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Ainda sem nome - Prólogo[Medieval]

Iniciado por Yukii, 10/06/2013 às 22:43

10/06/2013 às 22:43 Última edição: 10/06/2013 às 23:20 por Yukii-kun
Uma história na qual estou trabalhando. Não sei quanto capítulos escreverei, apenas tenho começo e final definido no momento.
A história se passa em uma época medieval em um local que não é a nossa Terra. Haverão cenas de morte a medida que a história prossegue, não sei quantas, isso dependerá de quantas personagens eu quiser matar quando estiver escrevendo.

Prólogo

   
              Já faziam três semanas desde que Rowan fora despachado para Élvor, um pequeno vilarejo localizado na fronteira com Lébas, aos arredores do Pico da Gárgula. Ele odiara cada momento que já havia passado, e detestava a ideia de ter de permanecer neste local por mais um segundo se quer.
              O jovem, agora com dezessete anos, fora tutorado por diversos professores do mais alto prestígio em várias áreas, aprendendo a se comportar de forma nobre e apreciar apenas do mais fino que o mundo tinha para oferecer, era esta afinal a atitude esperada de um filho da Casa Feyrôn de Weissland.  Não apenas isto, aprendera também o correto manejo de uma espada.
              Fora então agraciado com o título de Cavaleiro há poucos meses atrás, alistando-se na Ordem Real de Skyreach, regida pela própria família real de forma a seguir os interesses diretos do reino, logo após isto.
              Acabou sendo enviado para o Élvor em sua primeira missão,  junto de si foram seleciona-dos outros quatro recrutas. Seu objetivo na vila era de investigar a presença de Wyverns, parentes quadrupedes dos dragões com pouco mais de três metros de comprimento e incapazes de voar.
  —Maldição. Como eles se atreveram a me mandar a um lugar tão... tão horrível? Eles não sabem quem eu sou? Certamente alguém irá pagar por isto. —resmungava enquanto andava em direção à tenda dos Cavaleiros, rangendo os dentes.
              O local era sujo e fétido, o lixo era jogado em um pequeno aterro no centro da vila e os dejetos humanos eram atirados em valas espalhadas em seus arredores. Os moradores da cidade tinham roupas rasgadas e encardidas, grande parte de suas vestes sendo feitas de lã da mais baixa qualidade.
  —Plebeus —chiou com desgosto.
              Este lugar o enjoava, o cheiro era suficiente para fazer seu estomago revirar, tinha de manter-se firme para evitar sua vontade de vomitar. Alguém tão nobre como ele não poderia ser visto fazendo algo tão degradante em público.
              O jovem de cabelos negros e olhos ambares trajava um peitoral de aço tingido em prata com adornos de ferro, sua ombreira de couro era decorada com pele de lobo e pendurada nela estava uma capa branca estampada com o brasão da ordem. Por debaixo de sua armadura ele utilizava vestes de lã e linho. Em seu cinto pendia sua espada, sua bainha era de um negro tão profundo quanto um pesadelo e sua lamina era de uma cor prata que sinalizava sua nobreza.
              Suas vestes nobres eram entretanto manchadas pela sujeira do chão. Acreditava que jamais poderia remover toda a sujeira de seu corpo após andar pela vila. O Cavaleiro não conseguira entender como alguém seria capaz de sobreviver em um local tão pobre e feio.
              Levara aproximadamente uma hora para chegar à tenda pois esta ficava no extremo norte  do vilarejo, de maneira a evitar o fedor das valas. A tenda tinha tamanho suficiente para abrigar uns dez homens e era mantida sempre em bom estado, estando esta limpa apesar do solo imundo onde fora instalada.
              Em seu interior estava o recruta Willam Luthos, um jovem ruivo de família burguesa. Seu pai enriquecera através do mercado de metais que haviam se valorizado nos últimos anos. O garoto possuía uma mente afiada, apesar de sua aparência passar uma ideia diferente. Quase ninguem acreditaria que era um Cavaleiro não fosse por sua insignia da ordem.
              O jovem ruivo trabalhava em um pedaço de pergaminho e não notara a chegada do no-bre. Alguém como ele deveria aprender a respeitar um superior como Rowan, disto tinha certeza.
    —Olá Willam. —disse ele, ríspido.
    —Olá. —respondeu sem dar-lhe atenção.
    —Olá, Willam! —gritou.
              O jovem suspirou e soltou a pena que estava em suas mãos. Levantou a sua cabeça para fitar o outro jovem que acabara de chegar.
    —Olá milorde. —disse forçando um sorriso em seu rosto —Há algo que milorde deseja de mim no momento?
    —Não Willam. Não há nada que eu deseje de você. —respondeu com uma pequena risada de deboche enquanto puxava uma cadeira e sentava-se à mesa.
    —Neste caso, milorde, voltarei a...
    —Na verdade, há algo que você pode fazer por mim sim. —interrompeu ele com um pequeno sorriso em seu rosto —Poderia me dizer o que é esta pequena carta que está escrevendo. Poderia ser algum tipo de correspondência com seu querido papai?
    —O que? —perguntou o rapaz aturdido. —Não. Este é um relatório que estou fazendo para a ordem.
              O jovem nobre fingiu um breve 'ohhh' de espanto enquanto sorria de orelha a orelha.
    —Diga-me uma coisa, meu caro Willam. O que é que você pretende relatar? Certamente não falará sobre o incrível sucesso em nossa missão, ou talvez sobre o gigantesco baú do tesouro que encontramos. —falou em tom de zombaria —Pois é claro, neste caso eu teria de arrastá-lo até nossos superiores e cortar sua língua por conta de suas mentiras.
              A mão de Willam tremia e o jovem rangia seus dentes com força. Precisava utilizar-se de toda sua força de vontade apenas segurar o impulso de avançar em seu "colega".
   —Não, milorde, não pretendo falar sobre nosso incrível sucesso ou sobre o tesouro que encontramos.
   —Certo. Assim é muito melhor Willam. —disse entre risadas —Eu não gostaria de puni-lo por algo tão bobo.
   —"Agradeço".
   —Mas neste caso, o que é que você colocara no relatório?
   —Nada mais que as informações que nos foram dadas pelos aldeões. Não conseguimos nada além disto.
