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O Meu Grande Pé de Inspiração!

Iniciado por Geraldo de Rívia, 04/05/2016 às 19:35


"Os carros são como as lanchas. As motos, como os jet skis. E nós... como todos esses e outros veículos. Talvez um pouco mais do que em algumas outras áreas criativas, somos máquinas de criação. Produzimos conteúdo interativo para outras pessoas desfrutarem. E como toda máquina, precisamos de combustível. E nós nos movemos a partir de nossa inspiração. É ela que nos motiva a persistir em nossos objetivos, é ela que nos dá ideias novas, que nos dá novos olhares para mudar aquela cor que não caiu bem, aquele mapa que não ficou como sonhávamos, é ela que nos faz ser quem somos. Mas de onde tirar essa matéria-prima tão essencial para o sucesso de nossos trabalhos? Onde podemos... colhê-la? Você pode estar morrendo de fome de algo que há um pomar bem aí, dentro de você."

[box class=plainbox]O que é Inspiração?[/box]

     Como de praxe, comecemos pela teoria.
    No nosso mundo dos humanos (para caso algum extraterrestre venha a ler essa matéria algum dia), executamos tarefas que têm como acionadores: ou a obrigação; ou a espontaneidade.
     Quando realizamos uma tarefa por obrigação, a fazemos por ser a nossa responsabilidade, por ser parte do nosso papel na sociedade e porque dela depende várias outros recursos que precisamos para viver, como dinheiro, companhia, afeto, etc.. Por exemplo, trabalhamos por obrigação, pois assim conseguimos, principalmente, alimento. Nos preocupamos em cuidar de nossos filhos pelo afeto que temos em relação à eles. Ajudamos um amigo para que, quando precisarmos, termos com quem contar. Importante ressalvar que, quando digo fazer por obrigação, não digo fazer com má vontade, até porque muitas das coisas que fazemos por obrigação também nos trazem conforto e prazer. Mas tá ok, ninguém sente prazer em pagar contas.
     Do outro lado da moeda, há tarefas que realizamos simplesmente porque queremos, porque vemos vantagem em investir energia nela, mas não há lei ou pessoa nos obrigando a realizá-la ou esperando por isso. Essas são as que realizamos por espontaneidade. Desenhar um gatinho não é obrigação de ninguém, não há lucro nisso, mas temos o ânimo de fazer isso sem a explicação clara do porquê. Isso se deve a necessidades psicológicas que temos em realizar pequenas tarefas que nos faz felizes, que são construídas a partir de experiências que vivenciamos ou queremos vivenciar. Olhando para nós mesmos como exemplos, descobrimos o mundo mágico dos jogos digitais > procuramos como podemos fazer um jogo > começamos a criar nossos projetos, tudo isso sem nenhum lucro eminente ou responsabilidade implícita, somente por prazer. Outro exemplo claro é quem começa a jogar com o personagem Darius em League of Legends, obviamente por ansiar fazer um pentakill, afinal é uma conquista pessoal para o jogador realizar essa jogada.
     Mas se realizamos essas tarefas espontaneamente devido a elas nos fazer felizes, porque há momentos que nos falta desejo para continuar? Ora, se começamos a fazê-la porque nos sentimos bem, o normal seria continuarmos fazendo-a com o mesmo desejo até terminarmos, certo? É... mais ou menos, mais ou menos... Quando começamos, estamos com a expectativa em alta. Normalmente não calculamos o quanto de trabalho será necessário para concretizá-la. Mas quando já dedicamos uma quantidade relevante de tempo e vemos que ainda não chegamos nem na metade, essa tarefa deixa de nos trazer alegria e passa a nos trazer estresse, pois o motivo que nos levou a iniciá-la já se foi há muito tempo e não agregamos um incentivo novo. E esses incentivos vêm por meio da inspiração.


