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Descrição de Personagens

Iniciado por Grimoire, 29/11/2017 às 16:44

29/11/2017 às 16:44 Última edição: 17/01/2020 às 17:40 por Grimoire
E aí pessoas. Bom dia/tarde/noite.

Estava lutando com meu texto aqui, principalmente com a caracterização dos personagens. Sinto que a descrição física deles soa um pouco forçada. Mesmo que tenha uma imagem mental deles, não consigo fazer uma descrição que faça jus à essa imagem. Eles tendem a parecer um pouco genéricos demais, na minha opinião.


EXEMPLO
- Boa tarde. - Resmungou ao chegar num homem sentado atrás de um balcão, próximo à portaria. Era um sujeito asqueroso de olhos pequenos, nariz de porco e boca larga, com a careca brilhando de oleosidade pela falta de banho. Aparentemente tentava mascarar o mau cheiro com um colônia barata e falhava miseravelmente. Ele abriu um sorriso quando viu o jovem.
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Também, muitas das vezes tenho uma construção da personalidade e até background deles, mas não consigo montar uma imagem física dos mesmos para apresentá-los ao leitor.
Isso me leva ao motivo da criação desse tópico: Como vocês criam a parte física dos seus personagens? Pegam imagens de pessoas reais como inspiração? Fazem desenhos? Usam geradores? Talvez algumas dicas me ajudem nesse ponto que, pela minha auto-crítica, é uma parte bem fraca nos meus textos.

Agradeço desde já, abraço!

(Caso esteja na área errada, peço desculpas. Sendo o caso, se algum moderador puder mover para a área correta agradeço)

Bom, a melhor descrição costuma ser a menor possível. Eu deixaria seu trecho simplesmente assim:
    - Boa tarde - resmungou ao homem atrás do balcão.
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A aparência do personagem é relevante para o enredo? Se sim, você pode diluí-la nas ações e diálogos do mesmo. E sobre meu método, eu costumo descrever apenas o estritamente necessário. Por exemplo, no livro que tenho trabalhado você encontra uma única menção à aparência do protagonista apenas informando que ele tem mais ou menos trinta anos.

Aí depende do que tu está querendo passar. Pessoalmente, acredito que a descrição do personagem deva ser feita da mesma forma que tu observa uma pessoa distinta na rua. Preste a atenção em como nota as características, depois tente passar isso para o papel.

Outro fator importante é a própria narrativa. Tu tens a intenção de deixar o protagonista narrar? Ou é um texto em terceira pessoa? Isso influencia muito na forma que vais escrever o texto, pois são formas diferentes de passar essas informações.

Nos meus textos eu prefiro passar informações singelas, como cor do cabelo, olhos, pele, vez ou outra alguma característica do corpo, para que o leitor possa chegar em uma imagem parecida com a que eu mesmo visualizo. Mas o método do Corvo pode ser uma saída para ti, pois isso deixa que o leitor crie a própria imagem que desejar.

No fim das contas eu acho que deva fazer da forma que se sentir mais confortável.
Abraços!  :XD:

Corvo
Eu tendo a discordar um pouco. Acho que a caracterização e descrição dos personagens ajuda na imersão. Sinto que se simplificasse tanto quanto no seu exemplo, ficaria com a impressão de faltar algo.
Não sei explicar exatamente, talvez seja coisa da minha cabeça. Mas agradeço sua contribuição à conversa.  haha
Abraço!



Mistyrol
O lance de como você observa as pessoas na rua é uma boa dica. Deve ajudar bastante em tratar a descrição com naturalidade. Vou fazer o experimento.

Ainda não tenho certeza se vou manter o texto em primeira ou terceira pessoa. Pra ser sincero, os três capítulos que escrevi até agora, fiz das duas maneiras pra testar.  rs
Estou tendendo mais para a escrita em primeira pessoa, pois sinto que se encaixa melhor com o clima da narrativa e a estória que idealizei como um todo. Nesse caso, acho facilitaria um pouco na descrição dos arredores e personagens porque seria tudo partido do ponto de vista do "protagonista". Mas sei lá. Posso mudar de ideia.

Valeu pelo comentário. Abraço!

Não é coisa da sua cabeça, é seu estilo e isso é bom. Só vou deixar uma referência para que você não deixe essa questão atrapalhar seu texto. A série Gentleman Bastard, escrita por Scott Lynch possui um universo fantástico em todos os sentidos. Personagens, cenas, tudo com uma construção impecável.  Porém, o ritmo da narrativa é assassinado pela descrição excessiva de roupas e cenários. No caso, a aparência dos personagens é muito importante no enredo - o motivo é um spoiler -, mas a leitura torna-se lenta quando até a cor dos botões da calça são descritos em todas as suas nuances de brilho.

Recentemente eu baixei o pdf de "As Mentiras de Locke Lamora". Que coincidência.  haha
Ainda não comecei a ler, mas quando o fizer vou tentar prestar atenção especial nesse quesito. 

Não tenho intenção de descrever exatamente como o personagem é (até porque isso acabaria com o espaço para a imaginação do leitor), mas sim de criar uma base sólida da imagem que ele teria. E concordo com você no ponto de que se feita de maneira excessiva, a descrição quebra completamente o ritmo da narrativa. Meu problema é a falta de naturalidade nas minhas descrições (vide exemplo), que quebra ainda mais o ritmo do texto, na minha opinião. Meio que acaba com a imersão se a descrição soa robótica.

Enfim, recebi ótimas dicas aqui na CRM e no Condado, então acho que tenho com o que trabalhar. É hora de testes. haha
Valeu aí! Abraço!

Na minha opinião, creio que ao ler uma história num livro por exemplo, imaginamos tudo em nossa cabeça, como se fosse um grande filme, e o nosso cérebro fosse um poderoso projetor. O mais interessante disso tudo é que, criamos todo um cenário, e características dos personagens de acordo com as informações que o escritor nos oferece, e se há algo que o escritor não deu detalhe, inventamos uma forma de tapar esse buraco, e pensar como seria com nossa própria imaginação, esse que é um dos pontos mais mágicos da literatura. Eu acredito que não é necessário muita informação sobre cada coisinha que está acontecendo, pois se o escritor consegue passar corretamente sua ideia, ele poderá utilizar essa ferramenta poderosa que é a imaginação do leitor, para mostrar todo o resto que está acontecendo naquela cena. Por isso, os detalhes de uma história, conforme a imaginamos, diferentemente de um filme, pode ser diferente para cada pessoa. Isso é uma coisa que dá ao leitor a capacidade de construir o ambiente, os personagens, e por vezes até parte da história, junto com o autor. Eu desviei bastante da pergunta principal do tópico, mas aí vai. Tento me basear, na criação de personagens, em rostos que eu já vi ou imaginei, reais ou não. Pode parecer uma loucura, mas nada neste mundo é original. Tudo é retirado de alguma coisa, uma ideia pode ser retirada de uma necessidade, ou outra ideia por exemplo. Dando um exemplo disso, eu te desafio a imaginar uma nova cor, uma cor que você nunca viu na vida. Você não pode. Não tem como imaginar algo pelo qual não fomos apresentados, pelo qual não temos uma base para trabalhar, pelo qual nunca vimos, pensamos, ouvimos, imaginamos, tocamos... Tudo vem de algo. Nada vem de nada. Acredito que minha resposta meio que acabou de se transformar um texto filosófico, digamos assim, hehe, mas você pode entender a ideia. É isso tudo que eu tinha para dizer, abraços.