Laboratório de Criação de Mundos - Aula 1 (Características Básicas)

[Bardo]

[box2 class=titlebg title=LABORATÓRIO DO BARDO PARA CRIAÇÃO DE MUNDOS]

AULA 1

CARACTERÍSTICAS GERAIS

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Saudações bárdicas a todos!

É com muita satisfação que venho neste fórum escrever minha primeira contribuição à comunidade: O Laboratório do Bardo Para A Criação de Mundos!

Mas, Bardo, o que vamos aprender na aula de hoje?

Eu lhes digo: Vamos falar sobre as características básicas da descrição de um mundo!

Um mundo não precisa começar como algo extremamente complexo. Com poucas palavras, podemos resumir as informações principais do mundo que queremos criar. Muitas vezes ele se torna uma imagem do nosso ideal fantástico, utópico ou qualquer outra idealização que quisermos para algo que enxergamos como adequado às nossas necessidades de criação. Quando comecei a escrever Samurai do Apocalipse (e que hoje encontra-se em revisão), tinha a intenção de criar um mundo pela visão do escritor Max Brooks (Guerra Mundial Z) através de seu livro Como Sobreviver a Um Apocalipse Zumbi. No fim das contas, optei por criar uma Terra no futuro onde tudo deu errado MESMO. Doenças diversas (entre elas, a praga zumbi), acidentes nucleares e a economia falida destruíram a civilização como ela é conhecida atualmente e reduziram a sociedade a um estado tribal semi-organizado, com recursos escassos. O que começou com uma descrição simples de "um mundo onde os zumbis venceram" chegou a "um cenário pós-apocalíptico que lida com o que há de mais podre na condição humana". E só pra constar, o livro é uma crítica ao ser humano e sobre o que ele é capaz de fazer para sobreviver sem pensar no próximo...

Vamos então às características básicas do nosso mundo e o que podemos escrever nelas. Pense nesses subtópicos abaixo como guias do que escrever a curto prazo. Eu diria que, com as informações que você desenvolver abaixo, já é possível ter em mente que tipos de histórias (ou jogos) você vai poder criar e mostrar às pessoas, então foque em escrever de forma objetiva agora. Evite rodeios, alongamentos sem importância ou personagens citados. Agora é a hora da gênese de um mundo, e os seres vivos só evoluem ao final dela!

1º Passo - Breve Descrição

Aqui, escreveremos de forma clara, breve e objetiva o que é o nosso mundo.

Pense em O Senhor dos Anéis. Como você descreveria a Terra-Média em um parágrafo com, no máximo, cinco linhas? Será que poderia ser algo como:

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Uma terra mágica de elfos, anões, humanos e hobbits onde um senhor do mal criou aneis poderosos que escravizaram diversas almas. Agora, todas as raças existentes da Terra-Média mobilizam-se contra ou a favor desse lorde das trevas, travando uma imensa guerra que decidirá todo o destino do mundo.

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Já o mundo descrito em The Walking Dead poderia ser definido como:

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Uma terra alternativa onde a maior parte da população foi contaminada por uma praga zumbi. Agora seus sobreviventes vagam através das cidades reerguendo a sociedade através de lutas contra zumbis e contra sua própria espécie.

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Parece bem simples, não é mesmo?

Como você pode ver, ambas as descrições são breves e objetivas. Obviamente, elas não contam tudo sobre cada mundo descrito ali, mas a partir desta descrição temos uma ideia de como serão as histórias contadas a partir daquele ponto. Bilbo é um hobbit que encontra um anel mágico que o mantém invisível, e esse objeto acaba por se revelar sendo o maior anel já fabricado por Sauron, Senhor do Escuro. Rick e seus companheiros andam de cidade em cidade aprendendo uma nova forma de viver em um mundo dominado por zumbis, e descobrem - da pior maneira - que estas criaturas são o menor dos males na Terra.

[box2 class=titlebg title=O MUNDO DOS OUTROS - EXERCÍCIO 1]

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Como você definiria de forma breve e objetiva outros cenários de filmes, jogos e livros?

Escolha um mundo de alguma destas mídias e faça sua descrição breve deste cenário. Lembre-se de ser objetivo e buscar captar o sentido real do mundo escolhido. Evite descrever personagens e locais específicos. Seja amplo, e use apenas um parágrafo com, no máximo, cinco linhas.

