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Arcanjo Gabriel

Iniciado por Elyven, 02/12/2012 às 17:18

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Notas da Autora
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Conto by—Elyven  Velvet.
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Arcanjo Gabriel
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No horizonte vejo o descerrar do crepúsculo e ao lado, nas montanhas, uns restos de neve. Admito a grandiosidade do ser que o administra com ternura, justamente nesta hora.

Mas não só dentro desta hora está oculto o resplendor, nas outras horas também. Ele está dentro de mim. E quando a noite chega, silenciosa e triste, não há mais o que cantar. Ele penetra o véu secreto e de mansinho, sussurra o que eu desejo ouvir.

—É você? —eu disse, com os olhos cheios de sono.

Não era ele.  Outro impostor que entrou no quarto sem ser convidado inclinou-se ao meu lado. Silencioso. Mas este intruso vai embora logo que rezo uma canção qualquer.  E dentro da madrugada, cada hora é uma lamentação. Ávido é meu penar, ele nunca surge quando preciso.

A água quente do chuveiro me deixa calma. E sinto na pele o mesmo calor bom que me dá o uísque.  Ensaboo-me com o sabonete delicadamente perfumado que minha mãe mandava buscar especialmente para este momento.

Saio do chuveiro, esfregando-me vigorosamente com a toalha. Volto a contemplar o mesmo horizonte, portanto, agora escuro. Lanço um olhar desgostoso sobre ele.  Gosto de me sentir limpa. Procurei o roupão, mas não o encontro no lugar de sempre.   

—Quer pegar o roupão branco no armário pra mim? —peço irrefletidamente. Mas ele nada faz à não ser olhar-me de um canto do quarto.

Depois que o sol morreu, a lua dominou. Só queria vê-lo um pouco mais, ainda com o crepúsculo vivo, mas deixo-o de lado e vou procurar me satisfazer com outros anjos estranhos.

—Vou te provocar!

Eu sei que ele me observa e faço de propósito só para instigá-lo ao erro. Compreendo suas necessidades e posso ser reprovada por isso. 

Apanho o vidro de água-de-colônia e começo a friccionar o corpo com ela. De repente, ele me fita através do espelho.  Mas ele mantém um sorriso canalha e ainda fecha a porta do banheiro com o pé.  Eu sinto um estranho medo, será que vou perdê-lo para sempre?

—Venha pra cá! Não seja tímido —eu disse, movendo o dedo indicador até os lábios.


Sobre a cama, movo meu corpo inquieta. Os olhos deles caem sobre mim, e isso me excita.

Outro anjo invadiu o quarto mais depressa do que vi e logo saiu voando tão confuso quanto eu. O que ele queria?

—Você! O que quer? Porque a pressa? —recrimino-o, descontente.

Estava fugindo, talvez...
 
Sinto agora minhas mãos tremulas e as pernas fraquejarem. Por desafiá-lo acabo por pagar um peço altíssimo. Não sinto o corpo, só as chamas à me consumir completamente os desejos.

—É você, Arcanjo Gabriel? —Sussurro, e ninguém responde.

Mais um  pula sobre mim, desta vez furioso, prestes a furtar-me o corpo.

Ele se foi, estava furioso demais para me conter. Aquele era mesmo um anjo? Esse ser estranho e rebelde? E antes que a noite termine, eu entro em desespero. Porque ele não diz nada? Só observa? 

Levanto-me e apanho um castiçal de velas. Meu manto, branco a correr pelo chão. Deixo os cabelos cair sobre os ombros. E ilumino o canto do quarto.   Impaciente volto para a cama onde o ciclo se reinicia.

E uma criatura gélida me apossa.  Desta vez, eu sinto o ofegar de suas asas e um misto de medo e prazer me dominar.

—Não me provoque —ele exclama,injuriado.
—Mas eu te quero, é proibido?—respondo.
—Não assim!

Sinto o peso de suas mãos flamejantes desabar minhas faces.

Em menos de um segundo, ele me revela o verdadeiro paraíso que os outros anjos mantiveram em segredo.  Completamente meu corpo se afunda e desaparece.

—Era tudo o que eu queria, meu Arcanjo Gabriel—disse eu.

As palavras extinguiu-se após o grito prazeroso, e tudo que havia no quarto também.

Como já disse antes o texto é muito interessante, foi muito agradável lê-lo, sua escrita é impressionante. Estou ansioso para ler mais trabalhos seus, realmente gostei muito do seu trabalho.
To Die Is To Find Out If Humanity Ever Conquers Death

02/12/2012 às 18:22 #2 Última edição: 02/12/2012 às 18:24 por Elyven
Obrigada B. loder. Mais uma vez, certo? Bom obrigada mesma, estou em pé de guerra com  " crase" e o português. -Eu ri. Mas deposito com orgulho cada conto. Quando tiver um tempinho sobrando, passarei meus olhos com calma, revisando-os. Bom, tenho um novo conto que será em 3 únicos capítulos:  Inicio, meio e fim. Quando lhe sobrar um pouco de tempo, dá uma lida?  E ponha suas sugestões e críticas? Demência Infantil. Até mais, B. loder.

Gostei de seu texto. Quero lhe fazer uma pergunta : Por acaso você escreve poemas ou se baseia em alguma temática literária? Acho que encontrei uma escritora que busca o interior, como muitos faziam na época do modernismo, ou romantismo se olhar por outros lados.
"Uns sentem a chuva; outros apenas se molham." -- Bob Dylan

02/12/2012 às 20:10 #4 Última edição: 02/12/2012 às 20:12 por Elyven
Citação de: Pozinhofan online 02/12/2012 às 19:39
Gostei de seu texto. Quero lhe fazer uma pergunta : Por acaso você escreve poemas ou se baseia em alguma temática literária? Acho que encontrei uma escritora que busca o interior, como muitos faziam na época do modernismo, ou romantismo se olhar por outros lados.


Olha, na verdade não me baseio em poemas mas deixo no texto - quando é miniconto- algo lírico, utópico dentro deles - aí deixo com que cada um imagine uma cena. Por exemplo:

Neste conto, Arcanjo Gabriel já fui indagada que se por acaso à protagonista estava na cama com vários anjos num ato lascivo enquanto deixava Arcanjo Gabriel, bem nervoso ou com ciumes.

Resposta:

Bom, sabe-se lá. Acho que sim, para quem imaginou desta forma.

Resposta:

Bom, sabe-se lá, os homens à qual ela levou para sua cama, talvez fossem anjos simbólicos...


No miniconto: Donzela:

A protagonista sofre utopia e suicida-se.

Resposta:

Talvez sim, talvez não.


No miniconto: Bailarina.

A protagonista sofre de solidão e inicia-se algo utópico com a música. Imagina ela que um bailarino está ao seu lado.

Resposta:

Bem...Quem sabe era, né?

Ônibus Phantasmagórico e Demência Infantil são contos de Terror Sobrenatural com pitadas de utopia.  Então, sou bem amadora no assunto e continuo em processo de aprendizagem. Quem sabe, posso me descobrir quando assim estiver um estilo fixo. Obrigada, Pozinhofan, por deixar seu comentário. Pode criticar, perguntar, sugerir, ensinar. Adoro criticas e idéias que possam me ajudar. Até!

Ahm entendo. Vou lhe fazer uma pergunta, mas é melhor por mensagem pessoal. Boa sorte com seus textos! Até mais
"Uns sentem a chuva; outros apenas se molham." -- Bob Dylan