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Protocolo Dragão Marinho

Iniciado por Hanzo, 06/11/2014 às 22:11

É apenas o começo e está sem correções ainda... Gostaria de saber as impressões de vocês quanto a história:




Era próximo ao meio dia quando o alarme do hospital soou. Era um alarme diferente, não era de incêndio e também não era o alarme da segurança. Quase ninguém sabia o que aquele alarme significava, mas quem sabia sentiu um calafrio correndo pela espinha.

O Coronel Campos, diretor geral do Hospital Militar de Área de São Paulo, o HMASP, levantou em um pulo de sua cadeira quando reconheceu o alarme. Pegou o telefone e apertou a tecla que direcionava sua ligação para o ramal de sua secretária.

   - Janete, código "azul". Ative o plano de contingência "dragão marinho". Repetindo, código "azul", ative o plano de contingência "dragão marinho".
   - Sim, senhor.
   - Janete, mais uma coisa...
   - Pois não, senhor.
   - Depois disso, me ligue com o General Costa.
   - Sim, senhor.

Ela desligou o telefone sem o colocar no gancho, e rapidamente discou para o centro dos soldados, no piso térreo do hospital. Ela foi direta, repetiu as palavras do coronel Campos, e após alguns segundos de puro silêncio do outro lado da ligação, veio à confirmação de que o capitão havia entendido.

   - Atenção, soldados! Código azul! Devemos executar o plano de contingência "dragão marinho" imediatamente! Isso não é um treino soldados! Nosso objetivo é capturar o objeto, mas em último caso, devemos abatê-lo, antes que ele saia do hospital, entendido?
   - Sim, senhor! – todos responderam.
   - Muito bem, peguem as armas, vamos para o segundo subsolo. – comandou o capitão André.

Janete já ligava para o Quartel General do Exercito, em Brasília, quando o coronel saiu de sua sala e a encarou. Sua expressão era de urgência. Apesar de não ter deixado transparecer em seu tom de voz quando falou com ela pelo telefone minuto atrás, ao vê-lo agora, ela tinha certeza de que a situação era grave. Janete não sabia o que era o código "azul", muito menos o plano de contingencia "dragão marinho".

   - Me ligue com o General Costa, Janete, é urgente!
   - Já estou ligando, senhor... Margarida, tudo bem? O Coronel Campos quer falar com o General Costa.

Antes mesmo que Margarida pudesse responder a primeira pergunta feita por Janete, o coronel Campos tomou o telefone da mão de sua secretária e se dirigiu diretamente para a secretária do outro lado da linha.

   - Margarida, eu preciso falar com o General Costa. É urgente. Ponha-o na linha agora.
   - Sim, senhor. – respondeu seca.

Alguns segundo depois o General do Exercito, Teodoro Costa, respondeu a ligação vinda de São Paulo. Em sua voz, um ligeiro tom de impaciência podia ser notado. Aparentemente ele não gostava muito de ser incomodado.

   - O que foi, Coronel Campos?
   - Senhor general, ativamos o código azul e o plano de contingência "dragão marinho", senhor.
   - O que? – perguntou enquanto se levantava de sua cadeira. – Como assim ativaram o plano de contingência? Ele despertou?
   - Sim, senhor.
   - Haja o que houver, Campos, capture o objeto antes que ele saia do hospital, entendeu?
   - Sim, senhor.
   - Muito bem. Mantenha-me informado.
   - Sim, senhor.

O general Costa desligou o telefone e caminhou em direção a janela. Contemplou o Sol, que brilhava forte naquele dia. Ele estava no topo, marcava o meio dia, mas a ligação vinda de São Paulo acabou com o seu apetite. Os soldados tinham de capturar o objeto. Ele não podia sair do HMASP.

Trabalhando para cumprir os desejos de coronel e general, o capitão André descia com seus homens pela escada. Não fazia nem cinco minutos que o alarme havia tocado, o objeto provavelmente ainda não havia nem mesmo conseguido se levantar da cama, afinal ele era mantido ali sob o uso de calmantes fortíssimos, suficiente para matar um homem comum. O problema era que o objeto não era um homem comum.

Assim que abriu a porta da escada, capitão André teve certeza que a coisa seria difícil. O corredor estava tingido de vermelho. Luzes penduradas balançavam de um lado para o outro, alternando a direção em que o facho de luz iluminava o caminho. No entanto, poucas eram as luzes que restavam no andar.

