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Os Personagens do seu Jogo - Faça suas Escolhas

Iniciado por Silverlake, 10/02/2016 às 16:30

Os Personagens do seu Jogo
Faça suas Escolhas



Oi gente!

Antes de começar, eu gostaria de dar os devidos créditos ao canal Echo607 pois fiz esta aula quase toda inspirada em um vídeo dele. Recomendo muito esse canal para quem se interessar (e não tiver problemas com inglês).





Esta aula eu estou fazendo para aqueles que tem uma certa dificuldade em criar personagens e imprimi-los no jogo de uma maneira que consigam atrair jogadores. Um jogo não se faz apenas de uma história boa ou de sistemas bons. Um jogo é uma obra de arte em que todos os elementos devem trabalhar em harmonia, e os personagens é um deles. Não importa o quão bom seja seu roteiro, se seus personagens forem vazios, a história também será.





Então, antes de tudo, sempre pense em que tipo de jogo você colocará seus personagens. Será um jogo em que o herói terá uma relevância e se relacionará com outros diversos personagens e a história ou será um herói que está lá só para ser o jogador?

Mas, Silver, como assim um personagem que está lá só para ser o jogador?

Bom, vamos pensar em alguns joguinhos um pouco famosos aqui. O que os títulos The Legend of Zelda, Chrono Trigger e Pokémon tem em comum? Notaram? Os protagonistas desses três jogos são silenciosos e estão lá apenas para representar o jogador. Algo como: Olá, eu sou <insira nome> e sou o personagem principal. Isso é tudo o que precisa saber. Os "personagens silenciosos" marcam diversos RPGs e isso muitas vezes funciona, pois o jogador consegue imprimir seus sentimentos pessoais nesse personagem, já que o próprio não possui nenhum.
Porém, isso limita o que você consegue fazer com eles como personagens, fazendo com que ele seja uma espécie de marionete, de uma maneira que todas as suas decisões e opiniões sejam decididos pelos outros personagens ao seu redor ou pelo próprio enredo. Por exemplo: Link se encontra com Zelda em Hyrule Castle e ela diz que ele deve salvar o mundo de Ganondorf e como seria a resposta de acordo com a história? Uau, quer dizer que eu devo viajar pelo mundo coletando relíquias em templos perigosíssimos e lutar com monstros gigantescos e intimidadores, viajar no tempo e aprender melodias mágicas em uma ocarina mesmo tendo vivido toda a infância em uma simples aldeia na floresta? Ok, to dentro, por que não? Eu sou um herói forte e justo.. Mas é lógico, pelo menos Zelda possui um certo "motivo" já que link foi escolhido pelas Deusas e tal... Vejamos Chrono Trigger. O que faria você pular dentro de um vortex estranho para salvar uma garota que você acabou de conhecer, você se questionaria? Eu sim. Mas Crono é o herói forte e justo e seguirá por todos os perigos necessários para salvar o mundo sem um pingo de medo.
É lógico que não estou desmerecendo esses jogos, pois mesmo assim eles estão na lista dos meus favoritos, e mesmo assim, muitas vezes a história compensa pela "falta de personalidade" do personagem ou até mesmo pede isso, ou seja, em uma história tão complexa como Chrono Trigger, poderia até ficar cansativo adicionar as opiniões e sentimentos pessoais de Crono a todo momento.
O que estou colocando na mesa aqui é o conceito de personagem "real". O que quero dizer com isso? Bom veja os exemplos a seguir.




Personagem APersonagem B

- Este é "O Herói"
- Ele que salvar o mundo porque ele é o "mocinho" forte e ítegro.

- Ele não gosta de ser chamado de herói
- Ele admira o "Rei do Mal" mas ele percebe que não pode mais
- Ele entra em uma briga com si mesmo, querendo confiar no Rei pelo o que ele foi, mas não pode mais por causa do que se tornou
- Ele deveria lutar contra esse Rei para salvar o mundo? Isso é a coisa certa a fazer?
- Mas ele precisa fazer alguma coisa... precisa "crescer" para que a esperança não seja perdida

Sacaram a semelhança do Personagem A com Link, Crono ou Red? Então é isso o que quero dizer. O exemplo do personagem B é o que expressa a ideia do personagem "real", ou seja, ele possui gostos, desgostos,  medos, sentimentos, personalidade, opiniões, memórias, passado, sonhos, amor, ódio, passado, futuro... E o desafio para os desenvolvedores é criar tudo isso para seus personagens e tentar fazer com que o jogador descubra quem eles são.





