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Ônibus Phantasmagórico

Iniciado por Elyven, 02/12/2012 às 17:14

02/12/2012 às 17:14 Última edição: 02/12/2012 às 17:16 por Elyven
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Notas da Autora
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Quero apresentar o primeiro conto do meu portfólio, para postar aqui na comunidade —sim, foi o primeiro texto em primeira pessoa— que elaborei com um pouco de humor negro. O texto, é sobre uma garota que na verdade odeia estudar e que perde horas da madrugada na internet, navegando em sites sobrenaturais. Belo dia ela acorda, e encontra um recado do irmão caçula Tyler que havia junto com seu amigo Eliot, geniosamente encontrado um tal  "Ônibus Phantasmagórico."  Daí por diante, boa leitura para todos. Gostaria de receber avaliações e obrigada por lê-lo! —by Elyven Velvet.
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Ônibus Phantasmagórico.
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  Um dia calmo, é o que parecia. À pequena porção do sol da manhã atravessou a fresta da janela e veio em direção aos meus olhos. Hora de acordar, mais um dia no colégio. Portanto não sai da cama e fiquei a refletir sobre um sonho esquisito. E pensava seriamente em abandonar à ida para o colégio se não fosse mamãe entrando no quarto, à abrir as janelas e a recolher às roupas sujas, um pouco agitada como de costume.

Envergonhada, eu fiquei,como ainda estou, porque haviam peças íntimas minhas jogadas sobre o teclado do computador. E também não me agradava muito à ideia de recordar da ultima briga que tivemos. Mamãe e eu, ficamos praticamente anuladas quando olhamos uma para a outra.
Sobretudo, ela teve o incrível poder de quebrar o silêncio, ainda mais tratando-se de mim, Elyven Velvet, uma garota que vai completar dezoito anos,"CDF" que sempre está conectada à internet. Assim todos dizem, mas nunca me vejo desta forma se querem saber a verdade sobre mim.

—Outra calcinha suja jogada sobre do teclado? — disse ela nervosa.
—Mãe... por favor! Já sou bem crescida, não acha?
—Você dorme tarde, esquece dos deveres, e passa a maior parte do seu tempo conversando com desconhecidos na Internet. Agora isso? — ela rodou sobre o dedo indicador a calcinha e fiquei completamente envergonhada com a situação que eu fui exposta.
—Você está de castigo, e vai ficar um bom tempo sem internet.
—Tudo bem. Tenho parcela de culpa. —Respondi virando de lado a cabeça sobre o travesseiro.
—Hoje não posso levá-la para o colégio —exclamou mamãe enfiando às roupas dentro de um cesto de roupas sujas. — Vê se não atrase ou multiplicarei seu castigo duas vezes—ela bateu a porta do quarto antes de sair.

Fui tomar banho e o chuveiro estava queimado.

—Ótimo dia o meu! —gritei.

Depois de me lavar, sentei-me diante do espelho do armarinho e fique a pentear os cabelos .

—Vou me atrasar!

Desci as escadas apressadamente procurando alguma coisa para comer na cozinha. A brisa marítima do litoral mexia com minha vontade desesperadora de pegar um sol em qualquer praia de "Miami". As ideias do céu azul, fazer compras, passeios com os amigos, ir às festas, namorar, bagunçavam com meus pensamentos. Depois de abrir a geladeira e não encontrar uma sequer caixa de leite, penso que a nossa vida em "Miami" já esteja com os dias contatos. Entristeci. A vida colegial não ia tão bem. Meu ex-namorado terminara nosso relacionamento para namorar uma jornalista meia-boca. Penso que visava o poder financeiro. Ela era  uma menina muito feia, sem traços que distinguisse sua hábil forma de se expressar.

Nossa temporada prometia. O jeito seria mesmo afogar-me em depressão ou continuar minha vida de internauta — esta ultima, eu aceitava numa boa. —O problema seria o desafio de afastar mamãe do meu caminho no auge da madrugada. Em pensar que ela poderia facilmente começar uma espionagem, e quem sabe até criar uma conta no "Fórum de Relacionamentos Secretos" ao qual eu sou cadastrada. Seria exatamente o fim do "Sonho Americano" para mim. Imaginar a ideia de flertar com minha própria mãe era pavorosa.

—Que horror! —eu disse, jogando o resto de cereal no lixo.

Deixaram um recado para mim afixado no mural da cozinha. Com letra ilegível, só poderia ser ele.

