sua espada enferrujada. Quando menos percebeu, Martin apareceu em sua frente, e com o punho fechado acertou um soco no estomago de Alex. Gritou feito um porco no abate.

Martin cuspia sobre o seu rosto, chamando ele de herege, enquanto fazia pequenos cortes e arrancava as unhas da sua mão direita. A dor era insuportável, parecia que o próprio fogo do inferno estava tomando seu corpo. Subitamente o cavaleiro se aproximou, sacou a espada e um corte foi feito sobre o braço de Alex, que gritou feito um cachorro louco, enquanto o sangue escorria como uma cascata infernal.

- Vou estuprar e matar toda sua família. Falou Martin sorrindo enquanto tomava uma tragada de vinho, que trazia junto a uma bolsa pendurada em seu corpo. E continuava falando, alternando com as tragadas.

- Sua mulher é muito linda, Alex, não é qualquer uma que dispõem de peitos fartos como ela. Aposto que chupa feito uma cadela.

Aquelas palavras entraram em seus ouvidos mais profundamente do que os cortes feitos pelo cavaleiro. Movimentou-se feito uma besta, com o olhar tomado de ódio. Mas era inútil, Deus o tinha abandonado e agora Alex, só tinha a companhia do demônio.

O cavaleiro se aproximava com uma tocha, fervendo como as chamas do inferno. Morrer era o que menos importava para Alex, exceto se voltaria como um amaldiçoado. Então a palha começou a pegar fogo, e os pés de dele foram suavemente sendo corroídos pelo calor.

Subitamente um vento forte começou. E o fogo, sentia dificuldades em se estender por sua carne.
Quando um grito tenebroso foi ouvido ao fundo, pássaros voaram ao meio do campo. Um silencio mórbido tomou conta do momento. O cavaleiro sacou sua espada, Martin olhou com um semblante preocupado, e Alex praticamente desacordado, olhou para o horizonte.

O sol, que tinha aparecido no começo da manhã, agora foi interrompido por nebulosas nuvens cinzas, e o dia voltava a se parecer com a noite. Ao fundo do campo, a silhueta de varias pessoas começaram a se desenhar em meio à poeira e o vento que tomava o lugar. Não se tinha menor dúvida, eram amaldiçoados avançando como uma cobra negra, seguindo sua presa. Mulheres, crianças, homens e guerreiros, todos davam forma ao exercito de criaturas avançando no campo. Alguns correndo, outros se arrastando com os membros expostos e sangue sendo despejado feito água. Alguma coisa deveria ser feita, ou ambos os três logo fariam parte daquela manada de monstros.

Martin, deixando cair sua pequena bolsa de vinho, falou extremamente assustado.

- Que Deus, tenha pena misericórdia de nós.

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Elizabeth
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Seus cabelos louros esvoaçavam ao vento, enquanto seu olhar sobre a paisagem cinza parecia atender a um chamado desconhecido e silencioso. Colocou a mão delicadamente sobre seu ventre e pensou:

- Alex, por que está demorando tanto?

A preocupação começou a tomar forma em Elizabeth, que esperava ansiosamente o retorno de seu marido. Embora a experiência e as habilidades dele eram eximias, ela sempre costumava temer quando o marido se prestava a guarnição contra os amaldiçoados. Costumava rezar para pedir perdão e proteção do senhor, sobre seu amado. E assim fez, quando subitamente foi interrompida por uma voz.

Era Eliza, sua amada filha, garota doce, linda como sua mãe, com suas pequenas mãos agarrando o longo vestido desgastado de Elizabeth. Falando com um olhar perdido.

- Ma... Mãe, Onde está o Pa..pai? Falou a pequena Eliza, com os cabelos dourados como sua mãe, e aparência de menina de 6 anos.

- Ele já está vindo, Eliza, agora vá ajudar sua irmã. Falou despreocupada, sem lhe dar uma atenção digna.
Rapidamente, se moveu deixando a janela da casa, concentrando sua atenção na garota que amassava o que parecia ser uma massa de pão em uma velha mesa de madeira no centro do cômodo. Falou impositivamente com um olhar punitivo.

- Alyssa, vá buscar alguns legumes em Eliot.

A garota, rapidamente largou sua tarefa, e em um movimento cortês e respeitoso, falou.

- Sim, vossa mãe.

Elizabeth assumiu a tarefa de sua filha, no oficio de mulher de preparar a refeição, continuou a dar forma ao pão, enquanto a garota, que parecia ter uns 12 ou 13 anos, também loira, jovial e bonita, arrastou a velha porta de madeira, e saiu lá fora para buscar os legumes.

A saliente barriga da gravidez de Elizabeth prejudicava um pouco os movimentos no cômodo, principalmente no exercício de preparar a refeição. Sentiu levemente algumas pontadas, e uma dor adormecida tocou o seu corpo. Derrubou um frasco de água que ficava no canto da mesa, mas rapidamente recuperou o equilíbrio e a dor desapareceu no mesmo lampejo em tinha aparecido.