   —Mesmo que nada do que eles nos tenham dito tenha sido minimamente útil? —ergueu suas sobrancelhas.
   —Bem. —gaguejou enquanto coçava seu pescoço a parte de traz de seu pescoço —Nos foi requisitada a partilha de toda e qualquer informação. Eu apenas pensei que...
   —Pensou que seria bom passar dados inúteis para nossos superiores? Está querendo fazer-nos de bobos?
              Willam permaneceu em silêncio.
    —Tolo. —murmurou Rowan.
    —Quem sabe consigamos algo se todos nós nos empenharmos mais.
   —Você acha que eu não fiz o suficiente? —disse ele batendo na mesa —Já tive de suportar esta vila nojenta por duas semanas. Apenas isto já deveria ser mais do que o suficiente.
   —Mas desse jeito não conseguiremos nada!
   —Você ousa dizer que eu estou errado? —berrou.
   —Não é algo óbvio? Só porque é filho de uma casa nobre não significa que você não precisa trabalhar tanto quanto nós.
   —Cale-se, verme! —berrou enquanto levantava-se da mesa, derrubando uma das cadeiras no processo. —Não ouse dizer mais uma única palavra! Aprenda seu lugar, plebe, eu sou um nobre e serei tratado como tal!
   —O que é que te faz tão especial? Somo nascidos ambos do ventre de uma mulher. Sou tão humano quanto você, o que te faz ter o direito de tratar-me desta... desta maneira?
   —Nascidos do mesmo ventre? Não me faça rir, você não é nada além de um cão nascido do ventre de uma cadela. Quem quer que o disse que era humano estava iludindo-o. Você não possui nenhum direito de comparar-se a nós. Somos nascidos com sangue especial, fomos abençoados pela própria deusa Akasha. Vocês nada são além de brinquedos criados para nosso diverti-mento, esta é a diferença entre a nobreza e vocês.— falou ele enquanto batia na mesa—Te mostrarei a verdadeira diferença entre nós. Voltarei em algumas horas que este maldito Wyvern, e é bom você estar preparado para saudar-me, cão, ou terei de discipliná-lo.
              E com isto saiu apressadamente da tenda. "Um tolo ousou sair de seu lugar e precisa ser disciplinado" pensava ele. Mostraria para Willam a sua superioridade. Mostraria para ele que seu sangue era especial.
              A floresta era desagradável e sufocante. O ar era quente e úmido, fazia com que Rowan transpirasse excessivamente, manchando sua pele bela com resíduos de sujeira. Havia um forte cheiro pungente no ar que violava seus olhos e narinas fazendo-os queimar. "Nada disto impor-ta!" pensava, "Minha missão é mais importante do que isto".
              Já podia até imaginar que tipo de castigo aplicaria em Willam quando retornasse triunfante. Mal podia esperar para ver a reação de seus superiores ao saberem disto. Provavelmente o dariam uma medalha por disciplinar o cão problemático.
              Sua cabeça doía, dizia-lhe que algo estava errado, que precisava voltar. "Foi um erro, foi um erro, foi um erro, foi um erro." sua cabeça repetia. Seu corpo tentava lutar contra suas ordens, tentava parar, tentava dar meia volta, tentava resistir. "Minha vontade é absoluta", pensou, "Nem mesmo meu corpo tem a permissão de me desobedecer."
              Quanto tempo já se passará? Uma hora? Duas? Não conseguia dizer. O sol fora bloqueado pela vegetação. Notou que a vegetação começava a rarear. Rezava a Akasha que isso fosse um sinal de que uma clareira estava por perto. Quem sabe até mesmo um riacho, tinha sede e também precisava se lavar. Mesmo em missão, não há desculpa para estar tão imundo. Rowan continuou andando em direção da possível clareira.
              E congelou.
              Algo chegara lá primeiro. Parecia um lagarto gigante, talvez fosse um Wyvern? "Não, impossível, esta coisa é três vezes maior do que um Wyvern!", pensou.
              "Dragão? Não. Dragões são criaturas aladas e são maiores". A criatura facilmente atingia uns nove metros, sua cauda parecia tão afiada quanto a espada que Rowan carregava em sua bainha. Suas escamas eram verde musgo, camuflando a criatura na vegetação mas deixando-a evidente na abertura sem plantas, suas patas eram grandes e aparentavam ser muito fortes, como se pudessem estraçalhar um veado nobre.
              "O que é isso?" ele se perguntava. Sua mente estava estranhamente calma apesar de seu corpo estar paralisado. Não faz sentido, nada faz sentido.
              A criatura o notou parado e virou-se para fitá-lo, seus olhos eram negros, parecia que a criatura sugaria sua alma antes de destruir seu corpo. Sentia como se seu sangue fervesse, o terror tomava seu corpo que começava a tremer incontrolavelmente.
              "Vou morrer, vou morrer, vou morrer." ele repetia em sua mente. "Akasha, me ajude! Sou seu filho leal, você não pode me deixar morrer aqui" ele pensou.
              O animal começou a correr em sua direção, o alcançaria em poucos segundos e logo seria como se jamais tivesse existido. A existência de Rowan Feyrôn logo seria apagada da face deste mundo.
    —Não, por favor! —estava à beira das lágrimas.
              A criatura cortou-lhe o estomago com suas garras, seus intestinos começaram a cair para fora de seu corpo. Começou então a devorar-lhe as entranhas lentamente, como se desejasse que ele sofresse.
              "Vermelho, meu sangue é vermelho. Deveria ser azul. Sou um nobre, meu sangue deveria ser azul. Deveria ser azul mas é vermelho. É vermelho, vermelho não azul, vermelho. Vermelho. Dói. É vermelho. Como dói. Não é azul. Dói muito. É azul vermelho dói. Dói vermelho, não azul. Azul azul vermelho dói dói dói me mate dói dói me mate dói dói me mate me mate mamãe me mate dói dói dóI DÓI DÓI DÓI ME MATE ME MATE ME MATE ME MATE NÃO É AZUL NÃO É AZUL NÃO É-"
              Gemidos de dor podiam ser ouvidos na floresta por alguns minutos. O fim, entretanto, fora tardio. Não havia mais sinal do nobre dentro de sua mente enlouquecida.
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Aproveito para pedir perdão por erros na pontuação. Os sinais de pontuação e eu não nos damos muito bem *risos*

