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O Herói e o Herói

Iniciado por Odd, 02/12/2013 às 21:02

02/12/2013 às 21:02 Última edição: 02/12/2013 às 21:49 por Odd
O que fazer quando um tédio avassalador toma conta de você? Escrever, talvez seja a melhor opção. Foi isso que eu fiz, e o resultado venho aqui mostrá-los.
Ficou pequeno, sim, porque não queria ser ignorado. E, convenhamos, textos grandes não despertam interesse.

O Herói e o Herói
   A lua está tão linda. Sua delicadeza pálida acaricia minha pele e as brisas noturnas são quase como beijos de uma boca inexistente. Boca da qual sinto falta. Aquela que poderia encontrar meus lábios e, num ato derradeiro, desafiar as leis da física, tornando dois corpos quase um.
   Um ato derradeiro. Um momento infinito que, quando chega ao fim, leva um pedaço do seu ser. Agora ele te possui, e nada voltará a ser como antes. Antes, como era, só. No entanto, independente. Vago, pois, com um vazio do qual desconheço a origem; o qual não sou capaz de preencher, não importa o quanto tente.
   Não vejo, assim, outro motivo para viver, senão buscar pela efemeridade daquele tempo, mais uma vez.
   Não. A lua já me parece estranha. Tudo aquilo está distante no passado. De fato não vejo mais motivos para viver. Nenhum. Talvez encontre na morte aquilo que possa me confortar: quem sabe o sangue venha a encher-me de novo. E, dele, aproveito para tirar aquele calor que, uma vez, já proveio do seu corpo.
   Não há rumo a se tomar. A morte da mente me parece mais terrível que a morte do corpo. Que não é terrível. Terrível é aquilo a que ela leva. Perder tudo o que me resta, apesar de não ser muito. O Nada. O Preto. O Tudo, porém, é devastador, demais. Seria impossível lidar com isso.
   Talvez haja algum réquiem. Do meu último suspiro, que se tornem melodias aquilo que sair. Que sejam únicas. Que de dó a si, nada possa contê-las.
   A lua, ela é fria. Me amedronta. Por que faço isso, afinal? A vida não será mais que um ode eterno. Um ode à loucura, mais que um réquiem ao sonho perdido. A lógica não mais existe. Ora, pois, nossa mente não é previsível. Mas dela há entendimento e, sendo assim, a origem da razão é o próprio caos.
   Tenho controle sobre meu próprio caminho, embora ele já tenha sido traçado. Minha consciência é fruto da minha razão, por mais que oriunda seja do comportamento alheio. Sou, portanto, filho de mim mesmo, apesar de prole do universo. Universo que, do infinito, olhou pra mim e disse, vá ser gauche na vida.
   A lua, ela é fria. Me amedronta.   
   Não, a lua é bela. Linda.
   Não.
   A lua é estranha.
[close]

Espero que gostem.


"Go fiddling with any locks around here and we're going to have a real big problem."

Wow. Parabéns, ficou bem legal.
Interessante, pois de verdade, as pessoas vivem
se contradizendo!
É verdade a gente não pode escrever algo grande que
todo mundo ignora. Triste isso, né?
.-.
Projeto 春
Emergindo em breve

Sei lá, mas acho que o título não combina muito com o texto...

Tenho que discordar, textos grandes também chamam a atenção. Pelo menos para mim! O problema é que muita gente não tem o hábito de leitura e por isso deixa histórias mais longas de lado. O que é triste, porque uma história para ser boa ela tem que ser bem trabalhada e nem sempre isso se consegue em duas páginas apenas.

Quanto ao seu texto, admito que não sou fã de narrações mais poéticas e nem entendo delas. Mas no geral eu gostei! Desculpa não fazer uma crítica muito boa, mas não tanto disso para poder falar algo mais proveitoso.

Viva a lenda!



02/12/2013 às 21:41 #3 Última edição: 02/12/2013 às 21:45 por Myzhuk
Ficou show, apesar de eu não compreender muito bem esse tipo de texto. Pela minha interpretação é a história de um garoto (para não dizer "é a história de um cara" kkk) que perdeu seu grande amor, e depois começou a morrer mentalmente aos poucos.

Uma mensagem legal que o texto passa, a morte da mente é pior do que a morte do corpo, sem sombra de dúvidas. Como eu ainda não me apaixonei, desconheço a potencia (loucura) que um amor desses pode chegar, ao ponto da minha mente começar a se destruir de frustração e tristeza, mas deve ser terrível...