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2º Passo - Estilo do Mundo

Aqui definimos que tipo de mundo é o nosso. Eu faço essa divisão em três categorias:

• Igual à Terra: Neste estilo, o mundo usado é o nosso, com poucas modificações. Vemos este tipo de mundo em cenários como Rocky Balboa, Lobo Solitário, Wasabi, entre outros. O mundo é palpável, real - e são os protagonistas que causam sua alteração em maior ou menor grau.
• Terra Alternativa: Este estilo exibe um mundo que é o planeta Terra... mas algo aconteceu e mudou alguma coisa de forma drástica. Zumbis podem ter se espalhado e reduzido a humanidade à meros grupos sobreviventes (ZNation, The Walking Dead, Madrugada dos Mortos); a magia pode existir e suprimir boa parte dos problemas tecnológicos que nosso mundo real apresenta (Bright); existem fantasmas e pessoas paranormais que podem vê-los (Let's Fight Ghost!).
• Diferente da Terra: O mundo é outro completamente diferente. Pode ser um continente em guerra com famílias lutando pelo poder enquanto mortos levantam dos túmulos ancestrais na chegada do inverno (As Crônicas de Fogo e Gelo); Um continente onde quatro nações aprendem a dobrar os elementos e são balanceados pelo poder de um único ser capaz de controlar todas as dobras (Avatar).

[box2 class=titlebg title=O MUNDO DOS OUTROS - EXERCÍCIO 2]

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Você consegue identificar os estilos de mundo das histórias abaixo?

• Harry Potter e a Pedra Filosofal
• Mad Max - Estrada da Fúria
• 13º Distrito
• Cowboys e Aliens
• O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa (as Crônicas de Nárnia)
• Beowulf
• O Alienista
• Bleach
• Samurai X

Lembre-se que todos os mundos da lista acima podem ser inseridos em um ou dois estilos, no máximo. Justifique o porquê do estilo que você enxergou naquele mundo. Utilize os exemplos dos três estilos acima como comparação.

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3º Passo - História do Mundo

Agora temos um andamento bem mais complexo dentro desta primeira aula. Já sabemos como é o nosso mundo e como descrevê-lo às outras pessoas de forma breve e objetiva. Isso já deve ter levado algum tempo na sua cabeça.

Como você diria que seu mundo evoluiu?

Por meio de guerras? Talvez as raças inteligentes decidam que uma deva dominar o seu mundo. Em quantos anos isso se passou? Houve um vencedor?

E se seu mundo fosse uma Terra pós-apocalíptica? Ou uma Terra Mágica? Que efeitos esses fatores teriam no desenvolvimento da civilização como conhecemos hoje? Se tivéssemos magia na Terra, será que teríamos pólvora - ou nosso canhões e armas de fogo disparariam relâmpagos e bolas de fogo ao invés da munição comum?

Ao desenvolver a história do seu mundo, escolha cada parágrafo para descrever uma parte desta evolução. O mundo foi criado por deuses? Como eles desenvolveram vida? Foi apenas uma grande explosão do universo e a vida evoluiu a partir de aminoácidos? Em quanto tempo tudo isso ocorreu?

Uma boa forma de fazer isso é criar uma linha do tempo que explica as mudanças mais importantes em determinados anos. O site Só História possui uma linha do tempo da história do nosso país que exemplifica bem o que estou falando.

[box2 class=titlebg title=O MUNDO DOS OUTROS - EXERCÍCIO 3]

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Vamos montar uma linha do tempo?

Escolha um dos mundos do exercício anterior. Há alguma forma de montar uma linha do tempo? Você conseguiria definir datas? Como você contaria os fatos mais importantes do mundo escolhido?

Você pode usar o exemplo do link acima para aprender como organizar uma linha do tempo. Mesmo que você não tenha as datas à mão, pode tentar criar uma linha de eventos de forma narrativa. Como você faria isso?

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4º Passo - Nome do Mundo

Por fim, como seu mundo se chama? Muitas vezes, essa é a parte mais difícil. O nome do seu mundo pode ter bastante significado ou soar de forma agradável aos ouvidos. Você sabe por que o continente onde se passa a Guerra do Anel é chamado Terra-Média? Ou por que George R. R. Martin definiu seu continente principal como Westeros?