Primeiro quanto aos erros de pontuação: I know that feel bro...

Agora para a história mesmo. Gostei da narração e você descreveu bem o ambiente. Odiei o lorde, mas creio que era esse o seu objetivo não é? Fazer aquele personagem detestável que todo mundo fica esperando morrer. O legal também é que você foi sucinto, detalhou bastante mas não perdeu tempo. A única coisa que eu não curti foi a atitude do lorde, foi meio estúpida saca? Tipo, o cara fica bolado e resolve sair pra matar o wyvern sozinho? Tá certo que ele era muito arrogante, mas estupidez tem limite...

Enfim, gostei da sua história e aguardarei os próximos capítulos!

Viva a lenda!



10/06/2013 às 23:36 #2 Última edição: 10/06/2013 às 23:38 por Yukii-kun
Citação de: VincentVII online 10/06/2013 às 23:31
estupidez tem limite...

Eu também pensava assim. Mas parei pra prestar atenção no mundo ao meu redor e me toquei que não há limite para a estupidez humana. NUNCA há limite para a estupidez humana. Pessoa com complexo de grandeza é bem assim mesmo.
Criei o lorde para ser odiado mesmo, não queria me sentir mal pelo que eu fiz com ele no final e não queria que qualquer pessoa que visse a cena final achasse que foi exagerada.
Agradeço pela crítica cara \o