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Bomba, bomba, Homem-Bomba, bomba, bomba, bomba

Iniciado por Molotov Dias, 01/03/2017 às 22:12

Americano é um bicho paranoico. E por americano me refiro aos norte-americanos, nascidos nos EUA. Eu fui para os Estados Unidos uma vez, e devo dizer que não foi a melhor experiência da minha vida. Primeiro pelo fato de que a volta para o Brasil foi um verdadeiro inferno. Antes de entrar em maiores detalhes, devo contextualizar vocês de quem e como sou, tanto físico, como mentalmente: Tenho 23 anos, sou moreno e tenho uma barba grande e bagunçada. E pelos deuses, eu sou arrogante, cabeça quente e sarcástico pra caralho.

Ironia do Destino ou não, fui aos EUA para comprar coisas, e estava de olho em um relógio, com um design mais moderno e bizarro, que acabei por comprar. Na hora de entrar no aeroporto, passei pelo detector de metal, minha bolsa não. Vou descrever o diálogo em português, para melhor entendimento de todos, mas prosseguiu dessa maneira.

"Senhor, o que seria isso? ", perguntou uma guardinha, enquanto revirava minhas cuecas, CDs e livros, para tirar o lindo relógio lá do fundo. "Obviamente não é uma bomba", eu repliquei com meu singelo sarcasmo. "Bomba?! ", alguém atrás de mim gritou histericamente, e isso se alastrou rapidamente, como a fumaça das torres gêmeas no onze de setembro de 2001. Logo, todos gritavam e eu estava no chão. Alguns guardinhas gritavam comigo, "ONDE ESTÁ A PORRA DA BOMBA?! ", e eu replicava: "NO CU DA SUA MÃE, DE TANTO QUE EU ME IMPORTO". Aí entra um fadeout, provavelmente porque devem ter me dado um murro, tão forte que só o cacete.

Corta a cena e entra um fade in, eu estou sentado numa cadeira, com as mãos algemadas na costa, levando tapinhas na bochecha direita, enquanto uma outra pessoa abria um dos meus olhos e apontava uma lanterna para ele. "Ele está acordando", disse a moça que segurava a lanterna e o meu olho. O cara parou de dar tapinhas. Chacoalhei a cabeça e abri os olhos. Na sala só nós: eu, o cara, e a mina. O cara era negro e tinha um cavanhaque maneiro, que dava a ele um ar de durão. Ela era asiática, – chinesa? – usava óculos e tinha cara de intelectual. Então ela perguntou:

"Onde está a bomba, senhor? ", com uma voz suave. Eu, ainda meio tonto, respondi "Não tem nenhuma bomba, senhora", com um tom sarcástico, dando ênfase no 'senhora'. O cara não ficou nenhum pouco feliz com isso, aparentemente. Ele bateu as duas mãos na mesa, se apoiando e disse: "Não banque o engraçadinho comigo, camarada". Aí que eu saquei a deles, é a policial boa e o policial malvadão. "Tenho cara de palhaço pra brincar com você, chapa? ", repliquei, pedindo o tapa que veio logo em seguida.

"Eu estou tentando te ajudar, senhor, você só tem que colaborar comigo", disse a moça, como se tivesse saído de um filme policial clichê dos anos 80. Maldito seja os anos 80. "O quê? Tão brincando de policial bom e policial mal? ", um tapa, "Tá, já entendi. Mas deixa eu deixar claro: Não tem bomba alguma", outro tapa, "Sarcasmo, Sarcasmo! Eu estava sendo sarcástico! ", gritei, virando a cara esperando outro tapa, que veio quente, "Olha pra mim, eu sou um bobalhão, eu não tenho nenhuma bomba", esse tapa fez eu cair no chão, com cadeira e tudo, já que estava algemado com a mão nas costas.

"O que vocês querem de mim? ", perguntei, quase chorando. "Onde está a porra da bomba?! ", gritou o cara. "Não banque o engraçadinho comigo", eu disse abrindo um sorriso sarcástico. Tudo bem, falando agora, eu entendo que eu estava pedindo para levar uns tapas. O que de fato aconteceu. Por mais horas e horas. A moça dizia que queria me ajudar, o cara dizia que eu estava brincando com a cara dele, e eu pedindo tapas abertamente do cara. Como não amar os EUA?

Alguém, então, bateu na porta. Meu nariz sangrava, bochechas inchadas. A chinesa abriu a porta, esticou metade da cabeça para fora. Alguém sussurrou algo para ela. Ela fechou a porta, abriu um sorriso sem graça em minha direção e disse, "peço desculpa por tudo, senhor, ficamos sabendo que tudo não passa de um mal-entendido", "sério? Não me diga. Eu devia tê-los avisado antes, não é mesmo? ". O cara veio com um pano, estancar o sangue do meu nariz, com um sorriso amarelo e sem graça. A moça continuou: "a perícia chegou ao laudo, de que a suposta bomba era na verdade um relógio". "Se vocês tinham o objeto, porque me perguntaram onde estava a bomba? ", eu indaguei, soltando alguns gemidos de dor. "Procedimento padrão", sorriu o cara.

Conferi minhas coisas, tendo certeza que tudo estava de acordo, para evitar que algo tinha sido levado de 'evidência'. Eles me colocaram no próximo voo para o Brasil, na primeira classe, o que não dava muita diferença, pois beber champanhe ou uísque com a cara inchada, e cheia de feridas não é uma boa. Me acordaram no meio do voo, porque supostamente eu estava dizendo "bomba, bomba, bomba, homem-bomba, bomba, bomba, bomba", enquanto dormia. Mas essa, meus amigos, é uma história para outra ocasião, não é mesmo?



Publicado no dia 08/12/2015 no meu blog

Paz e segurança, irmãos e irmãs
ALGUÉM FALOU EM JAIMES DESING?!

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Citação de: Dias Lunatic online 01/03/2017 às 22:12
"NO CU DA SUA MÃE (...)"
O papaco curtiu isso, sem sombra de dúvidas!

Achei o texto bem interessante e original. Lembro de ter visto outras criações suas pelos fóruns, então imagino que você já tenha desenvolvido uma 'identidade' -- ou não, não sei -- nos textos.

De qualquer maneira, parabéns pelo trabalho! Foi difícil -- ao menos para mim -- dizer o que você presenciou e o que não presenciou nessa história, enquanto lia. Só depois de contemplar um pouco, poderia chutar que você passou longe dos EUA e, de forma alguma, teria ido lá para 'comprar coisas', hehe.

Foi uma bela história, foi uma bela história.

:XD:

Pois é, pra falar a verdade eu nunca saí do estado de SP (com exceção de quando morei em Goiânia, mas eu tinha uns 2 anos, então não conta).
E sobre minha identidade, eu considero ela bem volátil (?). Eu consigo escrever sobre tudo, só que algumas coisas me dão mais prazer de escrever, assim como alguns estilos de narrativa, o número de metáforas em um texto, e o ritmo dele. Escrever, para mim, não é só sobre prazer - não mais, uaheuahe.

Paz e Segurança, Irmão!
ALGUÉM FALOU EM JAIMES DESING?!

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