     A inspiração é uma árvore que você tem dentro de você, e seu fruto é a motivação. Para você ter motivação de trabalhar em algo você precisa de um fator que te inspire. Seja o discurso de Martin Luther King, seja da quarta fase de Contra 3, seja o Bolero de Ravel, seja as pixel arts do Deviant Art, sejam as paisagens da Noruega, seja a vista da janela do seu quarto, seja um passeio na praça ou seja a Scarlett Johansson, a inspiração vem de tudo quanto for possível e ela é produto da construção da pessoa que você é. Por exemplo, quem gosta muito de jogos, naturalmete poderá se inspirar jogando. Aquele que gosta muito de assistir filmes, vai se inspirar vendo-os. Quando terminou o filme O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos, minha vontade era fazer um fan-game imediatamente. Por um triz é que não viram um tópico de "Guardiões da Galáxia - O Jogo" aqui também.
     Enfim, o que quero dizer é que tudo com que você interage ou já interagiu, vai fazer parte da formação, tanto da sua pessoa, quanto das suas fontes de inspiração.

[box class=plainbox]Inspiração > Motivação > Inspiração[/box]

     Imagine-se sentado em frente à TV, assistindo o primeiro episódio daquela série que você adora. Eis que você tem uma ideia muito bacana para o escopo de um projeto, e com essa ideia fixa na sua cabeça, logo você já tem um enredo para um pequeno jogo. Então, com a motivação em alta e inspirado, você vai passar o projeto da cabeça para o papel, ou melhor, para o programa.
     Um, dois, três dias passaram, e você estava a todo vapor. No quarto, se sente menos animado do que nos dias anteriores, mas ainda assim, determinado a terminar esse projeto, você mantem-se firme no trabalho. No quinto dia, entretanto, você realmente não está a fim de mexer no projeto. Você quer terminá-lo e ainda gosta com o mesmo apreço da ideia, mas falta aquele gás de outrora. Além do mais, lançou aquele jogo que você estava louco esperando, e mais um episódio da série. Mas você decidiu que não vai fazer outra coisa senão mexer no projeto até terminá-lo.
     E é aí que os projetos morrem.



     Como dito anteriormente, na maioria das vezes começamos uma tarefa tão entusiasmados que não planejamos como faremos e quanto tempo vai levar realizá-la. Quando vemos que gastamos muito tempo e tivemos pouco progresso, nosso cérebro interpreta que essa tarefa não vale tanto a pena mais e nos incentiva a buscar coisas mais prazerosas, coisas essas que podem ser as mesmas que nos incentivaram a começar o projeto. É natural que, após algum tempo fixo em uma atividade, nossa mente sinta falta de algo diferente, para redespertar o interesse e para nossa árvore de inspiração conseguir mais nutrientes e produzir mais motivação.
     Portanto, se começar a se sentir desmotivado e a vontade de fazer outra atividade lhe incomodar, é mais simples você ceder logo à essa vontade, até porque pode ser a forma de conseguir mais inspiração para prosseguir. Além do mais, manter a vontade de fazer uma coisa enquanto se obriga a fazer outra, pode comprometer a atividade em curso, daí das duas, uma: ou a qualidade do resultado não vai ser boa; ou vai estar errado; e claro, isso se tu conseguir chegar a um resultado.

[box class=plainbox]A Técnica Pomodoro[/box]

     Ou você pode utilizar a técnica de gerenciamento de tempo desenvolvida por Francesco Cirillo na década de 1980: a técnica pomodoro. Esta consiste em demarcar um pequeno prazo de tempo (cerca de 20 a 30 minutos) para trabalhar em uma determinada atividade, e terminado esse tempo, você faz uma pequena pausa, e volta a marcar o mesmo tempo novamente. Assim até terminar a atividade e fazendo pausas maiores após 3 pequenas pausas. Nas pausas menores você pode ver um pequeno vídeo, dar uma olhada nas redes sociais, dar uma volta pela casa, se alimentar ou escutar uma música, por exemplo. E nas pausas maiores, pode ver um episódio de alguma série ou jogar um pouco de algum jogo.
     O segredo é utilizar essa técnica para educar sua mente. Investir todo o tempo disponível para terminar um projeto no menor tempo é um objetivo interessante, mas por menor tempo que ele gaste, levará dias, o que ainda é muito tempo e precisa ser dividido para que você não desista dessa meta. Apesar de estar indicando essa técnica para a aplicação em um hobby, educar sua mente é um treinamento para quando chegarem responsabilidade maiores você ter aptidão para lidar com ela.
     E falando em treinamento, uma excelente experiência para aplicar isso são as Game JAMs. A ideia de fazer um jogo curto, dedicar pouquíssimo tempo em relação a projetos maiores e a liberdade que esses eventos proporcionam é tudo que você precisa para se inspirar e aprender. O que por um lado parece ser pressão demais ter um tempo limitado, por outro pode te mostrar que o seu melhor método de trabalho é tenho o objetivo como uma responsabilidade, e não por desejo espontâneo. Como dito no começo, não são todas ocasiões que a obrigação é algo negativo, e nesse caso, é até uma remada a favor do barco.