 Bom, posso dizer que o texto tem uma interpretação um pouco além do título. Sua identidade, contudo, é compatível com o título (se é que isso faz sentido).
Está claro que o texto é sobre bipolaridade. E esse tema provavelmente motivou a escolha do título; a dupla personalidade. E essa é apenas uma interpretação rasa, superficial, sem esforços.
Não sei muito bem como avaliar o texto, em si. Não há muito que eu tenha entendido aí, mas posso dizer que gostei de como o texto se encaixa com a identificação de seu avatar. Odd.

02/12/2013 às 22:32 #5 Última edição: 03/12/2013 às 12:06 por Odd
Citação de: Rick17 online 02/12/2013 às 21:14
Wow. Parabéns, ficou bem legal.
Interessante, pois de verdade, as pessoas vivem
se contradizendo!
É verdade a gente não pode escrever algo grande que
todo mundo ignora. Triste isso, né?
.-.

Vivemos em um mundo hipócrita. Aprendemos a nos acostumar com contradições, entrando num estado de alienação suprema. Independente é aquele que consegue abrir os olhos para isso.

Citação de: VincentVII online 02/12/2013 às 21:29
Sei lá, mas acho que o título não combina muito com o texto...

Tenho que discordar, textos grandes também chamam a atenção. Pelo menos para mim! O problema é que muita gente não tem o hábito de leitura e por isso deixa histórias mais longas de lado. O que é triste, porque uma história para ser boa ela tem que ser bem trabalhada e nem sempre isso se consegue em duas páginas apenas.

Quanto ao seu texto, admito que não sou fã de narrações mais poéticas e nem entendo delas. Mas no geral eu gostei! Desculpa não fazer uma crítica muito boa, mas não tanto disso para poder falar algo mais proveitoso.

Pense em Herói como Protagonista e, do significado do texto, a conclusão se faz no título.

E eu concordo. Textos grandes chamam, sim, atenção. Mas apenas daqueles que já possuem interesse prévio. Aqueles que, como você disse, possuem o hábito da leitura.

Discordo, porém, do que você disse quanto à histórias bem elaboradas. Muitas vezes, pressupostos e subintendidos são mais importantes que o próprio suposto na construção de sentido de um texto. Desse modo, o tamanho do mesmo não é tão relevante, se bem construído.

Não se preocupe. O fato de ter gostado já é bastante gratificante.

Citação de: Myzhuk online 02/12/2013 às 21:41
Ficou show, apesar de eu não compreender muito bem esse tipo de texto. Pela minha interpretação é a história de um garoto (para não dizer "é a história de um cara" kkk) que perdeu seu grande amor, e depois começou a morrer mentalmente aos poucos.

Uma mensagem legal que o texto passa, a morte da mente é pior do que a morte do corpo, sem sombra de dúvidas. Como eu ainda não me apaixonei, desconheço a potencia (loucura) que um amor desses pode chegar, ao ponto da minha mente começar a se destruir de frustração e tristeza, mas deve ser terrível...

Terrível, de fato. O amor não é justo. Tânatos teme Eros.

Sua interpretação se mostra corretíssima, assim como qualquer outra que viesse a ter. A partir do momento que meu texto se torna público, perco qualquer direito sobre a interpretação alheia.

Citação de: damyoro online 02/12/2013 às 22:21
Bom, posso dizer que o texto tem uma interpretação um pouco além do título. Sua identidade, contudo, é compatível com o título (se é que isso faz sentido).
Está claro que o texto é sobre bipolaridade. E esse tema provavelmente motivou a escolha do título; a dupla personalidade. E essa é apenas uma interpretação rasa, superficial, sem esforços.
Não sei muito bem como avaliar o texto, em si. Não há muito que eu tenha entendido aí, mas posso dizer que gostei de como o texto se encaixa com a identificação de seu avatar. Odd.

Pretty. Odd.
De fato conflitos internos formaram a base do texto e bipolaridade o definiria em uma só palavra.


Agradeço suas respostas. Fico feliz que tenham gostado.
Os próximos serão maiores e menos poéticos. Prometo.


"The guards have been talking about you."

Citação de: Odd online 02/12/2013 às 22:32
Discordo, porém, do que você disse quanto à histórias bem elaboradas. Muitas vezes, pressupostos e subintendidos são mais importantes que o próprio suposto na construção de sentido de um texto. Desse modo, o tamanho do mesmo não é tão relevante, se bem construído.

Como eu disse:

Citar(...) porque uma história para ser boa ela tem que ser bem trabalhada e NEM SEMPRE isso se consegue em duas páginas apenas.

Não é toda história que precisa ser grande, tipo meu conto Slender Man, mas também não é toda história, mesmo que o texto seja subentendido ou coisa e tal, que pode ser explicada em poucas páginas. Por isso capítulos de livros chegam a ter mais de 10 páginas em média, para que o autor possa trabalhar cada aspecto da cena (Acho que li isso em algum lugar aqui na CRM).

Viva a lenda!