Obviamente, essa parte da nossa aula vale bem mais para mundos que sejam Terras Alternativas e Diferentes da Terra. Se analisarmos a série The Walking Dead, veremos que, a partir das últimas temporadas, novas cidades surgem através dos grupos de sobreviventes, sendo renomeadas e reconstruídas. Essas cidades não existem no nosso mundo, e recebem nomes baseados na história de seu povo.

[box2 class=titlebg title=O SEU MUNDO - EXERCÍCIO FINAL]

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Agora que você aprendeu como classificar o mundo dos outros e quais são as características básicas de suas criações, que tal começar a escrever seu próprio mundo? Talvez você já tenha começado enquanto esta aula era lida. Talvez você já tenha as ideias ou até mesmo anotações na cabeça. Chegou então a hora de você colocar isso no papel!

Organize suas ideias e textos através dos tópicos apresentados aqui. Se quiser, poste aqui como ficou a organização, ou (caso prefira manter em segredo) envie como mensagem privada para mim, que eu darei um suporte legal pra você!

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Conclusão

Enfim, espero que tenham gostado desta aula. Tentei ser o mais organizado possível nas informações para que todos possam assimilar o conteúdo de forma fácil e prática. Na próxima aula, conversaremos sobre a biologia do nosso mundo e como construímos vida a partir da nossa mente mágica e criativa! Até terça que vem!

[Corvo]

Aula bacana. Eu deixei de botar fé em cursos/livros/workshops/etc sobre roteiro há uns bons meses, mas pra quem está começando pode até ser interessante. Meu único comentário é sobre o nível de detalhamento que você está sugerindo já na primeira aula. Usando um exemplo que eu gosto bastante: Nárnia*. O que você precisa saber sobre o mundo para que a história funcione? Nada. Pois é, nada. As pouquíssimas informações necessárias estão ligadas mais aos personagens que ao mundo propriamente dito e a narrativa flui que é uma beleza.

*O primeiro livro cronologicamente é uma exceção. Talvez o último também, talvez.

Alerta de Opinião

Eu acho que, se você começa uma história criando ou se preocupando demais com o mundo no qual ela se passa as chances de você se perder no meio da narrativa são enormes. Porém isso não deixa de ser um excelente exercício para praticar. De quebra você tem cenários prontos para quando precisar.

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Vou ficar te devendo os exercícios porque estou trabalhando no momento, mas quando der eu edito aqui. Boa sorte com as aulas. o/

[Bardo]

Primeiramente, Corvo, agradeço a opinião. Achei bem interessante seu ponto de vista. Então, tenho algumas dúvidas quanto a isso:

Aula bacana. Eu deixei de botar fé em cursos/livros/workshops/etc sobre roteiro há uns bons meses, mas pra quem está começando pode até ser interessante. Meu único comentário é sobre o nível de detalhamento que você está sugerindo já na primeira aula. Usando um exemplo que eu gosto bastante: Nárnia*. O que você precisa saber sobre o mundo para que a história funcione? Nada. Pois é, nada. As pouquíssimas informações necessárias estão ligadas mais aos personagens que ao mundo propriamente dito e a narrativa flui que é uma beleza.

*O primeiro livro cronologicamente é uma exceção. Talvez o último também, talvez.

• Como você chegou à conclusão de estas informações básicas são detalhes demais na criação de um mundo?
• Você menciona Nárnia do ponto de vista do leitor ou do autor?
• Como você definiria a criação de um dos "mundos" de Lewis através de suas crônicas?

Eu acho que, se você começa uma história criando ou se preocupando demais com o mundo no qual ela se passa as chances de você se perder no meio da narrativa são enormes. Porém isso não deixa de ser um excelente exercício para praticar. De quebra você tem cenários prontos para quando precisar.

Vou ficar te devendo os exercícios porque estou trabalhando no momento, mas quando der eu edito aqui. Boa sorte com as aulas. o/

Certamente, o tópico que fiz aqui foi de prática. Em momento algum eu o defini como regra ou obrigação na criação de um roteiro. Por isso estamos em um laboratório de Criação de Mundos. E claro, esta é a forma com a que eu me identifico para criar meus cenários e ampliar minhas histórias. A graça da arte de escrever é exatamente cada um ter a sua.

