O TEMA DO FÓRUM ESTÁ EM MANUTENÇÃO. FEEDBACKS AQUI: ACESSAR

tEryma - Quase um texto.

Iniciado por Rawen, 05/07/2017 às 10:33

05/07/2017 às 10:33 Última edição: 29/07/2017 às 09:21 por Corvo
Bem, eu estava nas minhas brisas diárias — ou devaneios —, quando tive a vontade de escrever algo. Na verdade, eu senti obrigação de escrever algo. Só que eu não tinha ideia alguma  :ded: então, decidi abrir o bom e velho WordPad e comecei a escrever apresentações de personagens, como se eu fosse eles escrevendo. Eu gostei dos personagens que eu criei. Aí, me veio a excelente ideia de inventar uma história do nada, eu comecei a escrever tudo o que vinha a cabeça no programa, logo, surgiu algo. Eu apaguei tudo, claro. Mas surgiu a ideia, é isso que importa u-u aí, dessa loucura toda, surgiu essa espécie de textinho. Se puderem ler e avaliar, eu vou agradecer muito <3

OBS: Eu ainda não revisei o texto, possíveis erros de digitação e gramática serão corrigidos :3

Spoiler
tEryma


UM PRIMEIRO CAPÍTULO PARA UMA PRIMEIRA AVENTURA, MEUS AMIGOS LEITORES.