"Ely, sai mais cedo, porque na verdade não dormi em casa. Não imagina o que eu descobri. Eu e Eliot, descobrimos o paradeiro do Ônibus Phantasmagórico. Me ligue assim que acordar para ficar à par das descobertas. —Tyler.

—Você não descobriu nada sozinho seu Nerd —pensei, removendo o papel do mural e jogando-o dentro do lixo.

Meu irmão caçula era um comediante. Com apenas doze anos jurava que era um "Caçador Supernatural", mas Eliot era um gato, isso eu sabia. E se ele estava com Eliot, tratei logo de apanhar minhas coisas, deixar à casa e ir esperar o Ônibus colegial.

A caminho da estação procurei fazer a ligação.

"Aqui é a central dos "Caçadores de Espíritos", não posso atendê-los porque realmente estou a procurar o Ônibus Phantasmagórico. Deixe seu recado após o sinal.—Tyler."

—Tyler —eu disse aproximando a boca do aparelho celular.—Pare com suas bobagens! Estou a caminho do Colégio e muito que atrasada! Da próxima vez, atenda—o. Isto é, se não quiser morrer na próxima estação.

Desliguei-o. Recebia neste momento uma chamada da mamãe. Ignorei-a quando o ônibus parou subitamente na estação. Às portas da frente abriram-se bruscamente, deixando-me um pouco espantada. Eu tinha me distraído com  as baboseiras de Tyler e não havia notado a sua chegada, embora penso que ele chegou rápido demais.

—Está esperando  minha paciência esgotar para entrar no ônibus? —reclamou o motorista.
—Desculpe-me, estava distraída com meu celular. Estou sem internet.
Entrei, e procurei assentar-me no banco de trás. Notei que o ônibus estava completamente vazio.
—Senhor? —eu exclamei—acho que peguei o ônibus errado preciso descer.

O motorista lançou um olhar descontente sobre os ombos em minha direção e balbuciou alguma coisa inaudível. Depois de tossir grotescamente sobre o voltante ele exclamou:

—Só você que está atrasada; todos os outros já se foram —redarguiu ele.
—Nossa, tudo bem. Só estava preocupada. Obrigada.

Entretanto, assentei-me despreocupada no bando de trás. Sem captar sinal, rede, o celular não passava de um instrumento sem muita importância naquele momento. Contemplar às praias de "Miami" dirigindo-me para o colégio era até uma terapia. Acabei deixando-me levar pelo sono,adormeci.

Tive um pesadelo horrível durante a jornada, e não conseguia acordar mesmo lutando contra minha própria vontade. Só enxergava vultos e imagens escuras do mundo do lado de fora das janelas. Já estava afogada adentro ao sonho desconhecido,discerni-lo com os olhos fechados era impossível.

Não sabia diferenciar o pesadelo da realidade porém, sabia que o ônibus colegial alcançava uma velocidade incrível, e estava prestes à chocar-se em alguma coisa. E realmente se chocara. Bateu de frente com um caminhão da prefeitura. Meu corpo foi arremessado contra os bancos da frente com o incrível impacto ensurdecedor. Fiquei completamente atordoada e pensei havia morrido. Tudo aconteceu muito rápido. Não senti dor, porque sabia que eu agora, eu era refém de um pesadelo. Eu só queria acordar dele.

—Moço... —sussurrei sofregamente — você está bem?

O motorista morreu, e seu corpo ficou debruçado sobre o volante. Depois rolou para o chão. Fiquei apavorada com a fumaça que invadiu o interior do ônibus. Acordei com o celular tocando no meu colo. Era um "SMS" de Tyler. E as coisas aos arredores ainda estavam ali. Suspirei aliviada.

"Oi Ely, você não apareceu, porque não me ligou? Não recebi nenhuma ligação sua pela manhã. Deixa para lá. Escuta essa? Leia isso! Achamos o paradeiro do "Ônibus Phantasmagórico." Mas ele está no ferro-velho ao leste do litoral. Já tenho o endereço e como está de noite, não existe momento melhor para eu e Eliot invadi-lo. Mamãe está preocupada. Porque você ainda não voltou do colégio? Liga para ela quando der?

—Que ódio! —vociferei.

Fiquei apavorada e não sabia como agir. Depois de alguns minutos perdidos,desviei todo o pensamento de panico e me concentrei nas palavras de Tyler. Olhei para o relógio que marcava seis horas e seis minutos e seis segundos. O ponteiro congelou.

—Tyler dizia que agora é noite, —insinuei—, se é noite, porque aqui faz sol?

