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Vida e Morte

Iniciado por Kvothe, 10/10/2015 às 12:51

 Quem quiser ler em uma melhor formatação — agradeceria se optarem pelo mesmo :v — leiam por este LINK aqui.
 
Era dia outra vez; e eu, sutil, me encantava outra vez. D'outro canto do terraço, lá se encontrava algo, tão sublime, mas tão aço. Me ameacei em passos, logo me percebi em compassos.
   — "Como és bela. " — Disse em relapso. — "Tempestuosa ao pasto; tão bela que me caminho aos teus braços. "
   Fortemente me lembro; um rosto tão esbelto, tão sortido em ferro, que me deixara ao esmero. Mas me traia ao fim de um logo elo.
   — "Toma-me em uma dança, sra. Morte. " — Disse encorajado. — "Não aguento mais te observar; sem tocar, sem falar, sem dar. " — Fechei-me o cenho, percebendo o quão desalento estava. Desesperado por um toque, por um beijo, por um desfecho, seja qual me aguardara. 
   — "És tão gracioso, sr. Vida! " — Exclamou-a, virando-a mim. Frisando o quão frio e quão oposto era teu rosto ao meu. — "Desde o recomeço amo-te ao começo, meu amado. "
   Ergui-me em um passo e fiz o melhor cortejo que me lembro. Tão fantástico, mas tão drástico. E disse-a:
   — "Do pesadelo ao passado. " — Balbuciei. — "Do futuro ao teu lado; o morteiro que me aguarda. Que irônico repentino momento; quão infortúnio és o nosso elo. " — Disse, virando meu rosto ao chão, assegurando-me de não lacrimejar e lhe mostrar o lado mais triste de minha face.
   — "Erga-te meu amado. " — Disse-me, com uma voz cortante e arquejante.
   Ergui minha cabeça, e, ao vê-la, percebi o quão escuro o momento era. Vi-a com o rosto arqueado ao céu. Vi suas lágrimas caindo ao chão, levando tudo que encostava. Vi suas sombras a envolvendo, protegendo-a da vergonha de mostrar teu rosto. Percebi o quão distante ela estava.
   — "Oh! Meu amado. Como podemos nos amar? És tu a vida; de ti a alegria. " — Disse-me. — "E eu... sou a morte; de mim a tristeza. Como pode se amar?! Os opostos que se traem. "
   Dê um passo atrás, assustando ao ver a verdade disposta em dois. Encarei-a com os olhos assustados, mas logo me desabei ao ver o quão distante já me encontrava.
   — "Eu sou o começo... tu és o fim! " — Gritei-a. — "Eu sou o bem... tu és o mal! "
   Logo então lhe lancei um presente. Um cortejo. Uma flor. Um desejo. E vi-a toma-lo. Vi-a erguer a foice. Vi-a ceifar o presente. Vi-a em um breve momento, sorrir e desatar-se ao vento.
   — "E eu, sou o oposto que te atrai. " — Disse-me. — "E tu és o contrário que me trai. "
   Logo me percebi que estava só. Mas não mais triste. Pois sabia que todo presente que a ela dava. Ela guardava. E disto me alegrava, pois com isso ela certamente me lembrava.
 
Spoiler

Oh! Minha amada, sabes quem sou?!
Do devaneio ao devasto; eu passo.
Da tempestade ao pasto... em vasto...
Caminho em longos passos; no fim de um abraço.
Do recomeço amo-te ao começo.
Do pesadelo ao passado!
Do futuro ao morteiro!
Que grande infortúnio, que irônico...
Como pode se amar?! Os opostos que se traem.
Eu sou o começo... tu és o fim!
Eu sou o bem... tu és o mal!
Eu sou o oposto que te atrai...
E tu és o contrário que me trai.
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