Era um daqueles dias irritantes de tão calmos. A chuva leve estava lá só para mudar a cor do céu, não era do tipo que fazia valer a pena usar um guarda-chuva. Eu, como sempre, ficava sentado próximo da janela, era como se nenhuma palavra fôsse necessária para conversar comigo mesmo. Era um dia irritante de tão calmo. Essas manhãs eram horríveis para nós porque nos impediam de sair para brincar, mas também não nos dava sinal de final. Eram diferentes das chuvas pesadas, elas duravam de quinze à vinte minutos, aquelas chuvinhas duravam o dia inteiro... quem gostava muito daquelas chuvas era a Myta, ela cultivava uma espécie de jardim próximo da casa e, com a chuva fraca, não era necessário sair nem para regar as plantas e nem para retirá-las de lá. Eu sempre fui muito calmo, então era como se eu não me importasse — é claro que eu me importava, mas não podia demonstrar aquilo e, se eu o fizesse, estaria abandonando o papel de garoto sério e neutro de sempre. Aliás, não pense na Myta como uma boa garota que amava as plantas, ela podia gostar delas, mas era o tipo insuportável de pessoa que faz coisas ruins mesmo sabendo que são ruins, apenas "pelo prazer de irritar", como dizia. Era difícil ser neutro, mas, apesar de ser tão insuportável quanto, Dish geralmente estava certo, Myta adorava irritá-lo, afinal, ele era o mais novo de nós três. Vivíamos numa cidade pequena no campo, éramos os típicos caipiras que nunca tinham visto um carro ou coisa parecida, mas não éramos ignorantes.
Tínhamos um tio chamado Oliver, ele morava numa cidade grande, então sempre trazia alguma coisa diferente para nós. Ele havia crescido naquele lugar, assim como os meus outros tios — eu, Dish e Myta éramos todos primos, o pai de Dish e a mãe de Myta eram irmãos do meu pai, assim como do tio Oliver —, mas havia se distanciado de lá. Apesar de não ser bem visto pelos pais, os irmãos sempre gostaram muito dele.
Naquele dia, ele veio novamente, viria para ficar quase um mês, estava de férias do trabalho. Ele parecia estar melhor a cada vez que vinha nos visitar, o preço dos presentes subia, mas não tanto quando as pontas do seu sorriso: era um homem bem sucedido, afinal. Ele nos trouxe um computador, não era dos melhores, mas na época eu não fazia ideia disso. Ele instalou uma espécie de plano de internet, também, afinal, ficaria por um mês e não deixaria de usá-la. Meus pais não fizeram nada quanto a isso, além de reclamar pela falta de espaço para se colocar um computador, o que fez o nosso tio construir uma espécie de quartinho no meio das três casas, ele não sabia fazer aquilo direito, então o meu pai acabou ficando com grande parte do serviço. Logo estava lá, o nosso primeiro computador.
—Ei, Liel. Você sabe ligar esse negócio? — Dish murmurava essas palavras enquanto comia o resto de seu almoço, estávamos todos ansiosos para ver o brinquedo novo.
—Claro que não. E você, não sabe?
—Não... — estava meio decepcionado.
—Vocês são burros? Por que não chamam o tio? — Myta apertava sem parar cada um dos botões do teclado, sem nenhuma resposta da máquina. Corremos para chamar o tio, já havia passado uma semana desde que o computador estava ali, imagine nossa agitação para ligar aquilo? Havíamos esperado tanto tempo! Mas, apesar disso, o tio não demonstrava nenhuma vontade em se levantar de onde estava, o fazendo da forma mais lenta que podia, logo, eu e Dish voltamos arrastando ele pelo braço.
—Oh, é isso? É só apertar aqui... — disse apertando um botão naquilo que chamávamos de grande caixa branca, o CPU.
—Mas nós já apertamos isso, tio. Por que não funcionou na nossa vez?
—Vocês não ligaram na tomada, ele precisa de energia pra funcionar.
—Energia como a que usamos pra correr? — Dish falou.
—De certa forma... mas isso é energia elétrica, tipo os raios.
—Quer dizer que tem um raio nesse buraquinho? — Myta falou enquanto arrancava dos dentes os restos de comida, não éramos muito educados.
—Não é um "buraquinho", dentro dele existem alguns fios. Veja bem, é como o que vocês usam para ligar a geladeira e a televisão.
—Mas tio, nós não temos televisão — Myta disse.
—Mas têm geladeira, não?
—Sim, mas ela não é ligada nesse raio — decidi falar.
—Não é um raio! Mas sim, ela é ligada na tomada, só que vocês nunva viram, afinal, a tomada fica atrás da geladeira.
—É verdade. Eu acho que já vi algo assim enquanto a mamãe limpava — Dish ainda estava comendo, acredite se quiser. Decifrar o que dizia era um desafio.
—Eh... mas então, está ligado, eu vou voltar pra casa, está meio frio aqui...
—Mas tio! — o interrompi — Nós não sabemos usar isso...
—Onde eu estava com a cabeça... bem, eu tenho um tempinho pra ensinar pra vocês...
Daquele dia em diante, nunca deixamos de usar o computador, nós três. As chuvas fraquinhas começaram a aumentar conforme o inverno se aproximava. Naquela região, não fazia realmente frio, não como o lugar onde o tio Oliver morava, por exemplo; contudo, as chuvinhas ficavam mais constantes. As chuvas mais fortes vinham junto com a primavera, eu gostava delas. Conforme éramos impedidos de sair para brincar, nossas idas até o quartinho com o computador ficaram mais frequentes, estávamos o tempo todo lá. Jogávamos uns jogos que o tio havia instalado, mesmo que não soubéssemos o que isso significava quando ele falou. Não me lembro bem de muitos deles, mas o jogo antigo emulado era muito divertido, nos desafiávamos. "Quem conseguir passar cinco fases sem morrer nenhuma vez vai poder jogar mais uma vez!", e assim passávamos as tardes chuvosas. Foi um tempo bom, mas ele não vai voltar.
Eu lembro que quando completei vinte e dois anos, me mudei para Eistia, cidade onde meu tio Oliver morava. Aliás, preciso dizer... ele morreu alguns meses antes num acidente de carro. No hospital, ele havia escrito o documento que nos dava o direito à casa, nós três. Myta já não estava mais na nossa vilinha caipira, ela era a mais velha de nós, então já estava estudando numa cidade longe. Dish era o mais novo, na época em que me mudei, ele tinha dezenove anos, então, concordou em me deixar com a casa. Apesar disso, a casa nunca deixou de ser de nós três. O computador quebrou com o tempo, nunca mais jogamos juntos. Na época em que ele estragou, Myta ainda estava conosco. Arrancamos as teclas com as iniciais dos nossos nomes — M, L e D, dos apelidos na verdade — e fizemos uns cordões com eles, marcaria nossa amizade. Essa é a história de como comecei a carregar uma tecla de computador no meu pescoço, pra sempre.
—É uma bijuteria bem estranha, se me permite dizer — estava lá para ajudar, mas não sabia fechar a boca. Era o meu simpático novo viziho.
—Tem algum valor pra mim.
—Hahaha... eu acredito que tenha. O seu tio era um ótimo vizinho.
—Também era um ótimo tio...
—Bem, eu devo ir e você também! Sabe, a essa hora da noite, andam ocorrendo algumas coisas...
—O quê? — eu joguei a caixa no chão e me virei para ouví-lo.
—Não sabemos quem é, mas alguém enviou uma carta ao presidente, pedindo para tomar o poder ou qualquer coisa assim. É óbvio que ele ignorou. Desde então, a pessoa que enviou as cartas anda colocando pressão no Estado pra pegar o poder, é como uma rebelião descarada... você sabe... não é legal se meter com essa gente.
—É estranho... é impossível fazer isso nos dias de hoje, não é? Digo... uma rebelião à luz do dia.
—Ah, pirralho, eu não sei de mais nada... apenas entre, viu? Não quero perder mais um vizinho.
Eu achei aquilo tudo muito estranho, eu não tinha ouvido nada sobre aquilo... o Estado estava tentando esconder as coisas? Como não pegaram a pessoa responsável? Mas isso não era da minha conta, eu deveria guardar aquelas últimas caixas e entrar, a velha casa do meu tio me esperava. Tepp, meu vizinho, havia me avisado, mas eu era um pouco lerdo com o serviço. Eu mal pude sentir, mas algo atingiu meu pescoço... eu apaguei.
Era um quarto escuro cheio de pessoas amordaçadas, eu ainda estava atordoado, mas podia ver bem. Logo, aquela sala cheia de pessoas nos deixou só, apenas três. Comigo havia mais um rapaz, bem pequeno e magro; também uma garota, parecia ser um pouco mais nova do que eu. Que diabos estava acontecendo ali? A minha infância passava na frente dos meus olhos... então, eu só podia pensar em sair dali.
As mordaças foram retiradas, também as algemas. Ninguém nos deu ordem ou nos disse o que estava acontecendo, estávamos livres numa sala fechada, podendo nos mover livremente, mas sem contato com o exterior. O cômodo tinha cerca de dez metros quadrados, era uma sala branca com algumas camas e mesas, também uma porta, com um buraco pequeno, talvez servisse para que passassem alimentos, mas será que nos dariam de comer? Eu não queria pensar nisso. Estava um silêncio absurdamente confuso, ninguém sabia quem era ninguém, mas ninguém queria falar nada, ou melhor, ninguém tinha coragem para falar.
[close]