Tocou novamente o seu ventre, e pensou:

- Maldita, está muito cedo para parir.

Sentiu-se levemente culpada e refletiu sobre os ensinamentos que costumava ouvir, principalmente o quanto as cadelas, porcas e vacas aguentavam forte o sofrimento da gravidez, portanto era essencial que ela se portassem do mesmo jeito, ainda mais que já tivera duas crias e aguentou ímpia e forte a situação.

A porta abriu, era Andrew, o garoto bastardo de Alex, que tivera nas suas aventuras pelos bordeis da vila, com uma prostituta chamada Leah, uma mulher provocante e ambiciosa, que costumava engravidar de cavaleiros para lhe exigir uma parte em seus patrimônios. Mas para felicidade de Elizabeth, ela já estava morta, feito produzido por um dos seus vários amantes. O problema agora era Andrew, um garoto um pouco mais velho que sua Alyssa, mas que para ela era considerado um forasteiro naquele lugar. Além disso, ele era o único filho homem de Alex, e a frustração costumava atormenta-la, por apenas ter lhe concebido filhas mulheres. Às vezes acreditava que Deus estava lhe punindo.

- Vossa mãe, você está bem? Falou Andrew, lhe oferecendo ajuda e vendo o sofrimento de Elizabeth.

- Estou bem. Sinalizou essas palavras com um tom agressivo, embora sua aparência e olhar emitissem uma tristeza e solidão para compartilhar sua dor. Também não gostava que Andrew lhe chamasse de mãe, mas Alex costumava dizer que Elizabeth tinha o dever que cria-lo e cuidado-lo, como todos os seus filhos.

Era nítido, que Andrew também sentia o afeto distante, mas sua gratidão e ternura por ela o impedia de manifestar qualquer comportamento agressivo. Calou-se.

De repente, o sino da igreja tocou, e subitamente assustou todos naquele lugar. Andrew saiu pela porta, enquanto Elizabeth se voltou na janela, todos com semblantes estremecidos.

Do horizonte das pastagens, muitos cavaleiros seguiam em direção ao castelo de Belllador, todos vestido armaduras, e carregando vastos escudos e espadas de combate.

Avistou Andrew correndo para o estábulo da casa, para apanhar um dos cavalos. Pegou rapidamente na mão de Eliza, e correu para fora da velha casa tremendamente assustada.

Andrew apareceu imponente como seu pai, montado em um dos cavalos e falou.

- Vossa mãe, amaldiçoados estão se aproximando daqui, temos que correr para o castelo. Sr Blake irá nos proteger.
- Mas o vosso pai, ainda não retornou, e Alyssa foi aos campos de Eliot buscar legumes. Falou segurando firme e assustada a mão de Eliza, que parecia estar distraída com um pássaro ao seu lado. Andrew retrucou:

- Mas não podemos ficar aqui, deixe-me leva-las ao castelo e logo após vou buscar Alyssa. Vou mais rápido que um trovão vossa mãe, me dê permissão.

- Não!

Gritou Elizabeth, que chegou mesmo a assustar a pequena Eliza, que começava a se amedrontar com a situação.
- Andrew, leve Eliza, e vá buscar Alyssa. Siga diretamente para o castelo.

Falou isso enquanto colocava a pequena Eliza, sobre a cela do cavalo.

- Mas por que vossa mãe não vem?

- Não vou sair daqui sem o seu vosso pai, Andrew.

Eram palavras duras, mas corajosas e Andrew percebeu que Elizabeth não mudaria de ideia, e sem questiona-la, ficou em silencio fazendo uma expressão triste, mas aceitando e entendendo o fato dela permanecer ali. Admirava Elizabeth e seu amor pelos filhos.

Elizabeth acomodava como podia Eliza na cela, enquanto a menina chorava e balbuciava lagrimas chamando pela mãe. Andrew tentava levemente conforta-la, enquanto dizia algumas palavras.

O cavalo partiu feito um raio, e a pequena Eliza chorando, tentava buscar desesperadamente buscar a mãe no olhar, mas que logo sumiu, quando o cavalo cruzou o campo e ambos desapareceram no horizonte. Elizabeth chorou, mas logo enxugou as lagrimas. Apesar da aparência delicada, era uma mulher forte e corajosa, e não era a primeira vez em que enfrentava amaldiçoados, embora outras vezes estava ao lado de seu marido, para lhe proteger.

Correu rapidamente para dentro do cômodo, trancou todas as portas e janelas. Foi até o quarto, onde retirou de um baú velho, uma grande espada. Manejou ela de forma desengonçada, pois não possuía nenhuma relação com armas ou combate, mas tinha uma grande vontade de lutar. Sentiu um medo profundo, começou a tremer e rezou para Deus proteger ela e seus filhos. Um clima tenebroso se abateu sobre o local e Elizabeth se acomodou em posição de ataque na escuridão.