   - Diego, Gabriel e Martins, subam e atravessem o primeiro subsolo. Do outro lado há outra porta, a que o outro grupo usou para descer. Fechem aquela porta e fechem essa daqui também, vamos garantir que essa coisa não saia desse andar.
   - Sim, senhor. – Responderam os três.
   - Em seguida, peçam reforço para cobrir o primeiro subsolo e evacuem-no, entendido?
   - Sim, senhor.
   - Muito bem, fechem essa porta e sigam para a outra. Vão!
   - Sim, senhor.
   - Soldados, vamos avançar com cautela. Caso avistem o objeto, atirem.
   - Senhor? – Questionou um dos soldados do grupo.
   - Sim.
   - O que é o objeto?
   - A primeira vista, soldado, ele se parecerá muito com um paciente.
   - Ele é uma cobaia, senhor?
   - Não... Ele é um acidente. Sem mais perguntas soldados. Temos que captura-lo, antes que ele transforme mais gente em tinta de parede.

O grupo capitaneado por André seguiu pelo corredor principal do subsolo dois. O lugar estava em silêncio. O único som que se ouvia era o dos passos dos soldados, além do som de suas respirações.

O sangue que tingia as paredes pareciam continuações bizarras dos pedaços de corpos dos médicos do HMASP. Rachaduras haviam surgido pelo chão, paredes e teto, era como se algo tivesse explodido bem no centro do corredor, mutilando corpos e jogando-os por todos os lados do corredor, era surreal.

Mesmo para aqueles soldados a situação era incomum. O Brasil é um país pacifico, não entra em combates e raramente participa de expedições da ONU. Alguns deles haviam participado de intervenções no Rio, e outros haviam "combatido" gente na Amazônia, mas nada parecido com aquilo.

O Capitão André era sem dúvida o mais testado deles, mas ainda assim não acreditava muito no que via, era como uma cena de filme. No fim do corredor principal ele viu o restante da equipe se aproximando. Ele então deu sinal para que sua equipe entrasse no corredor a direita, enquanto manteve posição no corredor principal. A outra equipe entrou em outro corredor.

Segundos depois, o Capitão André ouviu disparos. Um tiro único, seguido de uma sequência de disparos e então um som diferente. Era como se gelo fosse batido no liquidificador, ele não sabia explicar o que era, mas era um som assustador. Alguns poucos gritos. Ele correu até o local.

A segunda equipe havia sito toda destroçada. Pedaços dos soldados estavam por todo o corredor e sangue tingia as paredes de vermelho. Assustado, ele parou por um instante, sem saber se realmente queria avançar por aquele corredor. Respirou fundo, apontou a arma e seguiu corredor adentro.

Alguns de seus homens já se juntavam a ele, os outros continuavam explorando a outra ala. Assustados, eles passavam pelos corpos de seus companheiros e não acreditavam que aquilo havia acontecido. Nenhum deles tinha conhecimento de uma arma que fizesse aquilo, e nem o porquê de ela estar no segundo subsolo do hospital. A verdade é que não havia nenhuma arma ali, apenas o objeto.

O pequeno grupo chegou ao fim do corredor, após examinar sala por sala. Não encontraram nada alem de destruição. Assim que checaram a última sala, o som de tiros seguidos pelo som do gelo no liquidificador tomou conta do piso todo.
O pequeno grupo seguiu seu líder, que correra imediatamente para a outra ala. O cenário de destruição não fora diferente ali. Corpos e sangue por todos os lados. Dos vinte soldados que desceram para o piso, apenas cinco ainda estavam de pé. E esses cinco não faziam a menor ideia de onde estava o objeto.

Capitão André separou o grupo em três, sendo ele a ficar sozinho. Não tinha muito o que ele pudesse fazer, eles tinham que para-lo ali, mas antes disso, eles tinham de encontrá-lo. Até agora ele não entendia como o objeto havia saído do primeiro corredor, era um corredor sem saída afinal.

   - Não entrem em combate direto contra o objeto, entenderam? – perguntou o capitão. – caso o encontrem, chamem o resto do grupo, vamos tentar cerca-lo.
   - Sim, senhor. – responderam sem muito vigor.

O grupo se separou e seguiu pelas alas. A certo ponto, todos os cinco ouviram estrondo. Parecia que um caminhão havia se chocado com um carro. Som de aço retorcido. E logo depois disparos, seguidos de mais gelo no liquidificador. Isso significava que mais gente havia morrido.

Os cinco correram para o corredor central, olharam para a direita, porta fechada, olharam para a esquerda, não havia mais porta. Voltaram a correr e chegaram rapidamente a escada. Mais som de aço retorcido e os gritos dos soldados no sub um chegaram até eles. O objeto acabara de entrar no piso de cima, eles estavam próximos.

Subiram a escada e mais corpos e sangue, luzes parcialmente destruídas, algumas balançando como pêndulos. Mais a frente eles viram um soldado caído, ele parecia estar inteiro. Correram até ele, era o Martins.