Mas, Silver, e agora? O que eu faço para tornar o meu personagem "real"?

Bom existem diversas coisas que você pode acrescentar no seu jogo para imprimir as personalidades separadas de seus personagens.

1º: Tente colocar uma linguagem corporal para os seus personagens.
Mas como vou fazer isso com as limitações gráficas do RPG Maker?
Bom, uma linguagem corporal pode ser apenas algumas mudanças mínimas na programação que podem distinguir a personalidade de cada um de seus personagens, a maneira como ele se posiciona e interage com os outros em cutscenes, a quantidade de que você abusa dos balões de expressão e até a velocidade que ele anda.

2º: Dialogo e maneiras de conversar.
Cada personagem possui seu próprio linguajar com frases comuns que cada um gosta de dizer e também alguns elementos que remetem à personalidade como uma fala mais pausada e gaguejada para personagens mais tímidos. Por exemplo:





Personagem APersonagem B

- Este personagem é descontraído e estranho
- Gosta de zuar com todo mundo e falar o que quer
- Chama as pessoas a sua volta por apelidos
- Porém pode se tornar bem sério quando algo é necessário

- Esta é bem sério e não gosta de falar de seu passado
- Procura sempre ser objetivo e falar quando a palavra é dirigida a ele
- É inseguro, por isso procura sempre manter sua opinião fora da roda

É importante sempre abusar bem dos elementos linguísticos de seu personagem durante os diálogos e sempre dar ênfase às mudanças que os personagens tem durante o enredo, dessa maneira, o jogador sente que conhece os personagens "cresce" junto com ele.





Silver, mas como eu vou fazer para o jogador "sentir" meus personagens?

Digamos que um personagem morre durante o jogo. Como fazer para que o jogador sinta triste pela perda? Que liguem para o sentimento dos outros perdonagens do jogo?

Bom, nós precisamos fazer com que o jogador "conheça" e faça uma certa "amizade" com seus personagens.E para fazer isso é simples: faça os seus personagens serem "relacionáveis". Um personagem que possui uma razão para o que estão fazendo, é mais interessante do que um personagem que está salvando o mundo apenas porque quer ou pode. Está com dívidas? Inspire-se na vida! Imprima em seus personagens a personalidade de pessoas que você conhece, seus amigos, sua família, aqueles que você ama ou odeia... Use as experiências que você já teve em sua vida como um conceito para seu jogo. Não é para que você apenas copie e cole situações de sua vida no jogo, mas baseie-se nelas para acrescentar situações ao enredo e  aos personagens. Adicione problemas!
Para deixar seus personagens relacionáveis, não se pode fazer com que ele seja sempre feliz e viajando alegremente para sua aventura. Ele deve ter problemas, dificuldades, justamente porque todo mudo tem!! As pessoas podes se identificar com estes problemas e se inundar com pensamentos tipo "Este personagem tem problemas, Eu gostaria de vê-los sendo resolvidos" ou "Tenho problemas parecidos com este... Qual será a reação desse personagem em realção a isso?", coisas como estas podem deixar os jogadores mais próximas de seus personagens, pois as pessoas gostam de relacionar as coisas, seguir exemplos.
Para ajudar, tente imaginar como este personagem que você criou reagiria e certos acontecimentos do cotidiano. "Como este personagem se comportaria em seu primeiro dia de faculdade ou emprego? Estaria nervoso? Calmo? Ou talvez ele nem ligue para isso" isso pode servir para aproximar os sentimentos de seus personagens aos sentimentos das pessoas do mundo real. Crie "cenas falsas" em sua mente pensando "Se meus personagens fossem colocados em colocados nessa situação, o que fariam?". Ou então nem precisa criar essas cenas como falsas e sim acrescentá-las no seu jogo, fazendo esses personagens terem conversas e diálogos que não se relacionem diretamente com o enredo, adicionando momentos tristes e divertidos aumentando as afeiçoes Personagem/Personagem e Jogador/Personagem. Um exemplo são as cenas que tem nos jogos da série Tales of, em que pode-se apertar o botão para ver os protagonistas conversando entre eles muitas vezes sem ser sobre a história em si. Sinceramente, é meio estranho os jogos em que os jogadores não trocam uma palavra entre si que não seja sobre o enredo e mesmo assim são considerados "grandes amigos". Uma amizade se constrói não apenas lutando lado a lado, mas também tendo momento de diversão juntos, rir juntos, chorar juntos, compartilhar os momentos.