Alguns gritos, e barulhos de galopes eram ouvidos do lado de fora da casa, que aos poucos era tomado por um silencio mórbido. Sombras de movimentos eram vistas pelas frestas das madeiras velhas da parede, e a cada detalhe, era o coração de Elizabeth que se enchia de esperança por Alex retornar.

De repente, o ventre de Elizabeth começou a gritar, e uma dor insuportável começou a tomar conta do seu corpo. Deixou a espada cair, e sentou no chão, colocando suas mãos cheias de tristeza sobre o abdômen. Era o pior momento para sua cria nascer, estava totalmente desolada e abatida.

- Por Deus, só pode ser o demônio, que se abate sobre meu corpo e quer levar minha criança. Falou delirando como se estivesse olhando para alguém na escuridão. Fechou os olhos e começou a rezar.

Um liquido começou verter entre suas entranhas, e a saia do vestido se encharcava rapidamente, acompanhada do sofrimento sobre seu corpo. Elizabeth relutava em gritar, mas a dor se tornava insuportável, e se traduziam em lagrimas. Suas mãos se amontoavam na genitália, como se estivessem impedindo o sujeito que habitava seu ventre, sair e se tornar parte da realidade lá fora.

O cavalo que estava no estaleiro começou a gritar agonizando como se estivessem pedindo socorro, mas rapidamente foi suprimido pelas vozes monstruosas dos malditos. Eles estavam devorando o animal, e o cheiro da morte estava chegando cada vez mais perto de Elizabeth, segurou a espada com a mão direita, enquanto carregava seu ventre e a dor com a outra. Apontou a espada para a porta e falou:

- Que cristo me dê força contra esses malditos.

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Andrew
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O vento cortava os cabelos de Andrew, galopando com fúria como um raio pelo campo. O medo o assombrava, de modo a qual, preferia fechar os olhos por alguns instantes, e se imaginar longe daquela situação. Mas o constante choro de Eliza, o acordava e o impelia de se amedrontar. Funcionando como uma estaca de coragem em seu peito, refletindo a responsabilidade de cuidar de suas irmãs. Agora antes de mais nada era hora de assumir seu dever como homem da família e proteger a todos. Mesmo que naquela família ninguém o amava.

- Se acalme Eliza. Falou colocando a mão levemente em seus cabelos dispersos pelo ar, e enxugando suas lagrimas secas, na tentativa de conforta-la.

O cenário que se desenhava atrás dele, conforme avançava com o cavalo, era de desolação total, e alguns poucos infelizes, correndo desesperadamente pela planície destruída sendo tomada pelos amaldiçoados. Era um cenário horror e tristeza, e quanto mais os malditos apareciam no cenário distante, mais Andrew se sentia pequeno naquela situação.

Já estava sem esperança em encontrar Alyssa, pois o trajeto em que fizera de sua casa até os campos de Eliot, era muito maior do ela poderia percorrer sem um cavalo. Tinha visto algumas poucas pessoas pelo caminho, e outras galopando, mas ninguém parecido com sua irmã.

Alyssa era para ele um desejo proibido, pois embora vista como uma irmã, também era uma jovem virgem a ponto de ser deflorada. Costumava sonhar que seus corpos se encontravam em um mar de gozo e prazer, Andrew apalpando seus seios, e Alyssa gritando feito uma cabrita. Mas ao mesmo tempo, se culpava e censurava sobre esse desejo, que o atribuía a influencia do demônio. Rezava e se mutilava com pequenos cortes nas costas, quando esse tipo de sentimento o tomava.

Andrew gritava veemente Alyssa ao mesmo tempo em que se preocupava com o avançado dos amaldiçoados. Enquanto Eliza ficava cada vez mais ansiosa e amedrontada.

- .... Eu que.. quero a Aly.. Alyssa. Falou Eliza, soluçando e temerosa pela morte da irmã.
- Ela está bem, vamos encontra-la e depois vamos voltar atrás da vossa mãe. Falou com um ar confiante, sorrindo para Eliza.

De repente, avistou em meio ao plantio, uma moça deitada de bruços no chão, ao que parecia estar morta ou desacordada. A cor do vestido era muito parecido com aquele que Alyssa costumava usar. Temeu por isso.

Aproximou-se, ansiosamente, e sua breve suspeita se confirmou.

Era Alyssa.

Desceu do cavalo no mesmo instante, e tocou o corpo, verificou uma grande quantidade de sangue espalhada sobre o vestido amassado. Algumas partes da roupa estavam rasgadas, e havia levemente alguns cortes sobre o corpo. Mas felizmente Alyssa respirava, embora com dificuldades. Andrew não tinha menor duvida, ela foi agredida e na pior das hipóteses estuprada.

Eliza gritava pedindo pela irmã e Andrew abalado com a situação, ficava imóvel diante dela sem fazer nada.
Quando subitamente um homem emergiu atrás de uma arvore. Caminhando lentamente em sua direção. Ele ajeitava sua armadura na região genital, enquanto mastigava alguma coisa entre os dentes.