[box class=plainbox]Concluindo[/box]

     Portanto, quando você sentir que aquele projeto não vai mais progredir, que você não tem mais ânimo para seguir com ele, a causa não vai estar em falta de ajuda, em falta de recursos, em bugs, em falta de tempo. É simplesmente porque lhe falta motivação para seguir com ele. Você se preocupou mais em comer os frutos da árvore da inspiração do que provi-la de mais nutrientes, assistindo filmes, jogando, passeando, conhecendo, enfim, fazendo o que gosta. Se dê o luxo de se divertir um pouco, voltar a fazer as mesmas coisas que te motivaram a começar o projeto. Mas claro, um pouco de foco é sempre bem-vindo.
     Conhecimento é algo que não lhe ocupa espaço, sendo assim, você pode conhecer quantas coisas forem possíveis e isso só lhe fará bem, pois você terá mais fontes de inspiração. Nada contra adorar action-rpgs, mas dê uma chance àquele estilo que sempre lhe pareceu ruim, ele com certeza terá uma mecânica ou algum ponto que você não conhecia antes. Açaí parece ruim? Mas prove e se dê a experiência de provar o que muitos amam. Funk é ruim? Sim, mas escutar uma ou outra música desse gênero não vai trazer mal algum, na pior das hipóteses, você vai aprender como não se deve fazer uma música. Enfim, tudo pode ter um lado positivo se analisarmos com a mente aberta e disposta a aprender mais.
     Estando inspirado você conseguirá ver uma luz no fim do túnel, e mesmo existindo muitas pedras no caminho, seguirá em frente. Daí é só saber lidar com essas pedras: críticas negativas, falta de feedback, bugs... Mas aí já é assunto pra outra matéria.


     E aí, o que te inspira? Compartilhe com a gente e conheça as coisas maneiras que outros membros usam para se motivar? Conhecer novas fontes de inspiração começa por aqui!
     Bom, pra começar, recomendo muito o canal Nerdologia, de onde tiro muitas referências e principalmente, aprendo muita coisa nova. No link vai até um vídeo dentre tantos legais.

:wow:
Até a próxima matéria!


Matéria inspirada no livro O que nos Faz Felizes de Daniel Gilbert

Que honra, parece que serei o primeiro a comentar, não?
Então, as minhas inspirações estão em vários games, desde zelda, um estilo medieval, até shingeki no kyojin, que não é necessariamente um jogo.
Creio que como a inspiração é a base, e nada se cria tudo se transforma,ela pode ser considerada um dos pézinhos da nossa mesa de criação.
Abraços, Manec.

  Grande matéria Gerard! :ok:

  A coisa que mais me chamou a atenção foi essa tal Técnica de Pomodoro, eu não sabia, mas faço isso quase todos os dias no meu trabalho, afinal lá pra tarde chega uma hora que temos pouca coisa a fazer, e no computador eu começo a desenhar minhas PA's no paint ou escrever algo, e de tempo e tempo paro pra atender um cliente e ocupar a mente com outra coisa (Que já faz parte da Obrigação, mas enfim kkk) E lá eu nunca me vi cansado de criar algo, ou sem inspiração, realmente parece bobo, mas dá certo!
  Minha maior fonte de inspiração são as musicas, normalmente ouso OST de jogos que eu gosto, as vezes de alguns que gosto menos, mas só pelo tema mesmo, as musicas me levam a um patamar diferente, onde possa imaginar cenas interessantes com meus personagens favoritos e meus personagens recém criados. :3
  No mais, uma ótima matéria, espero que ajude mais pessoas a conseguir terminar seus projetos.

