O TEMA DO FÓRUM ESTÁ EM MANUTENÇÃO. FEEDBACKS AQUI: ACESSAR

[+18] Sonhos Falsos

Iniciado por LegoIV, 08/01/2015 às 12:55


Há uma história que eu postei recentemente aqui, chamada Android Prostituta, ela se passa no mesmo universo cyberpunk desse conto.


É o auge de M84 para a população rica que vive no terraformado planeta vermelho. E qual é a data em que os terranos estão? Para eles, não faz a mínima diferença. Esquecidos, largados, vivendo numa constante zona de guerra. A única noção de tempo que os terrenos tem é a de dia e noite, e não por verem o sol no céu, pois os buracos na camada de ozônio acabaram obrigando a construção de "tetos" por quase toda parte, Black Roofs, como os americanos se referem. Mas durante o dia, o movimento pelas ruas é de extrema escassez, o excessivo calor e os altos níveis de radiação solar mantém a maioria da população em seus aposentos, dormindo. Durante a noite, quando mecanimente os black roofs deixam de ser sólidos tapumes e se tornam grades, por onde pode se ver o distante luar, e se sentir a frequente chuva ácida, é quando as pessoas saem de suas casas e vão atrás da sobrevivência. E essa sobrevivência não é fácil, viver num mundo onde cada uma das centenas de milhares facções tem para si próprias bombas de Tactical Nuke, armamento pesado e toda sorte de veículos bélicos não é algo que qualquer um faça.

Mas, nos últimos tempos as balas perdidas, as pilhas de corpos e as explosões atômicas diminuíram. E o povo da terra deve isso a facção chinesa 他妈的钱, que está assumindo a liderança dentre todas as outras gangues com punho de ferro, e impondo medo sobre todos. Essa gangue também é a líder na venda de drogas, seu foco principal são as injeções de adrenalina e cafeína concentrada. Mas, mesmo pro mais terrível dos traficantes, há uma droga abominável, e tamanha é essa abominação que ela foi banida por todos os líderes das mais importantes gangues, e todos aqueles que se envolverem, de qualquer forma que seja, com ela, estão jurados de morte . Essa droga ficou conhecida como NeverLand pelos americanos, e não se trata de nada injetável ou consumível, essa droga se trata de supercomputadores ligados ao cérebro do usuário, gerando para ele um sono profundo, e dentro desse sono o exato sonho que ele programou previamente no computador. Essa droga, logo quando foi criada, deu a milhões de pessoas desiludidas com o mundo ao seu redor uma oportunidade de viverem seus sonhos por um período, de verem familiares mortos, de verem paisagens lindas ao invés de tapumes pretos, e principalmente, de se sentirem vivos. Mas, depois de um certo tempo, mais de 40% da população terrana estava adepta dessa droga. Muitos nunca saíam de dentro do mundo dos sonhos, e para ficarem vivos, robôs injetavam soro nas suas veias e os alimentavam por meio de tubos. E com quase metade dos seus clientes perdidos, os traficantes sentiram um aperto no bolso, e revoltados, baniram a NeverLand.

E hoje, os poucos distribuidores clandestinos dessa droga se instalam em laboratórios precários em buracos muito fundos feitos no subsolo. Graças a extrema profundidade, o calor é muito elevado, e isso é proposital, para que todos lá dentro estejam sempre suando, o que ajuda a eliminar as toxinas que eles são obrigados a tomar para enfraquecer o sistema imunológico, para que o corpo aceite os implantes eletrônicos que são necessários no cérebro.

E em um desses esquecidos laboratórios, uma menina de quinze anos que já estava ligada a NeverLand desde os seus doze, era estuprada pelo controlador das máquinas. Ali, indefesa, em um coma induzido, aquele homem covardemente a violava. Enquanto isso os outros dois rapazes que também trabalhavam ali, estavam sentados de costas e com olhares virados para uma tela vendo, por meio de um sinal pirata, o que as câmeras espalhadas pela cidade captavam.

O nome dessa menina é Anne, mas, o que faria a pequena Anne nos seus doze anos de idade se entregar para essa droga para nunca mais voltar? Ela cresceu junto da mãe, e viveu uma vida de "nômade", pois sua mãe estava sempre a carregando no colo, de cidade em cidade, para fugir do pai. Seu pai e sua mãe, quando jovens, presenciaram do início ao fim a migração para Marte. E seu pai queria de algum jeito poder pagar para ele e sua amada passagens rumo a nova terra, e trabalhou duro, sem parar, por cinco anos seguidos, até que conseguiu o dinheiro. Mas, quando foi pagar para a companhia, acabou por ser vítima de um golpe, perdendo todo o dinheiro. Ele se desiludiu com o mundo ao seu redor, se entregou as drogas e a bebida, assustada com o que seu amor havia se tornado a mãe de Anne decidiu fugir, para proteger a filha.