Era um homem alto, extremamente robusto e careca, e forte como um touro, seu rosto era marcado por centenas de cicatrizes, na qual atravessavam seu olho direito, na qual possivelmente não enxergava. Vestia uma grande armadura negra, sem uma manopla na mão esquerda. Uma espada grande e larga o acompanhava.

Olhou sorrindo para Andrew ao mesmo tempo em que mastigava um objeto, falou com uma voz rouca:
- Era sua irmã? Sabia que ela fode igual uma prostituta?

Andrew ficou louco, sacou uma pequena adaga que trazia consigo e partiu para cima do homem, como uma besta indomável, sem pensar duas vezes.

O homem sem nenhum esforço bloqueou e desarmou Andrew, lhe quebrando um dos braços. A dor foi imensa, gritou desesperadamente e caiu desacordado em frente ao sujeito. Que surgia diante de Andrew como um demônio imponente prestes a devorar-lhe.

O demônio então cuspiu em seu rosto, enquanto pisava em seu membro exposto do braço quebrado. O sujeito transparecia que se divertia com isso, enquanto Andrew chorava e berrava pela imensa dor. Os pensamentos também o torturavam de forma punitiva, lamentando sua falha como protetor e homem da família.

Eliza olhava toda aquela situação paralisada, ao mesmo tempo em que lagrimas brotavam do seu rosto, sua boca permanecia fechada, como uma presa encurralada, prestes a tomar consciência do seu lamentável destino.
De repente, os amaldiçoados começavam a surgiu sobre o campo e se aproximavam do local, grunhindo vozes diabólicas infernais.

Subitamente um deles se aproximou do cavalo de onde estava Eliza, e o mordeu de forma bestial na perna, fazendo com o animal pulasse e lançasse Eliza para baixo, com o rosto diretamente no chão, fazendo um grande corte em seu lindo rosto.

O cavalo saiu galopando e gritando, com o amaldiçoado agarrado em suas costas, ao mesmo tempo em que devorava suas entranhas.

Mais amaldiçoados se aproximaram de Eliza, que imóvel não sabia o que fazer. Quando um deles segurou em seu pé, impedindo com ela fugisse. Prestes a lhe cravar aqueles dentes imundos e cheios de sangue e sujeira. Uma espada apareceu como um anjo, e cortou os braços do monstro, enquanto uma grande quantidade de sangue inundava o corpo e as lagrimas de Eliza.

Andrew imóvel deitado no campo observava tudo aquilo, já arrebatado pela dor. Não acreditava no que seus olhos refletiam. O demônio, que tinha lhe quebrado o braço e estuprado sua irmã, agora estava lhe ajudando, destroçando e dilacerando todos os amaldiçoados que o cercavam e se aproximavam de suas irmãs. Eliza permanecia junto ao corpo da Alyssa, se escondendo entre seu vestido.

A espada do homem cortava cada monstro sem encontrar dificuldades, passando rapidamente da carne para o ar, como uma faca cortando folhas. Embora os amaldiçoados se aproximavam lentamente, o homem também continha com facilidade os mais rápidos, obliterando sempre suas cabeças e membros inferiores. A sua armadura negra estava totalmente pintada com sangue, e ele já apresentava sinais de cansaço. Quando a horda acabou, o homem imediatamente guardou a espada, se aproximou das meninas, e assoviou como se emitisse um chamado.

Repentinamente um corcel negro imponente, surgiu em meio à cena, vindo do meio da mata, perto da arvore de onde o homem estava. Pegou Alyssa em seus braços e colocou sobre a cela, Eliza permaneceu congelada e petrificada na hora. O sujeito pegou a menina abruptamente, totalmente coberto de sangue e colocou sobre a cela perto de Alyssa. Ela então começou a chorar desesperadamente pedindo pelo irmão.

Andrew se levantou com enorme dificuldade, ainda coberto de sangue, estarrecido pela dor, começou a se movimentar lentamente, onde cada passo lhe custava uma dor imensa sobre seu corpo. Estava absurdamente assustado ao mesmo tempo em que um ódio imenso lhe habitava o peito, falou gritando, tropeçando nas palavras.

- Solte... Elas... Seu... Verme...

- Vou.. Te-e Mar-r-tar ...Demo-nio..

O homem, não lhe deu a menor atenção, enquanto bebida alguma coisa que trazia escondido ao peito. Pulou sobre o cavalo, e sumiu no horizonte com as meninas.

Andrew não podia acreditar no que tinha acontecido.

Mais amaldiçoados se aproximavam, e agora Andrew não tinha a menor condição de fugir, estava cansado, deprimido, e tomado pela dor. Só pensava no destino das suas irmãs.

Todas as esperanças lhe foram tiradas, caiu feito uma pedra no chão.

