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O bater do chicote

Iniciado por Vifibi, 01/10/2013 às 10:26

Quarto bagunçado. Dez e meia da noite. Eu sozinho. Fumando um cigarro. A fumaça sobe. O ventilador gira. Meu som toca. The Doors. The End. A batida é forte. Forte como Lucky Strike. Lucky Strike desce. A fumaça sobe. Estou deitado. Minha cama está suja. Suja como minha mente. Mentiras que contei outrora. Outrora que tinha outra vida.

Meus braços descem. O cigarro acabou. Jogo a bituca fora. Me sirvo de um novo. Acendo. Trago. Sinto. Exalo. Tusso. Morrendo. Vejo o ventilador ventar. O som sonar. A batida bater. A sujeira sujar. A fumaça esfumaçar. Meu corpo dói. Minha mente dói. Estou cansado. Mas não com sono. Apenas exausto. Mas sem descanso.  Para mim, só derrota. Para mim, não há misericórdia.

As blasfêmias de tempos passados. As guerras de anteontem. Meu pau coça feito areia. Minha mente ri de si mesma. Ao meu lado está ela. Outrora linda. Agora feia. Seios enormes. Bunda gigante. Cintura minúscula. Nariz alongado. Pele marrom. Indiana, ou algo do tipo. Já suspirou de paixão. Agora só exalava o fedor dos mortos.

Vermelho. Vermelho e branco. Na cama. Na parede. Em seu rosto. No ventilador. Tinha que limpar. Outro dia. Agora eu fumava. Tabaco pra dentro. Fumaça pra fora. Fumaça sobe. Ventilador gira. Fumaça dispersa. Calor vai embora. Paixão morre. Alegria se extingue. O sentido se acaba. O vazio retorna. Preciso de mais uma. Eternamente mais uma. Eternamente vazio. Como o bater do chicote. No ar puro. Há apenas o barulho. O quebrar. Eternamente vazio.