   - Martins! – chamou o capitão.
   - Capitão...

Ele tentou se levantar, mas estava fraco, então apenas aguardou a chegada de seus companheiros. Martins havia sido jogando longe após o último ataque do objeto, batera sua cabeça contra o chão e apagara por instante, fora despertado pelo chamado de André.

   - O objeto transformou a porta de aço em uma bola, como se fosse uma folha de papel, e jogou contra nós. – explicava com alguma dificuldade o soldado. – ela me acertou em cheio. Eu apaguei.
   - Rocha, tire o Martins daqui, leve-o para baixo.
   - Sim, capitão.

Enquanto o soldado Rocha ajudava Martins a se levantar eles ouviram mais disparos, uma pequena explosão e gritos. Fumaça saia de um dos corredores mais a frente. André pode ver outros soldados saindo de diversos corredores e indo em direção a fumaça e foi nesse momento que ele viu.

Do outro lado do corredor, próximo a outra porta, um homem. Ele usava apenas um avental branco, era um paciente. Ele se virou e encarou André. O paciente apoiou sua mão esquerda contra a parede enquanto sua mão direita foi a cabeça, ele balançou por um milésimo de segundo.

O soldado Lima que estava ao lado do capitão André apontou a arma, mas não disparou, havia muitos soldados correndo no corredor, e ele poderia acertar algum deles. Contudo, antes que eles chegassem a fumaça e saíssem da frente, o som de aço sendo amassado tomou conta do subsolo um.

A porta atrás do paciente foi transformada em uma bola e foi jogada contra os soldados que estavam atrás dela. Aqueles que ainda não haviam entrado no corredor da fumaça se viraram, apontando suas armas contra o paciente. Novos disparos.

André viu então o que gerava o som parecido com o de gelo sendo batido no liquidificador. Entre os soldados, uma pequena bola de luz azul surgiu. Girando, ela sugou os soldados para dentro dela, ficando em alguns casos, braços e pernas para fora. Em segundos ela expulsava toda a matéria que havia absorvido, em uma explosão luminosa. Nas paredes, teto e chão, as marcas da explosão, sangue e partes de corpos.

O paciente matou todos os que atiraram, e os que estavam próximos a eles. André e os outros três soldados que estavam com ele não foram afetados pelo ataque. Eles apenas olharam toda a ação, atônitos. O objeto os encarou mais uma vez e subiu as escadas. Ele estava indo para o térreo.

   - Senhor?
   - O que foi, Cabral?
   - O que vamos fazer? Ele esta indo para o térreo.
   - Não podemos fazer nada... nossas armas não funcionam, nós só seriamos morto se o seguíssemos.

O som do metal sendo amassado pode ser ouvido por eles do primeiro subsolo. Disparos, gelo no liquidificador, explosão, gritos, silêncio. André ficou lá, parado, enquanto o piso térreo era um campo de batalha. Uma batalha perdida. O que quer que fosse aquele homem, ele não poderia para-lo com as armas que tinham ali. Mas ele iria pegá-lo, afinal, ele matara muitos de seus amigos ali, naquele hospital.

André achou que o dia iria acabar ali, mas mal sabia ele que o dia havia apenas começado. Dos 40 homens que haviam descido para o subsolo, apenas seis estavam vivos. Mais alguns haviam morrido no piso térreo e quando o silêncio só era cortado pelo alarme, seu rádio chamou.

   - Capitão André, o que está acontecendo ai em baixo? – era a voz do Coronel Campos.
   - O objeto fugiu para o piso térreo, senhor. Nós não tínhamos poder de fogo suficiente para segurá-lo aqui em baixo. Ele matou quase todos os homens, senhor.
   - Quantos estão com você?
   - Tenho mais quatro em condição de combate, senhor.
   - Vá atrás dele, faça o que for necessário para impedir a fuga do objeto, capitão, isso é uma ordem.
   - Mas senhor...
   - Capitão, isso é uma ordem.
   - Entendido, senhor. Homens, vamos subir. Temos que impedir o objeto de sair do prédio.

Os soldados se entreolharam, eles sabiam o que aquilo significava. Eles se prepararam e seguiram rapidamente pelo corredor. Subiram pela escada em velocidade e chegaram ao térreo. Ali só encontraram destruição, portas destruídas e corpos caídos pelo chão, dentro e fora do hospital.

O homem já não estava mais nas dependências do hospital. Ele já havia saído. Agora ele estava solto em São Paulo. Eles haviam falhado em impedir a fuga do paciente e agora teriam muito mais dificuldades para encontra-lo em uma cidade tão grande.

   - Senhor?
   - Sim, capitão, conseguiram?
   - O objeto fugiu, senhor.

Continua...