Com bastante dificuldade conseguiu apanhar a adaga, que lhe foi tirada e jogada no chão pelo golpe bem sucedido daquele homem. Mirou para si, apontando a arma para o seu coração. Lagrimas brotavam dos seus olhos feitos uma cachoeira, rezou para Deus e se redimiu e pediu perdão por todos os pecados, exclusivamente os desejos que sentia por Alyssa. Sabia que lhe infringir a própria morte, era um das mais graves abominações que um homem poderia fazer contra Deus. Também sabia que iria retornar como um amaldiçoado e mais tarde seria dilacerado por um infeliz qualquer. Mas o medo de ser devorado vivo era maior, do que morrer pela própria vontade.

Segurou a faca com tanta força, quando viu um amaldiçoado se aproximando correndo feito um touro descontrolado, deixando um rastro de sangue e um cheiro de carne podre pelo ar. Aqueles olhos sem o menor reflexo de vida, vermelhos, totalmente vermelhos fixavam Andrew como um premio. Com a pele do rosto decrépita, com vermes habitando seu corpo e comendo suas entranhas, e a pouca roupa que vestia encharcada de sangue e lama.

O monstro se aproximou.

Andrew tomou a decisão correta.

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Caso tiver algum feedback, vou continuar postando os capítulos. Obrigado.

Gostei muito do enredo básico em geral, do mesmo jeito que amo as histórias "da era média" por mim você continua :D

Spoiler
seria legal se o alex voltasse zumbizão abrindo ocos por ai  :derp:
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Citação de: Akkain online 16/10/2014 às 15:13
Gostei muito do enredo básico em geral, do mesmo jeito que amo as histórias "da era média" por mim você continua :D

Spoiler
seria legal se o alex voltasse zumbizão abrindo ocos por ai  :derp:
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Que ótimo que adorou, fico feliz com isso. Também curto muito historia em períodos históricos, principalmente o medieval.Bom, quanto ao Alex, muito coisa vai acontecer com ele... hehe

Espero que continue acompanhando.

Adicionado mais dois capítulos na história:

Elizabeth
Spoiler


Seus cabelos louros esvoaçavam ao vento, enquanto seu olhar sobre a paisagem cinza parecia atender a um chamado desconhecido e silencioso. Colocou a mão delicadamente sobre seu ventre e pensou:

- Alex, por que está demorando tanto?

A preocupação começou a tomar forma em Elizabeth, que esperava ansiosamente o retorno de seu marido. Embora a experiência e as habilidades dele eram eximias, ela sempre costumava temer quando o marido se prestava a guarnição contra os amaldiçoados. Costumava rezar para pedir perdão e proteção do senhor, sobre seu amado. E assim fez, quando subitamente foi interrompida por uma voz.

Era Eliza, sua amada filha, garota doce, linda como sua mãe, com suas pequenas mãos agarrando o longo vestido desgastado de Elizabeth. Falando com um olhar perdido.

- Ma... Mãe, Onde está o Pa..pai? Falou a pequena Eliza, com os cabelos dourados como sua mãe, e aparência de menina de 6 anos.

- Ele já está vindo, Eliza, agora vá ajudar sua irmã. Falou despreocupada, sem lhe dar uma atenção digna.
Rapidamente, se moveu deixando a janela da casa, concentrando sua atenção na garota que amassava o que parecia ser uma massa de pão em uma velha mesa de madeira no centro do cômodo. Falou impositivamente com um olhar punitivo.

- Alyssa, vá buscar alguns legumes em Eliot.

A garota, rapidamente largou sua tarefa, e em um movimento cortês e respeitoso, falou.

- Sim, vossa mãe.

Elizabeth assumiu a tarefa de sua filha, no oficio de mulher de preparar a refeição, continuou a dar forma ao pão, enquanto a garota, que parecia ter uns 12 ou 13 anos, também loira, jovial e bonita, arrastou a velha porta de madeira, e saiu lá fora para buscar os legumes.

A saliente barriga da gravidez de Elizabeth prejudicava um pouco os movimentos no cômodo, principalmente no exercício de preparar a refeição. Sentiu levemente algumas pontadas, e uma dor adormecida tocou o seu corpo. Derrubou um frasco de água que ficava no canto da mesa, mas rapidamente recuperou o equilíbrio e a dor desapareceu no mesmo lampejo em tinha aparecido.

Tocou novamente o seu ventre, e pensou:

- Maldita, está muito cedo para parir.

Sentiu-se levemente culpada e refletiu sobre os ensinamentos que costumava ouvir, principalmente o quanto as cadelas, porcas e vacas aguentavam forte o sofrimento da gravidez, portanto era essencial que ela se portassem do mesmo jeito, ainda mais que já tivera duas crias e aguentou ímpia e forte a situação.

A porta abriu, era Andrew, o garoto bastardo de Alex, que tivera nas suas aventuras pelos bordeis da vila, com uma prostituta chamada Leah, uma mulher provocante e ambiciosa, que costumava engravidar de cavaleiros para lhe exigir uma parte em seus patrimônios. Mas para felicidade de Elizabeth, ela já estava morta, feito produzido por um dos seus vários amantes. O problema agora era Andrew, um garoto um pouco mais velho que sua Alyssa, mas que para ela era considerado um forasteiro naquele lugar. Além disso, ele era o único filho homem de Alex, e a frustração costumava atormenta-la, por apenas ter lhe concebido filhas mulheres. Às vezes acreditava que Deus estava lhe punindo.