Sempre pense em quais personagens deseja criar e pense muito bom em como eles se relacionaram entre si, e mais importante, a dinâmica do time principal. Você irá criar um pequeno grupo mais focado, ou criará um grande grupo com diversos personagens que se juntam a ele em algum momento da história e depois apenas acabam ficando?
Pense, um pequeno grupo focado, é bom para que você possa explorar mais a conexão e relações que um tem com o outro, fazendo com que o jogador se afeiçoe mais a ele. Isso também é Melhor para os sistemas. Sistemas de classes tendem a combinar bem com issa organização de equipes. Obras como Bravely Default, Final Fantasy X-2 são bons exemplos disso. É lógico que há mais o que fazer, pois com um pequeno grupo você pode explorar mais as habilidades próprias de cada um dos personagem em um maior número.
Mas por outro lado, uma grande equipe da variedade ao jogador, dando muito mais opções de mecânicas e personalidades além de dar a liberdade do jogador escolher seus personagens favoritos para o grupo, porém isso pode se tornar algo bem difícil para a criação de um sistema para o treinamento de muitos personagens da equipe. Bons exemplos são Chrono Cross (<3), Radiata Stories e a série Suikoden. Eu mesmo já disse nesse fórum que sou muito atraído por jogos com muitos personagens já que eu adoro procurar sidequests para recrutar membros para a equipe porém a diversos problemas nisso também. Existe sempre aquele pensamento tipo "Yaaay! Mais um personagem para a equipe! Mas, eu nunca vou usá-lo..." e acaba sempre gerando aqueles personagens que ninguém gosta e usa... Também dificulta bastante a criação de personagens "relacionáveis" já que quanto mais personagens, mais difícil é para fortalecer as ligações entre eles e mais difícil é para deixá-los relevantes na história, ou seja, em uma parte do enredo um personagem possui um papel bem importante, aí o capítulo acaba e ele perde toda a relevância  e mesmo assim permanece na equipe até o final do jogo disposto a ajudar o herói a salvar o mundo.





Mas o mais importante de tudo: Ame seus personagens!!!!!!!!!
Se você não amá-los, você não pode esperar que ninguém mais faça isso. Não importa o caminho que você seguiu para criar seu jogo, não importa se ele é silencioso eu com personalidade marcante, se existem poucos ou muitos, se você não se sentir entusiasmado quando falar sobre eles, então largue de tudo e crie outros! Pois no final de tudo, o processo de criação de um jogo é movido pelo nosso amor. Nó estamos dispostos a perder noites de sono, nos estressar com os eventos e com a programação, apanhar para desenhar um personagem ou cenário, ficar sem comer, acabar com nossos olhos de tanto ficar olhando para um computador. E por que fazemos isso? Porque nós, querendo ou não, amamos isso!





E este é o fim, gente. A moral dessa aula é que nós devemos pensar bem em nossos personagens. Eles são uma parte importantíssima para o nosso jogo, e devemos pensar bem antes de fazê-lo. Não estou aqui para criticar nem elogiar algum jogo, mas sim para avisar de que não importa qual a decisão que tomar ao criar seu jogo, você deve estar disposto aos desafios que ela vai proporcionar.



~Silver here

"Era uma vez um elfo encantado que morava num pé de caqui..."

É um ótimo tuto, tenho certeza de que ajudará bastante aqueles que querem criar um universo para seus jogos mas possuem dificuldades com os personagens. No caso eu tinha essa dificuldade, mas quando passei a dar valor a cada um dos personagens, consegui trabalhar mais neles como pessoas.
o/

Haha, acho que sou bem ao contrario, costumo criar os personagens primeiro e depois tento coloca-los em um universo.
De toda forma, isso ai ta ótimo. Muito bem escrito e com certeza irá ajudar o pessoal. Guias assim sempre são bem vindos.