Mas, no seu aniversário de dez anos, essa pobre menina teve de correr, correr de seu pai, enquanto ele esfaqueava a sua mãe. Triste hora que ele as encontrou. Ele, com uma mistura de sangue e muco escorrendo pelo nariz, um pequeno buraco retangular em sua testa, com as bordas necrosadas e moscas zanzando, atrás daquela carne apodrecida deixada pelo uso de Plugs (drogas que envolvem cabos ligados diretamente no cérebro, isso através de entradas pela nuca ou pela testa). E ela correu, e correu, até que suas pernas se cansaram e as lágrimas em seu rosto sumiram para darem lugar a uma expressão sem emoção alguma. Ela até tentou sobreviver, fugindo dos estupros, correndo dos tiros e implorando por comida e água, mas era difícil, ela estava sempre raquítica, desidratada e com muita fome. Até que, dois anos depois, um homem lhe ofereceu abrigo, ele a levou para o seu laboratório clandestino de NeverLand. Comida, água, uma cama pra dormir e muitos comentários aliciadores ele a deu. Mas, quando ele viu que ela não seria sua escrava sexual em troca de abrigo e comida, começou com outra estratégia para se aproveitar dela. Apresentou a ela as máquinas, os implantes cerebrais e o mundo dos sonhos que era possível se alcançar. Enquanto ele falava, os olhos de Anne brilhavam. Não foi preciso muito para convencê-la, devido ao seu emocional bagunçado e a forte depressão que ela sofria desde o ocorrido com sua mãe, ela se entregou para o mundo dos sonhos. Ela programou um mundo onde seu pai era aquele que ainda não havia se entregado as drogas e que sua mãe ainda estava viva, um mundo onde não havia guerra, nem brigas, nem dores, um mundo onde apenas o amor dela com seus pais era importante.

E, nesse mundo ela ficou.

E hoje, o pedófilo que a trouxe para a terra dos sonhos, se aproveita de seu corpo e os corpos de outras meninas novas que ele achou pelas ruas. Ela e mais duas ligadas as maquinas, outra nua, com uma coleira ao redor do pescoço e uma corrente que a prendia a parede, e outras três que aceitaram serem suas escravas em troca de algumas mordomias.

-Por que ainda come essa aí? Ela já tem dois anos. Abre espaço pra umas novas, joga essa fora!- Disse um dos rapazes. -Essa aqui foi a minha primeira! Não posso jogar fora, tem toda uma história.- O rapaza se levanta, jogando a cadeira longe. O puxando pela camisa, tirando-o de perto de Anne, e apontando o revólver no rosto dele, disse:
-Tu vai jogar essa merda fora! Que eu já tô de saco cheio dessa filha da puta!
-Não vou jogar, vai se fuder! Só por que você gosta de umas mais velhas acha que pode jogar as minhas fora? Esse é o MEU laboratório, vai lá naquele seu de merda jogar elas fora! Vai!
Ele disparou a arma, explodindo a cabeça daquele homem, fazendo o que parecia ser o desenho de um sol irradiando luz com seu sangue na parede com seu sangue. -O que você fez cara?! Ele nos mantinha, agora de onde vamos tirar suprimentos pra nós dois?!- Gritou em desespero o rapaz, se levantando da cadeira, vendo o que ele pensava que fosse apenas mais uma briguinha, se transformar num homicídio. -Só vamos precisar de suprimentos pra uma pessoa- Disparou três vezes contra ele.
Guardando a arma de volta no casaco, ele murmurou "Já tava cansado desses merdas..." , viu Anne ali deitada, e gritou: "E de você também! Vadia!" puxou ela pelas pernas, desplugando ela da máquina, abrindo um buraco em sua nuca e gerando uma sangria sem parada. O corpo daquela linda jovem sobre o chão, sangrando, fadado a morte, seja por sangramento ou por fome, pois ela não iria acordar do coma, e aquele homem estava indo embora, levando as três escravas e deixando aquela acorrentada aos prantos de desespero, pois sabia que morreria ali.

E, na cabeça da pobre Anne, o que estava se passando? Os implantes eletrônicos a previnem de acordar do coma, e a deixam num nulo completo quando entram no modo de emergência. E lá ela estava, no nulo completo, num limbo mental. E lá, sua cabeça doía, pois dois anos de lembranças do que ela ouvia enquanto estava no sono profundo agora vinham a tona, todos os estupros e xingamentos, todos os tiros e brigas... Tudo. Ela deu o seu último choro, vendo flashes do mundo perfeito que havia criado, lembrando do que a sua mãe dizia nas noites frias para confortá-la, lembrando de como era boa a companhia dela, e de como ela fazia contraste naquele mundo desolado.

Então ela lembrou do sangue de sua mãe respingando nas paredes, e perdeu a vontade de viver.

Banhada em sangue, ela ainda abriu os olhos pela última vez, no mundo real, viu aquelas luzes no teto, elas a cegavam. Olhou para o lado e viu a pobre menina acorrentada, aos gritos, completamente desesperada.

Ela perdeu toda a fé que tinha no ser humano, e se foi.

Gostei da historia (apesa de ter algu
ums palavrões hehehe)!