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Sob o sol: o mesmo...

Iniciado por diomedes, 04/01/2015 às 11:58

04/01/2015 às 11:58 Última edição: 04/01/2015 às 13:46 por Vash
Segue um esboço curto e apenas rascunhado de um roteiro que me veio agora à cabeça; de antemão desculpem-me alguns erros, não revisei ao fim o texto.

O sol se pôs e a escuridão sobreveio. Todavia, nem mesmo as mais densas trevas bastariam por afastar aqueles valorosos homens do combate furioso. As tropas, esgotadas após um longo dia de batalha, numa profusão de brados energéticos encontravam ainda forças para debater-se impetuosamente umas com as outras; espada contra espada, lança contra lança; o escudo ressoava golpeado. O negro sangue fecundava a terra em cio. Ao longe, os honrados arqueiros, embora muitos o fossem pelo temor do combate imediato, retesavam seus grandes arcos, disparando uma saraivada de setas na massa volumosa de homens. Uma balburdia infernal se instalara; corpos ensanguentados, mutilados, alguns já levemente apodrecidos forravam o chão, pisoteados incessantemente por cavalos.
No elevado promontório, dois inimigos contendiam; muito abaixo, o mar encrespado arremetia-se num grito rouco contra as negras rochas escarpadas, revestidas do verde lodo. O mais forte dos cavaleiros veio dizendo:
"Dize-me: o que te impele, infeliz, a lançar-te em desvario contra um adversário visivelmente mais forte que tu? Confessa-me: é a avidez pela morte rápida, que infalivelmente lhe trará a minha faminta lança? Saibas que não me deterei duas vezes!"
O imberbe rapaz imediatamente encheu-se do mais vivo terror; amedrontado, deu as costas ao inimigo e fugiu em disparada, montado em seu débil cavalo. No entanto, o seu portentoso adversário, agarrando com a firme mão na brônzea lança, arremessou-a em sua direção e, como um raio luminoso que despenca do firmamento, a lança penetrou as costas do miserável rapaz; este encontrou ali o termo da sua curta vida.
Do ilustre cavaleiro, entretanto, toldaram-se-lhe as belas faces - fora-lhe sempre odioso dar cabo de rapazes ainda tão verdes. Vá que matasse os velhos, estes já haviam muito vivido e visto; os novos ainda tinham vasta trilha pela frente. Ninguém viu, todavia lágrimas derramaram os seus olhos. Mas a furiosa refrega tornava a chamá-lo; na contenda, não havia tempo para lágrimas nem suspiros, pois a terra sedenta estava do rubro sangue.
Enquanto homens e mais homens sem cessar tombavam, em mortes uma mais cruenta que as outras, os reis, cada um líder dos vários exércitos que ali se dilaceravam, refestelavam-se em suas lautas ceias. Comiam do untuoso pernil; escravas deitavam-lhe uvas e tâmaras nas bocas; delibavam do doce e embriagante vinho. Nas camas, cobertas em sedas cosidas a fios de ouro, formosas escravas os aguardavam. No entanto, para aqueles homens, abandonados ao campo sangrento, a única cópula que lhes aguardava era o penetrar da lança na mole carne.
Os reis, como é comum, arriscavam a muitos por seus jogos frívolos – disputas de terras, mulheres raptadas, ânsia pelo poder. No âmago do seu egoísmo, o que lhes era a vida de pobres homens, que em grande maioria morriam na sombra do anonimato? Ademais, ao final o mesmo fruto do saque e da pilhagem não ficava para aqueles que ensanguentavam suas mãos no cumprimento do dever; iam para os que se afadigavam como sardanápalos odiosos em seus palácios.
Nessa história que lhes narrarei, não há idílios amorosos, ternas carícias, amores idealizados por mulheres de alvas mãos e róseas faces, mais puras do que as estrelas intocadas; poucos serão os homens honrados, benévolos, movidos pela justiça e pelo bem-fazer – estes, se houver, não durarão muito; tampouco encontrará nelas o sossego do repouso pastoril, crianças a repousar nos regaços de amorosas mães. Sugiro, pois, já de antemão, que se outra coisa esperava dê de imediato meia volte, arrepie caminho e retorne ao conforto e ao sossego.
Narrarei, portanto, como ergueu-se um torpe homem contra toda a injustiça assentada. Não por fazer bem aos seus, aos que padeciam do seu mesmo destino; egoísta como sempre foi, buscará também seus próprios e sórdidos objetivos – meu herói, querido herói, é, no fundo, o mais humano dos heróis, e por isso o amo profundamente. A revolução que se instalará, que de início tão auspiciosa soará aos olhos do povo bastante sofrido, torna-se-lhes-á não muito tarde sombria, e sobre todos logo se atarão os "nós do morticínio".
Feliz de nós que são estes tempos há muito idos...


Enfim, meu grande amigo resolver botar a cara a tapa aqui hãn?

Sinceramente não sei quanto tempo ficará aqui, quero lhe lembrar que seria de grande
utilidade suas habilidades de roteiro e claro, aprendizado para você e para os que gostam
de uma boa escrita.

sobre o texto, confesso que não o li todo, porém pelo que vi (metade) gostei bastante, estou
bem acostumado com sua escrita quando não é tão floreada, mas não é uma crítica, enfim
seja bem vindo meu camarada.

:.x.: Saudações Azulinas.