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Iniciado por Eyesday, 04/01/2017 às 19:20

Olá, camaradas! Fantasio há algum tempo em elaborar histórias mais intrigantes e que explodam a cabeça dos leitores puxem para temáticas que eu não explorei ainda. Neste caso, resolvi fazer algo que leio há algum tempo e sempre tive interesse em escrever: Creepypastas!

A história abaixo possui apenas um capítulo, pois este é o único que fiz até agora, introduzindo o personagem principal e à trama que desenvolveremos. Espero que apreciem e que possam deixar suas avaliações, comentários e afins abaixo para que eu possa recolher.


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Spoiler
Péééém. Péééém. Péééém. São 6h30m da manhã.

O som filho da puta do despertador preenche os meus ouvidos e me faz levantar o rosto embriagado da mesa de vidro a qual havia desmaiado por algum tempo. Esfrego os olhos quase como que querendo fazê-los entrar em combustão, e sinto minha mandíbula estalar assim que abro a boca para bocejar. O hálito podre de whisky que paira no ar assim que fecho a boca é nojento, mas só recordo-me de ter bebido quando vejo o copo meio cheio em cima da mesa. Maldita bebida... Minha única companheira, minha maior inimiga.

Arroto. Sim, sou um porco. Foda-se. Levanto-me da mesa com as pernas bambas e ainda cambaleantes do álcool que não se dissipou pelo meu corpo e danço até o banheiro. Mal enxergo o que estou fazendo, mas tateio as paredes e vou descobrindo o caminho até o chuveiro. Não sei se tirei as roupas, e só me dou conta de que não as tirei quando já estão encharcadas da água fria que escorre pelo meu corpo. Aos poucos começo a me lembrar do que fiz noite passada, mas é o mesmo de sempre: Cheguei do trabalho puto da vida e fui beber. É óbvio que não é a melhor mistura, e com toda certeza você deve querer que eu seja um pouco mais responsável, talvez mude de vida ou mesmo busque encontrar uma namorada, parar de beber ou seja lá qual for sua ideia para me ajudar, mas, quer saber de uma coisa? Eu não ligo, e sinceramente, do jeito que minha vida anda, não tem muito mais coisa que me faça querer melhorar... Preciso ir trabalhar.

* * * * *

De roupas limpas, cara lavada e já um pouco embriagado - a quem eu quero enganar, já bebi pelo menos dois copos de Whisky desde que acordei, mas tudo bem, eu aguento mais algumas doses ainda -, percorro todo o caminho de corredores, elevador e garagem do condomínio em que moro para chegar até o meu carro, um sedã 2015. Destranco o carro e entro, sinto os primeiros cheiros fortes do dia: Tabaco e jornal. Por mais moderno que o mundo esteja, ainda gosto de ler o jornal de vez em quando, me faz lembrar de épocas mais simples e com menos WiFi.

O relógio do carro marca 7h30m quando chego no prédio da Folha Livre, jornal ao qual trabalho. Sim, sou um jornalista. Um jornalista fodido que não escreve nada atrativo há um bom tempo... Não me surpreenderia se o Fernandez me demitisse hoje mesmo, pra falar a verdade, do jeito que estou, seria até agradável. Talvez eu me demita, quem sabe?

A Folha Livre é um dos jornais consagrados do estado, e é um dos mais influentes do país. O fato é que muitos buscam entrar no grupo de jornalistas do Folha Livre, mas a verdade é que pouquíssimos entram... Lembro-me quando fui contratado, tinha enviado uma reportagem sobre o desaparecimento de um mendigo e acharam tão fantástico o modo como investiguei toda a situação que resolveram me dar uma chance. A pior contratação da vida deles e a pior merda que já fiz na minha vida.

Passo pela porta automática do prédio e sinto o frescor do ambiente climatizado ao qual entrara, é revigorante, uma pena que não possa fumar aqui dentro... Sou cumprimentado por pelo menos cinco pessoas enquanto faço meu percurso de dez metros da porta de entrada ao elevador. É impressionante como as pessoas sentem a necessidade de cumprimentar os outros com "bom dia" ou seja lá o que for, definitivamente um hábito que de bom não traz nada para meu dia.

Entro no elevador e dou de cara com Luiza, uma moça de 23 anos que ingressara há pouco tempo no corpo de jornalistas da empresa e estava passando pelos primeiros meses de aprendizado. Por alguma razão sinto que ela tem algum problema comigo, sempre que nos encontramos, independente do lugar, ela passa o tempo todo me olhando com um olhar perdido e as vezes até sonhador. O ambiente dentro do elevador torna-se desconfortável simplesmente pelo fato de ela querer, às 7h34m, conversar sobre uma infinidade de coisas que não me dizem respeito. Afinal, por que eu iria querer saber dos problemas intestinais do gato miserável dela?