- Vossa mãe, você está bem? Falou Andrew, lhe oferecendo ajuda e vendo o sofrimento de Elizabeth.

- Estou bem. Sinalizou essas palavras com um tom agressivo, embora sua aparência e olhar emitissem uma tristeza e solidão para compartilhar sua dor. Também não gostava que Andrew lhe chamasse de mãe, mas Alex costumava dizer que Elizabeth tinha o dever que cria-lo e cuidado-lo, como todos os seus filhos.

Era nítido, que Andrew também sentia o afeto distante, mas sua gratidão e ternura por ela o impedia de manifestar qualquer comportamento agressivo. Calou-se.

De repente, o sino da igreja tocou, e subitamente assustou todos naquele lugar. Andrew saiu pela porta, enquanto Elizabeth se voltou na janela, todos com semblantes estremecidos.

Do horizonte das pastagens, muitos cavaleiros seguiam em direção ao castelo de Belllador, todos vestido armaduras, e carregando vastos escudos e espadas de combate.

Avistou Andrew correndo para o estábulo da casa, para apanhar um dos cavalos. Pegou rapidamente na mão de Eliza, e correu para fora da velha casa tremendamente assustada.

Andrew apareceu imponente como seu pai, montado em um dos cavalos e falou.

- Vossa mãe, amaldiçoados estão se aproximando daqui, temos que correr para o castelo. Sr Blake irá nos proteger.
- Mas o vosso pai, ainda não retornou, e Alyssa foi aos campos de Eliot buscar legumes. Falou segurando firme e assustada a mão de Eliza, que parecia estar distraída com um pássaro ao seu lado. Andrew retrucou:

- Mas não podemos ficar aqui, deixe-me leva-las ao castelo e logo após vou buscar Alyssa. Vou mais rápido que um trovão vossa mãe, me dê permissão.

- Não!

Gritou Elizabeth, que chegou mesmo a assustar a pequena Eliza, que começava a se amedrontar com a situação.
- Andrew, leve Eliza, e vá buscar Alyssa. Siga diretamente para o castelo.

Falou isso enquanto colocava a pequena Eliza, sobre a cela do cavalo.

- Mas por que vossa mãe não vem?

- Não vou sair daqui sem o seu vosso pai, Andrew.

Eram palavras duras, mas corajosas e Andrew percebeu que Elizabeth não mudaria de ideia, e sem questiona-la, ficou em silencio fazendo uma expressão triste, mas aceitando e entendendo o fato dela permanecer ali. Admirava Elizabeth e seu amor pelos filhos.

Elizabeth acomodava como podia Eliza na cela, enquanto a menina chorava e balbuciava lagrimas chamando pela mãe. Andrew tentava levemente conforta-la, enquanto dizia algumas palavras.

O cavalo partiu feito um raio, e a pequena Eliza chorando, tentava buscar desesperadamente buscar a mãe no olhar, mas que logo sumiu, quando o cavalo cruzou o campo e ambos desapareceram no horizonte. Elizabeth chorou, mas logo enxugou as lagrimas. Apesar da aparência delicada, era uma mulher forte e corajosa, e não era a primeira vez em que enfrentava amaldiçoados, embora outras vezes estava ao lado de seu marido, para lhe proteger.

Correu rapidamente para dentro do cômodo, trancou todas as portas e janelas. Foi até o quarto, onde retirou de um baú velho, uma grande espada. Manejou ela de forma desengonçada, pois não possuía nenhuma relação com armas ou combate, mas tinha uma grande vontade de lutar. Sentiu um medo profundo, começou a tremer e rezou para Deus proteger ela e seus filhos. Um clima tenebroso se abateu sobre o local e Elizabeth se acomodou em posição de ataque na escuridão.

Alguns gritos, e barulhos de galopes eram ouvidos do lado de fora da casa, que aos poucos era tomado por um silencio mórbido. Sombras de movimentos eram vistas pelas frestas das madeiras velhas da parede, e a cada detalhe, era o coração de Elizabeth que se enchia de esperança por Alex retornar.

De repente, o ventre de Elizabeth começou a gritar, e uma dor insuportável começou a tomar conta do seu corpo. Deixou a espada cair, e sentou no chão, colocando suas mãos cheias de tristeza sobre o abdômen. Era o pior momento para sua cria nascer, estava totalmente desolada e abatida.

- Por Deus, só pode ser o demônio, que se abate sobre meu corpo e quer levar minha criança. Falou delirando como se estivesse olhando para alguém na escuridão. Fechou os olhos e começou a rezar.

Um liquido começou verter entre suas entranhas, e a saia do vestido se encharcava rapidamente, acompanhada do sofrimento sobre seu corpo. Elizabeth relutava em gritar, mas a dor se tornava insuportável, e se traduziam em lagrimas. Suas mãos se amontoavam na genitália, como se estivessem impedindo o sujeito que habitava seu ventre, sair e se tornar parte da realidade lá fora.