O foco aqui não é criar uma história baseada na criação de mundo. O exercício aqui é realmente criar um mundo - do básico ao avançado. Eu tenho recebido algumas mensagens de um povo meio perdido, então achei interessante editar partes do meu livro (cujo texto registrei, mas não publiquei por diversos motivos pessoais) e colocar em forma de aula aqui, de forma mais mastigada e com exercícios. Novamente, isso não quer dizer que seja uma regra. E discordo que seja bom apenas para iniciantes. Como você chegou a essa conclusão?

Sobre os exercícios, relaxa. Nada aqui é obrigatório. Estamos apenas exercitando a arte de escrever. E realmente, essa é a minha forma de colaborar com a comunidade, uma vez que não sou bom em mapping, pixel art ou programação...

E desde já, peço desculpas se o texto parece rude ou algo assim. Eu costumo ser meio direto na forma que escrevo, então pode parecer que estou zangado, mas é exatamente o oposto! Fiquei muito feliz com o seu feedback! Vamos que vamos, que agora estou mais motivado ainda para escrever aqui na comunidade!

[Corvo]

1 - Pelo mesmo motivo pelo qual você recebe mensagens. Eu presto consultoria para autores há dois anos e o problema mais citado é estou perdido. Acontece principalmente com o pessoal da fantasia e o problema fica fácil de entender se você analisar roteiros de RPG Maker. O pessoal começa bolando um universo gigante, com cultura, economia, idiomas e afins. Acabam se esquecendo do enredo propriamente dito.

2 - Mais do leitor que do autor. Uma pessoa que entra em contato com qualquer um dos livros não precisa de nenhum conhecimento prévio  para entender o enredo completamente. Ou seja, mesmo que ele não tivesse criado o pano de fundo relativamente grande do universo, não faria diferença para quem lê.

3 - Depende do que você quer dizer com 'definição'. Se fala do modo como eu penso que ele criou, imagino que siga o padrão mais comum e que sempre funciona: o mundo é criado conforme a necessidade. Fazendo um paralelo com jogos, se você já jogou GTA no PS2 com certeza você já extrapolou na velocidade em algum momento. Já notou que, se você for rápido demais, o PS não consegue carregar os mapas na mesma velocidade e você acaba passeando em um monte de polígonos sem textura? É mais ou menos a mesma coisa.

Não é bom para iniciantes porque não é bom para 'profissionais'. Eu não me preocupo mais com cursos/oficinas/workshops sobre roteiro porque já participei de mais de uma centena e todos dizem as mesmas coisas. Uma delas é: quanto mais simples, melhor. Minha maior recomendação - para desespero dos autores - é cortar absolutamente tudo que não for estritamente necessário pro enredo, o que pode incluir continentes inteiros.

Digo, por que ter o trabalho de criar um universo colossal sendo que, muito provavelmente, menos de 15% dessa informação será usada? Quer expandir as fronteiras para aumentar a imersão? Ok, excelente, mas para quem está começando pode ser problemático lidar com muita coisa paralelamente. Além disso, o ritmo da narrativa não vai tolerar informações jogadas ali só pro autor mostrar que elas existem, acontece bastante. Claro, também não é uma regra, você pode começar com sua própria mitologia se preferir. Só que as chances de você se perder, ficar desanimado ou estragar a narrativa são bem grandes.

E relaxe, você não foi nada rude. 

[Bardo]

Entendi, Corvo. Muito boa sua colocação! Claro, eu estou apenas exercitando o ato de criar um mundo. O que as pessoas farão com essa informação - e mais precisamente o quanto vão usufruir dela - vai depender de cada um. Eu, pessoalmente, gosto muito de criar um mundo para escrever histórias dentro dele. Isso sempre me remete a Tolkien e sua obra, toda construída em torno de seus idiomas (onde mais tarde ele escreveu suas narrativas para outros propósitos). Portanto, se alguém quiser me seguir nessa, ficarei muito feliz.

Pessoal, peço mil desculpas, mas ainda me encontro mal de saúde. Por isso não postei a aula 2. Não desisti nem esqueci, tudo bem? Novamente, mil perdões