Excelente, sr.[user]Manec[/user]. É exatamente o tipo de simplicidade que constrói personagens de peso. Fora isso, vi minha infância aqui haha, mais um ponto. Como divulguei, a Mostra Ecos saiu ontem. Daqui a poucos dias devem abrir as inscrições para a nova edição. Recomendo veementemente que mande esse texto para eles. o/

Obrigado, Poe ^-^ vou dar uma olhada sim o/

Hey Manec, quanto tempo! Adorei a escrita cara, você melhora cada vez mais, é bem profissional e gostosa de ler. Esse começo deu a maior pegada de nostalgia, me lembra da época do computador do meu avó, saudades haha. Ai então a historia ficou meio Bad, velhos amigos se separando, isso é triste cara. Bom nesse final e não sei se foi um resumo de algo que você ainda vai continuar, mas senti que foi meio rápido de mais, mas ainda sim ficou uma especie de gancho muito louco!  :XD:
Só pra finalizar vou deixar alguns erros (eu sei eu sou chato):
"—Não é um raio! Mas sim, ela é ligada na tomada, só que vocês nunva viram, afinal, a tomada fica atrás da geladeira."
"—É uma bijuteria bem estranha, se me permite dizer — estava lá para ajudar, mas não sabia fechar a boca. Era o meu simpático novo viziho."
Não atrapalha na escrita mas acho que ajuda! É isso, abraço!

Ah sim. Esses erros eu fiz porque escrevi rápido mesmo. Eu ainda estou escrevendo o texto, pretendo fazer dele extenso. Essa é tipo a introdução duma espécie de livrinho ^-^

Obrigado pelo feedback, Pudino o/