O cavalo que estava no estaleiro começou a gritar agonizando como se estivessem pedindo socorro, mas rapidamente foi suprimido pelas vozes monstruosas dos malditos. Eles estavam devorando o animal, e o cheiro da morte estava chegando cada vez mais perto de Elizabeth, segurou a espada com a mão direita, enquanto carregava seu ventre e a dor com a outra. Apontou a espada para a porta e falou:

- Que cristo me dê força contra esses malditos.

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Andrew
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O vento cortava os cabelos de Andrew, galopando com fúria como um raio pelo campo. O medo o assombrava, de modo a qual, preferia fechar os olhos por alguns instantes, e se imaginar longe daquela situação. Mas o constante choro de Eliza, o acordava e o impelia de se amedrontar. Funcionando como uma estaca de coragem em seu peito, refletindo a responsabilidade de cuidar de suas irmãs. Agora antes de mais nada era hora de assumir seu dever como homem da família e proteger a todos. Mesmo que naquela família ninguém o amava.

- Se acalme Eliza. Falou colocando a mão levemente em seus cabelos dispersos pelo ar, e enxugando suas lagrimas secas, na tentativa de conforta-la.

O cenário que se desenhava atrás dele, conforme avançava com o cavalo, era de desolação total, e alguns poucos infelizes, correndo desesperadamente pela planície destruída sendo tomada pelos amaldiçoados. Era um cenário horror e tristeza, e quanto mais os malditos apareciam no cenário distante, mais Andrew se sentia pequeno naquela situação.

Já estava sem esperança em encontrar Alyssa, pois o trajeto em que fizera de sua casa até os campos de Eliot, era muito maior do ela poderia percorrer sem um cavalo. Tinha visto algumas poucas pessoas pelo caminho, e outras galopando, mas ninguém parecido com sua irmã.

Alyssa era para ele um desejo proibido, pois embora vista como uma irmã, também era uma jovem virgem a ponto de ser deflorada. Costumava sonhar que seus corpos se encontravam em um mar de gozo e prazer, Andrew apalpando seus seios, e Alyssa gritando feito uma cabrita. Mas ao mesmo tempo, se culpava e censurava sobre esse desejo, que o atribuía a influencia do demônio. Rezava e se mutilava com pequenos cortes nas costas, quando esse tipo de sentimento o tomava.

Andrew gritava veemente Alyssa ao mesmo tempo em que se preocupava com o avançado dos amaldiçoados. Enquanto Eliza ficava cada vez mais ansiosa e amedrontada.

- .... Eu que.. quero a Aly.. Alyssa. Falou Eliza, soluçando e temerosa pela morte da irmã.
- Ela está bem, vamos encontra-la e depois vamos voltar atrás da vossa mãe. Falou com um ar confiante, sorrindo para Eliza.

De repente, avistou em meio ao plantio, uma moça deitada de bruços no chão, ao que parecia estar morta ou desacordada. A cor do vestido era muito parecido com aquele que Alyssa costumava usar. Temeu por isso.

Aproximou-se, ansiosamente, e sua breve suspeita se confirmou.

Era Alyssa.

Desceu do cavalo no mesmo instante, e tocou o corpo, verificou uma grande quantidade de sangue espalhada sobre o vestido amassado. Algumas partes da roupa estavam rasgadas, e havia levemente alguns cortes sobre o corpo. Mas felizmente Alyssa respirava, embora com dificuldades. Andrew não tinha menor duvida, ela foi agredida e na pior das hipóteses estuprada.

Eliza gritava pedindo pela irmã e Andrew abalado com a situação, ficava imóvel diante dela sem fazer nada.
Quando subitamente um homem emergiu atrás de uma arvore. Caminhando lentamente em sua direção. Ele ajeitava sua armadura na região genital, enquanto mastigava alguma coisa entre os dentes.

Era um homem alto, extremamente robusto e careca, e forte como um touro, seu rosto era marcado por centenas de cicatrizes, na qual atravessavam seu olho direito, na qual possivelmente não enxergava. Vestia uma grande armadura negra, sem uma manopla na mão esquerda. Uma espada grande e larga o acompanhava.

Olhou sorrindo para Andrew ao mesmo tempo em que mastigava um objeto, falou com uma voz rouca:
- Era sua irmã? Sabia que ela fode igual uma prostituta?

Andrew ficou louco, sacou uma pequena adaga que trazia consigo e partiu para cima do homem, como uma besta indomável, sem pensar duas vezes.

O homem sem nenhum esforço bloqueou e desarmou Andrew, lhe quebrando um dos braços. A dor foi imensa, gritou desesperadamente e caiu desacordado em frente ao sujeito. Que surgia diante de Andrew como um demônio imponente prestes a devorar-lhe.