* * * * *

São 20h35m. Dou o último gole da minha garrafa d'água e percebo que agora está seca. É hora de ir para casa.

No caminho para o carro, encontro a razão para um dos meus principais sofrimentos, Luiza. Ela se aproxima calmamente e com um sorriso irritante no rosto. O elevador chega e entro no mesmo o mais rápido possível, pressionando o T e em seguida o botão para que as portas se fechassem, torcendo para que ela não consiga me alcançar a tempo e que eu possa ter, ao menos uma vez, um momento de paz no elevador. Ela apressa o passo enquanto as portas começam a se fechar. A única coisa que consigo pensar é: "Fecha. Fecha. Fecha. Fecha. Fecha. Merda. Fecha. Merda. Fecha. Fecha. Puta que pariu...". Luiza conseguiu impedir que as portas se fechassem colocando o braço entre as duas portas. Não me julguem, mas por alguma razão macabra, torci para que o braço dela se partisse e a porta se fechasse. Eu sou louco... A porra de um psicopata louco... Perco-me em meus pensamentos, mas sou puxado de volta por Luiza, que insiste em puxar assunto.

- Então, vai pra casa? - pergunta-me.
- Se a polícia não me parar no caminho, sim. - respondi, enquanto conspirava para matá-la naquele elevador e fugir o mais rápido possível.
- Como assim? - disse ela, esboçando um sorriso tímido e envergonhado.
- Nada, Luiza, nada...

A conversa praticamente parou por aí. Deve ter entendido o recado da polícia, eu acho. Por fim, o elevador chega no térreo.

- Tchauzinho, Rubens! - despediu-se de mim, balançando a mão esquerda de uma forma que apenas ela consegue para me irritar.
- Tchau, Luiza. - respondo, tentando manter a postura.

Caminho em direção ao carro e enquanto prossigo pelo estacionamento, o tempo parece não fazer tanto sentido. Sem ver o céu e sem ver ninguém além de Luiza, as coisas parecem um tanto quanto estranhas, de fato. As vezes sinto que, por trás das colunas e dos carros maiores, há alguém observando o que se passa, espreitando. Enfim chego ao carro, são e salvo. Não tão são, eu acho...

Meu celular toca. Um número desconhecido, que ótimo. Penso em não atender, mas, pode ser a lotérica dizendo que tirei a sorte grande, ou mesmo meu chefe me dizendo que estou promovido sem ter feito nada e que vou ganhar mais do que meu salário miserável... Esquece, eu tenho o número do meu chefe. Reluto por alguns instantes, mas por fim atendo o celular.

- Alô? - apresento-me.
- Olá, senhor... É... Rubens Bianchi?
- Sim, sou eu, quem fala?
- Senhor Bianchi, meu nome é Leandro, estou ligando para informar-lhe que seu pai acaba de falecer. Sei que não é uma notícia fácil de assimilar, mas... - imediatamente o interrompo!
- Meu pai?! - surpreso, acabo exaltando minha resposta e pareço mais alegre do que triste pela perda.
- Sim, senhor. Seu pai é Eduardo Bianchi, certo?
- Correto... - aos poucos sinto a mistura de tristeza, felicidade e tabaco, impregnarem meu corpo.
- Na carta de testamento de seu pai, ele deixa seus bens para o único filho, que no caso, é o senhor. Acredito que queira comparecer na via judicial para acertar as questões quanto ao funeral e ao recebimento de seus novos pertences, certo?
- É... Claro... - pego-me completamente desnorteado, não sei ao certo o que responder em tal situação.
- Pois bem, senhor, nós enviamos para você o endereço onde você deverá comparecer num período de sessenta dias para retirada dos pertences e afins.
- Ok... Obrigado, Leandro.
- Meus pêsames, senhor Bianchi. Passar bem. Até mais. - e desligou o telefone.

Meu pai está morto... Eduardo Bianchi. A alegria de talvez poder finalmente conhecer seu pai, saber quem ele era, o que fazia e mesmo como era só pode ser suplantada pela tristeza de saber que só poderei conhecê-lo após a morte.

A verdade é que meu pai nunca foi meu pai, desde cedo abandonara nosso lar para, segundo minha mãe, seguir "ambições maiores". Houve um tempo em que quis conhecê-lo, mas depois que comecei a trabalhar, o desejo de saber quem era meu pai foi aos poucos sendo arquivado e substituído por outros desejos, como o de acordar um dia sem ressaca. No entanto, o fato de que agora eu poderia saber quem ele realmente era me deixou com fôlego para, no outro dia, ir receber os pertences. O que será que meu pai tinha me deixado? Certamente algo valioso, talvez algum tipo de livro meloso de recordações de quando ele ainda estava comigo, ou talvez ele tenha deixado uma herança gorda que me permita sair do emprego na Folha e sumir de vez da vista de Luiza! São inúmeras possibilidades, mal consigo conter minha ansiedade, e mal consigo notar onde está a tristeza que eu deveria sentir com a perda de um parente... Mas era verdade, estava acontecendo mesmo, não era um sonho, tampouco uma de minhas visões alcoólicas insanas.