O motorista soltou uma gargalhada alta. Todavia que se ele estacionasse o ônibus e se aproximasse de mim, eu não saberia o que fazer. Abri as janelas e botei a cabeça para o lado de fora para ver o que ocorria. Não demorou muito para eu divisar um longo engarrafamento de carros na ponte de "São Francisco" e saber como cheguei até lá, não seria uma indagação inteligente para questionar o sequestrador ou a mim mesma.

—Agora estou completamente ferrada! —exclamei fechando as janelas.

A ponte começou a balançar e se querem saber mais, não demorou muito para desabar. Todos foram tragados pelo mar, inclusive eu, o Ônibus e o motorista. Pela segunda vez,aprisionada dentro de um pesadelo sem fim.

—Elyven, chegamos—exclamou Tyler sentado no banco ao lado.
—Tyler...—sussurrei—abrindo meus olhos. E pude enxergá-lo melhor.—Tyler passei por maus bocados. Onde estamos? —Indaguei-o.
—Você está chapada? Ely? —retornou ele, com uma voz triste.
—Onde estamos só quero saber! Me fala logo! —eu disse em estado de choque. Submeti Tyler a um verdadeiro sacolejo. Ele manteve seus olhos assustados e gritou:

—Você é louca? Me deixa! — desarrochou-se de minhas mãos. Silenciou-se.

Olhei pra fora das janelas e vi que tínhamos chegado no cemitério abandonado. Tudo estava tomado pela neblina. Mal podia avistar suas cercanias.

O ônibus estava parado e aguardava a funerária prosseguir. Tyler começou a chorar. Meu irmão caçula levantou-se da cadeira e desceu do ônibus em silencio. Acompanhei-o curiosa. Entretanto, o motorista fumava um cigarro tranquilamente. Não tive coragem de perguntá-lo o que havia acontecido, já que nem mesma eu, sabia ou me lembrava de algo. Apenas desci do ônibus e fui encontrar Tyle ao lado da mamãe e dos familiares. Um grupo de pessoas reuniam-se perto dali, também eram familiares. E poucos curiosos.

Mamãe me abraçou e desatou a chorar.

—Ele era tão novo. Não merecia morrer assim! —disse ela, limpando o nariz com um lenço.
—Mamãe o que aconteceu? O que significa tudo isso? Indaguei-a. A voz interior alertava-me que aquilo não era normal.

—Edgar Morgam, seu tio, faleceu noite passada. —Ela disse, escoando o nariz vermelho.

Comecei então a chorar não suportando a tristeza predominante de mamãe. Eu gostava muito do meu tio. Saber que havia perdido ele deixou-me para baixo e depressiva.

—Edmund está morto? —perguntei encarando mamãe nos olhos, e Tyler também.
—Morreu em um trágico acidente de ônibus. Acharam seu corpo aos pedaços e o corpo de uma menina também. —Mamãe foi tomada por uma tremedeira excessiva e precisou ser medicada às pressas.

Olhei o defunto dentro da cova e para minha surpresa, não se tratava do meu Tio Edmund e sim do motorista do Ônibus Phantasmagorico. Limpei às lágrimas e o sentimento de perda, passou. Chorar por um desconhecido não era meu forte.  Aquilo tudo era uma ilusão e não sabia o que fazer para escapar dele.

Levei Tyler para um canto onde que não pudéssemos ser observados e indaguei-o mais uma vez:

—Tyler. Me empresta o seu celular, depressa! —Tyler ficou assustado e tirou o celular do bolso.
—O que foi? Vai ligar para alguém no meio do velório do titio? —respondeu ao me passar o aparelho. Lancei um olhar fuzilador sobre ele. Ele não sabia o que dizia.

Remexi rapidamente suas mensagens e nada encontrei. Ele notou o desgostoso olhar que lancei sobre todo mundo ao redor. Inclusive Tyle. Voltei para o interior do ônibus e constrangida, com a cabeça sobre os cadernos, fiquei a chorar perdidamente presa eternamente dentro de um maldito "Ônibus Phantasmagórico."

Viajei para lugares extraordinários ao lado do meu sequestrador. Varias vezes fomos parar na Índia,China,Sibéria,Rússia,Manhattan,Israel e por fim ,Egito. Todos os lugares que o "Ônibus Phantasmagórico" transcorria, acontecia no local uma tragédia.  Eu, a passageira, sempre sobrevivia já o motorista, não mesmo. Fiquei velha, com uma aparência horrível de uma idosa com mais de cem anos. Até que uma bela manhã, o motorista falou pela segunda vez em toda à minha vida.

—Chegamos. Pode descer. —Ele silenciou -se para sempre.

