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Modernidade

Iniciado por Lotmaker, 28/02/2014 às 19:55

28/02/2014 às 19:55 Última edição: 28/02/2014 às 20:05 por Lotmaker
                    Tic Tac fazia o relógio com birra, que parecia passar mais devagar propositalmente.
Uma poltrona razoavelmente confortável, revistas ao meu ver do "século passado", um odor inebriante de elevador. Sim, estava numa sala de espera. Terrível momento para acordar de um transe. Sofro com um caso grave de Insônia juntamente com Narcolepsia, terrível mesmo é acordar em momentos inusitados em lugares inéditos, sem ter menor ideia de como fui parar lá.
                    Onde nós estávamos? Ah sim, certo, a sala de espera. Azul era sua cor, com poltronas de couro preto, e uma mesinha de centro. Chamava-se por número, por senha, assim como bancos, e não por horário marcado. O meu era o F. Sim, uma letra. Olhei para o placar que brilhava com LED vermelho, e a atual "senha", era "β". Beta. Não fazia sentido nenhum. Pessoas iam e vinham, passaram-se betas, alfas, K's e Y's, só a bendita letra F que não. Sentido? Nenhum.
                    Finalmente quando o marcador brilha em vermelho minha senha, o papal se esvai do meu bolso, e sou transportado automaticamente para outra sala, como num passe de mágica, nada ortodoxo. Havia uma sala escura, com uma aparelhagem cirúrgica, como se fosse um consultório médico, apenas com uma luz central, que dava para uma figura inusitada. Um doutor, mas este não estava vestido de azul, ou de branco, mas sim com roupas de marcas, óculos escuros. Além de estampar sempre um sorriso incrível no rosto, parecia a pessoa mais feliz do mundo, quando puxou o diálogo:

                    -Vem sempre aqui? Claro que não... Pergunta besta, se tivesse vindo uma vez já não teria o porque vir de novo, a não ser que tenha acontecido alguma coisa, algum parente morreu? - Cento e uma palavras saíam de sua boca, numa bela pronuncia, sem suprir sílaba alguma.

                    -Parente... Não...

                    -Então não foi parente? Cachorro? Gato? Você tem animal de estimação?

                    -S-Sim... Eu tenho... Mas porque estou aqui?

                    -Então foi o animal? Cachorro? Sabia. Nome dele, Fuffly?

                    -Fuffly?

                    -Pobre Fuflly... Então... Em breve o senhor vai esquecer de tudo isto, e estará como novo, o medicamento que irei lhe passar é o do mais moderno, todos estão tomando. O mundo nunca foi melhor que isto.
                    -Medicamento? Eu não preciso de medicamento! Estou ótimo, só preciso saber o porque estou aqui... Sabe se cheguei sozinho?

                    -Sozinho você diz... Solitário? Se sente solitário? Não tem amigos? Que vida triste... - E por fim completou - Tome 3 vezes sempre que for sair em contato com a sociedade, mês que vêm passe aqui e lhe darei mais.

Saí do consultório e em seguida segurei o frasco que dizia ser de última geração, e que o doutor dizia ser extremamente caro. E lá estava o remédio, que fazia o mundo melhor, que estava sendo vendido, e vendido caro, felicidade.
Conteúdos novos sempre, o trem nunca para.


Zombie  Misty!

By:Zombie

Muito Bom. Me prendeu até a última, e surpreendente, palavra...
Zodv


Gostei também, por um momento pensei que o cara era esquizofrênico em outro pensei
que o remédio iria prendê-lo em um mundo melhor, no qual ele seria feliz, bom texto.

Então, claro que o texto gera várias interpretações, isso que é o legal de não deixar o tema mastigado pra vocês. Mas na minha visão de autor, o que eu quis dizer foi:
O personagem sem perceber ficou obsoleto perante a sociedade. O fato dele acordar em lugares diferentes, não foi em sentido literal, mas sim uma metáfora para as pessoas que meio param no tempo, e quando se dão contam, muita coisa mudou, as pessoas que tem dificuldade de se adaptar ao novo, eu com o RPG VXA por exemplo ahahah.


Sobre o remédio, a minha ideia foi o seguinte, na sociedade moderna, tudo está tão modernizado, não é um pleonasmo hahaha, tudo está tão robotizado, tudo tão sem real importância, os problemas são tão fúteis, que ninguém é mais feliz. A felicidade é vendida, não é mais conquistada. Não se vê felicidade nos pequenos atos igual antes. A felicidade é um remédio que é vendido, e vendido caro, como eu digo, assim como o médico que se vende de roupas de marcas, ele está feliz, porque mostra que tem, ostentando.


Entendem meus pupilos? hahaha
Abrçs, Ltmkr
Conteúdos novos sempre, o trem nunca para.


Zombie  Misty!

By:Zombie

Citação de: Lotmaker online 03/03/2014 às 23:09
Sobre o remédio, a minha ideia foi o seguinte, na sociedade moderna, tudo está tão modernizado, não é um pleonasmo hahaha, tudo está tão robotizado, tudo tão sem real importância, os problemas são tão fúteis, que ninguém é mais feliz. A felicidade é vendida, não é mais conquistada. Não se vê felicidade nos pequenos atos igual antes. A felicidade é um remédio que é vendido, e vendido caro, como eu digo, assim como o médico que se vende de roupas de marcas, ele está feliz, porque mostra que tem, ostentando.

Pô, Lot, assim não dá! Eu ia comentar EXATAMENTE nesse ponto. Outro simbolismo que eu identifiquei, não sei se essa foi sua intenção mas foi como eu interpretei, é que o remédio é algo passageiro. Você toma uma vez, duas ou mais até se curar, porém um dia você vai ficar doente de novo e voltará a tomá-lo. Acho é a situação da felicidade moderna. Um celular novo, um carro, roupa de marca, etc. Alguém compra algo X e tem essa ilusão da felicidade e então quando o efeito passa ela vai lá e compra o X 2.0.

Enfim, gostei do texto!

Viva a lenda!



Exato Vince, meu bom engenheiro.
É possível perceber isto na passagem que o médico diz

CitarTome 3 vezes sempre que for sair em contato com a sociedade, mês que vêm passe aqui e lhe darei mais.

Outra coisa que eu deixei mastigada no meu ponto de vista foi, tomar a felicidade sempre que for sair em contato com a sociedade. Aí já aborda outro ponto, o ponto da felicidade falsa. Das pessoas apenas fingirem estar felizes, ou então, de fingirem tanto que nem saberem mais o que é estar feliz consigo mesmo, de querer apenas se adequar ao resto da sociedade, de não fazer algo para se sentir bem, se sentir feliz consigo mesmo.

Bem, bela interpretação, nada menos esperado de um dos redatores da CRM


Abrçs, Ltmkr
Conteúdos novos sempre, o trem nunca para.


Zombie  Misty!

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