Meu pai estava morto.
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~ Designer e Roteirista ~
Puhart Chronicles
SM4 Project

Saudações!

Texto muito bem escrito e com uma história bem interessante e misteriosa.

No aguardo da continuação.

Até mais!
Canal YouTube: https://www.youtube.com/channel/UCYZbBHdVs1zKPJi-epNZB-w

Visitem também minha idéia de jogo (A Jornada): http://centrorpg.com/index.php?topic=14189.0

E...gostaria de ter um review do seu jogo/projeto? Veja como em: http://centrorpg.com/index.php?topic=14491.0

Muito intrigante mesmo, parece ser do caralho. Sendo uma creepypasta, espero ver elementos disturbantes aparecendo na história. Primeiro capítulo foi o suficiente para manter minha atenção, posta + aqui quando escrever e/ou revisar o resto!


fear is the mind-killer

Citação de: Romeo Charlie Lima online 06/01/2017 às 12:25
Saudações!

Texto muito bem escrito e com uma história bem interessante e misteriosa.

No aguardo da continuação.

Até mais!

Citação de: FilipeJF online 06/01/2017 às 14:45
Muito intrigante mesmo, parece ser do caralho. Sendo uma creepypasta, espero ver elementos disturbantes aparecendo na história. Primeiro capítulo foi o suficiente para manter minha atenção, posta + aqui quando escrever e/ou revisar o resto!


Pensei que ninguém iria dar feedback na história, tinha ficado até desanimado já, haha! Em todo caso, eu tenho um certo receio quanto a continuar publicando-a aqui por conta das regras do fórum, acredito que teria que censurar bastante coisa que penso em fazer pelo fato de ser algo pesado para um fórum como este, em todo caso irei buscar verificar melhor pra saber se posso ou não e se haverá soluções em caso de negativa.

Anyway, obrigado pelos comentários e fico feliz que tenham gostado! Espero poder trazer mais algumas histórias pra cá, tenho interesse em voltar a escrever - já estou parado há um tempo - mas falta apenas a motivação para tal!
~ Designer e Roteirista ~
Puhart Chronicles
SM4 Project

Citação de: Eyesday online 07/01/2017 às 00:56
Em todo caso, eu tenho um certo receio quanto a continuar publicando-a aqui por conta das regras do fórum, acredito que teria que censurar bastante coisa que penso em fazer pelo fato de ser algo pesado para um fórum como este, em todo caso irei buscar verificar melhor pra saber se posso ou não e se haverá soluções em caso de negativa.

Eu também não sei com certeza como seria exatamente a política sobre o conteúdo apropriado ou não. Mas, uma opção que imaginei seria postar o texto em outro local e, por aqui, apenas referendar o link, deixando claro que a natureza do conteúdo e que não poderá ser leitura apropriada para todos. Talvez até mesmo colocar essa ressalva da idade no título do tópico.

Citação de: Eyesday online 07/01/2017 às 00:56
Espero poder trazer mais algumas histórias pra cá, tenho interesse em voltar a escrever - já estou parado há um tempo - mas falta apenas a motivação para tal!

Aguardo conhecer outros textos sim... te desejo muito sucesso e que mantenha a motivação sempre!

Até mais!
Canal YouTube: https://www.youtube.com/channel/UCYZbBHdVs1zKPJi-epNZB-w

Visitem também minha idéia de jogo (A Jornada): http://centrorpg.com/index.php?topic=14189.0

E...gostaria de ter um review do seu jogo/projeto? Veja como em: http://centrorpg.com/index.php?topic=14491.0

Gosto de textos assim! Cheios de detalhes, onde posso fechar os olhos e imaginar a cena! :D

Escrita impecável e convidativa, um pouco cítrica devo dizer, mas entende-se, por ser um relato emocional de um jornalista.

Um detalhe, no momento:
CitarO hálito podre de whisky que paira no ar[...]

Whisky não deixa mal hálito :lol: experiências de um beberrão
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Citação de: Shephiroth online 08/01/2017 às 13:53
Gosto de textos assim! Cheios de detalhes, onde posso fechar os olhos e imaginar a cena! :D

Escrita impecável e convidativa, um pouco cítrica devo dizer, mas entende-se, por ser um relato emocional de um jornalista.

Um detalhe, no momento:
CitarO hálito podre de whisky que paira no ar[...]

Whisky não deixa mal hálito :lol: experiências de um beberrão

Pra quem está puto da vida até Whisky dá mal hálito, quer nem saber se é Whisky, pasta de dente ou uma cebola crua. hehe

Obrigado pelo feedback! :D
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