O demônio então cuspiu em seu rosto, enquanto pisava em seu membro exposto do braço quebrado. O sujeito transparecia que se divertia com isso, enquanto Andrew chorava e berrava pela imensa dor. Os pensamentos também o torturavam de forma punitiva, lamentando sua falha como protetor e homem da família.

Eliza olhava toda aquela situação paralisada, ao mesmo tempo em que lagrimas brotavam do seu rosto, sua boca permanecia fechada, como uma presa encurralada, prestes a tomar consciência do seu lamentável destino.
De repente, os amaldiçoados começavam a surgiu sobre o campo e se aproximavam do local, grunhindo vozes diabólicas infernais.

Subitamente um deles se aproximou do cavalo de onde estava Eliza, e o mordeu de forma bestial na perna, fazendo com o animal pulasse e lançasse Eliza para baixo, com o rosto diretamente no chão, fazendo um grande corte em seu lindo rosto.

O cavalo saiu galopando e gritando, com o amaldiçoado agarrado em suas costas, ao mesmo tempo em que devorava suas entranhas.

Mais amaldiçoados se aproximaram de Eliza, que imóvel não sabia o que fazer. Quando um deles segurou em seu pé, impedindo com ela fugisse. Prestes a lhe cravar aqueles dentes imundos e cheios de sangue e sujeira. Uma espada apareceu como um anjo, e cortou os braços do monstro, enquanto uma grande quantidade de sangue inundava o corpo e as lagrimas de Eliza.

Andrew imóvel deitado no campo observava tudo aquilo, já arrebatado pela dor. Não acreditava no que seus olhos refletiam. O demônio, que tinha lhe quebrado o braço e estuprado sua irmã, agora estava lhe ajudando, destroçando e dilacerando todos os amaldiçoados que o cercavam e se aproximavam de suas irmãs. Eliza permanecia junto ao corpo da Alyssa, se escondendo entre seu vestido.

A espada do homem cortava cada monstro sem encontrar dificuldades, passando rapidamente da carne para o ar, como uma faca cortando folhas. Embora os amaldiçoados se aproximavam lentamente, o homem também continha com facilidade os mais rápidos, obliterando sempre suas cabeças e membros inferiores. A sua armadura negra estava totalmente pintada com sangue, e ele já apresentava sinais de cansaço. Quando a horda acabou, o homem imediatamente guardou a espada, se aproximou das meninas, e assoviou como se emitisse um chamado.

Repentinamente um corcel negro imponente, surgiu em meio à cena, vindo do meio da mata, perto da arvore de onde o homem estava. Pegou Alyssa em seus braços e colocou sobre a cela, Eliza permaneceu congelada e petrificada na hora. O sujeito pegou a menina abruptamente, totalmente coberto de sangue e colocou sobre a cela perto de Alyssa. Ela então começou a chorar desesperadamente pedindo pelo irmão.

Andrew se levantou com enorme dificuldade, ainda coberto de sangue, estarrecido pela dor, começou a se movimentar lentamente, onde cada passo lhe custava uma dor imensa sobre seu corpo. Estava absurdamente assustado ao mesmo tempo em que um ódio imenso lhe habitava o peito, falou gritando, tropeçando nas palavras.

- Solte... Elas... Seu... Verme...

- Vou.. Te-e Mar-r-tar ...Demo-nio..

O homem, não lhe deu a menor atenção, enquanto bebida alguma coisa que trazia escondido ao peito. Pulou sobre o cavalo, e sumiu no horizonte com as meninas.

Andrew não podia acreditar no que tinha acontecido.

Mais amaldiçoados se aproximavam, e agora Andrew não tinha a menor condição de fugir, estava cansado, deprimido, e tomado pela dor. Só pensava no destino das suas irmãs.

Todas as esperanças lhe foram tiradas, caiu feito uma pedra no chão.

Com bastante dificuldade conseguiu apanhar a adaga, que lhe foi tirada e jogada no chão pelo golpe bem sucedido daquele homem. Mirou para si, apontando a arma para o seu coração. Lagrimas brotavam dos seus olhos feitos uma cachoeira, rezou para Deus e se redimiu e pediu perdão por todos os pecados, exclusivamente os desejos que sentia por Alyssa. Sabia que lhe infringir a própria morte, era um das mais graves abominações que um homem poderia fazer contra Deus. Também sabia que iria retornar como um amaldiçoado e mais tarde seria dilacerado por um infeliz qualquer. Mas o medo de ser devorado vivo era maior, do que morrer pela própria vontade.

Segurou a faca com tanta força, quando viu um amaldiçoado se aproximando correndo feito um touro descontrolado, deixando um rastro de sangue e um cheiro de carne podre pelo ar. Aqueles olhos sem o menor reflexo de vida, vermelhos, totalmente vermelhos fixavam Andrew como um premio. Com a pele do rosto decrépita, com vermes habitando seu corpo e comendo suas entranhas, e a pouca roupa que vestia encharcada de sangue e lama.

O monstro se aproximou.

Andrew tomou a decisão correta.

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