A técnica de pomodoro é utilizada bastante, principalmente como método de incentivo ao estudo. Essas páginas de cursos
e tals recomendam bastante, estranho ser novidade pra ti.
E o intuito da matéria é mais esse mesmo. As pessoas procurarem mais motivos de se motivarem em si mesmos.

Valeu pelos comments, pessoal!
  :wow:

Olá! Primeiramente prazer pessoas aqui do fórum. Essa é minha primeira postagem.  :ded:

Mas enfim, fantástico o texto! Sem mais, nem menos, fantástico!
Apesar da minha primeira resposta aqui, já brinco com RPG Maker uns anos, mas nada sério. Agora que que comecei a desejar mesmo me dedicar aprofundadamente em tal.
Aí tu chega aqui e já dá de cara com um texto maravilhoso sobre uma fonte de energia de nós que trabalhamos com a criatividade: motivação.

Parabéns novamente!  :clap:

Que bela matéria, Gerar!
Não sabia desta tal técnica pois, eu tenho a minha própria  :cool:
~~~x~~~
Ela se chama: 3 Tempos.
Ela consiste em dividir o dia em 3.
Manhã, Tarde e Noite,
Em cada parte do dia, você fará uma atividade. Por exemplo:
Na tarde, você vai mexer no seu projeto,
Na noite, você vai jogar aquele joguin, virando a noite com os amigos, e conversar com aquela pessoa do facebook. (Noite = Lazer)
E, na manhã, é claro, você vai dormir.
Você vai dormir neste horário, pois a sua mente já descansou bastante na tarde do trabalho árduo de tarde, e, quando acordar, repetirá o ciclo.
Ps: Poderá alterar os objetivos da tarde com a da noite, mas não recomendo muito, pois, trabalhar sob pressão, não é para qualquer um. :U_U: Exige muito treino ( entregar lição de escola no dia seguinte)
~~~x~~~
Esta minha técnica ficou bem confusa até para mim "kk"
Brincadeiras a parte,
Gosto muito de ver essas suas matérias e curti bastante o canal Nerdologia.
Valeu, King!

25/06/2016 às 12:24 #6 Última edição: 25/06/2016 às 12:27 por mathhy creater
Ótima matéria.
Minhas inspirações sempre vieram de livros influentes na minha vida, como Assim Falou Zaratustra de Nietzsche.
2001 - Uma odisséia no Espaço dentro muitos outros.
Sobre games, sempre gostei de coisas muito mais profundas como conflitos de ideais, não existir certo ou errado, existencialismo, e acabei deixando muito de lado isso de salvar a princesa e coisas mágicas.
Se uma obra que eu crie ou aprecie que não tenha uma mensagem profunda que faça o expectador refletir e carregar aquilo, ou mesmo uma atmosfera que mexa com os sentimentos mais profundos do ser, acho ela inválida.
We are going to die, and that make us the lucky ones...


Long live the King!
Como demorei tanto tempo para ler essa matéria? Destino? Conspiração do Universo? Um leprechaun embaixo da cama? Jamais vou saber. O fato é que essas palavras me chegaram no momento certo. Um pequeno transtorno chamado bloqueio (que aliás, não existe, mas é um placebo tremendo) acorrentou minhas pernas e me ofereceu biscoitos. Nesta situação, acabei deixando a motivação do meu projeto mais ambicioso se esvair. Retomado neste minuto.

Inspiração não falta. Qualquer folha caída no chão pode ser uma nave espacial (ou o próprio demônio) disfarçada. Minha receita particular é a base de três notas musicais, uma imagem qualquer e o pontapé inicial. Enfim, muito obrigado pela matéria, King. Não vou deixar a próxima escapar por tanto tempo.