Com muita dificuldade, consegui me levantar do banco. Ser uma idosa não é assim tão fácil. Peguei meus cadernos, meu aparelho celular, à mochila escolar e abandonei o ônibus. Nunca mais o vi. Estava justamente na estação que havia-o pego, isto é, há mais de oitenta e dois anos atrás. Demorei muito para caminhar até a porta da minha casa. Foi muito bom sentir à brisa marítima do litoral novamente. Portanto, quando finalmente abri à porta, uma luz cegou-me os olhos.

—Outra calcinha suja jogada sobre o teclado? — disse mamãe agitada abrindo às janelas de uma só vez. Meu cachorro, "Bob" pulou na cama e começou a lamber minhas orelhas e olhos.

—Mamãe? —Pulei da cama, e "Bob" latiu. Parecia feliz. Olhei no visor do celular, marcava exatamente sete e meia da manhã.

Abracei minha Mãe com carinho.

—O que é isto? Ely? Está tentando me enganar? Quero explicação sobre isso; mas agora tenho pressa, preciso trabalhar. Arrume seu quarto menina. Ou te arranco sua internet de vez!
—Sim! —Respondi satisfeita. Tyler entrou no quarto com um sorriso no rosto e sentou-se na cama. Não tirava os olhos do celular.

—Escute isso, Ely, é importante! —Exclamou ele.

Eu acordei bem disposta. Tinha passado maus bocados presa dentro de um pesadelo horrível. Lembrar-me dele, não era uma coisa interessante. Dormi com o computador ligado depois de ter passado horas fuxicando sites de terror.

Agora lembrava-me bem da noite passada. Tudo não passava de um pesadelo. Eu ri.

—Olá! "CDF", planeta terra chamando...—disse Tyler furtando-me a atenção.
Fiquei curiosa em saber o que ele queria me dizer, e não queria me atrasar para o colégio. Sentei ao seu lado.

—Vamos Tyler, me diga,o que temos pra hoje?
—Veja isso Ely que incrível que baixei da internet, leia, leia! —Olhei o celular dele e passei meus olhos na mensagem.

"Ônibus escolar se acidenta ao  se chocar com caminhão de lixo matando trinta de dois alunos.  Todavia que seus corpos foram encontrados pela policia jogados na pista e espalhados pelos canteiros da vizinhança. O corpo do motorista está desaparecido. O que deixou a policia encabulada, foi saber que três dias depois, o Ônibus desapareceu do local da pericia."

Eu e Tyle nos encaramos nos olhos.

—O Ônibus Phantasmagorico? —dissemos juntos.
—Pensei que era apenas uma lerda urbana qualquer —disse Tyler.
—Bom, sabe-se lá!
—Você atualizou o Blog?  —ele disse.
—Tyle arrume suas coisas... eu acho que sei onde encontrá-lo...
—No ferro-velho? —respondeu ele, não muito feliz— já procurei e não estava lá.
—Então é tudo baboseira —respondi, ignorando-o. —Vamos? Estou atrasada para a escola.

Tyle deixou o quarto e foi tomar seu café na cozinha. Desceu apressadamente as escadas mais veloz do que um coelho.

E eu pensava se teria a chance do "Ônibus Phantasmagorico" ser real. Mas tudo que passei, foi apenas um pesadelo. Nada mais. Procurei não comentar sobre o assunto mesmo sabendo que a noticia de Tyler fosse estranha. Até poderia dizer, semelhante ao meu pesadelo.

—Mas espera! —exclamei —como Tyler soubera que ele pudesse estar no ferro velho?

Liguei do celular para falar com Tio Edmund.

—Tio?
—Oi! Ely,tudo bem por aí?
—Sim, Tio, quer dizer, acho que estou.
—Pode falar sou todo ouvidos.
—Não é nada demais, liguei preocupada. Está tudo bem mesmo?
—Bom, melhor agora.
—Qualquer dia te faço uma visita.
—Pode ser. Bom tenho que trabalhar agora, um beijo,Ely.
—Só mais uma coisa, tio...
—Sim, diga?
—Tenho algum outro tio com o nome de Edgar Morgam?
—Não querida, nunca ouvi falar deste nome na família —ele riu.

Antes de desligar ele falou algo mais.

—Ely?
—Sim,diga...
—Você vai para o colégio de carro ou de Ônibus?
—Ha! Tio sem piadas! Tô indo de ônibus, é óbvio!
—Tudo bem, bom passeio para você...

Tio Edmund desligou o telefone deixando escapulir da boca um sorriso enigmático.

Pergunto-me:

—Devo esclarecer isso de vez?